Dia dos Professores: “A sala de aula é o meu reino. O lugar onde eu sou feliz”.

Paulo era professor de uma escola pública em um bairro da periferia do Rio de Janeiro. Uma vez por semana, reunia, de forma voluntária, um grupo de estudantes no laboratório para dar uma aula de reforço: 

“A gente tinha muito pouco. Até o nosso jaleco era usado por cinco turmas antes da nossa. Muitas vezes, o pouco que a gente tinha era o professor que tirava do bolso para nos proporcionar”, conta Joana, emocionada.

Ela conta que entre os alunos de Paulo, todos cursaram o ensino superior: 

“Em universidade pública, pois ninguém ali teria condições de frequentar uma particular”. 

Um estudou engenharia química, outro é oficial do Exército, outro é químico, mas todos estudaram.

A história de Joana comprova o impacto que professores podem exercer nas vidas de seus alunos:

“O professor nem tem total controle do impacto que causa na vida dos alunos”, afirma Luiz Henrique de Paula Ottoni, 25 anos.

O historiador acredita que o professor influencia o aluno mesmo sem ter a intenção: 

“A forma como você se porta em sala de aula, a maneira como você chega, como você ensina, tudo isso impacta.”

Enfatiza também que além do conteúdo, existe algo que é ensinado involuntariamente: 

“Se eu ensino história de forma alegre, o aluno percebe isso, ele percebe que você ama o que está fazendo. Se você leva o que está ensinando a sério, se estuda para aquilo, se fundamenta. Isso tudo é percebido pelo aluno.”

Ottoni também teve sua vida transformada por professores. Quando cursava o 3º ano do ensino médio foi convidado pela professora de História para lecionar uma aula sobre 1ª Guerra Mundial. Entendeu naquele momento que era aquilo que gostava de fazer. Pelo engajamento dos alunos percebeu que levava jeito e, como já gostava de geopolítica e história, decidiu que seria professor de Ciências Humanas.

De acordo com o dicionário Aurélio, professor é “aquele que ensina, que ministra aulas.” A nobreza da profissão faz com que mesmo em uma época de compartilhamento acessível de conhecimento, por meio das redes sociais, professores não abram mão de celebrar o dia de seu ofício primeiro. 

Entre eles está Cíntia Chagas, influenciadora que tem 6 milhões de seguidores. Faz questão de ressaltar, entretanto, que seu ofício é o de professora, independente de onde esteja.

Neste dia 15 de outubro, em suas redes sociais, lançou a pergunta: 

“O que você mais aprendeu comigo?” 

As respostas variaram: “Que uma boa comunicação é o melhor cartão de visitas”, afirmou a médica Patrícia Freitas Corradi.

 Já a psiquiatra Mariana Veiga respondeu: “Que a língua portuguesa deve ser respeitada”.

Assim como os alunos de Cíntia, o apreço pela língua portuguesa esteve no centro dos ensinamentos recebidos pela advogada Dinah Patrícia Gagno. Filha de mãe historiadora e pai professor de Direito, aprendeu desde muito cedo que o idioma era a principal ferramenta no desempenho de seu ofício. 

Os pais foram seus maiores professores: “Foram minhas grandes inspirações. Sempre me incentivaram muito a ler, a buscar o conhecimento.” Ida Rita era professora de História; José Maria, lecionava Direito. 

Para que desenvolvesse uma carreira de sucesso, também aprendeu com que uma carreira de sucesso demanda amor e dedicação: 

“Para minha mãe, a sala de aula era o reino dela, o lugar onde ela se realizava.” 

Foi o apoio de Ida e José Maria que possibilitou que Dinah realizasse sonhos.

Foi também graças ao incentivo de um professor que Joana deu o primeiro passo para realizar seu sonho profissional de infância: ingressar no Corpo de Bombeiros. Em uma tarde, enquanto era enfermeira residente na UFRJ, ela conversava com um de seus professores, especialista em preparo de alunos para concursos públicos.

Desanimada, revelou a ele que considerava não fazer a prova, pois naquele momento não se considerava apta: 

“Você vai fazer a prova para os Bombeiros, sim, porque tem grandes chances de passar”, disse Gustavo Dias. 

Ao chegar em casa, pensou nas palavras do mestre. Abriu o edital e se inscreveu. Passou em primeiro lugar. Há três anos, é tenente do Corpo de Bombeiros.

Se não tivessem encontrado Anielli, Diego, Gustavo, José Maria e Ida é provável que as histórias de Luiz, Joana e Dinah tivessem sido diferentes. Ao compartilhar ideias, o trabalho dos professores muda as pessoas e, assim, transforma toda a sociedade.

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