As crianças enfileiradas marcham rumo a uma máquina de moer gente. Não bastasse usarem máscaras iguais e mantendo o mesmo padrão, são transformadas em salsichas enquanto um professor autoritário a tudo assiste. Qual o significado de Another Brick In The Wall do quarteto Pink Floyd?
A análise da letra da música, considerando o contexto da vida de seu vocalista e compositor, somada ao contexto histórico, traz uma mensagem que pode ser aproveitada nos dias atuais.
Another Brick In The Wall é uma faixa do álbum The Wall, 1979, da banda de rock inglesa Pink Floyd. Essa música é dividida em Parte I, Parte II e Parte III, todas compostas pelo baixista e vocalista Roger Waters.
Esse álbum foi o último com a formação original da banda (os quatro membros fundadores). Nos EUA, o disco duplo alcançou 11,5 milhões de unidades vendidas.
A Parte II foi o primeiro single lançado pela banda no Reino Unido após o sucesso Point Me at the Sky, 1968.
Tornou-se o único single número um no próprio Reino Unido, EUA, Alemanha Ocidental e em muitos outros países.
Na lista das 500 melhores canções de todos os tempos da Revista Rolling Stone, Another Brick In The Wall ocupa a posição 384, além de já ter sido indicada para um Grammy.
A Parte II de Another Brick In The Wall tornou-se mundialmente conhecida pela famosa frase We don’t need no education (Não precisamos de nenhuma educação).
Tornou-se um dos maiores hits de Pink Floyd e alcançou o primeiro lugar das paradas norte-americanas, inglesas, canadenses, francesas, italianas, portuguesas, espanholas e diversos outros países.
Em 1980, foi a segunda canção mais tocada nas rádios brasileiras.
Entre várias considerações que se pode fazer sobre o significado de Another Brick In The Wall, a que mais se destaca é a crítica ao rígido sistema educacional, principalmente dos internatos.
O compositor de Another Brick In The Wall foi o baixista Roger Waters. Na Parte II, David Gilmour foi responsável pelas guitarras e vocais. Os estudantes do refrão eram alunos da Islington Green School, que ficava próxima à gravadora.
Another Brick In The Wall tornou-se um hino do rock progressivo. Sua letra é usada para refletir sobre temas como sistema educacional, ideologia, autoritarismo e sociedade.
O álbum The Wall possui dois discos com 13 faixas cada um. Para entender o significado de Another Brick In The Wall, é necessário analisar o conceito do décimo terceiro álbum da banda.
As músicas do álbum constroem juntas uma narrativa, como se fosse uma odisseia. A história está vinculada à vida do letrista Roger Waters. As canções são sobre o personagem Pink, cuja história foi baseada na vida do próprio Waters.
Roger Waters perdeu seu pai na Segunda Guerra Mundial, acontecimento que influenciou suas canções e apresentações. Ele se tornou pacifista, opondo-se completamente às guerras, além de sempre se posicionar a favor dos direitos humanos.
O Álbum narra os altos e baixos que o personagem Pink, representação de Waters, teve na vida.
O significado de Another Brick In The Wall está justamente em Pink querer que uma parede o isole da sociedade. A metáfora usada para simbolizar o afastamento foi a parede de tijolos.
Em 1977, quando o álbum começou a ser pensado, Roger Waters estava frustrado durante a turnê In The Flesh. Ele também queria um tempo.
Na segunda parte da música, ficou evidente uma forte crítica ao sistema educacional britânico.
Quando a música foi composta, o modelo era considerado por alguns como totalitário, opressor e rigoroso. Para Roger, não havia estímulos aos valores éticos e nem ao pensamento crítico.
Essa é a razão das crianças serem retratadas com máscaras iguais. Antes de incendiar a escola, elas se revoltam por não querer ser como seus professores quando crescerem.
Em 2014, Roger Waters teve sua vida retratada nas telas do cinema. A produção de mais de duas horas e meia acompanhou os bastidores da turnê The Wall, em cartaz entre 2010 e 2013.
Waters atuou como protagonista e codirigiu o filme.
Poucos sabem que a história dele está intimamente ligada à guerra, como vem sendo explicado por meio do significado de Another Brick In The Wall. Seu avô foi assassinado na Primeira Guerra Mundial, assim como seu pai na Segunda, quando ele era um bebê de apenas cinco meses.
