Três dias após o novo presidente de Taiwan, Lai Chiang-te, ser empossado no cargo, o governo da República Popular da China está fazendo um grande cerco militar para responder a supostos "atos separatistas".
O Ministério da Defesa taiwanês também acusou aviões da Força Aérea do Exército de Libertação Popular chinês de invadirem o espaço aéreo da Ilha Formosa, ato que o governo de Pequim negou ter realizado.
O resultado das eleições do dia 13 de janeiro causou grandes preocupações para o governo de Xi Jinping, que enxerga na ilha uma de suas prioridades em termos de política externa.
No começo do ano, o Partido Democrático Progressista (PDP), grupo que governa desde 2016, foi o primeiro a conseguir ganhar democraticamente um terceiro mandato no país.
O partido, que se posiciona de forma mais favorável à independência taiwanesa, conseguiu eleger o médico Lai Chiang-te para assumir o comando do país.
O novo presidente de Taiwan nasceu em uma família pobre. O pai faleceu em um acidente na mina em que trabalhava e deixou a mãe de Lai viúva, com cinco filhos pequenos demais para se lembrarem da figura paterna.
Ele cresceu e se tornou médico. Pouco tempo depois, o doutor começou a se aproximar da política ao ajudar na campanha de um candidato do PDP para cargo legislativo.
Apesar de ter se aproximado da vida pública, o presidente afirma que apenas se convenceu a ingressar no partido depois da crise entre Taiwan e China em 1996, quando a República Popular tentou influenciar as eleições do país lançando mísseis nos arredores.
O médico se posiciona favoravelmente à independência da ilha e, apesar de afirmar que seu objetivo é manter as relações entre os dois países do mesmo modo como se encontram atualmente, desperta grande desconfiança do governo de Pequim.
Na visão do Partido Comunista Chinês (PCCh), Taiwan não seria um território independente, mas sim uma província rebelde com tendências separatistas.
Essa visão existe desde 1949, quando as forças revolucionárias do PCCh, lideradas por Mao Tsé-Tung, estavam próximas de derrotar o governo de Chiang Kai-shek e do partido nacionalista Kuomintang.
Com medo do avanço comunista, a República da China transferiu sua capital de Pequim para a cidade de Taipei, no território insular que hoje representa Taiwan.
Durante décadas, o mundo ocidental reconheceu apenas o governo insular como a verdadeira China. Essa postura mudou apenas no ano de 1971, quando o Secretário de Estado americano Henry Kissinger articulou uma aproximação entre os EUA e a República Popular da China para combater a URSS.
A partir do reconhecimento da China socialista, Taiwan perdeu seu assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e deixou de ser reconhecida pela maior parte dos países do mundo.
Atualmente, apenas seis países reconhecem oficialmente a República da China, porém o país mantém relações não diplomáticas com uma grande lista de países, que incluem escritórios no Brasil e nos EUA.
Os Estados Unidos desempenham um papel fundamental na disputa entre Taiwan e a China continental.
Apesar de o governo americano não reconhecer formalmente a independência da ilha, ele segue como um de seus principais aliados geopolíticos.
O presidente americano, Joe Biden, afirmou em diversos momentos que o exército americano defenderia Taiwan em caso de uma invasão direta.
Além disso, o governo americano financia e arma a nação insular. Em 20 de abril, por exemplo, o Congresso americano destinou US$8 bilhões para que o país investisse em sua segurança.
O apoio dos Estados Unidos à ilha se deve a interesses econômicos e políticos. O país é uma ferramenta importante na política de contenção à China, uma vez que representa um aliado dos EUA localizado a pouco mais de dois quilômetros dos domínios do PCCh.
Em termos econômicos, a ilha também é extremamente importante, uma vez que lá são produzidos 60% dos microchips no mundo. Esses pequenos dispositivos são fundamentais para a produção de praticamente todos os eletroeletrônicos.
O cerco à ilha é mais um episódio da longa trajetória de disputa entre a China e Taiwan. O que se configura é o aumento da tensão entre as duas grandes superpotências econômicas e militares mais importantes do mundo.
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