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O que é homeschooling e como funciona? 8 benefícios em relação às escolas

Homeschooling
Educação
Política
Redação Brasil Paralelo

Os primeiros anos de vida são fundamentais e quase decisivos para a formação do caráter, da personalidade e das virtudes. O que é ensinado às crianças nesta idade pode durar para o resto de suas vidas.

“Uma das ferramentas mais úteis na busca pelo poder é o sistema educacional”. (Schlossberg, Herbert, 1993).

Muitas pessoas começaram a pesquisar o que é homeschooling, especialmente a partir de 2018, ano que o assunto chegou ao Supremo Tribunal Federal. Antes de entender a polêmica, é preciso saber do que se trata.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que é homeschooling?

O homeschooling é um método de educação que defende o ensino domiciliar, supervisionado pela família, em vez do ensino escolar. No homeschooling, a família decide os valores da educação e fornece um ensino personalizado para o filho-aluno.

Homeschooling é o termo em inglês para educação domiciliar ou educação em casa. Pode também significar escola em casa, embora não seja a intenção, pois não se trata de imitar a escola em casa, mas de mudar os métodos na busca do mais adequado.

A intenção é que os filhos sejam educados em casa, por seus pais ou por instrutores escolhidos por seus pais, e não na escola.

O ensino domiciliar é uma prática antiga, não é nova. Antes do surgimento das escolas e da escolarização, os mentores já educavam os filhos dos outros em casa.  

Vantagens do ensino doméstico?

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O homeschooling, ou educação domiciliar, permite a forma de ensino mais particularizada possível. Pais e tutores desenvolvem metodologias próprias para ensinar cada filho e maximizar o processo de aprendizagem.

Ao longo do artigo alguns dos principais benefícios serão explicados, enquanto as principais desvantagens das escolas também serão apontadas.

Diante desta realidade, a principal dúvida das famílias é se o homeschooling é permitido ou não. Esta questão possui várias nuances e será abordada de forma completa em outro artigo.

A prática é mais forte, por exemplo, nos EUA, Canadá e Austrália. Muitos pais não confiam nas escolas, educam em casa por preferência religiosa, evitam o problema do bullying e também o problema da violência nos colégios.

Homeschooling no mundo

O ensino doméstico era comum antes da institucionalização das escolas estatais, no século XX. As escolas, como são conhecidas hoje, surgiram no século XII, na Europa, criadas pela Igreja Católica. O sistema de um professor ensinando diversas crianças é uma criação medieval.

É o que explicam Carlota Boto e Cecília Cortez, professoras de educação da USP. As escolas surgiram na Idade Média como uma forma da Igreja fazer caridade com as crianças que não tinham acesso a ensino personalizado, da maneira como funciona o homeschooling.

Porém, o sistema escolar era apenas uma opção, não visava ser a regra. Padres e Bispos do Brasil colonial auxiliavam famílias no ensino domiciliar. O ensino doméstico e personalizado era o mais comum entre os sábios gregos da Antiguidade. Os sumérios antigos também adotavam o ensino familiar.

Na modernidade, grandes cientistas e intelectuais tiveram a educação básica na modalidade do homeschooling. Alguns dos principais intelectuais que estudaram através do homeschooling são:

  • Albert Einstein;
  • Benjamin Franklin;
  • Thomas Edison;
  • Erwin Schroedinger;
  • Willard Boyle;
  • Soichiro Honda.

Atualmente, o homeschooling é legalizado e praticado em países de primeiro mundo, como:

  • Estados Unidos;
  • Suíça;
  • Austrália;
  • Bélgica;
  • Noruega;
  • Portugal;
  • Canadá.

Como é o homeschooling no Brasil?

O homeschooling já é praticado no Brasil em 30 mil lares, aproximadamente, segundo a Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned). A prática não consta na Constituição, mas um fato é claro e evidente: não é proibida.

A discussão sobre a legalidade do ensino domiciliar ainda é uma questão muito controversa, o que faz com que muitas famílias tenham receio de iniciar a prática e outras até são denunciadas (muitas vezes pelos próprios familiares), mesmo quando estão proporcionando uma educação de boa qualidade aos filhos.

A partir daí surge a necessidade de entender bem sobre o que é homeschooling, para saber se posicionar e evitar problemas.

Em primeiro lugar, deve-se saber que ainda não existe uma lei federal que regulamente o ensino domiciliar. Por esta razão, alguns estados e municípios já estão regulamentando o homeschooling em seu território.

