“Pátria Educadora” foi um lema de um governo no Brasil escolhido para simbolizar que o foco seria a Educação. Essa promessa foi ousada, já que o país tem mais de 210 milhões de pessoas e uma taxa de analfabetismo funcional de 29% da população, fora seu tamanho continental.
Será que esse objetivo foi alcançado? É preciso recorrer aos dados para responder.
Pátria Educadora foi o lema do governo Dilma Rousseff que deu nome a um dos documentários mais famosos sobre educação no Brasil feito pela Brasil Paralelo. O documentário investiga a situação da educação brasileira e a origem de seus problemas.
Em seu discurso de posse no Congresso, a então presidente disse o seguinte:
“Senhoras e Senhores,
Gostaria de anunciar agora o novo lema do meu governo. Ele é simples, é direto e é mobilizador. Reflete com clareza qual será a nossa grande prioridade e sinaliza para qual setor deve convergir o esforço de todas as áreas do governo. Nosso lema será: BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA!
Trata-se de lema com duplo significado. Ao bradarmos “BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA” estamos dizendo que a educação será a prioridade das prioridades, mas também que devemos buscar, em todas as ações do governo, um sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de ética e um sentimento republicano.”
Fonte: Agência Câmara de Notícias
A presidente do Brasil deixou explícito em seu discurso a Educação como prioridade, dando a entender que mais investimentos seriam feitos e a expectativa era de que com isso viria um melhor resultado nos índices educacionais.
O Governo da presidente Dilma Rousseff foi encerrado em 2016, com o processo de impeachment. Dois anos depois saiu o resultado do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA), o qual revelou a situação em que se encontra a educação no Brasil.
O PISA é responsável por medir o desempenho dos estudantes de diferentes países do mundo, entre eles o Brasil. Os alunos são avaliados em três áreas diferentes: leitura, matemática e ciências.
O Brasil apresentou um resultado ruim nas três:
Outros dados são importantes para compreender a realidade do país:
Essa pesquisa é muito completa e é capaz de mostrar um raio-x da situação da educação no Brasil. Ao mesmo tempo, ela cria uma pergunta que precisa ser respondida: o que causou essa situação?
Os motivos elencados que explicam os problemas da educação brasileira são vários. Entre os especialistas consultados no documentário Pátria Educadora, existem pontos de convergência:
Para pensadores como Paulo Freire, um dos grandes problemas da Educação brasileira é a chamada “educação bancária”. Nessa ótica educacional, o professor apenas passa o conhecimento para o aluno como se fosse uma transferência de um dinheiro de um banco para o outro.
Ele defendia que essa não era a função do professor. O professor deveria ser apenas um mediador entre o aluno e o conhecimento, fazendo com que o aluno aprendesse por si mesmo.
Esse pensamento também não deveria ser o fim em si mesmo, mas sim a serviço da formação de uma mentalidade crítica e política. Para Freire, a educação da classe trabalhadora os levaria a terem mais consciência de classe. Freire era marxista e entendia a sua posição política como intimamente ligada à sua pedagogia.
Em 2012, a presidente Dilma consagrou o pensamento de Freire, nomeando-o como o patrono da educação brasileira. Para pesquisadores como Thomas Giulliano, historiador, escritor e autor de Desconstruindo Paulo Freire, a ineficiência e a carga ideológica da pedagogia freireana é um dos grandes problemas da educação no Brasil.
Esse pensamento é compartilhado pelos autores Vitor Haase e Henrique Simplício na obra Pedagogia do Fracasso, eles defendem que a pedagogia de Paulo Freire acaba dificultando o aprendizado das crianças e vem se provando cada vez mais ineficiente com o avanço das pesquisas em neurociência.
A Brasil Paralelo investigou de maneira mais profunda as diferentes visões e os debates sobre os problemas da Educação Brasileira em seu documentário original.
A trilogia Pátria Educadora promove uma verdadeira investigação dos problemas da educação brasileira. Especialistas em educação explicam como, mesmo com um aumento expressivo na quantidade de dinheiro investido, a educação no Brasil continua entregando resultados ruins.
Parte da História do Brasil é revisitada para identificar os momentos chaves que moldaram o sistema educacional brasileiro. A série é dividida em três episódios:
O problema da doutrinação ideológica na educação também é investigado. Imagens e documentos trazem relatos de professores que abusam da posição para promover suas ideologias políticas ao invés de ajudarem seus alunos em seu desenvolvimento educacional.
O episódio começa mostrando o quanto as ideologias políticas perturbam o ambiente educacional brasileiro. Após a sequência de imagens que documentam esse problema, o documentário se volta à História para entender como a educação foi moldada ao longo do tempo.
Um dos temas abordados é o ensino obrigatório que surgiu no Brasil em 1934 e dura até os dias de hoje. Ele é tratado como algo natural, mas nem sempre foi assim. O como era antes disso, e o porquê de se tornar isso, é o que o episódio se propõe a investigar.
A palavra “educação” vem da expressão em latim ex ducere que designa a jornada da vida interior do homem para compreender o que o cerca.
A Grécia Antiga forjou seu nome na história por desenvolver algumas das primeiras formas de perseguir a ideia de Verdade.
Ao longo do tempo, os métodos filosóficos da razão e os povos religiosos foram se encontrando, até se unificarem no alto da Idade Média, quando as obras gregas foram traduzidas e os métodos tidos como pagãos foram se reincorporado nas formas de estudo dos mosteiros e escolas da época. A filosofia grega e o cristianismo, somados ao direito romano, deram a base da civilização ocidental.
