A terceira fase do modernismo rompeu com a estética e a visão de mundo da 1ª e 2ª fase modernistas. A tradição clássica volta à tona nas obras de muitos dos principais artistas brasileiros, criando um novo estilo nacional. Foi a terceira fase que revelou muitos dos principais nomes da literatura brasileira, tais como Ariano Suassuna, Clarice Lispector e Guimarães Rosa.
A terceira fase do modernismo foi um marco histórico para a literatura brasileira. Sua principal característica é o retorno a estética e conteúdos clássicos, semelhante ao parnasianismo, mas com a liberdade artística do movimento modernista.
Iniciou-se em 1945, no início de um período de paz mundial.
A terceira fase do modernismo foi responsável pela elaboração de 6 das 10 melhores obras da literatura brasileira, de acordo com o renomado professor Érico Nogueira.
A luta revolucionária dominava o cenário artístico brasileiro desde a primeira fase do modernismo, porém, em 1945 a situação mudou.
A revolução preconizada pela primeira fase surgiu em um período de predomínio do pensamento liberal. Essa influência levou os artistas a buscarem uma vida hedonista e a rechaçar questionamentos espirituais e morais.
Contudo, as inúmeras mudanças históricas ocorridas no mundo levaram muitos artistas a outras conclusões a partir de 1945, rompendo com o modernismo original.
A segunda fase do modernismo, a geração de 30, surgiu em uma época conturbada da história brasileira. O país sofria com a Revolução de Vargas, a Revolução Constitucionalista, a crise do café e a manipulação comunista.
Todos esses fatores influenciaram os artistas a desenvolverem obras pessimistas e melancólicas, um tom de desesperança e busca por uma nova moral social que pudesse os salvar de tantas dificuldades.
Mas a situação da terceira fase foi diferente.
Em 1945:
O contexto de paz gerou uma atmosfera de esperança e de alegria.
Muitos artistas, como Ariano Suassuna, perceberam que a melancolia e o relativismo moral da segunda fase modernista não beneficiavam a alma humana.
O pensamento modernista passou a ser rechaçado principalmente porque sua cosmovisão gerou os principais problemas do século XX.
Os artistas anteriores à geração de 45 baseavam suas obras no pensamento comunista e no pensamento ateísta-progressista, a mesma visão de mundo dos governos comunistas e nazistas.
Surgem obras como as de Ariano Suassuna, George Bernanos, Adélia Prado e Bruno Tolentino, que voltavam a valorizar a cultura religiosa católica do Brasil, buscando destacar os benefícios que a fé pode trazer.
As artes de Ariano Suassuna e Bruno Tolentino, por exemplo, combatiam abertamente a cultura desesperançosa e materialista do ateísmo, defendida pelas gerações anteriores.
A consagrada peça de Ariano, O Auto da Compadecida, tornou-se um clássico brasileiro. O autor conseguiu utilizar a técnica dos teatros da Baixa Idade Média em harmonia com elementos tipicamente brasileiros, especialmente do Nordeste.
Clarice Lispector possui obras com o mesmo tom. Diante das dificuldades da vida, volta-se para Deus para encontrar salvação em algumas de suas obras. Um de seus principais poemas é Meu Deus, me dê coragem:
Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.
Obras nesse estilo são praticamente nulas nas outras fases modernistas.
Clarice possui muitas outras obras focando no tema da solidão e na busca pelo sentido da vida.
A autora também possui poemas que buscam dialogar sobre a essência feminina, sobre o que é ser mulher.
A terceira fase, então, volta a usar a estética clássica, a estética baseada nos pensamentos dos filósofos metafísicos, das tradições gregas e cristãs, principalmente.
O parnasianismo, movimento de cunho clássico, passou a ser imitado pelos artistas da terceira fase, ao contrário da primeira e segunda fase modernistas que rechaçavam esse movimento.
As obras de Guimarães Rosa e João Cabral de Melo, por exemplo, seguiam um rígido padrão estético, que estavam mais próximos de autores clássicos que do modernismo.
Muitos autores seguiam ou se aproximavam da métrica alexandrina ou da métrica de decassílabos perfeitos.
Um exemplo é a obra Morte e Vida Severina, de João Cabral:
— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
O mesmo ocorreu nos romances. Guimarães Rosa utilizava padrões estéticos bem delimitados, em união com neologismos, típicos de suas obras.
As principais características da terceira fase do modernismo são:
Ariano Suassuna: O Auto da Compadecida (1955); Auto de joão da Cruz (1950);
Bruno Tolentino: A Balada do Cárcere (1996) ; O Mundo como Idéia (2001);
Clarice Lispector: Perto do Coração Selvagem (1947); A Paixão Segundo GH (1964);
Lygia Fagundes: Antes do Baile Verde (1970); Verão no Aquário (1964);
Guimarães Rosa: Grande Sertão: Veredas (1956); Primeiras Estórias (1962).
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