Cientista da computação afirma que Inteligência Artificial deverá se tornar equivalente à humana em 2027

Ben Goertzel participou do Beneficial AGI Summit, realizado no Panamá no final de maio, onde afirmou que, em três anos, o desenvolvimento da tecnologia de inteligência artificial poderá atingir um nível equivalente ao conhecimento combinado de toda a civilização humana. Goertzel é o fundador da SingularityNET, uma empresa dedicada ao desenvolvimento de tecnologias de IA. No Brasil, o Projeto de Lei 21/2020 pretende estabelecer regras para o uso da tecnologia no país. Durante o evento, no Panamá, foram realizados vários debates sobre a segurança dessas ferramentas. Goertzel é um dos teóricos que afirmam que a IA se tornará tão avançada a ponto de realizar todas as tarefas intelectuais que os humanos podem realizar, e ainda mais. A IA é capaz de continuar a se aprimorar de forma exponencial, tornando-se cada vez mais inteligente e eficiente, além das capacidades humanas. Neste nível, recebe o nome de Inteligência Artificial Geral (AGI em inglês).

A Inteligência Artificial e a mente humana. Imagem: TOTSTV.

O fundador da SingularityNET não é o único a tentar prever quando a AGI será alcançada. No ano passado, o cofundador do Google DeepMind, Shane Legg, reiterou sua previsão de mais de uma década de que existe uma boa chance de que essa tecnologia esteja disponível até 2028. Até os últimos anos, a AGI parecia um sonho distante. Os avanços dos grandes modelos de linguagem (LLM) desenvolvidos pela OpenAI desde que lançou o Chat GPT no final de 2022 tornaram essa possibilidade viável. 

"Acho que uma vez que uma AGI possa introspectar sua própria mente, então ela pode fazer engenharia e ciência em um nível humano ou super-humano", afirmou Goertzel.

• Overton: informação imparcial e análise profunda, direto no seu e-mail. Assine agora!

Ameaça à humanidade

Um artigo publicado pela revista Scientific American afirma que, caso não seja estabelecido algum tipo de controle, há o risco de a IA ameaçar as atividades intelectuais da vida humana. Os pesquisadores destacam que o GPT-4 teve um desempenho melhor do que 90% dos candidatos humanos no exame da OAB americana. Os dados preocupam até mesmo quem está por trás do desenvolvimento dessa tecnologia. "Olhe como era há cinco anos e como é agora. Pegue a diferença e projete-a para frente. Isso é assustador", afirmou Hinton ao jornal The New York Times.

O assunto também está sendo debatido no Senado dos EUA. Em meados de 2024, a instituição convocou uma audiência para tratar do assunto. Na ocasião, o chefe da OpenAI classificou como crucial a necessidade de regulamentação do desenvolvimento de inteligência artificial. Sam Altman apontou que, caso a tecnologia dê errado, as consequências podem ser muito ruins:

 "Queremos trabalhar com o governo para evitar que isso aconteça", relatou em depoimento aos senadores.

Gigantes da tecnologia têm investido esforços e bilhões de dólares no que dizem ser uma tecnologia transformadora, mesmo em meio a crescentes preocupações sobre o papel da IA na disseminação de fake news e eliminação de empregos. Essa última foi um dos principais pontos que colocaram a tecnologia em destaque em Washington. No mês de maio, o presidente americano Joe Biden declarou em uma reunião com um grupo de executivos-chefes de empresas de IA que há um perigo potencial no avanço indiscriminado desse tipo de ferramenta. Líderes importantes no Congresso americano prometeram que irão regulamentar.

Oportunidades, apesar dos riscos

Altman alegou que, apesar dos riscos, a tecnologia de sua empresa poderá criar novas formas de geração de renda para as pessoas. Ele argumentou que é de responsabilidade do governo mitigar os danos causados pela mudança de perspectiva e preparar o terreno para o futuro que está por vir. Uma ideia proposta foi a criação de uma agência para a emissão de licenças de desenvolvimento de modelos de IA em grande escala, regulamentos de segurança e testes que os modelos de IA devem passar antes de serem liberados ao público. 

“Acreditamos que os benefícios das ferramentas que implantamos até agora superam amplamente os riscos, mas garantir sua segurança é vital para nosso trabalho”, apontou Altman.

Inteligência Artificial, Open AI. Imagem: Freepik. 

O senador democrata Richard Blumenthal afirmou que a audiência foi a primeira de uma série de discussões a fim de chegar a uma legislação para a questão que atenda tanto as empresas quanto proteja o cidadão. Ele também reconheceu o fracasso do Congresso em acompanhar o avanço de tecnologias. 

“Nosso objetivo é desmistificar e responsabilizar essas novas tecnologias para evitar alguns dos erros do passado. O Congresso falhou em atender ao momento nas redes sociais”, afirmou o senador.

A legislação no Brasil

Os efeitos do uso da Inteligência Artificial também é uma questão que chegou ao Congresso Nacional. O deputado federal Eduardo Bismarck (PDT-CE) apresentou em 2020 um Projeto de Lei que regulamenta o uso da IA no país. O documento define:

• o que é um sistema de IA;
• quem são os responsáveis pelo seu desenvolvimento e operação; e
• quais são os direitos e deveres das partes envolvidas.

O alegado objetivo do projeto é garantir que a IA seja usada de maneira ética, transparente e segura, promovendo inovação, competitividade e desenvolvimento sustentável. A lei também busca proteger a privacidade e os direitos humanos, além de incentivar a capacitação dos trabalhadores para se adaptarem às mudanças no mercado de trabalho causadas pela IA. A tramitação está parada desde setembro de 2021, quando foi remetida à mesa diretora do Senado Federal.

O avanço da inteligência artificial (IA) está se aproximando a passos largos de se igualar ou até superar a inteligência humana, com previsões de que isso ocorra até 2027. Cientistas e líderes da indústria, como Ben Goertzel e Shane Legg, destacam tanto as oportunidades quanto os riscos dessa tecnologia emergente. 

Enquanto a IA promete transformar setores econômicos e criar novas formas de geração de renda, também envolve temas como segurança, privacidade e eliminação de empregos. Nos Estados Unidos, debates no Senado e declarações de figuras como Sam Altman e o presidente Joe Biden sublinham a necessidade urgente de regulamentação. No Brasil, o Projeto de Lei 21/2020 busca estabelecer regras legais para o funcionamento da tecnologia de inteligência artificial.

A regulamentação adequada divide opiniões: um grupo entende que é fundamental mitigar os riscos da IA; outro assume a perspectiva de que a regulamentação dará margem à restrição da liberdade de expressão.