A teoria marxista é uma das ideologias mais influentes no mundo moderno. Seus preceitos se desenvolveram e inspiraram diversos governos e movimentos sociais. Compreender as origens do pensamento de Marx e suas influências permite entender a força de suas ideias.
O espírito revolucionário moderno se desenvolveu a partir das teorias de Marx.
Os pontos centrais da teoria marxista são o materialismo e a luta de classes. Para Karl Marx, pensamentos filosóficos e religiosos que falam sobre eternidade da alma ou um Paraíso sobrenatural são enganações, os trabalhadores devem lutar contra as classes dominantes para criar o Paraíso na terra, defende o autor.
Para entender como Marx chegou nessa ideia, é necessário entender os pensamentos filosóficas que o influenciaram.
São três as principais influências de Karl Marx: as filosofias de Hegel e de Ludwig Feuerbach, e a teoria econômica de David Ricardo. Suas teorias foram incorporadas às teorias marxistas segundo a compreensão de mundo de Marx.
O princípio da filosofia hegeliana é que o mal possui uma força criativa. Cada vez que ideias são confrontadas, isto é, teses contra antíteses, surge uma síntese superior, melhorada.
Hegel acreditava que não existe uma verdade absoluta, pronta e objetiva; sempre haverá embate entre ideias, e uma nova e melhor surgirá como resultado.
Consequentemente, o mundo sempre estará mudando em sua forma de pensar, contanto que as ideias sejam combatidas por opostos, a fim de que surjam novas ideias: as sínteses.
Para Marx, as transformações dialéticas ocorrem na história a partir do choque das estruturas sociais e das ideias humanas.
Dessas ideias decorrem dois pontos importantes da teoria marxista: a dialética do materialismo histórico e a luta de classes.
Outro ponto importante da teoria marxista é sua compreensão de natureza humana. Neste campo, Marx é influenciado pelas ideias de Feuerbach.
Para Ludwig Feuerbach, os seres humanos são explicados estritamente pelo aspecto material e físico. O campo espiritual é irrelevante, essa é a condição da humanidade.
A teoria subjetiva do valor, de David Ricardo e outros economistas da época, é uma ideia importante que será transformada pela teoria marxista. O preço de bens para uso ou troca supõe um valor que o mercado atribui a eles.
Na teoria marxista, o valor dos bens de consumo é algo subjetivamente concebido por aquele que o produz.
Os principais pontos da teoria marxista são:
Marx defendeu que vivemos em um mundo onde tudo é material, não havendo o sobrenatural. Assim, são abolidas as noções espirituais e o transcendente. A sociedade passa a ser explicada apenas em um ciclo de classes opressoras e oprimidas.
Defendendo a materialidade de tudo, os valores morais também são reduzidos à materialidade, importando apenas os bens econômicos. Não há respeito à dignidade única de cada pessoa, sua liberdade, vida e escolhas.
O comunismo seria um paraíso terrestre, uma sociedade idealizada. Em prol de um futuro idealizado, sacrifica-se o presente.
Para a teoria marxista, a sociedade é constituída de classes opressoras e oprimidas. No embate entre esses grupos surgem as transformações sociais. Para quebrar as estruturas de classes é preciso opor quantos grupos forem necessários.
Empregados contra patrões, homens contra mulheres, ricos contra pobres, quanto mais antagonismo melhor. As divisões produzirão a luta de classes e a revolução que Marx deseja.
O conceito de socialismo científico concretizou a ideia do que é socialismo, sendo uma etapa anterior ao comunismo, uma ideologia política e socioeconômica que orienta de forma prática como instaurar a revolução. A finalidade é alcançar uma sociedade igualitária, sem classes e apátrida, sem nacionalidade.
Para Marx, o sistema capitalista promove a dominação burguesa e a desigualdade. Os trabalhadores conscientes dessa dominação, promovem a revolução.
A consciência da opressão é um ponto essencial para a teoria marxista. O conceito de Mais-Valia ajuda os trabalhadores a perceberem a dominação.
A noção de Mais-Valia está entre as principais ideias de Karl Marx, sendo talvez uma de suas concepções mais conhecidas. Ele condenava o lucro que ficava com os patrões e não com os operários.
Notando que os salários eram desiguais e que a menor parte ficava com os trabalhadores proletariados, ele considerou isso uma injustiça. Essa seria a fonte de insatisfação dos operários contra os patrões.
Pensando a Mais-Valia, Marx não considerou a procura pelo produto, o modo de fabricação, o benefício que gera e outros aspectos. Apenas considerou o trabalho braçal.
A dominação da classe burguesa sobre os trabalhadores, os lucros sobre seus trabalhos só são possíveis a partir da ideia de alienação.
De acordo com Marx, alienação é todo tipo de dependência entre os homens. Ele não faz distinção se a dependência é justa ou injusta. A alienação é um dos principais tópicos da filosofia marxista e pode ser desmembrada da seguinte forma:
Para a teoria marxista, a sociedade é constituída em superestrutura e infraestrutura. Superestrutura são os mecanismos de controle do status quo. São exemplos disso: a cultura, a religião, a moral, o direito.
