Antes de ser o objeto da prisão de Lula, o triplex do Guarujá já esteve envolvido em outra investigação: as mortes de 3 diretores da Bancoop — Alessandro Robson Bernardino, Marcelo Rinaldo e o então presidente da cooperativa, Luiz Eduardo Malheiro.
Todos os 3 diretores estavam envolvidos em esquemas de corrupção com o PT. O banco que eles administravam estava entrando em crise após diversos saques ilícitos por membros do partido. A crise da cooperativa bancária levou-os a cobrar o dinheiro de volta dos membros do Partido dos Trabalhadores.
Em novembro de 2004, os 3 foram à Feira Nacional da Agricultura Irrigada, em Pernambuco, para conversar com Lula sobre o dinheiro roubado. Quando retornavam do evento, o pior aconteceu: o carro desviou da sua rota e colidiu com um caminhão, levando à morte de todos os 3 diretores do banco.
Os passageiros do caminhão não tiveram nenhuma lesão.
A versão oficial afirmou que as mortes ocorreram devido a um acidente, mas pessoas próximas aos diretores levantaram sérias dúvidas quanto à perícia.
Em novembro de 2004, quando trafegava pela BR-428, um Chevrolet Corsa bateu de frente com um caminhão Mercedes Benz. O automóvel era dirigido por Marcelo Rinaldo, que teve morte instantânea.
Alessandro e Luiz sofreram ferimentos graves e foram socorridos para o Hospital Dom Malan, onde faleceram poucas horas depois.
Os empresários retornavam de uma visita à Feira Nacional da Agricultura Irrigada. Dirigiam-se a uma fazenda próxima da região.
O caminhão viajava em sentido contrário e era ocupado por três pessoas, sem nenhuma delas sofrer qualquer ferimento. Segundo a polícia, eram comerciantes que se dirigiam a Petrolina para comprar frutas.
As circunstâncias do caso levantaram dúvidas por parte de pessoas próximas aos 3 diretores do banco. As circunstâncias do caso geraram 3 teorias diferentes:
Cada uma delas será explicada abaixo.
A versão oficial do caso é que foi um acidente. A polícia local examinou o caso e afirmou que as mortes se deram devido a um acidente. Contudo, parentes dos 3 diretores, principalmente do presidente do banco, contestaram essa narrativa.
A Bancoop, que foi responsável pela construção do prédio do triplex no Guarujá, também funcionava como grande financiadora das campanhas petistas. De acordo com o Ministério Público, no ano da eleição, a OAS e as empreiteiras que prestavam serviços a Bancoop emitiam notas frias em favor da cooperativa.
Por sua vez, os diretores das empreiteiras descontavam os cheques recebidos como pagamento pelos serviços inexistentes, e repassavam os valores ao técnico em edificações Hélio Malheiro, que depositava o dinheiro em uma agência. Seu irmão, Luiz Malheiro, sacava e entregava o dinheiro a João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.
O dinheiro desviado seria usado para fomentar o caixa dois da campanha de Lula em 2002. A transferência para o partido, segundo a investigação, era feita por meio da prestação de serviços pagos em dinheiro vivo.
O promotor José Carlos Blat, em entrevista à Folha de São Paulo, disse:
“Tem pagamento da Bancoop para centro espírita, para pesque-e-pague e empresas de fachada. Não tenho a menor dúvida de que tudo isso é desvio”.
No dia da morte, os três executivos da Bancoop encontraram-se com Lula, na Feira Nacional da Agricultura Irrigada. O objetivo da reunião seria cobrar o valor desviado do banco para promover a campanha presidencial de Lula, em 2002.
O calote refletiu nas finanças da Bancoop, que teve que interromper suas obras. Foi nesse contexto que os três executivos morreram em um acidente de trânsito em 12 de novembro de 2004.
Para Hélio Malheiro, em depoimento, o acidente era uma queima de arquivo. Segundo ele, o corpo de seu irmão e dos outros dois diretores foram levados à São Paulo de avião acondicionados em urnas lacradas sem ao menos passar pela perícia do IML.