No Brasil, as escolas seguem as normas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que propõe competências e habilidades a serem desenvolvidas ao longo da educação básica.

O debate sobre o que é homeschooling, como fazê-lo e se é permitido ou não, é recente.

Como o tema já foi amplamente debatido nos Estado Unidos, muitos estudos já comprovam a adequada socialização das crianças homeschoolers. Isto pode simplificar o debate em lugares onde ainda há resistência ao modelo.

Outra contribuição para o tema vem do próprio mercado de trabalho. Já existem estatísticas sobre a grande receptividade dos empregadores às crianças que foram educadas em casa. Em geral, elas possuem maior autonomia do que as que foram formadas na escola.

Quem ensina são os pais ou os professores particulares?

Os pais podem decidir se eles mesmos ensinarão seus filhos ou contratarão professores particulares. Há muitos casos em que os pais não precisam da ajuda de terceiros.

Em outros, quando os pais não se consideram aptos, professores são escolhidos para lecionar em casa. Isto não afeta o que é homeschooling, pois é uma realidade em que se aprende em casa, sem uma definição de quem vai ensinar.

Um regime misto também pode ocorrer. Os pais podem ser capazes de explicar uma parte dos conteúdos e precisarem de um tutor para ensinar algo mais específico.

Os pais não precisam saber tudo!

É comum que os pais não tenham conhecimento de toda a matéria. O homeschooling também serve para que eles aprendam com seus filhos. É uma oportunidade de aprendizado em conjunto.

Basta estar disposto a se dedicar. Não é necessário ter um diploma de licenciatura, graduação ou qualquer certificado.

Para os homeschoolers, este contato próximo com o estudante pode ser uma grande vantagem. É possível ajustar a rotina sem deixar de cumprir as metas de estudos estabelecidas.

Além disso, estudar um novo assunto em conjunto com a criança pode ser uma lição muito mais importante do que apenas transmitir conhecimentos. Mostrar à criança como os adultos também têm dificuldade com algo e como agem para solucionar o problema é muito importante.

Uma mãe que se propõe a ensinar matemática a seu filho quando ela própria não domina o assunto, mas procura saber, serve como um exemplo de superação das dificuldades no estudo.

Se ela não foi capaz de aprender quando criança por qualquer motivo, isto agora pode ser resolvido junto com seus filhos.

Algo impressionante é o benefício de economizar tempo.

O tempo usado na educação domiciliar é o mesmo que na escola?

O homeschooling é mais eficiente em termos de aproveitamento do tempo. O conhecimento é transmitido de forma:

  • Ampla;
  • Particularizada;
  • De acordo com o interesse da criança;
  • Contextualizado nas práticas do dia a dia.

Por esta razão, há um dinamismo maior por causa do foco. Em uma escola regular, perde-se muito tempo com chamadas, dificuldade para se conseguir a atenção da turma, repetições, horários em que não há conteúdo e tempo de deslocamento, entre outros fatores.

Em casa, pode-se fazer o mesmo e alcançar efeitos iguais ou maiores em menos tempo. Mesmo assim, não há nada fixado. O tempo gasto variará de acordo com cada criança, de acordo com a necessidade de cada uma.

Na escola, se uma criança já aprendeu, precisa esperar o ritmo das que não aprenderam. E as que não aprenderam, também não terão todo o tempo que precisam, em alguns casos, pois o professor precisa seguir em frente.

Em casa, o tempo é totalmente adequado às necessidades de cada filho. O mesmo pode ser dito dos materiais utilizados.

Materiais de apoio - como aplicar o homeschooling

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Espera-se que, em um local onde o ensino domiciliar seja permitido, surjam também materiais e livros específicos à venda. O foco principal que se quer alcançar, quando se estuda o que é homeschooling para aplicá-lo, é conquistar o desejo pelo estudo na criança.

Por isso, os melhores materiais são aqueles que podem ser atrativos para elas. Os pais podem escolher os livros.

O mais importante é que o método e o material favoreçam o desejo do aluno de aprender. Assim, as matérias podem ser ensinadas de acordo com cada criança, usado temáticas de heróis ou princesas, por exemplo.

As situações cotidianas também se tornam temas, assim como livros de literatura infantil escolhidos pelos pais e jogos educativos.

Cientes de que a metodologia consiste em ser atrativa para a criança ou adolescente, os pais podem escolher materiais didáticos prontos para o uso.

