“Mesmo quando a leitura é impossível, a presença de livros adquiridos produz uma tal êxtase que a compra de mais livros do que se pode ler é nada menos que a alma alcançando o infinito… nós apreciamos livros mesmo que não lidos, sua mera presença exala conforto”. – Edward Newton.
Pessoas em todo o mundo – e não apenas hoje, mas também ao longo da história – praticam o tsundoku. Embora seja uma palavra japonesa, descreve um comportamento geral em relação aos livros.
Tsundoku ([積ん読]) é a combinação de dokusho (ler livros) e tsunde-oku (postergar) e se pronuncia tsoon-doh-koo. Esta palavra é derivada do ideograma [積] que significa empilhar e acumular, juntamente com ideograma de leitura [読].
Finalmente, pode-se entender que tsundoku é o comportamento de acumular livros e não lê-los. Muitas pessoas têm livros não lidos, compram mais, e apenas aumentam as pendências de leituras, conforme explica o consultor educacional Guilherme Cochize Ferreira.
Pessoas em todo o mundo fazem isso, mas foram os japoneses que nomearam esse comportamento. O resultado é um enorme estoque ou uma grande pilha de livros nunca lidos.
Originalmente, o tsundoku se aplica ao acúmulo de livros físicos. Dezenas, centenas e até milhares de livros podem ser adquiridos e apenas acumular poeira, permanecendo na estante da biblioteca de quem comprou. Esse comportamento tem um nome com significado semelhante em português: bibliomania.
Segundo o Dicionário Online de Português, bibliomania é:
"Mania, paixão pelos livros".
Segundo alguns pesquisadores, a palavra tsundoku é usada desde a era Meiji (1868-1912). Seu sentido é ambíguo, pois além de se referir a quem compra livros e não os lê, pode ser traduzida literalmente como uma “pilha de livros”. Uma de suas aparições mais antigas está em um texto de 1879.
Ultimamente, o termo também tem sido usado no mundo virtual. Muitas pessoas baixam livros para igualmente deixá-los sem ler. Em tablets, smartphones e kindles há inúmeros downloads inexplorados, assim como sites e anúncios salvos que provavelmente nunca serão lidos.
Alguns até mesmo tem usado essa palavra para outras coisas, como ebooks, filmes, DVDs, jogos, aplicativos de smartphone e outros.
Tsundoku não é um termo ofensivo, tampouco carrega um sentido crítico em sua aplicação. Em tese, quem compra livros tem a intenção de lê-los no momento oportuno. Caso contrário, trata-se de bibliomania, na qual a pessoa apenas quer ter os livros.
Como explicado, tsundoku traduzido literalmente é apenas uma “pilha de livros” ou “ler uma pilha de livros”. Este é o ponto, criar um trocadilho com os livros comprados e não lidos.
Os dois verbos que formam tsundoku são semelhantes:
Por sua vez, o verbo tsundeoku é a junção dos verbos:
Esta é a razão do sentido de tsundoku, empilhar livros e não lê-los.
Aqueles que são caracterizados como tsundoku não resistem a uma livraria, um sebo, uma banca… Mesmo sabendo que já possuem vários livros ainda não lidos em casa, buscam por novas aquisições.
Quando chega um e-mail com uma promoção de livros, há quem não pense duas vezes antes de comprar, mesmo sem qualquer previsão de leitura.
O resultado, que não tem uma conotação necessariamente negativa, é uma pilha de leituras muito maior do que a possibilidade real de leitura.
No Japão, por exemplo, é um fenômeno comum colecionar livros sem lê-los. Os mangás se enquadram muito bem neste caso. As pessoas compram volumes separadamente para tê-los como coleção.
Mas este hábito não está restrito aos japoneses; constitui um comportamento presente em inúmeras culturas.
Assim como karaoke, tsunami e otaku, tsundoku é uma palavra única na linguagem mundial.
Isto motiva uma pergunta:
O que leva as pessoas a acumular livros, mas não fazer a leitura de cada um deles?
As razões mais comuns para o tsundoku são:
Pode haver muitos outros motivos, mas os listados acima são os principais. Especificamente neste século, o fator agravante é o imediatismo.
