O Comando Vermelho (CV), uma das maiores organizações criminosas do Brasil, foi apontado como responsável por ataques a empresas de internet e telefonia no Ceará, impactando diretamente a vida de milhares de cidadãos.
Em Caridade, município com cerca de 16 mil habitantes, aproximadamente 90% da população ficou sem acesso à internet após cabos de fibra óptica serem cortados.
Na quarta-feira, 12 de março de 2025, a Polícia Civil realizou a operação “Strike”, prendendo 17 suspeitos ligados a essas ações.
O governo estadual criou uma força-tarefa para enfrentar a crise, enquanto o Ministério da Justiça e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirmam acompanhar o caso.
A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) relata que esse padrão criminoso não é novo.
Já observado no Rio de Janeiro e no Pará, ele agora se manifesta no Nordeste, atingindo ao menos quatro cidades cearenses:
Entre os dias 8 e 10 de Março, Caridade sofreu com a interrupção quase total de seus serviços digitais.
Em Caucaia, disparos atingiram uma loja e um veículo de uma provedora enquanto equipamentos, carros e estabelecimentos foram incendiados ou depredados.
A operação policial, conduzida simultaneamente nos quatro municípios, resultou na captura de 17 indivíduos, incluindo o suposto articulador das extorsões e um técnico que operava um provedor clandestino.
Roberto Sá, secretário de Segurança Pública do Ceará, declarou:
“Monitorávamos essas organizações há meses e intensificamos as investigações para identificar e deter os responsáveis”.
Cristiane Sanches, da Abrint, detalha como agem os criminosos:
“Os criminosos contaram com as empresas, exigindo pagamento mensal sob ameaça de ataques à infraestrutura. Em alguns casos, requisitam dados de faturamento para identificar áreas lucrativas e chegam a confiscar equipamentos, assumindo o controle das redes. Eles removem identificações dos cabos e declaram a rede como propriedade da facção”.
Sem condições de resistir, muitas empresas abandonam áreas vulneráveis ou adotam medidas como descaracterizar veículos e equipamentos, fechar lojas e liberar funcionários de uniformes.
A Abrint ainda calcula os prejuízos e busca apoio da Anatel, que diz atuar em parceria com forças de segurança e dialogar com o setor.
O Ministério da Justiça reforça o compromisso com o combate ao crime organizado, trabalhando junto ao governo estadual.
De acordo com Mário Luiz Sarrubbo, secretário nacional de Segurança Pública.
“O Brasil enfrenta um estágio de criminalidade semelhante ao de máfias, o que exige leis mais robustas”.
Essa realidade está presente no estado do Rio de Janeiro, onde as facções têm feito a população de refém. A cidade, que deveria ser um lugar de tranquilidade para seus moradores, torna-se seu cárcere.
Mas o Rio de Janeiro sempre foi assim? Qual a origem dessa criminalidade? Descubra no novo documentário da Brasil Paralelo. Clique aqui para assistir gratuitamente.
Na sexta-feira, 14 de março de 2025, uma ação conjunta das polícias Civil e Militar desmantelou uma central clandestina de internet em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, controlada por traficantes do Comando Vermelho.
Quatro suspeitos foram detidos no local. De acordo com as investigações, os moradores da região eram pressionados a contratar os serviços da operação ilegal, que oferecia diversas opções de pactoes de internet.
A polícia chegou ao imóvel após receber denúncias anônimas, que desencadearam a operação.
A equipe de reportagem da Brasil Paralelo entrou em contato com uma moradora de um dos bairros do município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
A região é uma das várias localidades em que o tráfico não permite que os moradores escolham suas próprias redes de internet.
Vitória da Silva, nome fictício, relata como funciona a operação dos traficantes e como os residentes se sentem diante da realidade de depender da internet provida pelas facções.
“Eles arrancam os fios e colocam no poste o telefone os de outra operadora, e só pode ser aquela, entende? A gente não consegue ligar para outra operadora para pedir, eles dizem que não podem entrar lá. Então eles devem pagar alguma coisa, a operadora deve pagar algum suborno, né? É desse jeito".
Segundo vitória, o serviço é caro, de péssima qualidade e os moradores não têm como reclamar:
“Antes do Natal eu fiquei mais de um mês sem internet, ligando e a informação que me deram foi que quanto mais eu ligasse, pior seria, porque meu nome ia lá pro final da fila”.
Em entrevista exclusiva à Brasil Paralelo, a moradora revelou que a atuação do crime gera um sentimento de impotência nas pessoas:
“A gente fica assim, impotente, na mão deles, não tem o que fazer, porque não tem jeito, não há como. Inclusive, lá em casa, eu queria colocar aquela internet que a gente compra, que dá pra levar pra onde a gente quiser, mas fiquei com medo, porque eles podem ter rastreadores, pode ter alguma coisa, ir lá em casa e pedir, ou invadir pra pegar, entendeu? Então a gente fica assim, com um sentimento de impotência total, tá? E essa é a situação".
Vitória relata que a operação é estruturada, com alto nível de organização:
“Eles têm escritório, inclusive lá no bairro tem escritório, entendeu? Mas lá é dividido, tá? Por exemplo, onde eu moro é tem uma facção que toma conta. Já no Arsenal, um bairro próximo, é outro, e no Jóquei é outro, entendeu? Antes do Natal eu fiquei mais de um mês sem internet, ligando e a informação que me deram foi que quanto mais eu ligasse, pior seria, porque meu nome ia lá pro final da fila”.
Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que facções como o CV lucram mais com produtos legais do que com drogas. Os que mais rendem são combustíveis e drogas. Atuam também no setor imobiliário.
Em 2022, essas atividades geraram R$146,8 bilhões, enquanto a renda do tráfico de cocaína foi de R$15 bilhões. Esse cenário evidencia a complexidade do crime organizado, que vai além do narcotráfico e desafia autoridades e sociedade.
A busca por soluções exige análise cuidadosa, sem conclusões precipitadas, mas com foco na verdade e no bem comum.
Para compreender a fundo esta realidade que atinge o Rio de Janeiro e explorar possíveis caminhos para sua solução, a Brasil Paralelo produziu o documentário Rio de Janeiro: Paraíso em Chamas.
Esta obra investiga o centro do problema, trazendo depoimentos e imagens inéditas das favelas mais desafiadoras do país.
Não se trata apenas de expor o problema, mas de buscar entendê-lo em sua complexidade e vislumbrar possíveis saídas para este labirinto de violência e corrupção.
Isso tudo estará no documentário Rio de Janeiro: Paraíso em Chamas. Para assistir de graça, clique no link abaixo e garanta seu acesso:
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