Alguns materiais podem ser acessados no site da equipe Homeschooling Brasil. Outras indicações são:

  1. A Mente Bem Treinada: Um Guia Para Educação Clássica em Casa – Susan Wise Bauer e Jessie Wise;
  2. Blueprint Homeschooling: Como Planejar um Ano de Educação Domiciliar Adaptado à Realidade de sua Vida – Amy Knepper;
  3. Homeschooling Católico: Um guia para pais – Mary Kay Clark;
  4. O Direito à Educação Domiciliar – Alexandre Magno Fernandes Moreira;
  5. Home Education – Charlotte M. Mason.

Embora já estejam surgindo materiais em português, os pais que estudam o que é homeschooling e decidem aplicá-lo precisam estar preparados para críticas.

Desvantagens do homeschooling

“A prática da educação domiciliar leva a criança a não se socializar com as outras”.

Esta será, provavelmente, a frase que os pais mais ouvirão. O problema é que este argumento não leva em consideração que a escola não é o único ambiente de interação que existe e que as crianças podem socializar de muitas outras maneiras e com muitas pessoas diferentes, sem qualquer prejuízo.

A socialização também acontece na escola de futebol, na dança, na luta ou na música. Parques, praças, shoppings e as ruas do bairro podem ser bem explorados.

A presença de parentes, colegas da vizinhança, grupos de escoteiros, grupos da igreja e outras crianças também são meios de socialização.

A educação em casa, ou homeschooling, não é uma variante de uma prisão.

Em última análise, sem que a criança seja privada de seus amigos em idades próximas, é melhor aprender a socializar com adultos do que com colegas da mesma idade, que não sabem o que é melhor para si mesmos.

Normalmente, debates acontecem com pessoas que não entendem o que é o homeschooling.

O que o homeschooling não é?

Muitas famílias tiram seus filhos da escola, mas imitam em casa o modelo escolar, sem refletir sobre o que há de positivo ou negativo neste modelo. Neste caso, apenas o ambiente mudou.

O importante é que, tendo a liberdade de educar seus próprios filhos, os pais usem um modelo adaptado para o maior benefício da criança. Muitas vezes, o melhor modelo não será o modelo escolar.

Por estas razões, o homeschooling não é a imitação da escola em casa. Não é o ideal.

Educação em casa ou educação na escola? Entenda a crise do sistema escolar

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Para estudar em casa, é preciso se organizar e se estruturar, com horários, disciplina e conteúdo. Se as famílias conseguirem esta organização, poderão ver muitas vantagens optando pelo homeschooling em vez da escola.

Nos bastidores da educação

Nas palavras do Conselho Geral de Educação da Fundação Rockefeller, em 1906, em um documento chamado Occasional Letter Number One, lê-se:

“Em nossos sonhos… as pessoas se entregam com perfeita docilidade às nossas mãos modeladoras. As atuais convenções educacionais [de educação intelectual e moral] desaparecem. Em nossas mentes, e desimpedidos pela tradição, trabalhamos nós mesmos. Boa vontade sobre um povo grato e responsivo. Não devemos tentar fazer destas pessoas, ou de nenhum de seus filhos, filósofos, acadêmicos ou cientistas. Não temos de levantar dentre eles autores, educadores, poetas ou escritores. Não devemos procurar em embriões grandes artistas, pintores, músicos, advogados, médicos, pregadores, políticos, estadistas – dos quais já estamos amplamente abastecidos. A tarefa que colocamos diante de nós é muito simples… nós iremos organizar as crianças… e ensiná-las a fazer, de modo perfeito, as coisas que seus pais e mães estão fazendo de modo imperfeito”.

Pascal Bernardin empreendeu a árdua tarefa de ler milhares de páginas de atas de tais reuniões e compilou tudo em seu livro Maquiavel Pedagogo.

Entre os temas abordados, há discussões sobre como reduzir a influência dos pais, avós e até mesmo vizinhos sobre a criança, sob o pretexto de deixá-la livre para formar suas próprias convicções a respeito de tudo, inclusive a religião.

Ensinar aos filhos a própria religião tem sido considerado como uma afronta à sua liberdade de escolher o que quiserem quando crescerem, ao mesmo tempo em que se nomeiam a si mesmos como os mais aptos para ensinar o que considerarem apropriado.

O ensino dos próprios pais é considerado autoritário e doutrinador, enquanto o Estado é considerado totalmente neutro e a única entidade capaz de transmitir conhecimento de forma objetiva.

