A educação no Brasil tem seu início com os primeiros esforços dos padres jesuítas em educar e civilizar os índios. Cerca de 500 anos depois, a educação, antes fruto do empreendedorismo individual e da disposição de transmitir o saber, tornou-se um aparato de projeto ideológico do Estado.
Entenda a história da educação no Brasil e como ela figura nos piores índices internacionais.
O início da história da educação no Brasil está relacionado à ação dos jesuítas no período colonial. Em São Paulo, fundou-se a primeira escola brasileira, o Pateo do Collegio. O ensino envolvia o letramento e a catequese.
Inicialmente, os alunos eram filhos dos índios, porém mais tarde os filhos dos proprietários de terras que se estabeleceram no Brasil passaram a receber o ensino dos jesuítas.
De 1549, quando o padre Manuel da Nóbrega chegou ao Brasil na caravela do governador-geral Tomé de Sousa, até 1759, quando Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal, expulsou a Companhia de Jesus, os jesuítas comandavam a educação no Brasil.
Para cobrir a ausência dos jesuítas, o Marquês de Pombal estabeleceu o ensino régio, patrocinado pelo Estado, e que os professores deveriam prestar concurso para poderem lecionar.
O primeiro concurso foi em 1760, mas as nomeações e as aulas iniciaram-se somente 1774, no Rio de Janeiro.
A manobra de Pombal contra os jesuítas deixou o Brasil sem ensino por quase 15 anos, somente os que possuíam condições poderiam contratar professores particulares ou estudarem fora do país.
Depois que as aulas de fato começaram, a etapa inicial, chamada de “estudos menores”, era formada pelas aulas de ler, escrever, contar e as de humanidades: grego e latim. Era a primeira vez que a Educação era responsabilidade estatal e objetivava ser laica, mas o catolicismo ainda continuava muito presente.
Para se tornar professor, não havia uma formação específica e, em muitos casos, eram selecionados padres porque tinham instrução e diplomas universitários.
No Império, a educação básica era predominantemente legada aos colégios religiosos e a professores particulares.
No governo de Dom Pedro I houve a divisão dos graus de ensino e a adoção do Método Lancaster. Com Pedro II, em 1837, houve a construção do Imperial Colégio Dom Pedro II, que servia de referência aos demais centros de ensino do Brasil.
Com a chegada da República e a Constituição de 1891, o federalismo do Estado deixou para que cada estado cuidasse de sua educação.
Diante da fragmentação organizativa e da falta de uma orientação nacional, surgiram diversas propostas de reforma. Elas eram calcadas em diferentes ideais que passaram a disputar espaço. Os embates principais foram entre o positivismo e o catolicismo.
A defesa da Educação pública, gratuita e laica ganhou força no país em 1932, com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Seus 26 signatários, entre os quais Lourenço Filho e Anísio Teixeira, combatiam a escola restrita à elite econômica e ligada à religião.
Também em 1932, no governo Vargas, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, ocupado por Francisco Campos. Com ele, as Leis Orgânicas do Ensino foram promulgadas a partir de 1942. Elas estabeleciam:
Além disso, foi criado o curso supletivo de dois anos para a população adulta. E a rede pública foi organizada em escolas com várias turmas.
Já no regime militar, o primário passou a ser voltado à formação intelectual do aluno e o secundário à preparação para o mercado de trabalho.
Os militares também criaram:
Em julho de 1971, o ministro da Educação e Cultura Jarbas Passarinho oficializou o vestibular classificatório nas universidades. No mês seguinte, foi aprovada a Lei nº 5.692 que determinava a organização do ensino em 1º e 2º graus, em vez de primário, ginásio e colegial.
A obrigatoriedade escolar foi ampliada até os 14 anos de idade e o exame de admissão necessário para entrar no ginásio foi extinto.
É a partir da nova república que a estatização do ensino no Brasil avança a passos largos.
Fernando Henrique Cardoso assumiu a presidência em 1995, com Paulo Renato Souza como ministro da Educação. Várias regulamentações surgiram no seu governo.
No segundo ano de mandato, após intensos debates, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
FHC foi reeleito, e o ministro Souza incluiu o Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Foi um passo importante para ter uma medida de como estava a educação nacional.
A educação já era desastrosa, e ainda o Brasil ficou na última colocação no seu primeiro ano de avaliação do Pisa.