Tudo isso sofreu uma grande modificação quando o mundo entrou na modernidade. Com a Reforma Protestante, e mais tarde também com a Revolução Francesa, a educação começou a se tornar algo mais institucionalizado e próximo ao Estado e muito preocupada com a universalização do ensino, ou seja, que mais pessoas recebessem uma formação educacional.
No final do século XIX, e em todo o século XX, foi promovida uma estruturação estatal muito mais forte da educação. O sistema educacional também passou a ser mais utilizado como um instrumento político.
O episódio começa contando sobre o golpe militar que derrubou a Monarquia no Brasil e instaurou a República Brasileira. Nesse regime o Brasil possuía uma descentralização educacional, isso mudou quando Getúlio Vargas subiu ao poder.
A educação era dividida em três principais linhas de ensino:
O historiador Thomas Giulliano disse o seguinte em sua entrevista para o documentário:
“Então, nós vamos ter essas três linhas: a linha católica, a linha comunista e a linha da Escola Nova. Essas três linhas protagonizarão, pouco a pouco, com uma ou outra mudança dentro de suas linhas, digamos, norteadoras, incipientes, as suas premissas intelectuais, todos os debates e discussões sobre o papel do Estado dentro da educação brasileira. Mas note: todas elas defendiam o papel do Estado.”
Getúlio Vargas colocou no ministério da educação o Gustavo Capanema, o qual foi o grande responsável por criar a estrutura dos órgãos educacionais no Brasil. Ele criou um sistema bem estruturado seguido por todos os seus sucessores após o fim da Era Vargas e até o início da Ditadura Militar: Pedro Calmon, Darcy Ribeiro e Paulo de Tarso.
No período do Regime Militar surgiu um nome de grande relevância na Educação: Paulo Freire. Ele veio em um momento em que o pensamento à esquerda estava passando por uma profunda mudança, a qual teve seu ápice com as manifestações de maio de 1968, quando a luta política mudou o seu foco econômico e partidário para a cultura e pensamentos.
A obra de Paulo Freire foi a inscrição pedagógica que o Brasil teve em um movimento global chamado pedagogia crítica. Os autores dessa linha pedagógica são, até hoje, majoritariamente presentes nas bibliografias dos cursos universitários.
O episódio dois se dedica a analisar a influência de Paulo Freire, trechos e consequências de suas obras.
O episódio três inicia amarrando tudo o que foi debatido no episódio um e dois e acrescenta algumas informações. A partir dessa amarração, cria-se um resumo da História da Educação Brasileira, começando uma análise dos dados atuais e uma análise de especialista sobre as possíveis causas que geram esse problema.
Não é possível entender os nossos índices negativos trazidos pelo PISA 2018, e o resultado das pedagogias adotadas no Brasil, sem analisar o complexo sistema composto por instituições, leis e cargos que controlam a educação brasileira.
Toda educação brasileira é regulamentada direta ou indiretamente pelo Ministério da Educação. Fundado em 1930 por Getúlio Vargas, o MEC passou a ter um orçamento anual de mais de 100 bilhões de reais, coordenando objetivos educacionais e sendo o principal ponto de referência da educação nacional.
A gestão da educação infantil, fundamental e média que acontecem nas escolas é feita pelas secretarias e conselhos. Essas secretarias e conselhos atuam em nível estadual e municipal. Nenhuma escola existe sem essa autorização, e as que existem não estão dispensadas de seguirem as suas regras.
Eles orientam e coordenam o sistema educacional através de pedagogias, tecnologias, questões técnicas e financeiras. Ou seja, o método educacional escolhido por esses conselhos e secretarias influencia toda a educação do Brasil.
Por isso, os especialistas consultados pelo documentário acreditam que um dos grandes problemas é o método escolhido. Isso justifica os péssimos resultados da educação no Brasil.
A partir daí, o documentário passa a trazer uma vasta quantidade de documentos e análises para embasar esses pontos e identificar os problemas da Educação. Um ponto que chama atenção são os livros didáticos, onde é gasto uma grande quantidade de dinheiro para comprar obras de baixa qualidade e ideologicamente enviesadas.
Vários foram os filósofos, pedagogos e intelectuais que dedicaram a sua vida para pensar sobre a educação no Brasil. A lista conta com pensadores de diferentes correntes, mas todos possuem alto grau de relevância:
Existe algum lugar no Brasil que tenha uma Educação Exemplar? Veja um trecho da doutora em Educação pela USP, Ilona Becskeházy, respondendo a esta pergunta:
Em 2014, o governo da presidente Dilma Rousseff, que tinha como lema “Pátria Educadora”, desenvolveu a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A ideia era criar uma referência do que deveria ser ensinado no ensino básico no Brasil, assim elevando a qualidade da educação.
Especialistas entrevistados pelo documentário da Brasil Paralelo apresentam falhas graves em como ela foi feita. Contudo, ainda não houve tempo para medir o seu resultado na educação brasileira.
A BNCC revela um dos grandes problemas apresentados na série. O Governo, do lema “Pátria Educadora”, seguiu o mesmo caminho que não tem dado bons resultados. Assim como os governos anteriores, ele acreditou que melhorar a educação é criar mais burocracia e investir mais dinheiro.
Mesmo com vários especialistas alertando que o problema vai além disso (está no método), o Estado segue adotando a mesma estratégia. Será que o mesmo caminho pode levar a um lugar diferente do qual o Brasil já está?
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