Ainda no seu depoimento, Hélio Malheiro diz:
“[falando sobre seu irmão, disse que ele se via pressionado a] ceder às pressões políticas e, muitas vezes, se via obrigado a entregar valores grandes para as campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores, desviando os recursos que eram destinados à construção de unidades habitacionais”.
A teoria apresentada no programa Investigação Paralela, originalmente feita por Hélio Malheiro, é de que Lula foi suspeito de mandar matar os executivos por ter recebido alguma espécie de chantagem deles.
Os 3 diretores foram cobrar o dinheiro de Lula porque a Bancoop estava quebrando. O motivo seria os roubos do PT para financiar campanhas, segundo o irmão de um dos mortos.
O que torna a história ainda mais nebulosa é o fato de quem era o beneficiário direto da morte de Luiz Malheiro: Freud Godoy. Conhecido como o “faz tudo” do ex-presidente Lula, Godoy foi guarda-costas do petista por vinte anos e também seu assessor especial.
Tamanha lealdade o fez herdar o apartamento de Luiz Malheiro no Edifício Solaris, o 133, apenas dois pavimentos abaixo do triplex de Lula.
Durante a investigação do caso triplex, em março de 2016, na Operação Aletheia, a polícia federal apreendeu documentos na Bancoop e na OAS nos quais constam que o apartamento de Luiz Malheiro foi passado para o nome de Freud Godoy após sua morte.
A escritura da unidade 133 do Solaris está registrada no Cartório de Registro de Imóveis do Guarujá em nome de Freud Godoy e de sua esposa, casados em comunhão de bens.
Inicialmente, Malheiro ficaria com o apartamento 143, vizinho do 141 em nome originalmente de Dona Marisa Letícia da Silva, falecida esposa de Lula.
Depois que a OAS assumiu as obras do Solaris, em 2009, a família Lula da Silva foi brindada com o triplex 164. O 141 acabou vendido pela OAS. O 133 ficou com Freud Godoy.
Freud Godoy e outros 12 petistas já eram alvo de investigação por serem beneficiários de imóveis da Bancoop cujas obras foram concluídas pela OAS como contrapartida a negócios obtidos pela empreiteira na Petrobras.
Além do apartamento, o ex-segurança particular de Lula ganhou R$ 1,5 milhão da Bancoop por ter feito a segurança armada de obras da cooperativa.
Porém, as circunstâncias do caso também levantaram dúvidas acerca dos interesses de João Vaccari na morte dos 3 diretores.
Ainda de acordo com depoimento de Hélio Malheiro, João Vaccari Neto fez de tudo para que a família não soubesse das minúcias do acidente. Foi ele quem assumiu a presidência da cooperativa com a morte de Luiz Malheiro e, segundo fontes internas da cooperativa, teria até comemorado o acidente com um brinde de champanhe na sede do Sindicato dos Bancários.
Em um dos casos analisados, uma empresa de nome Mirante/Mizu Artefatos, teria atendido a um único cliente, a Bancoop, à qual fornecia blocos de concreto. Apenas nos três primeiros meses de funcionamento a empresa recebeu a quantia de R$ 900.000,00.
Entre os dirigentes da Mirante/Mizu abrange quatro dirigentes da Bancoop, incluindo o então presidente da cooperativa, Luiz Malheiro, que autorizava os depósitos na conta da empresa e tinha conta na mesma agência que a cooperativa.
Entre as movimentações suspeitas, estão os R$ 430.000,00 reais de doações ao PT, R$ 162.000,00 reais em compra de apartamentos da própria Bancoop, R$ 153.000,00 em divisão de lucros e R$ 27.000,00 injetados em uma ONG do próprio Luiz Malheiro.
Esses fatos fizeram Hélio Malheiro e outras pessoas denunciarem João Vaccari como um possível envolvido. A conclusão oficial já foi emitida, mas permanecem mistérios ao redor do caso.
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