“Sou a favor da ideia socialista. Mas uma vez disse a meu pai: se isso é socialismo, eu sou contra o socialismo”. Esta fala é do historiador Yuri Ribeiro Prestes, filho de Luiz Carlos Prestes. Não é difícil entender porque o socialismo não funciona, bastando apenas algumas análises.
Em 1920, um dos maiores expoentes da Escola Austríaca de Economia, Ludwig von Mises, lançou o livro O cálculo econômico em uma comunidade socialista, para provar que o socialismo não dá certo.
Intelectual e economicamente, ficou provada a impossibilidade do socialismo. Os principais argumentos serão explicados neste artigo.
O socialismo é um regime autocontraditório. Para haver uma economia planificada, é preciso ter controle de preços. Entretanto, não havendo um mercado para os preços se formarem, o governo precisa inventar os preços. Se são inventados, o governo não sabe o que está se passando.
A economia torna-se fictícia no mesmo instante em que é planificada. A economia totalmente controlada significa exatamente uma economia totalmente descontrolada.
Os socialistas inventaram a anarquia do capital.
Preço é uma quantia estipulada para a aquisição de uma mercadoria ou serviço. Não é um valor estático e não leva em consideração apenas a mercadoria em si, mas tudo o que envolve sua produção, as etapas intermediárias até que se chegue a um resultado final e o comportamento do mercado.
Para explicar por analogia, o preço é uma compactação, um resumo de um processo longo e complexo. Em um único preço, há um grande conjunto de dados.
Para entender porque o socialismo não funciona, é fundamental compreender a dinâmica que envolve a precificação dos bens. Os bens de capital são usados para produzir outros bens, e os de consumo estão voltados diretamente à satisfação da pessoa que os compra.
Se um café é vendido por R$ 2,50, por exemplo, é porque aconteceu uma história envolvendo muitas pessoas.
Estes dois reais e cinquenta centavos levam em consideração todas as compras de cafés já feitas no mundo, todas as tentativas de vender café por preços que as pessoas não pagaram e todas as tentativas de vender um café que não deu lucro, levando pessoas a fecharem as portas de suas empresas.
O preço carrega um histórico da tentativa de vender café em cada região, em cada local, com cada tributo de qualidade.
Quando ele é congelado e definido, seu histórico é rompido. Quando um preço e um produto são definidos pelo Estado, a livre escolha das pessoas também encontra seu fim.
Todo o histórico do café está compilado para que algum vendedor possa dizer:
“Este café eu consigo vender a R$ 2,50, este a R$ 18,00, este outro a R$ 14,00”.
É por isso que se diz que um preço é um conjunto de informações concentradas. Antes que algo receba seu preço, muitos testes aconteceram. O preço é julgado pela democracia do consumidor, que é quem decide se quer pagar ou não pelo produto, julgando se vale a pena.
Se as pessoas entenderem que não vale a pena pagar este preço, o produto não vende.
De acordo com o cálculo desenvolvido por Mises, a origem destes dados que compõem o preço são as decisões de tentar vender, por exemplo, café na Amazônia por R$ 22,00 e no Rio Grande do Sul por R$16 ,00.
Estas decisões tiveram êxito ou fracasso. O histórico delas é considerado. Além disso, máquinas, caminhões, gasolina, trabalhadores, investimentos, adversidades, concorrência, tudo isso é considerado.
A conclusão precisa ser clara: o preço não é apenas um número arbitrariamente escolhido. É a concentração de centenas de outros processos, da competição do mercado, da cooperação das empresas e da decisão de milhares de consumidores. Nada disto é estático; está em constante mudança.
O socialismo não considera esta lógica da economia.
A essência do socialismo é a atenuação ou eliminação das diferenças de poder econômico por meio do poder político. No entanto, para arbitrar esta diferença é preciso que o poder, neste caso, esteja concentrado nas mãos do Estado.
Para impor a igualdade na economia, o socialismo cria uma forte desigualdade no poder político. A riqueza dos ricos é absorvida pelos escolhidos do governo, uma vez que este poder não se sustenta gratuitamente.
A promessa socialista é a de uma sociedade baseada na igualdade, prosperidade e segurança, sem opressão dos ricos sobre os pobres, sem propriedade privada e sem livre comércio.
É uma teoria de organização econômica, para solucionar o problema da escassez.
O socialismo pretende resolver o problema da pobreza.
Nem todos têm, ao mesmo tempo e na mesma quantidade, o que precisam. Ao contrário do modelo capitalista, o socialista pretende que não haja propriedade privada dos meios de produção.
Nenhuma pessoa em particular pode possuir máquinas, e outros recursos, utilizados na produção de bens de consumo. O proprietário destes recursos, para os socialistas, deve ser a humanidade.
O Estado será responsável por governar o esquema socialista, comandando os meios de produção. Caberá ao povo o governo, escolher os produtos a serem fabricados, a quantidade a ser distribuída a todos e o preço de cada um.
Em tese, a ideia é dividir tudo igualmente, para que não haja injustiça, exploração, opressão ou mesmo ricos e pobres.
O socialismo não funcionou justamente porque esta ideia é inaplicável na realidade.
Para que o socialismo funcione, é necessário que exista um planejamento central eficiente. Neste caso, o Estado se encarregará de todo o controle da economia para atender às demandas da sociedade, garantindo a igualdade.
Pessoas escolhidas pelo governo decidirão como alocar recursos, tais como mão de obra, investimentos, produção de alimentos, preço e indústrias.
O problema é que o Estado não consegue exercer esta função, uma vez que não é possível controlar o funcionamento dos mercados. A economia não é uma ciência exata e varia de acordo com o comportamento humano.
Investimentos, necessidades, demandas, ofertas, tipos de produtos, quantidades, tudo isso varia de forma descentralizada e em constante variação. Um grupo não consegue alocar recursos de forma centralizada para controlar estas variáveis.
Por exemplo, a Venezuela possui uma população de mais de 32 milhões de pessoas, ligadas a uma cadeia de suprimentos global, o que leva a uma relação com o comportamento das 7 bilhões de pessoas no mundo.
Quando um preço é congelado, centenas ou milhares de fatores atrelados ao preço são desconsiderados, bem como o comportamento das pessoas em relação ao produto em questão.
É impossível controlar o mercado de forma centralizada, porque ele depende de milhões de pessoas exercendo suas vontades ao trocar bens e serviços entre si.
Seria necessário prever o que cada ser humano pretende fazer, trocar, adquirir e consumir. Mas isto é totalmente subjetivo e não há possibilidade de ser previsto por quem quer que seja.
Segundo Hayek, economista austríaco ganhador do prêmio Nobel, o conhecimento é disperso e descentralizado. Cada um possui apenas uma parte do conhecimento, portanto não é possível prever as ações futuras dos múltiplos conjuntos sociais espalhados pelo mundo.
A evolução da sociedade nunca foi ordenada, exata. Somente através da tirania é possível, dentro de um certo limite, controlar o movimento evolutivo natural.
Portanto, no governo socialista, o Estado delega a si mesmo uma missão impossível de cumprir, que é a de prever o movimento econômico da massa.
A limitação do conhecimento e a subjetividade da mente humana tornam a existência de um planejamento central eficiente dos meios de produção totalmente impossível. Além disso, o tempo é um fator a ser considerado, afinal de contas o mercado está em constante modificação.
Mesmo que em um dado momento as necessidades de consumo de uma população pudessem ser previstas, no momento seguinte as necessidades já poderiam mudar e todos os recursos que foram alocados pensando no primeiro já não seriam mais justificados.
O socialismo nunca poderá funcionar porque depende de um modo de operar incoerente. Ele ignora os princípios fundamentais do próprio comportamento humano.
Ao retirar a liberdade, cancelar o livre-mercado e congelar os preços, perde-se o controle dos gastos, do lucro e das demandas sociais. O resultado é a falência generalizada.
Para tornar mais claro porque o socialismo fracassou, alguns problemas principais podem ser destacados.
No capitalismo, o incentivo é importante e é proporcionado pelos preços do mercado, pelo sistema de contabilização de lucros e perdas e pelo direito de propriedade.
O incentivo garante a existência de vários produtos, diferentes preços e graduações na qualidade e inovação visando o bem-estar social.
No socialismo, o incentivo desempenha um papel mínimo ou é ignorado. Isto porque a economia é planejada de forma centralizada pelo governo. Não há preço, lucro ou propriedade privada. O incentivo não guia a atividade econômica, mas sim a arbitrariedade das pessoas no poder.
No sistema de incentivos, quando um preço oscila, o comportamento das pessoas muda porque elas se sentem incentivadas a comprar ou a não comprar. Um preço alto ou baixo transmite informações valiosas ao mercado, aos compradores e aos vendedores.
Se os preços estão altos, economiza-se e compra-se menos. Se os preços estão baixos, expande-se o consumo e compra-se mais. Os recursos naturais são poupados ou explorados, vendidos ou mantidos, valorizados ou desvalorizados.
Se um preço é fixado, decidido arbitrariamente ou congelado, todas estas informações são ignoradas e no final, a conta não se paga.
Se o governo decreta que algo terá um preço baixo, as pessoas tendem a comprar mais. Mas se não for vantajoso para o produtor vender por aquele preço, ele deixa de produzir e as pessoas ficam sem o produto. O resultado é a escassez.
A ausência de preços no sistema socialista cria constantes carências ou excedentes.
O socialismo não funcionou porque não operou seguindo um sistema competitivo e cooperativo. Perdas e lucros fazem parte disso.
As empresas mais eficientes, que agradam mais o público, vendem mais e têm mais lucro. Aquelas que são ineficientes e não agradam, perdem.
Quando o fracasso é penalizado e o sucesso é recompensado, os recursos são reorientados e há estímulo para a inovação em meio à competição. Desta forma, a economia sempre tende a crescer, sempre a se desenvolver e mais riqueza é gerada de forma ampla.
Quando o Estado é dono dos meios de produção e o livre-mercado é abolido, não há mais competição e lucro, afinal, isto é considerado uma injustiça que gera desigualdade.
As empresas não são recompensadas ou penalizadas. Não há expansão, desenvolvimento e inovação. Sem incentivos, o resultado é a pobreza.
O socialismo não funciona porque condenou a propriedade privada, que é um direito do indivíduo.
Suponha que um trabalhador tenha feito seu trabalho e tenha recebido por isso. Ele repetiu suas atividades e continuou recebendo seu salário e poupando.
Quando acumulou o suficiente, ele comprou, por exemplo, um lote. Este lote nada mais é do que o seu salário transformado. Ele trabalhou por isso.
Em seu lote, ele usa o dinheiro de seu trabalho para criar uma fábrica e começa a vender os produtos ali fabricados. Ele obtém sucesso e se expande. Há pessoas que trabalham para ele e, agora, ele é dono de um capital.
No socialismo, isto é uma injustiça para com aqueles que não o têm. É preciso retirar deste homem sua propriedade e distribuí-la.
Seu salário foi retirado, o acúmulo de seu trabalho foi retirado e passado para aqueles que nada fizeram, para aqueles que nem mesmo valorizam o negócio que receberam.
A consequência é a expansão da tragédia dos comuns, uma experiência inglesa do século XVI. Certas terras de pastagens eram propriedades comuns das aldeias que as colocavam à disposição do público.
As terras foram sobreutilizadas e se esgotaram. Tornaram-se inúteis por causa da exploração dos recursos da propriedade comum pelos habitantes. A conclusão é que o livre acesso a uma demanda irrestrita de um recurso finito, conduz ao fim deste recurso pela exploração excessiva.
Quando o bem é público, não há cuidado para uma administração prudente. A propriedade privada cria incentivos para a preservação e uso responsável, uma vez que se cuida do que é próprio. No socialismo, isso não é assim.
Quando todos possuem um bem, agem como se ninguém o possuísse. Não há cuidado e ele se esgota por negligência e má-administração.
O socialismo não funcionou e não pode funcionar porque é a tragédia dos comuns em escala global.
Assim que o socialismo é imposto, a propriedade privada é redistribuída, já que alguns possuem muitas terras e muitos bens e outros possuem poucos ou nenhuns. O Estado se apropria dos meios de produção de seus proprietários e produtores.
Mesmo que estes bens tenham sido herdados de forma justa ou conquistados através do trabalho e do esforço, serão distribuídos e entregues a pessoas que não possuíam os meios de produção anteriormente.
Em prol dos novos proprietários, os antigos proprietários e usuários são prejudicados. A partir deste momento, a propriedade é entregue àqueles que não a utilizaram, não produziram, não trabalharam por ela e não a alugaram. Ao ganhar isto do Estado, a renda deste grupo beneficiado aumenta.
Alguém que não fez nada para possuir uma propriedade, bem ou terras, recebe o que foi confiscado de outro, que trabalhou por isso ou a herdou de forma legítima, alguém que, em último caso, trabalhou e dispôs de seu tempo e energia para conquistar seu bem.
O socialismo favorece aqueles que não são usuários, produtores, contratantes, poupadores, em suma, que não são trabalhadores. Ao mesmo tempo, o custo para os usuários, produtores, contratantes e poupadores aumenta porque eles perderam o que conquistaram.
Neste cenário, em que é possível perder o que foi adquirido à custa de tempo e energia, por que alguém iria querer empreender? O risco de perder a propriedade privada é enorme. Quem iria querer ver o seu bem passar para as mãos de quem o Estado escolher?
Naturalmente, haverá:
Se houver menos bens de consumo, as trocas econômicas também diminuem e o padrão de vida de todas as pessoas diminui. Se antes havia uma grande oferta de muitos tipos de produtos, a nova realidade passa a ser a escassez.
O socialismo é um sistema coletivista, que visa beneficiar o coletivo, o grupo. Para consegui-lo, o indivíduo não é considerado importante em si mesmo, o que torna plausível sacrificar pessoas individualmente pelo bem da sociedade como um todo.
Em tal sistema, os bens de capital serão utilizados para produzir bens de segunda categoria ou bens que não satisfazem nenhuma necessidade.
No socialismo, os meios de produção não podem ser vendidos. O preço é abolido e o Estado se torna o detentor e o distribuidor de tudo.
As pessoas escolhidas para cuidar desses bens em nome da humanidade não conseguem determinar os custos monetários envolvidos na fabricação ou na modificação das etapas do processo de produção.
Não é possível comparar os custos na produção de um bem com a receita obtida nas vendas. Como consequência, também não é possível saber quais oportunidades de vendas no mercado estão sendo perdidas.
Em resumo, quando o preço é abolido, o custo não é conhecido e não se sabe se o lucro é suficiente para compensar a produção, não há maneira de saber se o empreendimento é eficiente ou ineficiente.
Não é possível sequer saber se o que está sendo produzido atende ou não a algum desejo da população. É ela quem informa o que quer pelo seu comportamento ao escolher o que comprar, decidindo pelo que quer pagar. Mas a livre escolha foi abolida e não existe mais oferta e demanda.
Há apenas o que o Estado decide arbitrariamente produzir e entregar.
Como saber se os consumidores estão se satisfazendo em necessidades urgentes ou em caprichos efêmeros?
Quando o Estado confisca a fábrica de alguém e impede a venda de bens de capital, impede a existência das máquinas, por exemplo. Sem propriedade privada, não há mercado, não há competição, não há inovação.
Os preços não são formados de forma legítima e o consumidor paga o que o Estado define. Mas esta decisão é totalmente imaginada. Não há meios para saber se o preço cobrado compensa a produção.
Sem o cálculo de preços, é impossível racionalizar a economia. Tentar planejar a economia é exatamente impedi-la de existir. É impossível planejar uma economia planejada, porque, uma vez que o planejamento se dá, ela deixa de existir.
O cálculo do lucro e do prejuízo não existe no sistema socialista, uma vez que o preço foi abolido. O resultado é o empobrecimento progressivo.
Quando os produtores não podem calcular e fazer aprimoramentos, o desperdício acontece por produzir além do necessário ou escassez por não conseguir atender à demanda.
Como os meios de produção são administrados coletivamente, e como a renda também é coletiva e não individual, a ser reinvestida conforme a vontade do proprietário, a renda obtida não está relacionada à demanda social.
O valor obtido pelo produtor não está relacionado com a satisfação das pessoas. Os produtores não precisam do incentivo coletivo para produzir bem. Não há competição, não há livre concorrência.
O Estado determina o produto que deve ser feito e a quantidade, não as pessoas de acordo com o que desejam. Há menos dedicação e esforço na produção dos bens.
A versão marxista do socialismo representa especialmente bem este ponto. Os marxistas dizem buscar a completa igualdade na sociedade. Eles justificam as diferenças sociais em relação à propriedade privada.
Como o Estado se apropria dos bens de capital, o controle desses bens deve ser delegado a certos grupos de pessoas.
No socialismo, a única maneira de resolver quem vai controlar os meios de produção é sobrepor uma vontade à outra. Quem tiver mais força, mais poder, vence. Para ser nomeado pelo Estado para o posto de zelador de bens capitais, é preciso ter talento político.
Esta se torna a única forma de enriquecimento. Com isto em mente, as pessoas despendem menos tempo desenvolvendo habilidades produtivas e mais tempo se esforçando para conseguir cargos de confiança.
É mais fácil receber uma propriedade para zelar do que trabalhar para ter uma propriedade que pode ser dada a outro a qualquer momento.
As consequências são o abandono:
As pessoas perdem a capacidade de iniciativa, de trabalho e de resposta aos anseios de terceiros.
Em substituição destas habilidades, as pessoas buscam a demagogia, o poder da persuasão, apoio público para suas ideias e opiniões, promessas, esmolas e ameaças.
Tudo o que foi descrito acima para ilustrar porque o socialismo não funciona aconteceu na história, sempre que se tentou aplicá-lo.
O socialismo não funcionou em nenhum lugar do mundo. Nas palavras do Professor Olavo de Carvalho:
“O socialismo matou mais de 100 milhões de dissidentes e espalhou o terror, a miséria e a fome por um quarto da superfície da Terra. Todos os terremotos, furacões, epidemias, tiranias e guerras dos últimos quatro séculos, somados, não produziram resultados tão devastadores. Isto é um fato puro e simples, ao alcance de qualquer pessoa capaz de consultar ‘O livro negro do comunismo’ e fazer um cálculo elementar”.
Especialmente na União Soviética, o socialismo levou 70 anos para cair. Isto aconteceu na década de 90.
Os jornais diziam que os soviéticos haviam renunciado à liberdade para ter de tudo, mas quando tudo ruiu, foi porque o socialismo havia implodido, quebrado o país desde dentro. Não foi invasão, guerra, nada.
O Estado controlador tornou-se o empregador, todos eram funcionários públicos. Levava-se, por exemplo, 10 anos para comprar um carro. Apenas uma casta reduzida tinha muito acesso aos bens de consumo.
A grande massa não tinha acesso a nada. E se um vizinho relatasse alguma suposta conspiração contra o regime, o suspeito desaparecia da noite para o dia e as crianças eram levadas para o orfanato.
O sistema não se sustentou. Os produtos eram escassos, milhares morreram de fome, era proibido abandonar o país, as pessoas perderam tudo o que tinham, outras foram mortas por se oporem.
O socialismo não funcionou porque é opressor, violento e assassino. As pessoas são impedidas de exercer o direito fundamental da liberdade.
Mesmo diante destas realidades históricas, durante décadas foram feitas tentativas de implementá-lo no Brasil com uma roupagem diferente. A seguir, o comentário do jornalista brasileiro Diego Casagrande, é muito esclarecedor.
Os planejadores da União Soviética, que buscavam a implementação do socialismo, entraram em contato com os estudos de Mises e perceberam a impossibilidade de seguir adiante com seu projeto.
Neste contexto, Stalin deixou que as pessoas fizessem um mercado negro, porque entendia que estavam indo para um lugar errado, em que teriam muito prejuízo e perderiam tudo. Nenhum capital é eterno, não seria possível pagar pelo erro de escolher indeterminadamente um preço.
Não é possível subsidiar (prática de cobrar menos do que algo custa) indefinidamente, mesmo com cem bilhões de dólares na conta.
Não é possível começar a vender um produto por R$ 1,00 se sua fabricação custar R$ 20,00. Ao vendê-la por um real, uma grande parcela da população vai querer comprá-lo, afinal será uma vantagem muito grande.
Devido a este preço, haverá uma perda de dezenove reais em todas as vendas. O capital não é eterno. As poupanças se esgotam e trocam de mãos.
É por isso que a oferta, a demanda e o sistema de preços são aspectos que consolidam a democracia do consumidor. Após a conquista do Rule of Law, ou seja, uma igualdade de todos perante a lei, torna-se possível ter livre-iniciativa e desafiar qualquer empresa consolidada.
Não é uma conquista de todos os países, há exceções nos totalitarismos e em intervenções específicas.
De qualquer forma, a qualquer momento, um novo produtor pode lançar seu produto no mercado e disputar. Outros podem oferecer algo que julgam ser melhor e cobrar mais caro. Cada vez que isso acontece, os concorrentes são obrigados a rever suas estratégias.
O “voto” será dos consumidores, por isso se diz que é uma democracia.
Quando alguém vende um produto mais barato, ele pressiona os outros para baixar seu preço e manter a competitividade. Isto faz com que o capitalismo seja pujante e que tenha flexibilidade de classe, inexistente na Idade Média.
Por outro lado, a fixação de um preço leva as empresas à falência, as pessoas à fome e o Estado também terá suas fontes esgotadas. É um sistema impossível. Foi assim na URSS, na Europa Oriental e em todos os lugares onde foi implementado.
O exemplo do café vendido a R$ 2,50 pode continuar a ser explorado para entender de forma prática porque o socialismo é impossível de funcionar. O exemplo ilustra tudo o que foi explicado, levando em consideração o conceito de preço.
Esta é a situação em que o Estado fará o café e o dará às pessoas. Os meios de produção foram estatizados e o cálculo do preço foi abolido.
A consequência é que o Estado absorve todos os prejuízos, todas as tentativas e erros dos empreendedores, toda a história por trás do número que recebe o nome de preço.
Se o Estado escolher um preço errado, um preço que não compense todo o investimento e envolvimento do produto, o prejuízo que antes era do empreendedor torna-se seu.
Neste exemplo do café, o Estado absorveria os seguintes acontecimentos:
Todos estes erros da mente humana, de tentativa e erro, que estão descentralizados, serão absorvidos pelo Estado, que também paga a conta de tudo.
Sem os preços, não é possível saber se a produção é eficiente, se vale a pena. Os recursos não são alocados de forma eficiente, pois o preço é o sinal que a sociedade envia ao fabricante para comunicar onde há uma demanda maior.
O governo arcará com todo prejuízo da sociedade devido a todos os erros e não irá conseguir. Haverá múltiplas tentativas de acertar a precificação de seus planejamentos e não se chegará a um consenso que pague as contas.
Só restará uma possibilidade: a falência do Estado.
Os marxistas comparam a versão teórica do socialismo, considerada perfeita, à aplicação na realidade e alegam que ele ainda não funcionou na realidade porque não foi aplicado da forma correta.
No entanto, o socialismo não funciona exatamente porque é aplicado exatamente como diz a teoria. É uma impossibilidade intrínseca e não um problema de execução.
O socialismo nega em teoria e na realidade as três estruturas que garantem a geração de riqueza e a manutenção da economia:
Enquanto se acreditar que o socialismo funcionará se for bem aplicado, vidas continuarão a ser sacrificadas.
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