Nas escolas, o objetivo da instrução é identificar o tempo necessário para que todos aprendam o mesmo material com o mesmo nível de competência. Isto é o oposto do que o ensino clássico faz, que é precisamente focar nas diferentes habilidades de cada um.

A responsabilidade recai mais sobre o instrutor do que sobre o aluno. Constantemente o tempo dos alunos é aumentado para que atinjam o mesmo nível de aptidão. Gradualmente, o período letivo ocupa quase a totalidade dos dias do ano.

Qualquer dificuldade encontrada no aprendizado das crianças será sempre interpretada como uma necessidade de aumentar a carga horária de ensino, aumentar a quantidade de lições de casa, ou reduzir a quantidade de atividade física em favor de mais aulas de alfabetização e matemática.

É comum concluir que se deve aumentar a quantidade de conteúdo escolar para as crianças, mesmo que as pesquisas de neuroaprendizagem apontem o contrário.

A escola, que inicialmente serviu para ensinar a ler e escrever, acabou assumindo proporções em que o que é certo ou errado é ensinado até o último detalhe.

O modelo escolar está cheio de falhas profundamente enraizadas nas políticas definidas por entidades internacionais. Esperar que a escola mude e se torne adequada para os filhos é algo demasiado passivo para garantir resultados.

Exceções

Existem, naturalmente, exceções a tudo isso. As escolas formadas por pessoas conscientes destes problemas e cientes das evoluções científicas no domínio da educação são exceções à regra, mas existem.

As escolas que lidam de forma correta com a educação podem se mostra muito superiores a outras formas de ensino, precisamente porque têm uma pluralidade de pessoas bem-intencionadas trabalhando em prol das crianças.

Algumas podem realmente valer a pena, enquanto outras acabam prometendo algo que não conseguem cumprir.

O que deve ser evitado é o otimismo cego de simplesmente considerar a escola atual dos filhos como adequada, sem pesquisa e reflexão.

Considerando todos os pontos discutidos, optar por estudar em casa pode ser uma excelente alternativa, desde que o lar esteja corretamente adaptado e os pais estejam bem preparados.

Por que adotar o homeschooling e fazer o ensino domiciliar?

Um dos principais objetivos exigidos dos professores é terminar toda a matéria prevista até o final do ano letivo. Assegurar que a matéria foi realmente aprendida não está em primeiro lugar. Neste sistema, as lacunas no aprendizado são delegadas aos próximos professores.

É possível voltar um pouco atrás ou parar o assunto a fim de ajudar um determinado aluno, mas em algum momento isso terá que ser compensado.

8 vantagens do homeschooling em relação às escolas

1 – Processo de aprendizagem personalizado

O processo de aprendizagem depende principalmente do nível de interesse e concentração do aluno. Quando não há interesse, não é possível ter concentração plena, e o aprendizado não ocorre adequadamente.

O aprendizado a longo prazo também depende da motivação do aluno. Aprender determinado conteúdo pode fazer muito sentido para um aluno e não ser útil para outro.

Os adultos precisam fornecer os estímulos e as motivações adequadas, seja na escola ou em casa. O que se espera de um bom professor e mestre é que ele tenha admiração pela matéria que ensina, a fim de despertar a vontade dos alunos.

Por exemplo, um bom professor de matemática pode não fazer com que todos os alunos amem a matéria da mesma forma, mas um professor ruim é capaz de apagar a vontade até mesmo dos alunos mais interessados.

Sem interesse, é possível passar nas provas sem realmente saber a matéria.

Os professores sentem que a missão foi cumprida, os pais ficam orgulhosos e, mesmo com um diploma no futuro, a criança não foi educada ou sequer aprendeu. Testes realizados com adultos formados mostram que a retenção do conteúdo escolar básico é praticamente zero.

A educação não é apenas treinamento para passar nos testes e ter um certificado de conclusão das etapas.

“Alunos que estudam por medo de punições, não foram ensinados a amar o conhecimento”.

A escola consegue oferecer conteúdo de contínua e sistematicamente, mas não adapta a rotina e os horários. Por causa da necessidade de organização e logística, todas as atividades têm uma hora certa para começar e terminar. Por causa de uma agenda fixa, há pouco espaço para ajustes.

Na maioria dos casos, a grade escolar não permite o período necessário de reflexão sobre o que foi ensinado.