A infraestrutura são os trabalhadores, as forças produtivas e as relações de produção. Tudo se resume a trabalho. É a infraestrutura que lança as bases para a manutenção da superestrutura.
A superestrutura é a dominação das classes. Os trabalhadores, com sua força de produção, formam a infraestrutura. A superestrutura é pensada para manter os operários alienados.
Marx defendia que o comunismo seria alcançado mediante a ditadura do proletariado (socialismo). Somente dessa forma as estruturas sociais seriam alteradas.
Para saber mais: O que é socialismo?
A teoria marxista não engloba apenas a obra de Karl Marx. Diversos autores desenvolveram suas teorias e as envolveram em outros campos do conhecimento, além de teorizarem novos desdobramentos para as teses de Marx.
Os trabalhadores ao redor do mundo não se uniram como Marx previa. Novas correntes do socialismo foram se espalhando pelo mundo, como na Rússia em que uma vanguarda tomou o poder em nome do povo.
Na China, Cuba, Vietnã, e outros países viveram experiências socialistas com ideias diferentes daquelas originalmente propostas por Marx.
Apesar das diferenças, há um padrão da teoria marxista que se replica: o espírito revolucionário.
Para o professor de direito e filosofia Marcus Boeira, há um método operacional das revoluções, ele as chama de modalidades de guerra.
São três as modalidades de guerra que são desdobramentos da teoria revolucionária marxista:
A revolução lenta e pacífica é feita por meio da guerra cultural. Sem que seja derramado sangue ou sem que as pessoas sequer percebam, a revolução vai tomando as instituições, símbolos da cultura e modificando ambos para consolidar seu projeto de poder. A estratégia foi desenhada por Antonio Gramsci.
A guerra de informação é uma estratégia adotada por vários países no século XX, especialmente no contexto da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria. Ocupar espaço, controlar informações cruciais, são formas de deter vantagens objetivas contra adversários.
Da Guerra Cultural para a Guerra de Informação houve um ponto de inflexão que é a Hegemonia. O ponto de inflexão da Guerra de Informação para a Guerra de Narrativa se chama Indústria da Desinformação.
Saul Alinsky é quem percebeu que melhor do que tomar a informação do adversário para ter uma vantagem competitiva, é lançar uma informação falsa sobre o adversário que o coloca em xeque perante todos os demais. Plantar uma mentira proposital para comprometer os planos de ação do adversário — para isso é usado a tática da desinformação.
Entenda melhor como a estratégia das modalidades de guerra foram usadas por defensores da teoria marxista.
Antonio Gramsci foi um teórico italiano do partido comunista italiano responsável por compreender que era perda de tempo fazer uma revolução armada.
Empreender uma guerra para conseguir o poder a fim de tomar o Estado para implementar o socialismo através da planificação da economia e de tudo aquilo que a teoria socialista propunha, para Gramsci, não era a melhor opção.
Ele argumentou que era mais fácil, por meio das instituições culturais, fazer as pessoas acreditarem que o sistema não vale nada e que o socialismo é a melhor opção.
Gramsci entendia que a revolução cultural era um fronte de batalha muito mais viável que o estado de armas implementado por Lênin na União Soviética.
Provavelmente a maior influência do Marxismo no Brasil, a escola de Frankfurt foi uma escola de pensamento que surgiu sob o nome de Instituto de Pesquisas Sociais na Universidade de Frankfurt, Alemanha.
Suas ideias são um desenvolvimento da teoria do Antonio Gramsci.
Desde o princípio, foi criada com a finalidade de destruir a cultura ocidental, atacando o capitalismo, a dimensão religiosa da vida e a tradição clássica.
O marxismo original foi adaptado para que influenciasse o Ocidente e mudasse a cultura por meio das ideias e da linguagem, alterando os hábitos das pessoas.
Os principais pensadores da Escola de Frankfurt eram filósofos ou sociólogos marxistas, como:
As ideias desses teóricos permanecem vivas nos dias de hoje, sobretudo nas universidades e nas grandes mídias de comunicação. A partir do ensino acadêmico e da formação de novos profissionais, as ideias frankfurtianas permeiam a cultura.
A Escola de Frankfurt está inserida no contexto histórico do século XX. Apesar das duas guerras mundiais, os trabalhadores não se uniram contra seus patrões como Marx previa. Além disso, devido à Revolução Russa, as discussões sobre a implementação de regimes socialistas se fortaleceram.
A queda do Muro de Berlim não significou o fim das ideias socialistas. Ao contrário, seu aparente fim serviu para estas ideias se fortalecerem no Ocidente. Não há dúvidas de que os Estados Unidos venceram militarmente, mas a verdade é que o povo americano entregou sua cultura ao inimigo.
Fundamentalmente, os pensadores de Frankfurt desenvolveram dois importantes conceitos:
“O processo de destruição da capacidade de compreensão e a tentativa e o esforço de iludir o estudante, o observador, aquele que é alvo de um processo de deformação, de desinformação, ele produz consequências adiante, produz consequências na própria história.” Percival Puggina
Essas estratégias são os pilares do Marxismo moderno.
Saul Alinsky foi um grande estrategista político que comungava de ideais marxistas e encontrou meios de implementá-las na sociedade. Era filho de russos que imigraram para os Estados Unidos e tinha em Lênin um grande ídolo.
Honrou seu lema: “a revolução se faz escondida”.
Seu principal livro, “Regras para Radicais", contém seu itinerário para promover uma revolução marxista.
Para entender suas ideias, um importante episódio de sua vida resume bem:
Estava se reunindo com um grupo de militantes que haviam decidido fazer uma manifestação contra o Bush pai.
Alinsky estava no meio do movimento, mas ainda era desconhecido da militância e as pessoas estavam discutindo sobre posições e ações. Os militantes estavam sugerindo acusar o Bush pai de ser assassino e de apoiar racistas.
Alinsky, então, compartilhou sua ideia: vestir alguns indivíduos com roupas da Ku Klux Klan (KKK), movimento mais racista da história dos EUA, para que, em determinado momento, no meio da manifestação, declarassem apoio a Bush.
Para ele, isso seria muito mais eficiente do que um protesto de oposição.
Além disso, propôs que ligassem para jornalistas, para que cobrissem a manifestação, a fim de infiltrar, na mídia, a narrativa de que a KKK apoiava o Bush.
Como a investigação para descobrir se eram ou não membros da KKK e reportar a notícia real demora muito tempo, a notícia falsa já estaria disseminada.
Assim, o resumo de suas estratégias consiste em:
Outro episódio marcante de sua vida foi quando foi entrevistado acerca da questão do objetivo das ONGs. O entrevistador lhe perguntou qual era o objetivo da ONG e ele, talvez levado pelo momento, respondeu: “o problema nunca é o problema. O problema é sempre a revolução”.
Com base nas teorias de Saul Alinsky, da Escola de Frankfurt e de Antonio Gramsci, surge a chamada nova esquerda no cenário político global.
Segundo o professor Marcus Boeira:
“Essa base revolucionária não está totalmente ancorada em Marx. Há muitas outras teorias presentes, mas um fato é inexorável: de todas as teorias revolucionárias produzidas na História Contemporânea, a teoria que mais ganhou força cultural e política tenha sido a teoria marxista da revolução, que se propagou e ganhou novas roupagens à medida que as diferentes escolas sociológicas passaram a desenvolver teorias sociais ampliadas que, de alguma forma, acabavam numa noção da guerra e da revolução como plano de fundo da civilização humana”.
Como foi colocado por Saul Alinsky: o problema é sempre a revolução. O motor de diversos movimentos sociais e teorias modernas é apenas um: a revolução. É possível citar o exemplo do famoso movimento Black Lives Matter.
A co-fundadora do movimento alegou publicamente que as três criadoras do BLM são “Marxistas treinadas”:
As minorias hoje pautam o debate público. Muito é dito sobre suas reivindicações e suas críticas, mas pouco é dito sobre suas origens e propostas.
Outro movimento que segue o mesmo rumo é o feminismo, um movimento político e social extremamente popular. Suas concepções pautam a mídia, o debate público e até interações sociais.
Por trás da feição conhecida se esconde outra; muitos apoiadores do movimento sequer a conhecem, mas já foi revelada A Face Oculta do Feminismo.
A teoria marxista se ramificou em diversas correntes. A influência dessas ideias chegou ao Brasil.
O marxismo chegou tardiamente ao Brasil. Seja como teoria ou prática política, apareceu efetivamente apenas em 1922, com a fundação do Partido Comunista, um acontecimento inspirado na Revolução Russa de 1917.
Em 1962, com a fundação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o PCB enfrenta sua primeira cisão.
Após o golpe de 1964, esse movimento se amplifica com novas cisões que culminaram na Aliança Libertadora Nacional (ALN) — comandada por Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira — e no Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), capitaneado por Apolônio de Carvalho, Jacob Gorender e Mário Alves.
Essa fragmentação reflete as novas teorias marxistas chegando no Brasil.
Enquanto a luta armada provocou mais mortes e o endurecimento da repressão do exército, os militares permitiram que as esquerdas tomassem conta das universidades, para aliviar a pressão contra os opositores em algum ponto.
Assim, pouco a pouco a intelligentsia marxista foi tomando os postos das academias brasileiras, impondo um monopólio intelectual e cultural.
A revolução deixou o campo das armas e foi para o campo das ideias, para as universidades e escolas, enfim, para os livros. Os guerrilheiros, marxistas e gramscistas se converteram em mártires da democracia e da liberdade, e fizeram propaganda para si mesmos mentindo sobre a história.
Eles formaram uma nova geração brasileira, e ela foi trabalhar nos meios de comunicação, nas editoras e na educação do Brasil.
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