A partir da primeira onda feminista, o mundo ocidental não foi mais o mesmo. Mulheres de diversas partes do mundo se organizaram para conquistar novas possibilidades, como direitos ainda não existentes. Nessa época não faltaram divergências. O movimento não foi tão simples como muitos fazem parecer.
A primeira onda do feminismo teve início no século XIX, mais especificamente no ano de 1848, quando Elizabeth Stanton e Lucretia Mott começaram reuniões com pautas feministas. As 2 principais pautas foram:
As reuniões eram feitas nos espaços da igreja wesleyana, na cidade de Seneca Falls, nos Estados Unidos.
O movimento teve início após Elizabeth Stanton e Lucretia Mott terem sido barradas em um evento contra a escravidão, em 1840.
Durante a reunião abolicionista, as duas tentaram convencer os demais da necessidade de mais direitos para as mulheres, recebendo uma contundente negativa dos demais abolicionistas.
Após o evento, ambas as feministas saíram com uma convicção ainda maior da necessidade da luta por mais direitos para as mulheres. Elas abandonaram o movimento abolicionista e dedicaram todas suas energias para lutar pelo feminismo.
Foi nesse momento que nasceu a 1ª onda feminista.
O pastor da igreja wesleyana abriu as portas para ambas após elas terem explicado suas motivações com base na Bíblia.
A passagem da criação da mulher, no livro do Gênesis, diz que Deus utilizou a costela do homem, nem os membros superiores nem os inferiores, mas sim da parte central, demonstrando a igualdade de valor, segundo Santo Agostinho.
As duas passaram a panfletar pela região e reunir-se periodicamente na igreja.
Pela manhã, cuidavam dos seus lares e dos filhos, à noite militavam ardentemente, segundo palavras da própria Elizabeth Stanton.
O movimento inicial era fraco, contava com o apoio de poucas mulheres e poucos homens.
Porém, após anos de luta, as duas conseguiram organizar um movimento com 300 pessoas, homens e mulheres, nomeado como Convenção de Seneca Falls.
Na convenção, as fundadoras fizeram uma pesquisa com os membros do grupo, perguntando se desejavam o voto feminino.
O resultado surpreendeu as chefes: a maioria das mulheres reprovou as pautas, pois seus interesses eram apenas possuir direitos civis básicos, e não adquirir mais deveres extenuantes.
Mesmo com o resultado negativo da pesquisa, as duas continuaram lutando pela inserção no mercado de trabalho e pelo voto feminino.
Mulheres da época manifestaram os motivos de não querer todos os direitos preconizados pelas chefes do movimento feminista.
Ana Campagnolo, baseando-se no tratado anti-sufrágio de Grace Goodwin, publicado em 1912, diz:
“Em 1912, nesta publicação antissufrágio, nós vemos que as mulheres estavam isentas da responsabilidade política e legal, como servir ao Exército ou se sentar em júris.
Muitas responsabilidades pesadas como prover para a família, pagar dívidas e ir para a cadeia por crimes menores são poupadas do sexo feminino. Se uma esposa se envolve em negócios ilegais, a lei responsabiliza o marido, e não ela.
Essas são apenas algumas das razões, citadas por Grace em seu livro, pelas quais as mulheres da época se negavam a aderir ao movimento sufragista. Inclusive, na Inglaterra, existia um partido político antissufrágio”.
Nessa época, o voto era um direito derivado de um dever. Em todos os países que tinham o voto, apenas os homens que servissem no exército podiam votar.
Votar significava escolher alguém que teria poder de convocar uma guerra ou não. Por isso, apenas os homens podiam votar.
O trabalho intelectual nessa época era restrito a um pequeno grupo, e não havia desejo por grande parte da classe média de participar dessa classe.
Havia certa possibilidade de estudos escolares e universitários para homens e mulheres de classes baixas.
Machado de Assis, Francisco de Paula Brito e o Papa São Pio X são exemplos de intelectuais do século XIX e XX oriundos de classes sociais baixas.
Santa Edith Stein era mulher e se tornou doutora em Filosofia no início do século XX.
A quantidade do trabalho feminino passou a aumentar a partir da I Guerra Mundial, quando os homens estavam no campo de batalha, obrigando-as a trabalhar nas fábricas para que bens básicos fossem produzidos.
O mesmo aconteceu durante a II Guerra Mundial.
Contudo, logo após o fim das Grandes Guerras, as mulheres que tinham maridos com boa renda escolheram voltar para suas casas.
