9 marchinhas de carnaval famosas: Refrões marcantes e curiosidades

1 - Ó Abre Alas (Chiquinha Gonzaga, 1899)

Ó Abre Alas é considerada a primeira marchinha de carnaval da história. Composta pela pianista e compositora Chiquinha Gonzaga em 1899, a música tornou-se um sucesso imediato e é tocada até hoje em todos os carnavais do Brasil. A letra fala do pedido para que o bloco de carnaval abra caminho na avenida. É um convite à alegria e à folia.

Para o músico e pesquisador Rodrigo Faour:

"Essa canção é um símbolo da nossa cultura popular, que mistura elementos de várias tradições musicais, como o maxixe e a polca".

2 - As Pastorinhas (João de Barro e Noel Rosa, 1933)

As Pastorinhas conta a história de duas garotas que saem pelas ruas cantando felizes, exaltando a alegria de ambas com a vida comum, ordinária. O eu lírico vê essa cena e se apaixona por elas.

A melodia e harmonia misturam elementos de samba e música erudita.

Para o jornalista e pesquisador João Máximo, "As Pastorinhas" é um exemplo de como as marchinhas podem ser sofisticadas e poéticas:

 "Essa canção é um clássico da música brasileira, que transcende o carnaval. Ela tem uma melodia refinada e uma letra que fala do amor e da beleza da vida. É um verdadeiro tesouro da nossa cultura popular".

3 - Mamãe Eu Quero (Jararaca e Vicente Paiva, 1937)

Mamãe Eu Quero é uma das mais conhecidas marchinhas de carnaval de todos os tempos. Segundo os compositores, o motivo que originou a composição é inusitado: Jararaca foi uma criança que quis mamar até ser um garoto bem crescido e esse fato ficou em sua memória.

De acordo com o pesquisador e jornalista Ricardo Cravo Albin, "Mamãe Eu Quero" é uma marchinha que representa a inocência e a alegria da infância. 

"Essa canção é uma das mais populares do repertório carnavalesco. Ela tem uma melodia alegre e simples, que faz com que todo mundo cante e dance junto. É uma música que desperta a felicidade e a descontração", ressalta ele.

A canção foi um grande sucesso na época do Carnaval de 1937, quando foi lançada, e acabou se tornando um clássico das marchinhas.

4 - Allah-la-ô (Haroldo Lobo e Nássara, 1953)

Allah-la-ô é outra marchinha clássica que não falta no repertório das marchinhas clássicas. A letra mistura expressões em francês, árabe e português. 

5 - Aurora (Mário Lago e Roberto Roberti, 1940)

Aurora é uma das marchinhas mais antigas do carnaval brasileiro, mas ainda é muito popular nos dias de hoje. A letra conta a história de um homem que se apaixona por uma mulher chamada Aurora. 

De acordo com a pesquisadora e professora de música Leila Monasterio:

"Essa canção foi um marco na história do carnaval, pois foi uma das primeiras marchinhas a misturar o romance com a alegria do carnaval. Além disso, a música é um exemplo de como as marchinhas podem ser usadas para falar de temas universais, como o amor e a paixão".

É uma das canções mais românticas do repertório carnavalesco. A melodia é suave e envolvente, o que faz com que seja ideal para dançar a dois.

6 - Cidade Maravilhosa (André Filho, 1935)

Cidade Maravilhosa é um hino ao Rio de Janeiro, uma das cidades mais emblemáticas do carnaval brasileiro. A letra exalta as belezas naturais e a alegria do povo carioca. 

O historiador e pesquisador Luiz Antonio Simas disse que Cidade Maravilhosa: 

"É um retrato fiel do Rio de Janeiro, com toda a sua exuberância e diversidade. Ela representa a identidade do carnaval carioca e o orgulho que temos da nossa cidade".

7 - Chiquita Bacana (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1949)

Chiquita Bacana é uma marchinha de carnaval que ficou famosa pela sua letra irreverente e divertida. A música fala de uma mulher que adora se vestir bem e andar na moda, é um hino à vaidade feminina.

Para a historiadora e pesquisadora Dulce Pandolfi:

"Essa música é um exemplo da descontração e do bom humor que são marcas registradas do nosso carnaval. Além disso, ela mostra como as marchinhas podem ser usadas para retratar personagens populares, como é o caso da Chiquita Bacana".

8 - Touradas em Madri (Braguinha e Alberto Ribeiro, 1935)

Touradas em Madri é uma marchinha de carnaval que ficou famosa pela sua letra irreverente e divertida. A música fala das touradas realizadas na cidade espanhola de Madri.

De acordo com o pesquisador e escritor Sérgio de Oliveira Cabral:

"Essa marchinha mostra como as marchinhas podem ser usadas para falar de temas populares e divertidos, como é o caso das touradas em Madri".

9 - Me dá um dinheiro aí (Ivan Ferreira)

Me dá um dinheiro aí é uma marchinha de carnaval que se tornou uma das principais músicas da década de 1950. A música fala da malandragem de um mendigo que pede dinheiro para poder farrear.

De acordo com o músico e pesquisador Henrique Cazes:

"Essa canção é um exemplo da criatividade e da espontaneidade do carnaval brasileiro. Ela fala de um tema muito comum na sociedade, que é a malandragem, mas o faz de uma maneira bem-humorada e descontraída".

As marchinhas de carnaval têm um importante valor histórico e social. Elas são um registro vivo da história popular brasileira e da cultura do país.

História das marchinhas de carnaval

No início do século XX, o carnaval brasileiro era dominado pelos ritmos das danças de salão, como a polca, o maxixe e o tango. Porém, por volta do fim do século XIX, surgiram as primeiras marchinhas de carnaval, um novo estilo musical que logo conquistou o público.

A pesquisadora da USP, Renata de Almeida Martins, em sua tese de doutorado "A música carnavalesca de Lamartine Babo", afirma que as marchinhas de carnaval foram criadas para atender a uma demanda específica do público:

"As marchinhas de carnaval eram músicas feitas para o povo, para serem cantadas em coro pelos foliões. Elas eram simples, alegres e cativantes, e por isso se tornaram tão populares".

A palavra "marchinha" vem de "marcha", um ritmo conhecido por ser acelerado e animado que serve para marcar o compasso das canções. 

As marchinhas eram alegres e fáceis de memorizar, esse foi um dos principais motivos de sua popularização. Elas eram cantadas em coro pelos foliões durante os desfiles de carnaval, e logo se tornaram o ritmo mais popular do carnaval brasileiro.

O jornalista José Ramos Tinhorão explica que as primeiras marchinhas de carnaval surgiram no final do século XIX, como uma resposta dos compositores brasileiros à influência das danças estrangeiras que dominavam o carnaval na época. Por isso, é possível dizer que as marchinhas são um gênero musical brasileiro.

O início da popularização

O primeiro grande sucesso das marchinhas de carnaval foi "O Abre Alas", composta por Chiquinha Gonzaga em 1899, que acabou se tornando um hino do carnaval brasileiro. Porém, foi na década de 1920 que as marchinhas se consolidaram como o principal ritmo do carnaval, graças a compositores como Sinhô, Freire Júnior e Lamartine Babo.

As marchinhas de carnaval atingiram o auge da popularidade nas décadas de 1930 e 1940, quando surgiram clássicos como "Mamãe Eu Quero", "Cidade Maravilhosa" e "A Jardineira". Essas músicas se tornaram hinos da alegria e da descontração, são lembradas até hoje como alguns dos maiores sucessos da história do carnaval brasileiro.

Em 2017, um estudo realizado pelo IBOPE revelou que as marchinhas de carnaval são as músicas mais lembradas pelos brasileiros durante as festas de carnaval. De acordo com a pesquisa, 54% dos entrevistados citaram as marchinhas como o estilo musical que mais associam ao carnaval.

Marchinhas perdendo espaço

Com o passar dos anos, as marchinhas de carnaval foram perdendo espaço para outros ritmos, como o samba-enredo e o axé. O Datafolha afirmou que a Anitta teve a música mais tocada do carnaval de 2019. Contudo, a segunda música mais tocada no carnaval de 2019 foi a marchinha "A Pipa do Vovô", mostrando que esses clássicos brasileiros ainda são tocados em festas de carnaval pelo Brasil.

Hoje, as marchinhas de carnaval são consideradas patrimônio cultural brasileiro, e são estudadas e preservadas por pesquisadores e instituições culturais. Elas representam uma parte importante da história e da cultura brasileira, e continuam a animar as festas de carnaval em todo o país.

Documentário inédito sobre Carnaval

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