Para um verdadeiro aprendizado, é preciso despertar nos alunos um interesse real, para ter envolvimento emocional. Isto garante uma melhor estimulação do cérebro, e o aprendizado ocorre de fato.

Em uma rotina flexível e adaptável, o tempo pode ser melhor aproveitado. Quando um determinado tema gera muito entusiasmo, pode ser ampliado, intensificando o vínculo do estudante com o conteúdo.

Por outro lado, se um assunto pareceu entediante e não está sendo bem absorvido, por que não deixá-lo para uma ocasião mais apropriada? Ou talvez encontrar uma relação com um assunto de interesse para o aluno?

Se uma fórmula matemática parece estar travando a compreensão, talvez seja melhor dar um passo atrás. Este tipo de adaptação raramente é possível nas escolas, porque há muitas crianças na sala de aula e o coletivo acaba tendo prioridade sobre o particular.

À medida que o aluno cresce, aumenta também a resistência aos períodos de dificuldade ou tédio.

Não desistir na primeira complicação também é necessário, mas exigi-lo de crianças muito pequenas pode simplesmente fazê-las perceber os estudos como algo penoso, e não como o caminho para atingir seus objetivos e melhorar suas capacidades.

Ensinar em casa permite aos pais descobrir a melhor maneira de atender ao ritmo de cada filho.

2 – Educação não instrumentalizada para vestibulares

Quando os pais procuram escolas para seus filhos, costumam analisar quantos estudantes da instituição em análise entraram em boas universidades. Utilizam estes dados como um indicador de qualidade.

Nestes ambientes, a maior parte do tempo é dedicada a aulas preparatórias para os exames de vestibulares. Os alunos são treinados especificamente para estas provas.

Aprendem truques para extrair respostas de um texto rapidamente, aprendem como eliminar respostas obviamente erradas e aumentar a chance de acertar uma questão de múltipla escolha por sorte, além de aprenderem truques de memorização de curto prazo.

Normalmente, são alunos que param de estudar quando já sabem o suficiente para passar nas provas. Inclusive, estão acostumados a pensar que não é bom perder tempo com temas, questões e reflexões sobre conteúdos que não serão cobrados nos testes.

E o que o mercado tem valorizado? O pensamento “fora da caixa”.

John Gatto, um professor americano que há muito defende o homeschooling, também defende a extinção dos vestibulares, considerando a capacidade de realizar provas insuficiente para determinar a aptidão e o mérito de um aluno para entrar na universidade.

Bryan Caplan, em seu livro Contra o Sistema Educacional Americano, demonstra que as provas são melhores indicadores da capacidade econômica de uma família do que das habilidades cognitivas em si. Então, quão bom é o ensino escolar?

Escolas que não se concentram nas provas de vestibular, mas no prazer de estudar e na autonomia do aluno para estudar sozinho, acabam tendo índices de aprovação nas universidades iguais ou até superiores aos das escolas comuns.

Um estudante com autonomia suficiente é plenamente capaz de se preparar para uma prova sem maiores dificuldades, já que está acostumado a se organizar e seguir seus próprios objetivos sem precisar de muito auxílio externo.

Esta capacidade também será muito útil na universidade, em uma carreira futura e na vida adulta.

Os estudantes precisam aprender a estudar novos temas por conta própria. Crianças mais autônomas são mais capazes de encontrar seu próprio ritmo e forma de estudo, além de poder explorar novos conhecimentos sem depender de um professor que aponte cada passo.

O ensino domiciliar é uma grande oportunidade para focar o aprendizado no conhecimento e no desenvolvimento da autonomia, portanto, quando o aluno decide qual faculdade ou carreira quer seguir, tem plena capacidade de se preparar sozinho adequadamente.

3 – Liberdade criativa

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O mecanismo do sistema escolar e os colegas de classe exercem uma certa pressão que demanda análise.

Existe uma pressão para ter um bom desempenho. Não se espera aprendizado, mas boas notas, bons números.

Muitas crianças são tímidas para dizer que não entenderam algo ou para expor uma dúvida em sala de aula, mesmo quando o ambiente é receptivo a este tipo de situação. Alunos mais extrovertidos podem não se preocupar com isso, mas ainda assim ficam menos à vontade do que em um ambiente menor.

Tentar responder algo e errar gera um julgamento automático por parte dos outros. O aluno exposto sente-se acuado, e isto acaba moldando seu comportamento em relação aos outros. O resultado é invariavelmente um certo conformismo e respeito pela autoridade, representada na classe pelo professor.