Ana Campagnolo aponta que 3 milhões de mulheres optaram por sair de seus trabalhos pesados e voltar para o trabalho no lar.
O pensamento de possibilitar mais direitos às mulheres já existia desde o início das democracias, como o tópico sobre o protofeminismo irá mostrar. Porém, o primeiro movimento sufragista organizado e triunfante foi o da Nova Zelândia.
Em 1893 (após os movimentos de primeira onda dos EUA), o governo da Nova Zelândia concedeu às mulheres o direito de votar.
O movimento passou a se fortalecer na Inglaterra até que elas também recebessem a permissão de votar.
A partir desse momento, o movimento sufragista espalhou-se pelo mundo inteiro.
Nos EUA, o direito de voto para as mulheres foi concedido em 1920.
Acerca de todo o movimento sufragista dos EUA, Phyllis Schlafly, uma das principais ativistas pelo sufrágio feminino, escreveu:
“As sufragistas lutaram e venceram em 1920 pelo direito de voto das mulheres em todos os cinquenta estados americanos, mas elas eram mulheres que se baseavam na família e não tinham vontade de erradicar a natureza feminina. Definitivamente, elas também eram contra o aborto”.
As principais características da primeira fase do feminismo são:
O movimento feminista não surgiu a partir do nada. O principal movimento que forneceu as bases da primeira onda foi o protofeminismo.
O feminismo, com os fundamentos conhecidos atualmente, surgiu no século XVIII, através das teses de William Godwin. Curiosamente, não foi algo iniciado por uma mulher.
Pode-se afirmar que do início até os dias de hoje, houve 3 ondas e 4 fases deste mesmo movimento:
Um resumo de cada onda e cada fase pode ser conferido no artigo O que é Feminismo.
Willian, o primeiro feminista, militava contra o casamento, contra a monogamia e contra as estruturas tradicionais em geral.
Ele defendia o divórcio e a liberdade sexual, tanto para homens como para mulheres.
William foi o primeiro autor a defender sistematicamente a igualdade sexual, o cerne do feminismo.
Um dos protofeministas foi o Marquês de Sade, cujo nome foi usado para originar o termo sadismo e sadomasoquismo.
Após William, a primeira mulher a defender o feminismo foi Mary Wollstonecraft, através da publicação do livro Uma Reivindicação pelos direitos da mulher.
O período inicial do movimento é chamado de protofeminismo.
Foi o início das reivindicações feministas no âmbito social.
Porém, não havia militância quanto ao mercado de trabalho ou no campo político, donde o nome protofeminismo.
A pauta do movimento era lutar contra a monogamia, o casamento, e defender a liberdade sexual das mulheres.
Elas falavam explicitamente sobre incesto, sexo grupal e outras práticas afins.
Mary foi amante de um dos principais defensores de ideias feministas de seu tempo, o diplomata estadunidense Gilbert Imlay.
Mary engravidou de Gilbert. Mas quando foi contar a notícia ao pai de sua criança, ele já havia fugido.
Posteriormente, ela o encontrou vivendo com outra mulher e ofereceu-se para ser sua segunda companheira, já que estava sem dinheiro para cuidar da filha. Ele negou e Mary tentou suicidar-se no rio Tâmisa.
Mary não morreu após a tentativa. Ao continuar sua vida, conheceu William Godwin, o primeiro feminista. Após apaixonarem-se, eles se casaram.
Ana Campagnolo comenta sobre o casamento e suas repercussões:
“Mary contraiu matrimônio com William Godwin, que, aliás, também é considerado um dos precursores do pensamento anarquista. Criticados e questionados por suas reputações libertinas não condizerem com a oficialização do casamento, os noivos se justificaram: o casamento foi o meio legal que encontraram para proteger financeiramente tanto Mary quanto o bebê que nasceria”.
Outra feminista importante do período foi Olympe de Gouges. Após publicar suas teses feministas (lembrando que na época o movimento ainda não tinha nome) foi guilhotinada por Robespierre.
Muitas lideranças feministas da primeira onda seguiram a linha do protofeminismo. Elizabeth Stanton e suas companheiras passaram a contestar posições cristãs desde o início do movimento, mesmo tendo sido abrigadas apenas em um recinto cristão.
Elizabeth publicou o livro Bíblia Feminista, que possuía as seguintes teses:
Muitas das mulheres que participaram do movimento sufragista não eram feministas.
O movimento continuou se desenvolvendo com as premissas da Bíblia Feminista, surgindo a 2ª onda, a partir do início século XX.
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