Na Roma antiga, as celebrações em honra a Baco (Dioniso, para os gregos) eram conhecidas pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas e pelos prazeres carnais.
Além disso, festividades como a Saturnália e a Lupercália, celebradas entre dezembro e fevereiro, também eram marcadas pela suspensão das normas sociais. Esses eventos proporcionam momentos de diversão e devassidão para os participantes.
Com o advento do Cristianismo durante a Idade Média, essas festividades foram reorganizadas e passaram a ser celebradas nos dias que antecedem a Quaresma, período de 40 dias que precede a Páscoa.
No livro “Speranza nel grano di senape”, o papa Bento XVI aborda a visão cristã do Carnaval em uma de suas meditações. Ele inicia com uma pergunta ao leitor:
"Em relação ao Carnaval, não somos talvez um pouco esquizofrênicos?"
E prossegue afirmando sobre a origem das festas carnavalescas:
“A origem do Carnaval é, sem dúvida, pagã: juntos culto da fecundidade e evocação dos espíritos vãos. A Igreja teve que se levantar contra esta ideia e falar de exorcismo que afasta os demônios, os quais fazem dos homens violentos e infelizes”.
O papa destaca que os cristãos não lutam contra a alegria, mas sim em seu favor.
“Por isto, nós cristãos não lutamos contra, mas a favor da alegria. A luta contra os demônios e o alegrar-se com quem é feliz são estreitamente unidos: o cristão não deve ser esquizofrênico porque a nossa fé é verdadeiramente humana"
Leia o texto na íntegra abaixo:
"Em relação ao Carnaval, não somos talvez um pouco esquizofrênicos? De uma parte, dizemos com boa vontade que o Carnaval tem o direito de cidadania mesmo em terra católica; de outra parte, então, evitamos de espiritual e teologicamente considerá-lo.
Faz, portanto, parte daquelas coisas que cristianamente não se podem aceitar, mas que humanamente não podemos impedir? Então, seria lícito perguntar-se: em qual sentido o cristianismo é verdadeiramente humano?
A origem do Carnaval é, sem dúvida, pagã: juntos culto da fecundidade e evocação dos espíritos vãos. A Igreja teve que se levantar contra esta ideia é falar de exorcismo que afasta os demônios, os quais fazem dos homens violentos e infelizes.
Mas depois o exorcismo traz qualquer coisa de novo, completamente inesperado, uma serenidade demonizada: o Carnaval foi colocado em relação com a Quarta-feira de Cinzas, como tempo de alegria antes do tempo da penitência, como um tempo de serena auto-ironia, que diz alegremente a verdade que pode ser muito estreitamente enlaçada com aquela do pregador da penitência.
De tal modo, o Carnaval, uma vez demonizado, na linha do pregador veterotestamentário pode ensinar-nos: ‘Há um tempo para chorar e um tempo para rir’. (Eclesiastes 3, 4).
Também para o cristão não é sempre, ao mesmo tempo, tempo de penitência. Há também tempo para rir. O exorcismo cristão destruiu as máscaras demoníacas, fazendo explodir um sorriso sincero e livre.
Sabemos todos o quanto o Carnaval seja hoje não raramente distante deste clima e, em qualquer medida, tenha se tornado algo que explora a tentação do homem. O diretor disso é Mammon (um deus pagão) e os seus aliados. Por isto, nós cristãos não lutamos contra, mas a favor da alegria. A luta contra os demônios e o alegrar-se com quem é feliz são estreitamente unidos: o cristão não deve ser esquizofrênico porque a nossa fé é verdadeiramente humana".
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