A leitura analítica permite ao leitor entender realmente o livro. Não ler analiticamente é apenas passar as páginas, sem entender e então esquecer o conteúdo. Muitos ainda leem para chegar ao final do livro, julgando que a tarefa foi cumprida. Por essa razão, Mortimer Adler e Charles Van Doren escreveram o Como Ler Livros? O Guia Clássico para a leitura inteligente.
Nessa obra, os autores elencam 4 níveis de leitura, dentre os quais vai a leitura analítica. Basicamente, trata-se de ler como se fosse um investigador.
Adler e Van Doren ensinaram como praticar a leitura. Seguindo os passos deixados por eles e mais abaixo listados, é possível ler melhor. Os níveis de leitura são: elementar, inspecional, analítico e sintópico.
Como Ler Livros é mais do que um guia de leitura, é um tratado sobre filosofia e educação.
As quatro partes da obra são:
Não é simplesmente uma questão de leitura mais rápida, leitura dinâmica ou algo semelhante. Adler e Van Doren ensinam como o leitor pode descobrir o propósito de cada livro e como lê-lo da maneira correta.
Logo no início de Como Ler Livros, são descritos os motivos primários que levam uma pessoa a querer ler.
Os três motivos básicos são a busca por:
Entender um conteúdo é passar de um entendimento inferior para um superior.
“Aprender com um livro é aprender com um professor ausente. Ao terminar a leitura, o ideal é saber mais do que antes dela, conhecendo mais.”
Isto só será possível trilhando um caminho específico, de 4 níveis.
Neste artigo, apenas a leitura analítica será abordada, mas todas as outras já foram explicadas e você pode ler os detalhes de cada uma no resumo da obra de Mortimer Adler e Van Doren: Resumo do livro Como Ler Livros.
A leitura analítica é sobretudo uma leitura ativa, que exige esforço, dedicação e tempo. O livro precisa ser entendido o máximo possível. Não se trata de simplesmente ler passivamente, olhando para as palavras e virando as páginas.
Ela também é chamada de técnica de leitura exigente, porque leva o leitor a responder quatro perguntas sobre a obra. Para respondê-las, o livro deve ser investigado cuidadosamente.
Ao ler, é preciso desenvolver a habilidade de explicar com as próprias palavras o que foi lido.
Mortimer Adler divide a Leitura Analítica em três estágios e em uma sequência de 11 regras de leitura para obter o máximo proveito do conteúdo. Inconfundivelmente, seguidas essas regras, as perguntas acima serão respondidas.
Você deve saber que tipo de livro está lendo antes mesmo de começar. Faça a classificação de acordo com o título e o assunto.
É preciso radiografar o livro. Os bons livros possuem uma unidade e uma organização de suas partes.
A obras expositivas transmitem conhecimento. Basicamente, são teóricas ou práticas.
As obras teóricas são de ciência pura, como história, filosofia, etc. Elas ensinam algo e é justamente nelas que tais regras são aplicadas. As obras práticas são sobre um conhecimento orientado para a ação, focando em “como fazer”.
Expresse a unidade do livro em uma única frase ou em algumas poucas.
Responda: Sobre o que é o livro? Você deve ser capaz de dizer qual é o tema central, o ponto principal.
Exponha as partes principais do livro e mostre como elas estão ordenadas em relação ao todo. Enumere as partes principais em ordem.
Por exemplo, a trama comum dos romances pode ser simplificada da seguinte forma: um rapaz conhece uma moça, apaixona-se, perde-a e depois a recupera. Em tal capítulo acontece isso; e no outro, aquilo.
O foco principal da terceira regra é explicar as partes do livro em relação ao fio condutor de toda a trama, que vai do começo ao fim.
Descubra quais foram os problemas do autor. Você precisa saber qual foi a principal pergunta que o próprio autor tentou responder.
Encontre as palavras importantes e, através delas, entre em acordo com o autor.
Isto significa encontrar o sentido comum das palavras, entrar em sintonia com o autor e com o contexto para evitar as ambiguidades que talvez sejam um ruído na leitura. Será muito prejudicial entender alguma palavra de uma forma que o autor não queria que ela fosse entendida.
Para saber quais são as palavras mais importantes, que merecem destaque, existem algumas técnicas. O autor naturalmente enfatiza algumas palavras, repete-as e escreve as outras em função delas. É preciso separar as palavras mais técnicas e conceituais, que nomeiam conceitos-chave, das palavras mais genéricas e coloquiais.
Por exemplo: Em A Riqueza das Nações, de Adam Smith, as palavras que mais merecem destaque são: riqueza, trabalho, capital, propriedade, salário, lucro, aluguel, mercadorias, preço, câmbio, produtivo, improdutivo, moeda.
Já em A Origem das Espécies, de Charles Darwin, outras palavras recebem mais atenção: espécie, variedade, gênero, seleção, sobrevivência, adaptação, hábito, aptidão, criação.
Quando nos depararmos com as palavras importantes para o autor, devemos nos perguntar quantos sentidos ela tem. Uma dica de Adler para contribuir com a leitura é:
“Descobre-se o sentido de uma palavra não entendida por meio do significado de todas as conhecidas”.
Para estarmos de acordo com Euclides, por exemplo, precisamos saber o que significa “ponto”, aquilo que não tem partes.
Marque as frases mais importantes do livro e descubra as proposições que elas contêm.
Dica: As frases mais importantes são muitas vezes justamente as mais difíceis de entender, ou as que o autor passa mais tempo explicando. São partes imprescindíveis ao seu argumento.
Essas frases contêm as palavras-chave e seus conceitos.
Localize ou formule os argumentos básicos do livro com base nas conexões entre as frases.
As frases mais importantes são as que mais desafiam a inteligência, as que exigem mais. Por isso, são as que mais ensinam. Podem ser premissas afirmativas ou negativas que sustentam um argumento ou sua conclusão.
As proposições contidas nas frases são os entendimentos expressados por elas. Para saber se você entendeu a proposição que uma frase enuncia, explique o que você leu com suas próprias palavras.
Ao fazer isso, você diz a mesma coisa usando outros códigos, ou seja, outras letras. Isto demonstra que você compreendeu o que está além das palavras e consegue enunciar de formas diferentes.
Caso não consiga fazê-lo, significa que as palavras foram transmitidas, mas não o conhecimento (a proposição). Leia novamente até conseguir.
Além disso, você deve ser capaz de pensar em aplicações para o que leu, em vivências, exemplos e analogias.
Caso o argumento do autor não esteja explícito, você é quem deverá construí-los. Para isso, é necessário unir frases de parágrafos diferentes até alcançar uma sequência argumentativa.
Cada argumento possui uma limitação de afirmações e podem ser indutivos ou dedutivos.
Para elaborar o argumento é preciso ter clareza em dois pontos.
Observe qual é a suposição e o que precisa ser provado. O início do bom argumento é uma premissa autoevidente, cuja prova é desnecessária, que todos devem concordar.
Descubra quais são as soluções do autor. Ele conseguiu resolver o que propôs?
Você tem de dizer com razoável grau de certeza “eu entendo” antes que possa dizer “concordo”, “discordo” ou “suspendo meu julgamento”.
É preciso entender que crítica não é sinônimo de discórdia. O crítico não poder ser juiz antes de ser leitor. A crítica é uma resposta ao autor.
Quem diz a frase abaixo não segue este princípio e está fechado ao conhecimento:
“Não entendi o que você disse, mas acho que você está errado”.
Nota: Não leia para criticar, leia para pensar e ponderar. Para aprender, usamos nossa capacidade de julgamento independente.
Quando discordar, faça-o de maneira sensata, sem gerar disputas ou discussões.
Para entender bem essa regra, Mortimer recorda em Como Ler Livros uma frase de Aristóteles:
“A piedade exige que honremos a verdade acima de nossos amigos”.
Portanto, o mais importante é conhecer a verdade, não vencer o debate.
Respeite a diferença entre conhecimento e opinião, fornecendo as razões para quaisquer julgamentos críticos que fizer.
Dica para resolver discórdias:
Formas de discordar:
Para complementar esta estratégia, outros suportes podem ser necessários.
Este artigo é apenas uma parte de um artigo mais completo: Como Ler Livros? Guia Clássico para a leitura inteligente.
Além da leitura analítica, outro nível que ganhou destaque em um artigo à parte foi: O que é Leitura Sintópica – o método mais exigente de todos.
Todo esse conteúdo é importantíssimo para melhorar a qualidade dos estudos, mas a regra de ouro que prevalece em qualquer método de leitura é: Mais vale uma página bem lida do que um livro inteiro não compreendido.
O tempo é precioso e é melhor usá-lo com leituras que façam a diferença na vida de cada um. Obviamente, melhor não perder algumas horas ou dias com livros ruins ou que não farão diferença alguma.
Comente e compartilhe. Quem você acha que vai gostar de ler sobre o que é leitura analítica?
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