No filme, há a cena de Roger visitando os túmulos do avô e do pai. Sobre seu longa metragem, disse:
“The Wall” não é algo construído, inventado. É a minha vida. Sou eu escrevendo sobre meus sentimentos e pensamentos. E, obviamente, tem algumas músicas cativantes. “Another brick in the wall” é uma espécie de hino de protesto bacana para os jovens estudantes cantarem – ou qualquer pessoa cantar.”
Para entender as ideias presentes, cada parte deve ser analisada separadamente. Juntas, elas são uma narrativa com um fio condutor único, que carrega uma concepção da educação e da vida.
Essa faixa é suave e com instrumental crescente. Apresenta riffs de guitarras ao fundo. Há efeitos de delay que percorrem toda a música. Essa cadência ascendente corresponde ao que é contado na narrativa.
Somam-se a eles os calmos vocais de Waters. Ao se aproximar do final, há uma parte mais agitada, que logo volta a se acalmar em um solo de guitarra suave até o fim.
Encerra-se com os sons de um helicóptero abrindo The Happiest Day of Our Lives.
Pink vai crescendo e sente falta de alguém na sua vida. Esse alguém é revelado no primeiro verso de Another Brick In The Wall I:
No início, é dito que o pai de Pink morreu em serviço no exército. Como Pink era muito pequeno, não tem lembranças do pai, restando apenas uma antiga foto dele no álbum da família.
No primeiro verso o tijolo já é citado. Ele é mencionado nas três partes da música.
Ao estudar o significado de Another Brick In The Wall, percebe-se o tijolo como uma metáfora para as dores e traumas na vida de Pink.
Entre Another Brick In The Wall I e Another Brick In The Wall II, há uma faixa que continua a narrativa: The Happiest Days Of Our Lives.
O instrumental permanece simples, para focar no autoritarismo dos professores. A letra pode ser lida sob uma ótica de que por trás do oprimido há um opressor.
Após essa introdução, inicia-se Another Brick In The Wall II. Esta é a mais conhecida pelas pessoas e muitos conhecem apenas essa parte. Normalmente, busca-se o significado e a análise desse trecho apenas.
A fama da segunda parte de Another Brick In The Wall se dá tanto por sua letra, quanto por seu riff de guitarra.
A composição da música foi feita com guitarras limpas no fundo, baixo e bateria simples. O destaque está no vocal, especialmente o das crianças da Islington Green School (escola próxima ao estúdio Brittania Row).
Elas cantam o segundo verso e o refrão, com a famosa frase:
“We don’t need no education”.
The Wall ganhou uma versão cinematográfica. Nessa parte, são retratadas as dificuldades de Pink na escola, sendo insultado por seu professor, figura com características autoritárias.
Para escapar do que acontecia, ele se volta para sua imaginação e começa a pensar nos estudantes marchando no mesmo ritmo da música. Eles voltam-se para uma máquina que os transforma em clones vazios com face de barro sem distinção.
Após isso, os estudantes despencam em um moedor de carne onde são pulverizados e picados, saindo como salsichas.
Começando com um solo de guitarra de Gilmour, as crianças destroem a escola incendiando-a. Elas arrastam os professores para fora aos golpes e gritos.
Com Pink esfregando a mão depois de ter apanhando de seu professor com uma régua, a música termina. Tudo foi sua imaginação.
Essa estrofe é cantada duas vezes, uma pelo próprio Roger Waters e outra pelo icônico coral de crianças.
A versão cinematográfica de Another Brick in the Wall foi usada como clip nos canais MTV e VH1.
Another Brick IN The Wall III é menos conhecida e é caracterizada por vocais e guitarras bem agressivas, simulando um tom de protesto.
O início foi feito com sons de vidro se espatifando seguidos de explosões de guitarra com muitas distorções e efeitos, vocais e pratos de bateria. O refrão de encerramento é:
“All in all it was all just bricks in the wall (Tudo eram apenas tijolos no muro)”.
Neste ponto da narrativa, Pink já não é mais uma criança.
Ele está velho e desesperançoso. Essa é mais uma dica para entender o significado de Another Brick In The Wall. Após tantos altos e baixos, Pink começa a acreditar que não precisa de nada nem de ninguém.
Em Another Brick In The Wall, Pink constrói uma parede com os tijolos de sofrimento da vida. Como consequência, ele se isola.
A Parte II ficou tão famosa que recebeu um clipe que pode ser analisado e ressaltar mais significados em Another Brick In The Wall.
Vale ressaltar que o professor que aparece na cena lê a frase:
“Money, get back! I’m all right, Jack, keep your hands off of my stack (Dinheiro, volte! Eu estou bem, cara, tire as suas mãos do meu monte)”.
Trata-se de um trecho da letra da música Money, outro sucesso de Pink Floyd. Esse clipe é apenas um recorte do filme The Wall, mesmo nome do álbum da banda, lançado em 1982. O filme possui 95 minutos e recebeu dois prêmios em 1983: um BAFTA de Melhor Canção e um de Melhor Som.
O clipe ressalta a crítica ao sistema de ensino, especificamente o modelo que não ensina a pensar ou questionar, mas sim a repetir e obedecer. O tipo de professor criticado é aquele que explora a fraqueza dos alunos, os humilha e até mesmo pode chegar à agressão física.
A beca que o professor usa é, inclusive, símbolo de uma magistral superioridade que ele possui por ser professor. Ele é o portador do saber do magistério e pode impor conteúdos e regras.
A vara que ele segura é um reforço ao poder de punir. Apesar disso, o vídeo mostra que o professor deixa de ser uma figura de poder diante de sua esposa. Neste caso, ele se torna submisso, impotente e obediente.
Para alguns intérpretes, não precisar de educação é a exaltação do senso crítico. O indivíduo pode se recusar a receber o ensino e querer pensar por si mesmo. Há outros ainda que a letra enfatiza os autodidatas, pois conseguem aprender sem professores.
Para alguns intérpretes, há uma interposição entre um modelo antigo de escola e um novo, um modo tradicional ruim e um moderno, crítico e bom.
Há versos que pedem que os professores se afastem da vida dos alunos, pois a educação é vista como um conjunto de regras e não como o coletivo da sabedoria e da racionalidade.
Alguns autores, normalmente alinhados com o pensamento marxista, não veem a educação como algo que eleva a alma, busca as virtudes e a sabedoria. Nesse caso, pensam que a educação visa formar bons cidadãos e necessariamente envolve o pensamento crítico sobre o governo, a sociedade e as ideologias.
Outros veem o significado de Another Brick In The Wall como símbolo de resistência à educação autoritária e como apologia ao ensino crítico por natureza e à reflexão.
Em 1980, a crítica feita pela música foi motivo dela ser banida da África do Sul.
Na música, a escola é comparada com uma fábrica. Em se tratando de uma crítica ao autoritarismo, tratar o ensino como esteira é conveniente às pessoas no poder. Elas não vão querer quem pense, reflita e critique o que fazem.
Melhor que sejam todos formados no mesmo padrão para serem mais facilmente manipulados.
A escola, nesse caso, não transforma o aluno, mas sim o deforma.
A referência à fábrica também reforça a simbologia dos tijolos. Cada aluno pode ser interpretado como um tijolo da sociedade também, sem criatividade e alienados.
O significado de Another Brick In The Wall também se relaciona comumente ao Muro de Berlim e ao contexto da Guerra Fria, períodos de forte repressão e ausência de liberdades.
O Muro de Berlim resultado da disputa entre ocidente capitalista e oriente socialista, reforça uma vez mais o significado dos tijolos, que juntos erguem uma parede que divide. Há intérpretes que veem nisso uma crítica ao regime ditatorial do comunismo vigente na URSS.
Outros ressaltam o contraponto entre a escola existente dentro de uma sociedade capitalista. Apesar disso, o desfecho é semelhante ao que Marx propôs ao proletariado: que se unissem em uma luta armada contra os patrões.
Em outra proporção, os alunos se unem contra o professor e destroem a escola. O professor é visto como um culpado que deve ser sacrificado para que o problema seja resolvido.
Para o doutor Alexandre Magno, especialista em educação e defensor do homeschooling, a afirmação feita na música oferece uma boa oportunidade de reflexão. Diz-se que não precisamos de educação, controle de pensamento ou de ser apenas mais um tijolo na parede.
Para ele, a banda de fato fez uma profunda crítica ao sistema escolar. E acrescenta dizendo que poderiam ter dito:
“We don’t need no schooling” (Nós não precisamos de escolarização).
Em vez disso, em vez de condenar o sistema escolar, condenaram a educação em si. O Dr. Alexandre Magno diferencia a escolarização e a educação, além de também ter fortes críticas ao sistema escolar atual no Brasil.
Por essa razão, ele é defensor do homeschooling, ou seja, de que as crianças possam receber educação em casa, ministrada pelos pais ou professores particulares, sem serem submetidas às escolas.
Ele é um dos professores da Escola da Família, uma iniciativa da Brasil Paralelo para ajudar pais e mães que querem o melhor para si e para seus filhos. Ele é professor de Direitos das Famílias. Há também conteúdo sobre educação domiciliar, desenvolvimento infantil e muito mais.
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