Na mesma época, criou-se o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), com resultados por escola e por aluno, que em 2009 passaria a substituir o vestibular para o Ensino Superior.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI) também nasceram nesse período.
Em 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE), previsto na Constituição e com metas e objetivos para os próximos dez anos.
Se em 1999 os resultados da educação brasileira já eram lastimáveis, a piora fica ainda mais visível nos atuais índices.
Para analisar os dados da educação no Brasil é necessário uma investigação minuciosa e crítica. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2007 e 2014 foi registrada uma queda do analfabetismo e aumento da escolarização em crianças entre 6 e 14 anos de idade.
O nível da educação brasileira também cresceu nesse mesmo período. Ou seja, à primeira vista, os dados pareciam apontar melhorias, porém a realidade é outra…
Segundo os dados de 2011 fornecidos pelo Instituto Paulo Montenegro:
No Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) da Organização da Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o Brasil ocupa as posições 63ª, 59ª e 66ª em ciências, leitura e matemática respectivamente.
O Brasil ocupa o 53º lugar em educação entre 65 países avaliados pelo Pisa.
Ou seja, o país investe altas quantias em inclusão de alunos nas escolas, de facilitação no acesso, mas peca em oferecer um ensino de qualidade.
Segundo outro levantamento, do programa Todos Pela Educação (2006):
Os números são assustadores e apontam a pouca eficácia das escolas brasileiras. Mas o que causa toda essa defasagem na educação brasileira?
O problema da educação no Brasil não é um problema de falta de recursos ou de pouco investimento. Na verdade, o Brasil aplica em seu sistema educacional um valor acima da média dos países desenvolvidos. O problema é ideológico.
Confira a opinião do professor Felipe Nery quanto à questão ideológica da educação no Brasil.
A ideologização do ensino começa no período militar. A Ditadura Militar permite a infiltração da esquerda nos ambientes culturais e educacionais e a anistia permite o retorno de vários intelectuais de esquerda para o Brasil que ocupam postos nas universidades.
Paulo Freire se torna secretário da educação de São Paulo, cria a medida da aprovação automática e sua doutrina educacional, que envolve a alfabetização e a educação militante, tornam-se regra nos currículos universitários brasileiros.
Ou seja, uma educação que não representa o compromisso com o ensino e com a verdade, mas sim com uma ideologia de esquerda. E assim uma alfabetização que não demonstra ser o método mais eficaz, toma conta da formação brasileira.
Paulo Freire é o grande nome a disseminar o vínculo da revolução cultural com a pedagogia no Brasil, estabelecendo esses fundamentos na sua maior obra: “Pedagogia do Oprimido”.
O que vemos hoje no Brasil é a fusão entre educação crítica/revolucionária e o ensino pragmático para o trabalho. A primeira educa o homem como agente transformador da sociedade e a outra forma trabalhadores para o mercado.
Ou seja, há um problema na cultura educacional: ela instrumentaliza politicamente os alunos ao mesmo tempo que compacta seus conhecimentos e técnicas para o mercado de trabalho.
É na Constituição Federal do Brasil que tudo começa. No capítulo dois, está estabelecido o direito à educação, citado mais de 59 vezes durante a constituição.
Com altas taxas de analfabetismo e uma população jovem, o governo brasileiro decidiu criar um complemento aos direitos impostos pela constituição: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, conhecida por LDB. Toda educação brasileira é regulamentada direta ou indiretamente pelo Ministério da Educação.
Fundado em 1930 por Getúlio Vargas, o MEC passou a ter um orçamento anual de mais de 100 bilhões de reais, coordenando objetivos educacionais e sendo o principal ponto de referência da educação nacional.
A gestão da educação infantil, fundamental e média que ocorre nas escolas, é feita pelas secretarias e conselhos. Estas secretarias e conselhos atuam em nível estadual e municipal.
Nenhuma escola existe sem essa autorização, e as que existem, não estão dispensadas de seguirem as suas regras. Elas orientam e coordenam o sistema educacional através de pedagogias, tecnologias, questões técnicas e financeiras.
E tudo isso está ligado à cultura pedagógica gestada por Paulo Freire.
Na segunda metade do século XX, o Brasil deu passos expressivos na universalização das matrículas. Mais de 99% das pessoas em idade escolar estão matriculadas nas escolas. Sucede porém que o problema da qualidade desse ensino nunca foi resolvido nem enfrentado.
Até 2019, o Brasil sequer topava participar do principal teste internacional para medir o analfabetismo funcional: o PIRLS (Estudo do Progresso Internacional da Alfabetização).
Diante deste cenário, o argumento mais comum é de que se investe pouco na educação brasileira.
O que não é uma constatação desacertada:
Mas o problema não deveria ser falta de recurso: o percentual do PIB brasileiro que sai dos cofres públicos para financiar a educação chega a ser de quase 6%, totalizando mais de R$100 bilhões de reais. Esse número não está abaixo do padrão da OCDE, antes, pelo contrário, é 30% maior que a média.
Dois problemas já foram apontados: a pedagogia freiriana e a estatização da educação. É nesse ponto que surge o terceiro problema: a concentração dos recursos nas universidades.
O governo do PT priorizou investimento no ensino superior. O orçamento foi triplicado, saindo de R$17 para R$51 bilhões. O número de mestrados e doutorados aumentou em mais de 300%, mas os resultados desse dinheiro e dessas pesquisas não vieram.
O custo de cada universitário brasileiro é de quase 15 mil dólares por ano. Isso significa que mesmo estando nos últimos lugares de todos os rankings que medem a qualidade da graduação e da pesquisa científica, o Brasil continua investindo no décimo sexto universitário mais caro do mundo.
O gasto ultrapassou o de muitos países com resultados expressivamente melhores, como Itália, Portugal, Espanha e Israel.
A própria OCDE recomenda que o Brasil gaste menos com ensino universitário. Em 2018, a instituição divulgou uma pesquisa intitulada ''Economic Survey Brazil''. Na página 30, o relatório alertava que o país gastava um percentual do PIB maior que a média da OCDE e não obtinha resultados.
A OCDE alerta que é importante parar de incrementar o investimento nas universidades e focar na educação de base, como creches, ensino fundamental e médio, que estavam desatendidas.
Para se ter uma ideia da concentração de recursos no ensino universitário, basta olhar os dados do programa FIES:
Todo esse investimento... para então figurar entre os países com menor relevância acadêmica, formando profissionais de baixa qualidade.
Outros dois pontos que provam a centralização excessiva da educação no Brasil são: a BNCC e o PNLD.
A Base Nacional Comum Curricular, conhecida como BNCC, foi o documento em que se estabeleceu um currículo obrigatório para todas as escolas do Brasil.
Ele foi homologado em 2018, durante o governo Michel Temer. Todavia, boa parte de sua elaboração foi no governo Dilma Rousseff.
O currículo obrigatório parece ser uma balança em que os governos escolhem um dos lados: mais liberdade das escolas e menor controle da qualidade, ou menos liberdade das escolas e maior controle da qualidade.
No Brasil, não foi necessário fazer essa escolha: abriu-se mão da liberdade sem buscar a qualidade. O documento aprovado não seguiu as boas práticas de currículo comum dos países desenvolvidos.
Ao contrário de currículos que estabelecem metas e conteúdos básicos para o essencial, a BNCC usou 600 páginas para descrever todas as disciplinas, em todos os anos.
O documento descreve, várias vezes, o tipo de aluno que gostaria de formar, transformando o documento em um gabarito de visão de mundo e reduzindo significativamente a margem de liberdade da escola.
E o PNLD, Plano Nacional do Livro Didático, é um mecanismo criado durante o Estado Novo de Vargas, em 1937. Ele garante a padronização dos conteúdos e a qualidade dos livros didáticos.
Para receber o selo de aprovação do MEC, o livro deve seguir os parâmetros ideológicos e as normas da BNCC.
As escolas, públicas e privadas, veem-se obrigadas a adotarem livros aprovados por essa política, pelo fato de o programa gerar confiabilidade na população.
Assim, os manuais escolares são transformados em cartilhas doutrinárias com um discurso único.
Além desse problema do viés militante, o mercado editorial desses livros movimenta uma quantidade enorme de dinheiro e financia grandes grupos educacionais.
Em suma, a precariedade da educação no Brasil é devida aos seguintes fatores:
A resposta para essa pergunta é um assunto complexo demais para ser abordado em um breve artigo, mas diante dos problemas apresentados, algumas questões se mostram imediatas para a solução da educação no Brasil:
Comente e compartilhe. Quem você acha que vai gostar de ler sobre educação no Brasil?
A Brasil Paralelo é uma empresa independente. Conheça nossas produções gratuitas. Todas foram feitas para resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP