Para além de um termo gramático, misoginia representa uma discussão social e filosófica a respeito da natureza da mulher e seu papel na sociedade.
Entenda o que é misoginia e as principais discussões ao redor do tema.
Misoginia é a prática e o pensamento de discriminação contra o sexo feminino, uma atitude de desprezo perante as mulheres. O termo tem origem na língua grega, sendo uma união das palavras miseo (que significa ódio) e gyne (mulheres).
O primeiro registo da utilização de misoginia é um teatro de comédia de autoria anônima, publicado em Londres, em 1630.
O teatro se chamava Swetnam, the Woman-Hater, Arraigned by Women (Swetnam, o odiador de mulheres, arranjado por mulheres). Narrava Susan Frye e Karen Robertson no livro Maids and Mistresses, Cousins and Queens: Women's Alliances in Early Modern England, publicado pela Oxford Press.
A peça surgiu após uma controvérsia da época: em 1615, Joseph Swetnam publicou em Londres um panfleto chamado The Lewd, Idle, Disobedient and Fickle Women Process (O processo das mulheres lascivas, ociosas, desobedientes e inconstantes).
A obra possuía um tom cômico e filosófico, afirmando que as mulheres possuem uma natureza pecaminosa, enganadora e sem valor. Swetnam fez piadas e utilizou da Bíblia e da Ilíada de Homero para zombar das mulheres.
Alguns trechos dos escritos diziam:
"As mulheres são desonestas por natureza";
"As aspirações de sua mente e sua vontade de libertinagem trouxeram a desgraça para o homem".
O panfleto se popularizou na sociedade pela Inglaterra, gerando diversas respostas, sobretudo das próprias mulheres.
A peça Swetnam, the Woman-Hater Arraigned by Women (Swetnam, o odiador de mulheres arranjado por mulheres) zomba de Swetnam afirmando que ele foi exilado para a Sicília devido a seu ódio pelas mulheres, onde ele pediu para ser chamado de Misogynos, odiador de mulheres em Grego.
A partir da publicação desta peça, o termo misógino se popularizou na Inglaterra, sendo adicionado no dicionário de Oxford em 1656. Após a controvérsia perder relevância, a palavra misógino foi pouco utilizada pelo mundo até o século XX.
No final do século XX, a ativista feminista Andrea Dworkin resgatou a palavra misoginia para se referir as pessoas defensoras do machismo segundo a teoria do feminismo. A primeira obra a utilizar a palavra foi Woman Hating: A Radical Look at Sexuality, publicada em 1974.
Desde então, o termo misoginia foi adotado pelo movimento feminista ao redor do mundo.
Para Andrea Dworkin, misoginia é uma forma sistemática de ódio e violência direcionada às mulheres, com base em uma hierarquia de sexo que coloca os homens em uma posição superior às mulheres.
Autoras feministas creem que a misoginia não é uma atitude individual, mas sim uma estrutura social que permeia todas as instituições e relações sociais. Márcia Tiburi escreve que, para Débora Diniz, Luciana Boiteux e Valeska Zanello, a misoginia é discurso de ódio originário e constitutivo da cultura patriarcal.
As teses de Dworkin estão de acordo com essas teses, argumentando que a misoginia é profundamente enraizada na cultura e na história humana.
Para ela, a luta contra a misoginia deve ser uma luta coletiva para transformar as estruturas sociais e culturais que sustentam a opressão das mulheres.
De acordo com Dworkin, a misoginia se manifesta de diversas formas, incluindo a violência sexual e doméstica, a exploração sexual e a objetificação das mulheres na mídia e na cultura popular.
As teorias sobre misoginia vinculam-se à teoria do machismo estrutural e das sociedades patriarcais.
Essa visão está dentro da lógica inaugurada pelas ideias de Karl Marx. Foi ele quem criou o pensamento de que o motor do mundo é a luta de classes. Para Marx, a sociedade é erigida sobre uma estrutura de opressão e luta pelo poder.
O feminismo está intimamente ligado ao marxismo, afirma a historiadora Ana Campagnolo neste e-book sobre Feminismo e Marxismo.
Membros da Escola de Frankfurt desenvolveram tal ideia para a cultura, o que posteriormente baseou o feminismo. A Escola de Frankfurt desenvolveu ainda mais o pensamento marxista anti-família tradicional através da cultura.
Segundo essa visão moderna, os homens dominaram o sistema de produção, ou seja, o sistema capitalista, e criaram uma cultura machista para manter esse sistema, desvalorizando a figura feminina no processo.
Esses e outros fatores geraram segmentos do feminismo moderno.
A historiadora Ana Campagnolo critica o movimento feminista e suas teses sobre misoginia. Dentre as suas falas, ela utiliza os seguintes dados para dizer que a sociedade brasileira não é feminista:
Campagnolo ainda defende a tese de que o movimento feminista não surgiu para defender os direitos das mulheres, mas uma agenda ideológica específica.
Ana Campagnolo tece críticas ao feminismo. Suas bases principais são Grace Goodwin, Chesterton, Mises, e as cosmovisões do Direito Natural e do Cristianismo.
Algumas das principais críticas são:
Desde o início, o movimento ignorou a vontade da maioria das mulheres.
Na convenção de Seneca Falls, a maioria das mulheres votou contra o voto feminino, mas mesmo assim as líderes dos grupos lutaram pela pauta.
O mesmo ocorreu na Inglaterra e em diversos outros países.
Sobre isso, Chesterton diz o seguinte:
“As sufragistas estão praticamente dizendo que as mulheres podem votar sobre tudo, exceto sobre o sufrágio feminino”.
Nesse caso, percebe-se o interesse das líderes contra o interesse das mulheres em geral.
Elizabeth Stanton buscava apenas seus interesses anti-Cristãos, conforme ela diz no livro Bíblia Feminista.
Outros grupos também tinham interesses em manipular o movimento para ganho próprio.
Ana Campagnolo cita um exemplo no seu curso do Núcleo de Formação:
Nas décadas de 1920 e 1930, o consumo de tabaco estava declinando, os homens estavam consumindo menos. Por interesses capitalistas, teve início uma campanha para que as mulheres passassem a fumar, para a indústria ganhar um novo público.
No dia 1º de abril, o New York Times publicou uma reportagem intitulada ‘Grupo de meninas tragam cigarros como gesto de liberdade’.
Essa notícia era uma referência à marcha Tochas da Liberdade, promovida no dia 31 de março de 1929, na Páscoa.
Essa marcha dava a impressão de que as mulheres estavam quebrando um tabu, porque, na época, dizia-se que as mulheres que fumavam eram prostitutas ou indecentes.
A marcha das Tochas pela Liberdade, no meio da pácoa, parecia um grande avanço feminista. Entretanto, na verdade, esse evento foi patrocinado pelo propagandista da indústria de tabaco.
Com a queda do consumo por parte dos homens, a indústria do tabaco resolveu vendê-lo também para as mulheres.
Ninguém estava preocupado com a liberdade das mulheres, mas sim com a venda de cigarros.
Como visto na história do feminismo, no movimento existe a ideia de que não existe feminilidade e masculinidade. Personalidades conservadoras e religiosas rechaçam esse pensamento, afirmando que isso acaba com o próprio sexo feminino.
Falando sobre a natureza dos sexos, o Papa Francisco afirmou:
"A alegada teoria do gênero é a expressão de uma frustração e de uma resignação que visa apagar a diferença sexual por já não sabermos confrontá-la. Este é um passo atrás, já que eliminar a diferença [de sexo] é o problema e não a solução.
A diferença entre homem e mulher não é para competir ou dominar, mas para que se dê a reciprocidade necessária para a comunhão e para a procriação, à imagem e semelhança de Deus.
Os casais devem falar mais, se ouvir mais, se conhecer mais e se tratarem com respeito e amizade", disse o Papa Francisco em uma audiência geral na Praça de São Pedro, no dia 15/04/2015.
Esta linha de pensamento não defende que o sexo masculino possui mais valor maior que o feminino, mas que suas naturezas e vivências são diferentes.
Segundo Ana Campagnolo, as vantagens adquiridas pelas mulheres foram prejudicadas na medida em que o pensamento feminista ganhou espaço na sociedade. Alguns exemplos são:
O pensamento do psicólogo americano Jordan Peterson está de acordo com a tese da historiadora Ana Campagnolo. Para ele, os homens não possuem vantagens estruturais sobre as mulheres. Ele aponta dados para defender sua tese:
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