Estados Unidos e União Soviética protagonizaram uma das grandes disputas da história da humanidade. Ela envolveu conflitos ideológicos, lutas armadas, tentativas de influência, estratégias de espionagem e sabotagem.
Entenda o que foi a Guerra Fria.
Hitler estava vencido. A Alemanha nazista e a ameaça que representava estavam derrotados. A expectativa era de volta à paz, de tranquilidade e de retorno de todos aos seus respectivos territórios, após a Segunda Grande Guerra. Alguns líderes, contudo, estavam cientes de que a situação era mais problemática.
No exato momento em que a guerra chegava ao fim, a corrida para Berlim denunciava a mentalidade de ambos os vencedores.
A partir de então inaugurou-se uma guerra muito diferente, que ficou conhecida como Guerra Fria. Usando métodos para além dos militares, Estados Unidos e União Soviética buscam espalhar sua doutrina ao redor do mundo, segundo narra o professor Percival Puggina. Entenda o que foi a Guerra Fria.
A Guerra Fria foi o conflito dos Estados Unidos da América (capitalismo) contra a União Soviética (comunista) para que seus próprios sistemas políticos vencessem o sistema do outro, afirma John Lewis Gaddis no livro The Cold War: A New History. Para isso, cada um deles buscou influenciar os demais países do mundo a aderir ao seu sistema.
O termo “Guerra Fria” foi cunhado pelo assessor presidencial norte-americano Bernard Baruch, em 1947. Na ocasião, o profissional se referiu à crescente rivalidade entre os países que nutriam ideais diferentes.
A opção pelo uso da palavra “fria” remete à característica particular desse confronto: EUA e URSS não se enfrentaram diretamente com armas.
O jornalista Fernão Mesquita conta que a Guerra Fria envolveu embates econômicos, diplomáticos, sociais e principalmente ideológicos, onde ambos os países buscavam influenciar outras áreas do mundo a partir de sua política. Os governantes dos dois países acreditavam que o seu sistema era o melhor e temiam que o sistema do inimigo prejudicasse seu país, sua população e seus interesses particulares.
A disputa por áreas de influência levou a uma tentativa de divisão do mundo: isso foi uma das principais causas da Guerra Fria.
A Guerra Fria foi iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial, cujo grande marco foi o discurso realizado pelo presidente americano Harry Truman, em 1947. Este discurso foi proferido no Congresso americano e, nessa ocasião, o presidente solicitou verbas para que os Estados Unidos pudessem se engajar para evitar o avanço do comunismo na Europa.
"A fim de garantir o desenvolvimento pacífico das nações, sem exercer pressão, os Estados Unidos assumiram a maior parte na criação das Nações Unidas. Mas só concretizaremos nossas metas se estivermos dispostos a ajudar povos soberanos na manutenção de suas instituições livres e de sua integridade nacional contra imposições de regimes autoritários" (Harry Truman).
Na visão de Truman, era papel dos EUA liderar a luta contra o avanço do comunismo no continente europeu. Esse é um dos pontos chaves para entender o que foi a Guerra Fria, aponta Odd Arne Westad no livro The Cold War: A World History.
Esse discurso deu início ao que ficou conhecido como “doutrina Truman”, que consistiu no conjunto de medidas tomadas pelos EUA para conter o avanço do comunismo.
Os Estados Unidos adotam uma estratégia de diplomacia defensiva, uma espécie de ação responsiva, enquanto os soviéticos se comportavam diplomaticamente de forma agressiva e expansionista.
Enquanto os EUA desmobilizaram suas tropas após a II Guerra, a URSS deixou seus exércitos ocupando os países do leste europeu.
A URSS também só retirou suas tropas do Irã após forte pressão internacional. Apesar disso, bloqueou Berlim em 1948 e 1949, tentando expulsar os governos ocidentais que estavam legitimamente no território.
Diante do cenário de agressões e expansionismo soviético, os Estados Unidos reformularam sua política diplomática, o que deu início às tensões da Guerra Fria. Os principais planos econômicos e militares foram:
O Plano Marshall, conforme mencionado, foi um plano de cooperação econômica mediante o qual os americanos disponibilizaram grandes somas de dinheiro para financiar a reconstrução dos países destruídos por conta da Segunda Guerra Mundial.
O projeto defendia a ideia que apoiar o desenvolvimento econômico de determinados países ajudaria a conter o avanço do comunismo.
Em contrapartida, os soviéticos criaram o Conselho de Assistência Econômica Mútua, mais conhecido como Comecon (sigla em inglês).
Nesse plano, as nações do bloco comunista eram agrupadas sob a liderança dos soviéticos, conforme diz o pesquisador Renan Filho. Os planos de estatização e planificação da economia eram implementados nos membros e tudo era coordenado diretamente pelo Partido Comunista em Moscou.
Esse plano foi criado pelos soviéticos para evitar que o Plano Marshall seduzisse as nações do bloco comunista a aliar-se com os americanos, aponta Vladislav Zubok no livro A Failed Empire: The Soviet Union in the Cold War from Stalin to Gorbachev.
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No campo militar, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em 4 de abril de 1949. A ideia da OTAN era criar uma aliança militar de países alinhados aos Estados Unidos visando:
Na mesma proposta, os soviéticos criaram o Pacto de Varsóvia, em 1955. A ideia era:
Assim, os dois blocos criam sistemas de alianças militares para coordenar ações contra possíveis agressões do bloco adversário.
As principais características da Guerra Fria foram a polarização do mundo entre comunismo e capitalismo e as ações dos EUA e URSS para favorecer seus sistemas em outros países.
De forma mais detalhada, as características mais marcantes são:
A disputa travada entre americanos e soviéticos resultou em uma forte polarização do mundo que afetava as relações internacionais dessas nações como um todo. O objetivo dos Estados Unidos e da União Soviética era alinhar o máximo de países possíveis ao seu modelo político e econômico, garantindo aliados e territórios de influência nas áreas disputadas.
Após a partilha da Alemanha no fim da II Guerra, Stalin começou a estabelecer a famosa Cortina de Ferro. Na Conferência de Potsdam, na Alemanha, Truman, Stalin e Churchill se reuniram e determinaram a divisão da Alemanha entre lado ocidental, dividido entre os Estados Unidos, Inglaterra e França, e lado oriental, pertencente à União Soviética.
A divisão da Alemanha em dois blocos, um capitalista e ocidental, e outro socialista e oriental, define bem o que foi a Guerra Fria.
Embora Berlim fizesse parte da Alemanha Oriental, por ser a capital, foi também dividida ao meio. O lado oriental, dos soviéticos, deu origem à República Democrática da Alemanha; o lado ocidental, por sua vez, foi nomeado República Federal da Alemanha.
A Alemanha Ocidental obedecia aos Estados Unidos. Isso significava a presença do exército norte-americano e o normal funcionamento do país, que contava com empréstimos a juros baixos.
A Alemanha Oriental obedecia à União Soviética. Isso significava a transformação de todas as fazendas e negócios em propriedades do governo.
As pessoas também foram convertidas em empregados do Estado, o qual era responsável por decidir aspectos concernentes da vida pública e privada, aponta Jussi M. Hanhimäki na obra The Cold War: A History in Documents and Eyewitness Accounts. Havia, portanto, essa diferença entre estar sob tutela de um ou de outro.
Churchill foi quem cunhou o termo “Cortina de Ferro”, denunciando essas práticas de Stalin e sublinhando que havia um desconhecimento sobre o que estava se passando.
As eleições e os processos foram transformados e o exército vermelho marchava sobre o leste europeu como se o possuísse. Assim, instaura-se um clima áspero entre as potências.
A construção do Muro de Berlim logo foi considerada um dos maiores símbolos do que foi a Guerra Fria, e, para muitos historiadores, sua queda, a 9 de novembro de 1989, é apontada como símbolo do encerramento desse conflito ideológico.
Inicialmente, quando a Alemanha foi dividida em dois lados, não existia o muro.
Porém, à medida que as pessoas buscavam fugir para o lado ocidental, principalmente as pessoas qualificadas, os soviéticos constroem o muro.
O muro contava com estruturas de segurança, torres de soldado, e ordem de atirar para matar quem se aproximasse: tudo isso para impedir as pessoas de fugirem.
Enquanto os territórios eram partilhados e disputados, os dois blocos se armavam para possíveis conflitos bélicos.
Na Alemanha nazista, um grande poder bélico foi criado durante a guerra, principalmente armamentos relacionados ao desenvolvimento de foguetes. A Alemanha havia sido muito eficiente no desenvolvimento de tecnologias para enfrentar a guerra.
Estados Unidos e União Soviética tinham a expectativa e o interesse de se apoderar dessa tecnologia para seus arsenais.
A corrida armamentista apresentava seus primeiros indícios.
A procura pela hegemonia internacional fez com que ambas as potências investissem bastante no desenvolvimento de novas tecnologias bélicas. Assim, no período, o número de armas nucleares e termonucleares produzidas disparou.
Outras famosas tecnologias foram desenvolvidas no contexto da Guerra Fria.
O vasto investimento em tecnologia empreendido pela Rússia na época de Stalin teve como resultado o lançamento do foguete Sputnik. Isso apavorou os Estados Unidos. Um belo dia, os americanos abrem o jornal, e nele vai estampada a manchete que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas colocou o primeiro satélite da história em órbita.
O ser humano nunca tinha lançado nada para fora do espaço. A URSS realizou vários lançamentos. Um deles com a cadela Laika, que foi posta dentro do míssil e morreu ainda na decolagem. Era o início da corrida espacial.
A corrida espacial foi um dos campos de disputa entre americanos e soviéticos e, ao longo da década de 1960, inúmeras expedições espaciais foram realizadas.
Os Estados Unidos aceleram suas pesquisas. Em alguns lançamentos, suas naves explodem ao vivo. Enquanto isso, a União Soviética envia dois cachorros para a atmosfera e os traz de volta, vivos.
Tais eventos são televisionados para toda população. Era inegável: a União Soviética liderava a corrida espacial. Inicialmente, John Kennedy não levava essa competição muito a sério.
Seu ponto de vista se alterou no momento em que percebeu o impacto que aquilo causava na população.
Nesse contexto, John Kennedy fez o discurso “We go to the Moon”. Neste discurso, Kennedy diz que os Estados Unidos escolheram ir para a Lua não porque é fácil, nem porque é preciso, mas porque decidiu.
Justamente porque é difícil, os Estados Unidos vão fazer isso. Quantias gigantescas de dinheiro foram investidas nesse projeto.
Tinha início a corrida espacial. No intervalo de dois anos, cada país realizou cerca de 15 lançamentos de foguete extra-atmosfera.
Com Brejnev no comando da União Soviética e Richard Nixon como presidente dos Estados Unidos, no dia 20 de julho de 1969, a Apollo 11 foi à Lua.
700 milhões de pessoas assistiram ao vivo o homem indo para a Lua e ouviram o discurso: “Um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade”. A bandeira dos Estados Unidos foi cravada na lua.
A chegada do homem à Lua engendrou uma série de discussões. Tratados de ética foram assinados estipulando como ocorreria a exploração do espaço.
Enquanto disputava-se territórios no espaço, a Guerra Fria continuava gerando disputas nos territórios ao redor do globo.
O professor Luiz Felipe Pondé explica que tanto americanos quanto soviéticos interferiram em assuntos internos de diferentes países do planeta e se ocultavam por trás desses assuntos. A Guerra Fria despertou um conflito constante e incansável entre duas potências com importante representação para o cenário econômico mundial.
Os Estados Unidos buscavam aumentar sua influência e, para alcançar seus objetivos, optaram por acordos e alianças com nações consideradas aliadas.
O primeiro movimento norte-americano foi a criação da “Doutrina Truman”, uma série de diretrizes estabelecidas pelo presidente Harry Truman com o objetivo de proporcionar intervenções nas áreas que poderiam estar sob possível influência comunista.
Pouco depois, em 1947, o Plano Marshall aprofundou tais ideais e passou a oferecer auxílio econômico para que os países Aliados e demais nações europeias pudessem se reconstruir após a Segunda Guerra Mundial.
No ano de 1949, a União Soviética decide reagir e cria o Conselho para Assistência Econômica Mútua, conhecido também como Comecon.
Pensando em alternativas para frear a influência do Plano Marshall sobre nações socialistas, os soviéticos optaram por um projeto de apoio às relações econômicas entre os países do Leste Europeu.
Ainda com o objetivo de diminuir a influência das nações socialistas, os Estados Unidos dão mais um passo e, ao lado de países como Canadá, Portugal, Dinamarca, Reino Unido e Itália, assinam o Tratado do Atlântico Norte e criam a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), cujo propósito era criar uma força militar conjunta e evitar o avanço dos ideais socialistas.
Em resposta, a União Soviética criou o Pacto de Varsóvia, organização que envolvia os países comunistas com o mesmo propósito e garantia ajuda militar mútua para todas as nações ligadas a Moscou.
Assim, indiscriminadamente, os Estados Unidos buscaram financiar governos que fossem aliados para manter sua influência sob os países do globo, enquanto a Rússia fomentava revoluções ao redor do mundo.
Segundo a explicação de Petr Blazek, historiador PhD, uma das principais estratégias para exercer essa influência foram protagonizadas pelos serviços de inteligência.
Ao redor do mundo havia uma série de guerras civis, eleições e ideias circulando que tinham os Estados Unidos e a União Soviética por trás, utilizando-se desses movimentos como marionetes.
O pesquisador Renor Filho explica que a maior parte dos lugares, as eleições passam a ser falsas ou compradas.
Brejnev, líder que havia assumido a Rússia, era um homem mais carismático. Contudo, ao assumir o poder, piorou a situação no que diz respeito à guerra. Sua primeira ordem foi intensificar a presença soviética na guerra do Vietnã.
Sua segunda ordem foi fomentar questões culturais. Brejnev não queria que a guerra do Vietnã prejudicasse o Vietnã: ele queria que a guerra fragilizasse os Estados Unidos. Por isso, promoveu a infiltração de pessoas, de repórteres, de agentes, para falar dos Estados Unidos nas mídias americanas e estimular o movimento hippie.
Há a execução da tese da desinformação soviética, segundo o livro Desinformação, escrito pelo general da inteligência da Romênia comunista que abandonou seu cargo, o militar de patente 4 estrelas Ion Mihai Pacepa.
Uma das principais estratégias era gerar notícias falsas contadas por pessoas em quem o povo americano acredita. A União Soviética contava uma mentira. No entanto, a mentira não era contada por um soviético, mas sim por alguém de confiança dos norte-americanos.
Por exemplo: marechais de guerra revelavam os excessos e os abusos cometidos pelo exército americano no Vietnã. Com isso, passa a existir uma pressão interna cada vez mais forte nos Estados Unidos.
A KGB, serviço de inteligência Soviético, estava presente em todos os cantos do mundo, recrutando agentes, formando influenciadores de opinião e promovendo ações de sabotagem.
Com um orçamento quase infinito e uma vasta rede de agentes bem treinados, a KGB inclinou os rumos a favor dos russos.
Enquanto isso, os Estados Unidos tentavam usar das informações coletadas pela CIA para fazer frente ao imenso aparato de espionagem soviético.
No território americano, predominava o chamado macarthismo, que foi a perseguição promovida pelo governo aos ideais socialistas, aos partidos e seus membros.
Este conjunto de leis foi criado pelo senador John McCarthy, para combater eventos como a exposição da inteligência americana por políticos socialistas dos EUA para a URSS.
Em virtude da política macarthista, muitos foram perseguidos pelo governo e censurados. Enquanto isso, a tensão entre ambas potências crescia internacionalmente.
A Guerra Fria criou um clima de forte tensão internacional a respeito da possibilidade de um conflito aberto entre americanos e soviéticos. A existência de armamentos nucleares e termonucleares sob a posse desses países tornava essa expectativa algo pavoroso.
Ao longo das décadas da Guerra Fria, houve inúmeros momentos de tensão, alcançando níveis militares. Os principais são:
A Guerra Civil Chinesa, que se arrastava desde a década de 1920, retornou com força depois da Segunda Guerra Mundial. Os comunistas se fortaleceram, liderados por Mao Tsé-tung, o que levou os americanos a apoiar os nacionalistas, liderados por Chiang Kai-shek.
A vitória dos comunistas, conhecida como Revolução Chinesa, em 1949, alarmou os americanos sob a possibilidade de que o comunismo fosse disseminado pelo continente asiático por meio da influência chinesa.
Na época da revolução, Stalin recebeu um telegrama assinado por Mao Tsé-Tung, líder do movimento, solicitando respostas em relação a dúvidas acerca da ideologia marxista. Stalin respondeu aos questionamentos.
Ele e Mao trocaram muitos telegramas ideológicos neste momento. Stalin estava a par da existência de Mao Tsé-Tung, um guerrilheiro. Contudo, nunca achou que ele fosse conseguir tomar o poder.
Apesar disso, a China foi tomada pelo furor revolucionário e converteu-se em governo socialista.
A Guerra da Coreia foi um dos momentos de maior tensão entre Estados Unidos e União Soviética durante o que foi a Guerra Fria.
Este conflito iniciou-se em 1950, quando os comunistas norte-coreanos, apoiados por chineses e soviéticos, invadiram o território sul-coreano, apoiados pelos americanos. O objetivo era reunificar a Península da Coreia sob a liderança dos comunistas.
Esse conflito contou com o envolvimento direto de soldados americanos e soviéticos, mas ao longo do conflito nenhum dos dois lados sobressaiu.
O conflito teve fim, em 1953, com um armistício que ratificou a divisão das Coreias — divisão que existe até hoje.
Em 1959, um grupo de guerrilheiros deixou Sierra Maestra em direção à Havana. Ao chegar lá, o grupo depõe o presidente de Cuba, Fulgêncio Batista. Os guerrilheiros não tinham relação com a União Soviética ou com os Estados Unidos.
Ninguém sabia o que estava acontecendo. Esses guerrilheiros tomam o poder e declararam seu apoio à União Soviética.
Os Estados Unidos ficam estupefatos. Cuba é um território quase vizinho, onde os americanos da costa iam passar as férias em Havana, jogar nos cassinos.
Para tentar deter o movimento comunista e reverter a tomada do poder, os Estados Unidos realizam uma invasão na Baía dos Porcos. A tentativa, no entanto, fracassa. Che Guevara e Fidel Castro ganham e pedem auxílio a Moscou.
A União Soviética estava participando de guerras em diversos países. Neste cenário, a ajuda aos cubanos era mais um encargo pesado, o qual não fazia sentido para Kruschev.
O líder soviético, porém, percebeu que a União Soviética poderia se beneficiar dessa situação. Era um local estratégico para posicionar uma base militar na ilha e vigiar os Estados Unidos.
Após a instalação da base, um barco, munido com um grande carregamento de mísseis, é enviado à Cuba.
A Crise dos Mísseis foi o momento de maior tensão entre as duas potências da Guerra Fria, e passou-se em 1962. Naquele ano, o serviço de inteligência dos EUA descobriu que a URSS estava instalando uma base de mísseis em Cuba.
A inteligência americana sabia que os mísseis soviéticos representam pouca ameaça para os EUA, mas o presidente americano sabia que a questão teria repercussão negativa sob seu governo e decidiu intervir.
O governo americano disse aos soviéticos que se os mísseis não fossem retirados, seria declarada guerra. As negociações arrastaram-se durante semanas e os dois lados chegaram a um acordo.
Os soviéticos decidiram retirar os mísseis de Cuba e os americanos aceitaram retirar seus mísseis instalados na Turquia.
A movimentação desperta desconfiança nos Estados Unidos, que manda um avião inspecionar a situação. O avião é abatido, mas consegue encaminhar a informação de que há um vasto estoque de mísseis em Cuba.
Aqueles mísseis poderiam atingir: Washington, Nova York, Los Angeles, Califórnia, Miami, Texas, Virgínia, Minnesota, Chicago: todos estes estados poderiam ser explodidos.
A Marinha americana foi posicionada e promoveu o famoso bloqueio americano a Cuba. Neste contexto, as armas nucleares foram preparadas.
Como resposta, a União Soviética declarou que também tinha uma bomba atômica e, para demonstrar a veracidade da afirmação, realizou uma explosão no mar. Isso aumentava a tensão do confronto.
Esse episódio ficou conhecido como a Crise dos Mísseis em Cuba. Os Estados Unidos e a União Soviética chegaram a um acordo.
Kruschev aceitou retirar os mísseis de Cuba. Esses foram dias de muito medo. Houve uma cobertura jornalística que empregou o sensacionalismo e o alarmismo de guerra.
A Guerra do Vietnã foi um conflito travado entre 1959 e 1975 entre Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. Ambos os lados procuravam unificar o país sob seu controle. Com a presença soviética intensificada no Vietnã, os Estados Unidos decidem entrar de vez na guerra.
Os americanos entraram nesse conflito, em 1965, e enviaram milhares de soldados ao Vietnã.
Os americanos, com dificuldades de adentrar nas matas do Vietnã, veem-se obrigados a explodir bombas do tipo napalm para abrir caminho. Todavia, o deslocamento pelo Vietnã era longo e essa estratégia seria muito cara.
Dentro das matas vietnamitas, os americanos se viram em desvantagem contra as estratégias de guerrilha dos vietcongues.
Apesar de reverter o cenário com seu forte arsenal bélico, os americanos enfrentam três problemas:
Os Estados Unidos foram derrotados no Vietnã em 1975. Essa guerra foi extremamente impopular nos EUA. Os americanos retiraram-se do conflito em 1973, sem alcançar seus objetivos. Os comunistas tomaram o controle do país, em 1976, logo após vencerem a guerra.
As estratégias de protesto e pressão midiática usadas durante a Guerra do Vietnã se assemelham bastante às estratégias atuais usadas pelo movimento antifascista. Conheça o movimento e seu impacto na política atual.
A Rússia sempre teve poder de influência no Cazaquistão, o qual fazia parte da União Soviética. Havia interesse soviético de estender essa influência ao Afeganistão. Por isso, quando uma revolta comunista surgiu no Afeganistão, os soviéticos a financiaram.
Os soviéticos não vislumbraram que o Afeganistão era um país muçulmano. O governo comunista chegou ao poder, mas o comunismo é ateu e os muçulmanos levam a sério a religião. Assim, em resposta à revolução, eles empreendem a jihad.
Os mujahidin, grupos islâmicos que defendem a fé, tentam combater a revolta comunista. Os Estados Unidos financiaram os mujahidin para que lutassem contra os comunistas.
Esses grupos islâmicos eram o Hamas, Hezbollah e Al-Qaeda. Eles usaram dinheiro dos Estados Unidos para comprar armamento — bombas, fuzis, metralhadoras — e realizar treinamentos.
Os mujahedins lutam em nome de Deus, grande motivador que tiveram contra a revolução.
A guerra do Afeganistão foi a guerra que mais demandou dinheiro soviético da história das guerras satélites. Os Estados Unidos colocaram um montante exorbitante nesse confronto.
Era tanto dinheiro, que os países do Oriente Médio, como Paquistão e Uzbequistão, fortaleceram-se e criaram facções islâmicas para ajudar os mujahidin.
Esse processo foi liderado por Osama Bin Laden, que encaminha os financiamentos. Osama Bin Laden perdeu filhos, família, amigos e companheiros na guerra dos mujahidin contra o exército comunista.
A guerra terminou com os islâmicos como vitoriosos. Depois de findado esse confronto, apesar da ajuda americana, eles decidiram explodi-los, promovendo o famoso ataque do dia 09 de setembro.
O alvo foi a capital financeira dos Estados Unidos, o World Trade Center, principal prédio de finanças, negociações e investimentos dos Estados Unidos, localizado em Nova York.
Todos esses eventos apresentam os principais países que participaram da Guerra Fria.
Alguns dos principais países que se envolveram diretamente na Guerra Fria são:
Os EUA venceram a Guerra Fria, já que a União Soviética acabou em 26 de dezembro de 1991.
O fim da URSS foi resultado da grande crise econômica e política que atingiu a Rússia a partir da década de 1970. A falta de ações para resolver os problemas do bloco comunista foram responsáveis por levar o país ao fim.
A economia soviética demonstrava, já na década de 1970, claros sinais de esgotamento:
Tudo demonstra um claro empobrecimento do país.
A disparada no valor do petróleo criou uma falsa sensação de prosperidade no começo da década de 1980 e, por isso, o país não passou por reformas importantes em sua economia.
Além disso, a sociedade soviética não tinha acesso a tecnologias que garantiam o avanço na qualidade de vida, semelhante ao que se passava no Ocidente, e a corrupção tornava tudo pior.
Dois acontecimentos na década de 1980 acabaram agravando a situação do país:
A situação econômica ruim contribuiu para aumentar a insatisfação da sociedade com os governos comunistas.
Em todo o bloco comunista surgiram movimentos de oposição motivados pela:
Os primeiros sinais manifestaram-se na Alemanha Oriental, na Hungria e na Polônia. Os alemães derrubaram o Muro de Berlim, no final de 1989, e promoveram a reunificação da Alemanha, os húngaros abriram as fronteiras do país com o Ocidente e os poloneses elegeram o primeiro governo não comunista desde a Segunda Guerra.
Em 1985, o presidente soviético Mikhail Gorbachev implementou uma série de mudanças socioeconômicas para tentar reestruturar o país, quais sejam, a Perestroika e a Glasnost, que incluíam uma política de redução dos gastos militares e um processo de transparência e abertura política.
Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a reunificação da Alemanha, a derrota dos soviéticos tornou-se evidente. Mas só em 1991, com a renúncia de Gorbachev, foi que a URSS se dissolveu e a Guerra Fria chegou oficialmente ao fim.
Gorbachev ficou realmente famoso por três momentos. Primeiro, abriu documentos antigos da União Soviética, que permitiu ao mundo conhecer algumas atrocidades que haviam sido perpetradas.
No princípio, Gorbachev era extremamente comunista. Com o passar do tempo, moveu-se em direção à social-democracia.
Além de abrir os documentos, Gorbachev empreendeu a Perestroika. Ela foi mais do que a queda do sistema e a reabertura da Rússia. Na verdade, a Perestroika foi uma política de reestruturação, de conciliação da Rússia com o mercado.
Perestroika, em russo, significa “reestruturação”. Gorbachev também implementou a Glasnost, que é a transparência e a abertura de dados por parte do governo. Gorbachev corrigiu em milhões a população da Rússia.
Havia uma falsificação desse número para que não fosse de conhecimento público a quantidade de pessoas que haviam morrido.
Gorbachev renunciou à fortíssima mão de ferro ditatorial. Isso ocorreu porque o governo da Rússia começou a flertar com as teorias elaboradas por Antonio Gramsci e pela Escola de Frankfurt.
Na época em que estas surgiram, os líderes russos não tiveram qualquer interesse. No entanto, após a guerra do Vietnã, eles viram o progresso dessas ideias, a forte militância nos Estados Unidos, e começaram a repensar o caminho do comunismo.
Em 1991, há o final da Perestroika e o desmantelamento da União Soviética. Mas suas ideias continuaram a ganhar força pela via cultural.
Em sequência, uma série de países conquistaram a independência, tais como Ucrânia, Bielorrússia e Armênia. Tais países se reuniram na Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e realizaram a transição para novos regimes.
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