No homeschooling, as crianças têm mais liberdade criativa, não são expostas à pressão gerada pelos colegas e tendem a inovar mais em suas ideias e formas de assimilar o que aprenderam.

4 – Cuidado especial

Por mais que alguns professores sejam treinados para lidar com crianças especiais (o que raramente acontece), os cuidados não serão os mesmos que os recebidos em casa. Não é possível prestar atenção a tudo que acontece na sala de aula, muito menos no recreio, durante os intervalos, ou aos alunos que precisem de atenção dedicada.

Não raro, muitas crianças têm seu processo educacional prejudicado porque veem a escola como um lugar de tormenta e não como um lugar para aprender.

As vítimas de bullying encontram no homeschooling uma medida urgente e necessária.

Muitas sofrem dos colegas, mas outras sofrem dos próprios professores, que são incapazes de tratar a questão ou mesmo agravam o problema.

Crianças especiais recebem o afeto de que necessitam para seu desenvolvimento em casa. O ensino domiciliar é muito eficaz nestes casos.

Cada criança tem suas próprias características e algumas possuem distúrbios de aprendizagem ou problemas neurológicos. Ninguém será melhor que os pais para se dedicar de corpo e alma aos problemas específicos de seus filhos.

Um fator agravante no problema da educação é a insegurança gerada nas escolas públicas, principalmente devido à falta de segurança, à violência e ao assédio. Inúmeras agressões físicas e morais ocorrem diariamente e algumas escolas se assemelham a presídios.

A direção trata estas questões com descaso, para evitar problemas com a mídia, expondo a escola de forma negativa.

As famílias que adotaram o ensino domiciliar como medida emergencial para proteger seus filhos sofrem em dobro. Além de não terem tempo suficiente para planejar a transição, elas têm que lidar com as sequelas psicológicas dos problemas que motivaram a mudança.

Em mais um aspecto, o homeschooling possui vantagens a mais.

5 – Brincadeiras livres

As crianças tratam as brincadeiras com muita seriedade, pois exercitam a própria criatividade e fazem experiências com o que aprenderam observando.

Como diz Peter Gray em Free to Learn, as brincadeiras devem ser livres para que o aprendizado realmente ocorra de forma plena.

A brincadeira livre permite o desenvolvimento de certas habilidades, como:

  • Adaptação de objetos em novas brincadeiras;
  • Invenção e discussão de regras com amigos;
  • Criação de personagens, canções e histórias.

Lidar com o tédio também é muito importante. Depender de estímulos cada vez mais intensos é um problema da modernidade. A TV e os celulares tornaram-se um refúgio para o tédio de praticamente todas as crianças de hoje, praticamente travando a criatividade da capacidade de lidar com o tédio por conta própria.

A brincadeira será melhor se o ambiente for seguro e rico em possibilidades, estas proporcionadas pelos adultos. As crianças podem precisar de ajuda ou mesmo intervenção se algo sair de controle.

Brincadeiras livres também podem ocorrer nas escolas, mas em geral estas geralmente dão estrutura a todos os conteúdos ministrados. Aulas de musicalização, de artes, de educação física, de natação e até mesmo gincanas acabam tendo uma estrutura definida pelos adultos.

Aulas estruturadas são de suma importância, mas nas escolas acabam ocupando a totalidade da grade curricular, eliminando o importante elemento de aprendizado da brincadeira livre.

6 – Competição ou cooperação

O mundo é realmente muito competitivo e as pessoas imaginam que as escolas também deveriam ser.

Embora o mercado seja competitivo, uma vez empregado, espera-se uma postura cooperativa. Trabalhar em equipe e ajudar os colegas de trabalho é uma habilidade mais importante do que simplesmente superar os colegas.

O sistema escolar se concentra muito mais em comparações e competição do que na forma cooperativa de trabalho.

Atividades cooperativas devem ser parte do processo educativo das crianças. Aprender a tomar posição em uma conversa respeitosa, ouvir outros pontos de vista e reconsiderar as próprias convicções são habilidades indispensáveis para qualquer adulto maduro.

Também são recomendadas atividades de cooperação com a família. As tarefas domésticas têm esta característica. Todos podem contribuir para um mesmo objetivo. Os jogos cooperativos, como o quebra-cabeça, também são excelentes atividades para se fazer em família.

Há numerosos relatos de famílias que adotaram o homeschooling e passaram a viver uma rotina mais leve e organizada, além de divertida e instrutiva. Ter um lar organizado e cooperativo certamente ajuda a formar o caráter e as virtudes de todas as crianças.

7 – Formas diferenciadas de aprendizado

Em uma escola moderna, espera-se que a maior quantidade possível de alunos aprendam da mesma maneira e ao mesmo tempo. O principal método utilizado é o expositivo. No entanto, isto é bom apenas para uma fração dos alunos.

Muitos não se beneficiarão o suficiente apenas de ouvir o professor falar e fazer algumas atividades.

As maneiras de ensinar variam ainda mais intensamente quando as crianças são mais novas. Algumas aprendem melhor observando, outras preferem apenas ouvir, e outras, conversar ou experimentar.

Também é comum que uma criança aprenda um tipo de conteúdo de uma maneira enquanto outro método é mais eficaz para outro conteúdo.

Algumas memorizam um fato imediatamente, enquanto outras dependem de anotações e muita revisão.

As famílias que ensinam em casa podem tornar a forma mais flexível e adaptá-la sempre que necessário. Uma escola não pode fazer isso, porque atende à maioria, não apenas a alguns. O resultado disto é que a forma proposta raramente atende a todos os alunos da melhor forma.

O problema dos horários

Há outro impedimento inerente à vida escolar: a necessidade de organizar e coordenar múltiplas atividades em diferentes ambientes. O sino da escola marca o término de uma rodada de atividades e o início de outra. Independentemente do que esteja acontecendo em cada sala de aula, será a hora de parar.

Mesmo que uma sala esteja aproveitando o conteúdo em profunda concentração, a matéria terá que ser mudada.

Interromper uma atividade abruptamente pode ser muito frustrante, embora alguns o tomem como um alívio.

Não poucos alunos esperam ansiosamente pelo sinal que marca a hora de ir embora. O contentamento de interromper um momento de concentração e aceitar passivamente o início de outra atividade acaba desenvolvendo o conformismo nos estudantes.

O aluno não pode sequer estender seu estudo a algo que lhe interesse.

Quando alguns demonstram interesse, ouvem que devem continuar em casa. Entretanto, não sobra energia após várias horas de aula, além de atividades extras. O sistema de ensino atual exige um esforço mental excessivo para um único dia.

Homeschoolers não têm de fazer nada disso.

  • Se um tema desperta total interesse em um determinado dia, por que não passar o dia estudando-o?
  • Por que não vincular esse interesse a outras atividades e matérias?
  • Que tal ser criativo e improvisar, aproveitando o interesse do aluno?

Alguns métodos de ensino são inteiramente baseados no que o aluno está interessado, conectando outros assuntos àquele, expandindo o interesse a inúmeras outras áreas.

É verdade que algumas escolas permitem que a concentração dos alunos dure várias horas e retomam o raciocínio em outra aula, em outro dia. Outras simplesmente apagam tudo de um dia para o outro, eliminando este senso de continuidade.

8 – Janelas de concentração

As janelas ou focos de concentração de uma criança podem variar por várias razões. Por vezes, a mesma criança mostra um profundo interesse por algo em um dia e nem sequer quer vê-lo no dia seguinte.

A concentração pode durar menos de três minutos, mas também podem durar várias horas. Interromper a concentração ou forçá-la por mais tempo pode eliminar muito do prazer de aprender.

Aqueles que assumiram a responsabilidade de educar seus filhos em casa precisarão ter isto em mente.

As grandes escolas possuem menos capacidade de tornar a grade curricular mais flexível e adotam rotinas mais rígidas. Lá, as crianças precisam se adequar.

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Erros das escolas modernas - distúrbios e remédios

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Existem conceitos profundamente enraizados de como a escola deve ser e que as crianças devem se adaptar a ela. É cada vez mais comum que os distúrbios de aprendizagem sejam identificados nas crianças, que são então encaminhadas a psicólogos e psiquiatras.

Fatalmente, os distúrbios são identificados e a medicação é prescrita. Nos Estados Unidos, o número de crianças que tomam medicamentos, devido a transtornos de aprendizagem, já é superior a 4 milhões.

Os mais comuns são os estimulantes, como a Ritalina e o Adderall, que acalmam as crianças e tornam mais fácil seu enquadramento no modelo escolar.

Quando o diagnóstico é hiperatividade, as crianças são forçadas a se acalmar e aceitar o modelo escolar imposto. É claro que existem distúrbios neurológicos, mas o uso de anfetaminas por milhões de crianças é realmente um sinal de alerta.

O Professor John Gatto já sugeriu que professores tomem esses medicamentos que consideram inofensivos, para que se ajustem aos alunos, em vez de os alunos se ajustarem a eles.

Homeschoolers precisam ter isso em mente ao estabelecer rotinas em casa. Por um lado, ser capaz de tornar a rotina mais flexível é uma coisa excelente.

Por outro lado, algumas crianças estão tão habituadas a esta ordem externa que podem preferir que seja repetida em casa. Com o tempo, naturalmente, esta necessidade será reduzida.

Outra consequência da organização escolar padrão é o risco de os alunos se tornarem mentalmente preguiçosos, sempre esperando que alguém lhes diga quando e o que é preciso fazer.

Eles se tornam dependentes e incapazes de ordenar as coisas por conta própria, o que por si só demonstra uma falta de autonomia.

Os pais também possuem responsabilidade neste desenvolvimento e muitas vezes acabam atrasando ainda mais o processo. Tem se tornado cada vez mais comum encontrar crianças maiores com cuidados paternos adequados para crianças de 2 anos de idade ou menos.

Pais superprotetores

São pais que intervêm o tempo todo em favor de seus filhos e não aceitam a autoridade do professor ou da escola. Por esta razão, favorecem o comportamento infantil e inconsequente de seus filhos.

Nos Estados Unidos, pais de filhos já crescidos pedem satisfação a seus empregadores, acompanham-nos nas faculdades, e até participam de entrevistas de emprego.

Os pais podem ter boas intenções, querendo o melhor para seus filhos, mas isto demonstra uma concepção distorcida do que é educação. Ao tentar proporcionar o máximo de conforto e felicidade para seus filhos, acabam privando-os de desenvolver a força necessária para enfrentar suas próprias dificuldades.

Como saber se um pai está exagerando nos cuidados com os filhos?

  1. Fazem pelos filhos o que eles já podem fazer por eles mesmos;
  2. Fazem o que eles quase conseguem fazer por eles mesmos;
  3. Comportam-se motivados pelo próprio ego, deixando de lado o processo educativo.

Tratar certas questões educacionais com o famoso “são apenas crianças” pode evoluir para outra frase famosa:

“Fiz tudo pelo meu filho! Não sei onde errei!”

Homeschooling no Brasil em 2022

A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL) 3.179, no dia 19 de maio de 2022, que regulamenta o homeschooling no Brasil. A proposta ainda precisa ser aprovada pelo Senado e pelo Presidente da República.

O projeto prevê que os alunos devem ser matriculados em uma escola e seguir a Base Nacional Comum Curricular. A escola na qual o aluno de ensino domiciliar irá avaliar a qualidade do ensino doméstico.

Os pais poderão adicionar matérias e disciplinas nos estudos. O projeto também prevê que ao menos um dos pais ou responsáveis sejam formados no ensino superior.

A Associação Nacional de Educação Domiciliar criticou o projeto. Segundo a associação, da maneira que o projeto foi escrito, os pais perderão a liberdade de ensino e da transmissão dos seus valores. Segundo a Aned: 

“Pior que não ter uma lei é ter uma lei ruim que inviabilize a prática da educação domiciliar".

O homeschooling, também conhecido como ensino domiciliar, cresce e ganha adeptos no Brasil e no mundo. A educação no Brasil passa por transformações na medida em que novas teorias ganham força.

A situação da educação formal brasileira passa por dificuldades, estando nas últimas posições nos rankings de educação, conforme demonstra o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Outros rankings também mostram o Brasil nas últimas posições no quesito qualidade de ensino.

Para entender esse fracasso institucional, a Brasil Paralelo elaborou o documentário Pátria Educadora. O longa buscou diagnosticar os principais problemas, apresentar métodos já validados e entender quem foram os principais construtores da falha na educação brasileira. 

A Brasil Paralelo também possui o Núcleo de Formação, plataforma de aprendizado com conteúdos exclusivos de todos os documentários e acesso a dezenas de cursos sobre história, filosofia, economia, arte e educação. São doses de alta cultura com qualidade de cinema.

Dentre os cursos, o Escola da Família ganha destaque, plataforma que visa ensinar o cultivo dos bons hábitos e virtudes para manter uma família feliz e superar os principais desafios da vida domiciliar. Saiba mais.

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