“[...] Essas formas transcendiam infinitamente a esfera da experiência corporal, portanto, também da memória sensível. Mas, em algum momento esquecido do tempo haviam se entremostrado nela e despertado, na alma do indivíduo carnal, a aspiração do Bem supremo”. (Olavo de Carvalho)
A Filosofia começa a partir do espanto com o mistério da vida, afirmava Aristóteles. Estudar Filosofia é estudar a realidade, é a busca firme e sincera pelas respostas das perguntas essenciais que dão sentido à vida.
O estudo da Filosofia nunca tem fim, mas tem começo. As grandes personalidades da história ajudam a entender como começar a estudar Filosofia.
Filosofia, etimologicamente, significa Amor à Sabedoria. Aristóteles a definia como a busca de decifrar o enigma do universo, descobrir a Verdade, tendo em vista o assombro gerado pela existência pessoal, com todas suas capacidades e possibilidades.
O primeiro passo é buscar entender a Filosofia clássica (uma das primeiras da história). Para começar a estudar filosofia, é preciso recorrer ao berço da mesma, a Grécia.
As Filosofias contemporâneas possuem raízes no período clássico e dialogam constantemente com os primeiros filósofos, seja qual for a vertente.
Ter contato com as primeiras fontes é importante, porque nos últimos séculos o que mais se propagou foi um ensino deturpado da filosofia, focado na pura crítica e não na construção do conhecimento, segundo apresentado no documentário Pátria Educadora.
Estudar filosofia não é apenas decorar ideias e personalidades: isso é apenas cultura filosófica.
A Filosofia deve levar o seu discípulo a ter uma vida diferente. Desde o período moderno, popularizou-se uma filosofia desconectada da realidade, ou seja, pensamento separado da vivência.
O ser humano consegue verdadeiramente compreender diversas realidades da existência. Essa capacidade — a mais poderosa existente no mundo natural — gera uma ânsia de responder a principal pergunta: o que é a vida?
A Filosofia vem do fato de o homem possuir razão, a capacidade de compreender e manipular certos aspectos da realidade.
No livro Escadas dos Fundos da Filosofia, o autor Wilhelm Weischedel resume a visão de Sócrates, o ateniense considerado por muitos como o pai da Filosofia.
“Mas o que tem a dizer, e para o que aponta insistentemente, é que nada mais importa senão o reto pensar. Reto pensar significa para ele, em princípio e sobretudo, que se saiba o que se diz e que se preste contas sobre si mesmo.
Sócrates é da convicção que ao homem cabe conhecer realmente a si mesmo”.
Na Apologia de Sócrates, escrita por Platão, considerado um dos maiores filósofos da história, Sócrates elucida bem o cerne da Filosofia Ocidental Clássica:
“Não temos absolutamente de nos preocupar com o que os muitos dizem de nós, senão com o que diz aquele que entende do justo e injusto: o Um e a verdade mesma.
[...]
[Sócrates dirigindo-se a um dos magistrados atenienses que o condenaram à morte injustamente]
Bom homem, pois que és da cidade de Atenas, a maior e mais famosa por sua sabedoria e poder, tu não te envergonhas de procurares o quanto for possível de dinheiro, fama e honrarias, mas de não te preocupares e cuidares da sabedoria, da verdade e de que tua alma se torne tão boa quanto possível?
O maior bem para o homem consiste em falar todo dia da virtude e de tudo de que tu me ouvires falar quando, nas conversações, provo-me a mim e aos outros. Para o homem, uma vida sem provação não vale a pena ser vivida”.
A Filosofia é diferente de todas as outras disciplinas do saber. Enquanto as demais disciplinas abstraem as outras, a Filosofia busca observar todas elas para entender o todo, para entender a vida.
Dessa maneira, o estudante de Filosofia sempre acaba tendo que estudar quase todos os segmentos da realidade.
Para se aprofundar na descoberta do ser e compreender em profundidade o que Sócrates quis dizer nos trechos acima citados, vários métodos eficazes foram desenvolvidos ao longo da história.
Para começar a estudar Filosofia, ter método e ordem é muito recomendado aos iniciantes, bem como ter um bom acompanhamento.
Do contrário, facilmente o estudante pode se perder em erros primários.
Um desses casos é o de Céfalo, ao conversar com Sócrates. Céfalo dá sua opinião sobre o que é a justiça e uma vida boa, mas Sócrates mostra que sua opinião não era a definição de justiça, mas apenas apresentava alguns aspectos práticos dela:
Sócrates — As tuas são palavras maravilhosas, ó Céfalo.
Mas essa virtude da justiça resume-se em proferir a verdade e em restituir o que se tomou de alguém, ou podemos dizer que às vezes é correto e outras vezes incorreto fazer tais coisas?
Vê este exemplo: se alguém, em perfeito juízo, entregasse armas a um amigo, e depois, havendo se tornado insano, as exigisse de volta, todos julgariam que o amigo não lhe as deveria restituir, nem mesmo concordariam em dizer toda a verdade a um homem enlouquecido.
Céfalo — Estou de acordo.
Sócrates — Como vês, justiça não significa ser sincero e devolver o que se tomou.
Da mesma maneira, o estudante que não possui método nem professor, facilmente cai em erros claros sem se dar conta.
Caso haja um erro no início da pesquisa e dos estudos, o rumo que o resto da pesquisa irá tomar alcançará erros ainda maiores.
Conforme disse Aristóteles:
“Um erro pequeno no princípio pode se tornar um erro grande no fim”.
É como começar uma jornada para chegar em um lugar determinado. Se houver um erro no direcionamento, na bússola guia, o destino final será outro que não o desejado.