Muitas pessoas perderam o hábito de estudar, tornaram-se impacientes e consomem apenas informações rápidas.
As redes sociais também se tornaram um obstáculo para alguns, já que o tempo gasto com elas ocupa o tempo que poderia ser destinado à leitura.
Outro problema sério envolve a própria educação,a má-alfabetização e a dificuldade com a leitura.
Finalmente, algumas pessoas não foram educadas para amar o conhecimento; compram muitos livros mas não conseguem lê-los e extrair o que ensinam. Este é o cenário negativo do tsundoku.
Não é natural praticar o tsundoku de propósito. Qualquer pessoa que compra um livro quer poder lê-lo. Com um bom método, é possível parar de acumular livros em vão.
Não é impossível superar a preguiça e a dificuldade de entender o conteúdo. Algumas leituras também exigem conhecimentos complementares, algo que é descoberto na companhia de um professor.
Além disso, com tantos livros comprados é preciso saber por onde começar. Todos estes aspectos têm que ser considerados por aqueles que não querem mais o tsundoku e preferem realmente desenvolver o hábito da leitura.
Pensando nisso, o Portal da Brasil Paralelo separou algumas dicas gerais para este tópico. Todos poderão encontrar alguma dica que lhe ajude e desenvolvê-la de acordo com as próprias observações.
Cinco das principais dicas para se concentrar na leitura são:
A frase de Sócrates é carregada de significado, e um deles pode auxiliar na leitura.
Para conseguir ler com qualidade, é importante conhecer os próprios gostos, capacidades e limitações.
É prejudicial ao leitor ir ao encontro de um livro ou artigo que não lhe interesse, ou que esteja muito acima ou abaixo das suas capacidades. Isso irá atrapalhar o raciocínio e provavelmente não irá gerar bons frutos.
Os livros têm como uma de suas principais funções passar uma mensagem ou conhecimento. Caso o leitor não se interesse pelo tema abordado, será muito difícil concentrar-se.
Segundo a professora da USP Elaine Assolini, uma das principais funções da leitura é aguçar a compreensão da realidade, do que nós interagimos. Se a leitura não tiver relação com a nossa realidada, provavelmente não gerará gosto nem efeitos educacionais.
O assunto precisa ter alguma relevância para o leitor.
Aqueles que desejam começar uma vida intelectual, uma vida de estudos, precisam começar com algo que gostem.
Seja um livro técnico ou de literatura, o gosto e a capacidade são essenciais, o que leva o leitor a precisar fazer uma pesquisa sobre os livros antes de iniciar a leitura.
Reservar um período apenas de leitura pode ser fundamental para a concentração.
Ler sabendo que aquela é a única tarefa do momento ajuda a mente a recair plenamente sobre o livro. A ansiedade é afastada e a leitura terá mais chances de ser produtiva.
Porém, muitos se dispersam durante esse período, o que faz o próximo tópico ser de grande valia.
Para este tempo ser frutuoso, o método pomodoro pode ser muito eficiente para quem se dispersa rápido ou tem dificuldades em aproveitar o conteúdo.
O método pomodoro é feito da seguinte maneira: o leitor lê 15 minutos e descansa 5 minutos; depois lê por mais 15 minutos e descansa por mais 5 minutos: e assim procede até acabar o tempo de leitura.
Muitos intelectuais afirmam usar esse método e alcançar ótimos resultados.
Esse método pode ajudar a ter constância e a domar os pensamentos, uma vez que permite à mente relaxar durante os estudos.
O tempo de leitura e descanso varia de pessoa para pessoa.
O que pode ajudar a se concentrar mais na leitura é tentar ir pouco além das forças no final dos minutos de leitura.
Assim como o halterofilista aumenta os pesos a cada treino, assim também o leitor que se dedica um pouco além do limite pode melhorar o foco.
O hábito da leitura vai se desenvolvendo e ampliando.
Uma grande vantagem do método pomodoro é meditar sobre a própria leitura no tempo de descanso.
Esse tempo pode facilitar no aprendizado, na memorização, e permite a conexão do conteúdo adquirido com outros conhecimentos do leitor, já que ele não está mais imerso em apenas uma obra.
E, como em algumas culturas, o homem é considerado o ser que esquece das coisas, principalmente das importantes, o próximo tópico é crucial para não deixar os frutos da leitura se perderem.
Existem estudos que alegam que 50% do que se aprende por leituras e aulas é perdido em 3 dias.
As marcações e escrita visam solucionar esse problema.
Grifar as partes importantes permite que o leitor volte ao texto e adquira o que é essencial, podendo fazer com que o raciocínio volte à memória e mais coisas sejam lembradas.
Já a escrita permite ao leitor não perder seus pensamentos, suas conclusões, suas dúvidas essenciais.
Montpellier Adler afirmou que a leitura é uma conversa. Para que haja conversa, é necessário que o leitor faça a sua parte no diálogo, que tenha atenção.
O ato de escrever tira o leitor da posição passiva de leitura e o coloca em uma posição ativa.
O processo ativo poderá fazer o leitor tomar posse do conteúdo.
Além de anotar observações durante a leitura, é recomendável escrever um resumo do que foi lido. Alguns autores recomendam fortemente a prática de resumir, quer seja muito tempo após a leitura, quer simultaneamente.
No caso do resumo simultâneo, a leitura ativa é reforçada. É preciso assim atenção para não ser simplesmente uma cópia com palavras diferentes.
Escrever solidifica o aprendizado.
A escrita pode ser feita no livro ou em outro espaço.
Outro auxílio para a concentração são os grupos de leitura.
Participar de um grupo de leitura aumenta o foco na leitura. Ninguém quer passar vergonha em público.
Saber que terá que “prestar contas” da leitura força a entender o que se está lendo. Ademais, as observações dos demais membros auxiliará na compreensão dos textos.
Pensando nisso, a Brasil Paralelo criou a Sociedade do Livro. Nela, você será guiado pelos maiores intelectuais do Brasil, que te apresentarão as maiores obras da humanidade e te auxiliarão no caminho. A plataforma contém diversos cursos, tais como:
O objetivo da Sociedade do Livro é ajudar o leitor a ler usando o método de leitura mais avançado, que permite comparar autores e livros de diferentes épocas, além de ajudar a entender realmente o que foi lido.
É melhor ler uma página e compreendê-la do que ler um livro inteiro e não entender nada. Neste último caso, o tempo foi desperdiçado.
Os três aspectos mais importantes da Sociedade do Livro da Brasil Paralelo são:
A grande verdade é que a escola pode não ter ensinado a ler de maneira correta. É por isso que a Sociedade do Livro apresenta o método de leitura utilizado pelos melhores estudantes do mundo. É uma nova assinatura destinada àqueles que buscam tirar o máximo proveito de cada linha presente nos livros;
Reunimos pessoas que dedicaram suas vidas ao estudo e que já deram muitos frutos a seus alunos. Rodrigo Gurgel, Guilherme Freire, Rafael Nogueira, Bruno Magalhães, Marcus Boeira e Bruno Lamoglia. Este é o time de professores responsáveis pela Sociedade do Livro;
Não se trata de um clube de leitura? Através da leitura sintópica é possível aprender a aprofundar-se em temas fundamentais para a vida. Por exemplo: felicidade, vocação, morte, poder e religião, entre outros.
Se, por causa do tsundoku, alguém acumulou livros diferentes de autores distintos como Platão, Santo Agostinho, George Orwell, Tolkien e tantos outros, aprenderá a extrair o que eles podem ter em comum.
É possível aprender a promover um diálogo entre civilizações.
Se no tsundoku as pessoas acumulam livros e não os lêem, é necessário entender que a leitura é uma etapa inicial e que é possível ir além.
Para que serve ler tudo e não aplicar nada na vida? Indicar dezenas de livros e não atentar à utilidade das obras seria um erro. Podem ser utilidades práticas, imaginativas, prazerosas ou intelectuais.
É importante extrair algo que faça a diferença.
Comente e compartilhe. Quem você acha que gostaria de ler sobre o que é tsundoku?
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