Quando você pensa em reggae, qual nome vem à mente? Não há “talvez” nessa resposta: é Bob Marley.
“Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua ausência seja sentida”, delcarou.
E, 44 anos após sua morte em 1981, sua ausência ainda ecoa, enquanto sua presença segue viva como um símbolo universal de paz, amor e “good vibes”.
No entanto, por trás do rei do reggae, há um lado oculto que poucos conhecem – e que vamos explorar neste artigo.
Nascido em 1945, nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, Bob Marley chegou ao mundo como um arauto da paz que a humanidade tanto precisava. Suas músicas, como hinos de esperança, conquistaram milhões, mas sua vida foi muito mais complexa do que as melodias sugerem.
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Rastafari: Roots and Ideology. Syracuse University Press.
Bob Marley não nasceu em palácios de ouro. Sua primeira casa foiem uma vila rural sem eletricidade na Jamaica. Ele cresceu na favela de Trenchtown, em Kingston, um lugar de casas improvisadas, lama e torneiras públicas.
Foi em sua terra natal que ele encontrou o caldeirão cultural que moldaria sua música. Filho de Cedella Booker, uma jamaicana negra, e Norval Sinclair Marley, um capitão branco de origem inglesa que abandonou a família antes mesmo de Bob completar um ano, Marley cresceu entre a simplicidade do campo e as dificuldades da cidade.
Aos 12 anos, ele e sua mãe mudaram-se para Trenchtown, onde a vida nas ruas, a pobreza e os sons do ska e do rocksteady começaram a despertar seu interesse pela música.
Antes de se tornar um ícone mundial, Marley deu seus primeiros passos na música ainda adolescente. Em 1962, aos 16 anos, ele gravou "Judge Not" no Studio One, um dos estúdios mais influentes da Jamaica, sob a tutela do produtor Clement "Coxsone" Dodd.
A canção, lançada como single por Beverley’s Records, trazia uma mensagem simples, mas já reveladora de sua filosofia:
“Não julgue os outros antes de julgar a si mesmo”.
Apesar de não ter sido um sucesso comercial na época, "Judge Not" marcou o início de sua jornada musical e mostrou seu talento precoce como compositor e cantor.
Nos primeiros anos, a música não foi suficiente para sustentar Marley. Ele trabalhou como soldador em Kingston, uma habilidade que aprendeu para sobreviver na juventude.
Em 1966, aos 21 anos, ele passou alguns meses nos Estados Unidos, em Delaware, onde trabalhou como operário em uma fábrica da Chrysler e como faxineiro, enviando dinheiro para a família na Jamaica.
Curiosamente, Marley também lia mãos, um talento que desenvolveu na infância e que impressionava amigos pela precisão – uma faceta mística que ecoava sua espiritualidade rastafári, ainda em formação.
O verdadeiro turning point veio com a criação dos Wailers. Em 1963, Marley juntou-se a Peter Tosh e Bunny Wailer, amigos de Trenchtown, para formar o grupo inicialmente chamado The Teenagers, que logo se tornaria The Wailers.
Inspirados pelo ska e pelo soul americano, eles gravaram "Simmer Down" em 1964, também com Coxsone Dodd.
A música, um apelo contra a violência nas ruas de Kingston, explodiu nas rádios jamaicanas, alcançando o topo das paradas locais e vendendo mais de 70 mil cópias – um marco para um grupo de jovens sem recursos.
Esse sucesso inicial abriu portas, mas o dinheiro ainda era escasso, e os Wailers enfrentaram anos de instabilidade financeira e mudanças na formação.
A transição para o reggae e o sucesso global veio na década de 1970. Após trabalhar com o excêntrico produtor Lee "Scratch" Perry entre 1969 e 1971, Marley e os Wailers refinaram seu som, incorporando batidas mais lentas, letras espirituais e a influência do rastafarianismo, que Marley abraçara plenamente após visitar Haile Selassie na Etiópia em 1966.
Canções como "Soul Rebel" e "Trenchtown Rock" começaram a definir o reggae como um gênero de protesto e redenção.
Em 1972, Chris Blackwell, da Island Records, viu o potencial do grupo e assinou um contrato que mudou tudo. O álbum Catch a Fire (1973), com faixas como "Stir It Up" e "Concrete Jungle", foi lançado com uma produção sofisticada voltada para o mercado internacional, misturando o roots reggae com elementos de rock.
A turnê subsequente na Europa e nos EUA apresentou Marley ao mundo, e o disco seguinte, Burnin’ (1973), com "Get Up, Stand Up" e "I Shot the Sheriff", consolidou sua fama – especialmente após o cover de Eric Clapton em 1974 levar "I Shot the Sheriff" ao topo das paradas americanas.
Foi como músico que Marley brilhou de verdade, usando sua fama para ajudar os pobres de Trenchtown.
Sua casa na Hope Road, em Kingston, virou um ponto de acolhimento, onde ele distribuía comida, dinheiro e apoio aos necessitados. Com Rastaman Vibration (1976), que alcançou o Top 10 da Billboard, Marley se tornou um símbolo global de resistência e paz, levando o reggae das vielas de Kingston para estádios lotados ao redor do mundo.
Sua trajetória, de um jovem soldador a um ícone que cantava pela liberdade, mostra como o talento, a fé e a luta o elevaram ao sucesso.
No entanto, sua vida pessoal revela sombras. Casado com Rita Marley, que o conheceu em um momento de vulnerabilidade , Bob teve um relacionamento marcado por infidelidade e hipocrisia. Inspirado no que viveu com ela, escreveu “No Woman, no Cry”.
Enquanto cantava No Woman, No Cry, ele teve múltiplas amantes e filhos fora do casamento, que Rita acabou ajudando a criar.
Pior ainda: Bob Marley negou publicamente o casamento com Rita e, segundo ela, chegou a agredi-la fisicamente e até a abusá-la sexualmente.
Testemunhas como Don Taylor, seu ex-empresário, e Marcia Griffiths, backing vocal dos Wailers, confirmaram episódios de violência. Esses relatos incluem agressões não apenas contra Rita, mas também contra o próprio Taylor em momentos de conflito.
Fiel ao rastafarianismo, Marley via o corpo como um templo, evitando álcool e amando futebol. Até que um ferimento no dedo durante um jogo revelou um melanoma raro. Por convicção religiosa, ele recusou a amputação e o câncer se espalhou.
Em 1981, aos 36 anos, morreu nos braços de Rita, deixando Redemption Song como seu adeus, um hino de liberdade e, talvez, de redenção pessoal.
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