Pensando nisso, a Brasil Paralelo, em parceria com os principais intelectuais do Brasil, desenvolveu diversos cursos de Filosofia (e outras disciplinas) no Núcleo de Formação.
São várias horas de conteúdo para guiar o estudante na Sabedoria dos grandes formadores da Civilização Ocidental. Alguns dos cursos da plataforma são:
Os diálogos platônicos são ótimas opções de primeira leitura. Muitos professores os recomendam como as melhores formas para começar a estudar filosofia.
Por estarem em formato de narrativas, histórias semelhantes ao teatro, compreende-se melhor os conceitos elaborados e sua relação com a vida real, a vida comum.
As conversas surgem de experiências da vida comum, que todos vivem, sendo possível que haja maior identificação e maior interesse pelos estudos, despertando o aluno para a mensagem do autor e para a descoberta da profundidade da vida banal.
Os diálogos platônicos ajudam na aplicação de seus conceitos na vida pessoal e podem gerar verdadeiros questionamentos da vida em vários de seus aspectos.
Um dos principais fatores de sua importância histórica se dá pelo fato dos diálogos exporem temas variados, desde política até arte, guerras e psicologia.
Eles surgiram dos diálogos de homens que dedicavam suas vidas pelo saber, que possuíam décadas de estudo e honestidade com humildade. Tudo isso em uma das cidades mais desenvolvidas da história (em todos os aspectos).
Assim, uma boa ordem para se começar é:
1º) Apologia de Sócrates;
2º) O Banquete, de Platão.
A página Contra os Acadêmicos possui diversas listas de leitura já ordenada para quem quiser começar a estudar Filosofia. Algumas delas são:
O curso online de Filosofia (COF) do professor Olavo de Carvalho também é voltado para quem quer começar a estudar Filosofia, com alta qualidade e erudição.
Segundo o Filósofo Olavo de Carvalho:
“Estudar Filosofia sem ter conteúdo de vida é a mesma coisa que fazer digestão de estômago vazio: o resultado será uma úlcera”.
Aristóteles afirmava que a inteligência parte do caso concreto para chegar até os universais.
É necessário que se tenha experiências concretas da vida para conseguir alcançar a Sabedoria filosófica.
Essa experiência surge tanto de uma reflexão da própria vida particular e de pessoas conhecidas quanto da leitura de literatura.
A literatura clássica é a apresentação da vida segundo o olhar de grandes homens. Suas obras apresentam aspectos da realidade que uma pessoa comum não é capaz de perceber.
Dessa forma, a literatura clássica fornece conteúdo de alta qualidade para o estudo da Filosofia. Com a leitura de literatura de qualidade e boas experiências de vida, a “digestão” não causará uma úlcera, mas gerará nutrientes para a alma.
É por isso que Platão afirmava que um homem começa a ser um verdadeiro filósofo apenas aos 35 anos.
A literatura, também, apresenta situações que o leitor pode nunca experimentar em sua vida, mas que trazem lições essenciais. Pode, também, preparar o leitor para uma situação semelhante à que ele irá viver no futuro.
Como ensina Olavo de Carvalho, a formação da inteligência humana passa naturalmente por várias etapas que não se pode alterar.
No início da vida, a criança se encanta pelo mundo imaginário, pelas histórias fantásticas. É o momento em que ela forma seu imaginário, descobre elementos da realidade através dos contos de fadas.
Aqueles que não receberem adequada formação do mundo imaginário não conseguirão começar a estudar Filosofia adequadamente.
O imaginário é a base do mundo interior.
Essa etapa é importante para que a pessoa amadureça, organize seu mundo emocional e seu universo interior, pois aí é o “local” onde a sabedoria advinda dos estudos filosóficos florescerá.
Um guia de literatura pode ser encontrado na página Contra os Acadêmicos.
Uma dica importante é que a literatura seja um clássico, pois sua qualidade foi atestada pelos sábios, e que seja do gosto do leitor, que lhe cause interesse.
Platão ensinou como formar o imaginário e as etapas para adquirir conhecimento da vida e de como bem viver.
O roteiro entregue pelo sábio grego pode ser adaptado à realidade individual de cada pessoa, preenchendo as lacunas necessárias e descobrindo sua vocação no processo.
Segundo o filósofo, até os 10 anos a educação deve ser predominantemente física e constituída de brincadeiras e esportes. A idéia é criar uma reserva de saúde para toda a vida.
Em seguida, começa a etapa da educação musical (abrangendo música e poesia), para se aprender harmonia e ritmo, saberes que criam propensão à justiça, e para dar forma sincopada e atrativa a conteúdos de Matemática, História e Ciência.
Neste momento também entra a educação literária. O estudante deve buscar os clássicos da literatura para formar seu imaginário.
Depois dos 16 anos, soma-se à música aos exercícios físicos, com o objetivo de equilibrar força muscular e aprimoramento do espírito.
Aos 20 anos, os jovens seriam submetidos a um teste para saber que carreira abraçar.
Os aprovados recebem, então, mais dez anos de instrução e treinamento de corpo, de mente e de caráter, com foco especial em cumprir sua vocação, sem deixar de lado as demais disciplinas necessárias para compreender a vida de forma integral.
No teste que se seguiria, os reprovados (aqueles sem aptidão estritamente filosófica) se encaminham para a carreira militar (ou outra carreira), e os aprovados à Filosofia.
Nesse momento começam os estudos filosóficos propriamente ditos.
No mundo moderno, é possível adaptar os estudos dos diálogos de Platão com o processo de preenchimento do que faltou na formação do imaginário, mas o ideal é focar mais na formação do imaginário do que nos estudos filosóficos.
O livro A Vida Intelectual, de A.D. Sertillanges, é também essencial a quem deseja entrar na vida da Sabedoria.
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