Nesta quarta-feira, 16 de outubro, a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, deverá comparecer à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR). Originalmente prevista como uma convocação, a ida de Marina foi resultado de intensas negociações entre oposição e base governista, que transformaram o chamado em um convite.
O objetivo principal é obter explicações sobre as ações do governo para conter os incêndios florestais que, segundo dados divulgados por parlamentares, já destruíram mais de 59 mil hectares de áreas produtivas, comprometendo gravemente a agropecuária nacional. A expectativa em torno da audiência é alta, especialmente pelo fato de que muitos deputados vêm cobrando a ministra há semanas para que apresentasse soluções concretas e um plano de mitigação dos danos causados pelos incêndios.
Na tarde desta terça-feira, Marina havia comunicado à Comissão que não compareceria, alegando a necessidade de participar de um evento no Palácio do Planalto, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A justificativa foi recebida com indignação por diversos membros do Legislativo, especialmente entre aqueles que têm acompanhado de perto os efeitos devastadores dos incêndios no setor agropecuário.
Entre os que pressionaram o comparecimento da ministra, estava o presidente da comissão, Evair de Melo (PP-ES). Ele havia sido pego de surpresa durante a condução da reunião do colegiado desta terça-feira, 15 de outubro, ao ser informado da ausência da titular da pasta. Mesmo assim, o parlamentar capixaba havia garantido que os trabalhos legislativos da Comissão seguiriam normalmente, independentemente da presença de Marina Silva. Segundo ele, haveria “tempo de sobra” para que a ministra participe do evento no Planalto, marcado para às 9h30, e ainda compareça à Comissão às 11h.
“Tínhamos quórum para convocação e, em acordo com a liderança do Governo, fizemos o convite. Portanto, mantenho a reunião para amanhã às 11h00 e aguardamos a ministra Marina. Ela pode fazer a fala inicial e vir para cá (Câmara dos Deputados). Lá (Planalto) é um evento meramente político”, declarou Vieira, quando foi informado por volta das 16h00 da não vinda de Marina.
Após o apelo do parlamentar capixaba, a comandante do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática reconsiderou sua decisão e resolveu comparecer à Câmara dos Deputados na manhã desta quarta-feira, 16 de outubro, conforme o previsto.
O deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), vice-presidente da CAPADR e autor de um dos requerimentos de convocação, foi enfático ao ressaltar a gravidade da situação e destacou a importância do comparecimento da ministra. Para o sul-mato-grossense, a crise vai além dos prejuízos econômicos, afetando a capacidade do Brasil de competir globalmente.
"Esses incêndios não estão apenas devastando nossas terras, mas também nossa economia. A agropecuária é vital para o Brasil, e precisamos de medidas imediatas e concretas para evitar que o desastre continue", afirmou o parlamentar.
Marina, por sua vez, chega à Câmara cercada de expectativas. Sua postura até então foi de admitir que o planejamento para enfrentar o período de estiagem e incêndios “não foi suficiente”. Em entrevistas anteriores, ela destacou a necessidade de encarar a realidade da crise climática sem mascará-la, uma postura que ela considera "republicana". No entanto, muitos parlamentares aguardam mais do que reconhecimentos de falhas – esperam planos concretos e imediatos para mitigar a destruição e proteger o setor agrícola.
Nos corredores da Câmara, o debate sobre a eficiência das políticas ambientais do governo ganhou força nos últimos meses, especialmente após multas bilionárias impostas a produtores por queimadas ilegais. A tensão entre o setor produtivo e o Ministério do Meio Ambiente atingiu seu ápice com as recentes notícias de que mais de 223 mil quilômetros quadrados foram atingidos pelas chamas só neste ano, uma área equivalente ao estado de Roraima.
Apesar do clima tenso entre a bancada ruralista e o governo, o desenrolar da audiência promete ser ameno e de quórum baixo, com a maioria dos deputados em suas bases em virtude do segundo turno das eleições.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP