O que é o Sentimentalismo? Entenda como isso pode facilitar a manipulação das pessoas

O que é o sentimentalismo?

Sentimentalismo é a emulação de sentimentos de maneira exagerada para alcançar determinado fim. Ele se torna um vício cultural onde as pessoas crescem e se formam aprendendo a serem exageradamente emotivas. O sentimento se torna o centro da vida e algo inviolável, “se eu sinto, logo tenho razão”.

Em meados do século XVIII, o termo “sentimentalismo” tinha uma conotação positiva. Um homem chamado de “sentimental” era alguém não brutal e vulgar, o que na atualidade seria equivalente a sensível e compassivo.

O termo “sentimentalismo” passou a ter uma conotação negativa pela ação do poeta Robert Southey. Ele era um conservador inglês que escreveu ao final do século XIX críticas a Rousseau e a todo o romantismo.

Nem todos os filósofos são críticos ao sentimentalismo, em 2007, Robert C. Solomon escreveu um livro chamado Em Defesa do Sentimentalismo onde argumentava que as emoções são essenciais para toda atividade de pensamento racional. Sem essa postura emocional em relação ao mundo, o ser humano não consegue fazer nada. Assim, ele dedicou a sua obra a defender o sentimentalismo das principais críticas sofridas.

Principais Críticas ao Sentimentalismo

As principais críticas ao sentimentalismo são:

1. O sentimentalismo envolve ou provoca uma expressão excessiva da emoção.
2. O sentimentalismo manipula as emoções.
3. As emoções expressas no sentimentalismo são falsas ou fingidas.
4. As emoções expressas no sentimentalismo são baratas, fáceis e superficiais.
5. O sentimentalismo é autoindulgente, impedindo conduta e respostas apropriadas.
6. O sentimentalismo distorce as percepções das pessoas e interfere no pensamento racional e na compreensão adequada do mundo.

1 - O sentimentalismo envolve ou provoca uma expressão excessiva da emoção

Ser contrário ao sentimentalismo não implica em ser contra as emoções, elas fazem parte da natureza humana. A oposição ao sentimentalismo está ligada a um exagero das emoções, apresentando-as de modo exagerado e falsificado.

Isso é muito presente na política quando, ao invés de usarem argumentos racionais sobre determinada pauta, as pessoas apelam a sentimentos capazes de convencer rapidamente o outro de que aquilo é moral.

É possível tomar o feminismo como exemplo. Muitas feministas afirmam que vivemos em uma sociedade patriarcal onde o homem possui um domínio sobre as mulheres. Para defender seu ponto de vista, elas não analisam os dados ou fazem comparações de fatos. Um exemplo foi a polêmica em relação ao Neymar possuir um salário maior do que o da jogadora Marta.

Não há dúvidas de que ambos são excelentes jogadores de futebol. E a Marta já ganhou títulos de melhor jogadora do mundo, enquanto Neymar não. Em um primeiro momento, a sensação é de que o Neymar ganha mais dinheiro que Marta por conta de uma injustiça fruto do machismo em nossa sociedade.

A grande questão é que quando essa diferença é analisada racionalmente, o salário maior de Neymar está ligado à lei de mercado. O futebol masculino tem mais audiência, assim, Neymar acaba gerando mais visibilidade para as marcas e lotando mais estádios. É por gerar mais dinheiro do que Marta é que Neymar recebe mais. Essa diferença não tem relação com machismo.

Quando o debate público é pautado em como as pessoas se sentem e não na realidade dos fatos ou dos dados, a abstração e a incerteza dominam.

• Ler mais: O que é o Feminismo e o que ele defende?

2 - O Sentimentalismo manipula as emoções

O sentimentalismo não apenas exagera no sentimento das emoções, mas enviesa a visão das pessoas para que elas sintam aquilo que determinada pessoa quer que elas sintam. Os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial espalharam entre a população o sentimento de medo dos judeus.

Atrelaram eles a uma conspiração internacional, em alguns momentos eram capitalistas avarentos que empobreciam a Alemanha, já em outros eles eram comunistas ferozes a fim de tomarem o poder no país. A lógica racional dessa afirmação ficava em segundo plano, a base desse preconceito contra os judeus era o medo, fruto da manipulação nazista sobre o sentimento das pessoas.

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3 - As emoções expressas no sentimentalismo são falsas ou fingidas

O sentir deixa de ser algo genuíno e passa a ser algo conveniente. É como uma criança que não chora por tristeza, mas sabe que ao chorar conseguirá o que quer. Emular emoções é uma forma de chantagear e constranger outras pessoas.

Um caso de sentimentalismo que ficou muito famoso são os discursos de Greta Thunberg, onde, para defender seu ponto de vista em um importante debate sobre o meio ambiente, ela chama mais atenção para o emocional do que a força dos argumentos.

Em suas falas, ela exagera nas expressões faciais e usa palavras pesadas de maneira muito frequente. Coloca a discussão como se fosse uma luta do bem contra o mal, onde ela está do lado do bem. No dia 23 de setembro de 2019, ela fez o seguinte discurso na ONU:

“Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias. E ainda assim, eu tenho que dizer que sou uma das pessoas com mais sorte (nesta situação). As pessoas estão sofrendo e estão morrendo. Os nossos ecossistemas estão morrendo”.

O discurso não se fundamenta em dados ou num debate sobre o problema, mas sobre acusações que apelam para o lado emocional.

O fato dela ser muito jovem (no ano do discurso ela tinha apenas 16 anos), também afeta o lado emotivo das pessoas que enxergam apenas a luta de uma garota contra poderosas corporações.

Todo o debate está dentro do campo emocional. As emoções são usadas de forma exagerada e superficialmente para manipular a opinião pública a seu favor. Esse é um exemplo de sentimentalismo.

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4 - As emoções expressas no sentimentalismo são baratas, fáceis e superficiais

Um grupo de pessoas sentimentalistas transformam as expressões de sentimentos em palavras sem significado. Os elogios são ferramentas sociais úteis que podem incentivar e motivar uma pessoa, mas quando usados de maneira exagerada eles têm o efeito contrário.

O psicólogo João Alexandre Borba, disse em entrevista à Gazeta do Povo que:

“Quando você exagera nos elogios, você passa para o outro a ideia de que aquele elogio foge à realidade”.

Além disso, esse exagero nos elogios pode atrapalhar a autocrítica da pessoa, ela recebe estímulos para se enxergar de maneira não condizente com o que de fato é.

Esse exagero nos elogios é um vício sentimentalista que torna as emoções algo superficial e sem significado. É uma manipulação da realidade com elogios carregados de emoções nas palavras, mas vazio de sentimentos em sua essência.

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5 - O sentimentalismo é autoindulgente, impedindo conduta e respostas apropriadas

Ser autoindulgente é ter a capacidade de perdoar a si próprio. Uma pessoa sentimentalista cultiva essa característica. Ela é incapaz de refletir nos próprios erros ou assumir responsabilidade sobre suas falhas.

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Mesmo com todos seus problemas, contenta-se em pensar que agiu motivada com o que lhe faria se sentir bem. A falta de provas dos sentimentalistas para defender alguma tese também é perdoada, já que a força dos argumentos está no sentimento que isso gera.

6 - O sentimentalismo distorce nossas percepções e interfere no pensamento racional e na compreensão adequada do mundo

Em um mundo sentimentalista, as pessoas tendem a deixar as emoções guiarem a sua análise. Assim, os questionamentos e evidências são direcionados de maneira a não terem uma carga sentimental negativa, fazendo com que a percepção da realidade seja enviesada e ilusória.

Robert Solomon afirma que essas críticas são, na verdade, uma objeção falsa ao sentimentalismo e que estão lutando contra todas as emoções, de qualquer tipo.

O psiquiatra Theodore Dalrymple em sua obra Podres de Mimados, discorda de Robert C. Solomon:

“A suspeita de Solomon é a de um bode expiatório que ele mesmo inventou. A questão não é se deve haver emoções, mas como, quando e em que grau elas devem ser expressas, e que papel elas devem desempenhar na vida humana”.

Theodore Dalrymple é um psiquiatra que analisa as técnicas utilizadas por movimentos revolucionários em todo o planeta. Eles abusam do sentimentalismo para transformar as suas vontades em lei.

Dalrymple é um dos referenciais teóricos do documentário A Face Oculta do Feminismo que pode ser acompanhado com exclusividade no Streaming da Brasil Paralelo.

A manipulação das massas pelos sentimentos é apenas uma das faces que o feminismo mantém oculto.