Alguns historiadores afirmam que a Revolução de 1930 foi um golpe militar, outros que foi de fato uma revolução, porque alterou as estruturas políticas e promoveu uma troca nos donos do poder. Este evento deu início ao governo de Vargas e mudou para sempre os rumos da política brasileira.
Seus impactos ainda influenciam a vida de todos os brasileiros. Entenda como foi a revolução, o que estava em jogo e suas consequências.
O Brasil vivia a República Velha, também conhecida como República Oligárquica ou República do Café com Leite. O Partido Republicano Mineiro e o Partido Republicano Paulista revezavam na presidência. A cada ano era escolhido um presidente de cada estado, alternando um presidente mineiro e um paulista.
O poder era dominado pelas duas elites cafeeiras mais poderosas, e manteve a população neste sistema por 20 anos.
Tudo mudou quando o presidente da época, Washington Luís, que o foi de 1926 a 1930, indicou um paulista ao governo. Mas ele deveria ter indicado um mineiro. Assim, por não ter feito isso quebrou o acordo das oligarquias republicanas.
A sucessão presidencial a partir das eleições eram armadas. O candidato indicado pelo presidente quase sempre vencia. Essa garantia acontecia porque as eleições da época eram marcadas por fraudes.
Com a aproximação do processo eleitoral, a oligarquia mineira estava à espera de que o presidente escolhesse alguém de seu grupo.
Naquele período, o candidato mineiro que possuía maiores chances de ser nomeado era o presidente do estado de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.
Mas o presidente Washington Luís surpreendeu ao indicar outro paulista. O ato deu início a uma crise política. Em uma cerimônia organizada a 1928, o presidente informou que seu candidato seria Júlio Prestes, presidente do estado de São Paulo.
A partir desse momento, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada passou a conspirar contra o governo de Washington Luís.
Representantes da oligarquia de Minas Gerais resolveram unir-se aos paraibanos e gaúchos para derrubar os paulistas nas eleições. Esta foi a Aliança Liberal.
Este novo grupo político lançou um candidato que entrou para a história, mudando o rumo das relações políticas no Brasil: Getúlio Vargas.
A articulação política realizada por Antônio Carlos mobilizou as oligarquias do Rio Grande do Sul e da Paraíba contra Júlio Prestes. Os grupos dissidentes uniram-se e lançaram uma chapa eleitoral que ficou conhecida como Aliança Liberal.
Essa chapa lançou Getúlio Vargas como candidato a presidente e João Pessoa como candidato a vice-presidente.
A disputa eleitoral travada por Júlio Prestes e Getúlio Vargas foi bastante acirrada.
A Aliança Liberal, composta por três oligarquias poderosas no quadro político nacional, também contou com a adesão dos tenentistas e apresentou um novo projeto político, que prometia romper definitivamente com a lógica oligárquica.
Getúlio Vargas alegou fraude no processo eleitoral. Apoiado pela Aliança Liberal e pelo Movimento Tenentista, ele se recusou a aceitar o resultado das urnas, dando início ao que foi a Revolução de 1930.
Em reuniões secretas, militares e políticos planejavam a queda de Washington Luís e o impedimento da posse de Júlio Prestes.
Getúlio afirmou numa entrevista à Revista Globo, 20 anos após o Golpe de 1930:
“Em 1930, preparando a Revolução, fui obrigado a fazer um jogo duplo: de dia mantinha a ordem para o governo federal e à noite introduzia os conspiradores no Palácio”.
Dentre os jovens políticos que se uniram em torno do levante, destacavam-se:
Dos tenentes que participaram da Revolução de 30, os nomes de maior destaque foram Juarez Távora, João Alberto e Miguel Costa. A meta desse grupo era a introdução de reformas sociais e a centralização do poder.
Havia ainda uma ala dissidente da velha oligarquia, que via no movimento revolucionário um meio de aumentar seu poder pessoal. Era o caso de Artur Bernardes, Venceslau Brás, Afrânio de Melo Franco, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e João Pessoa, entre outros.
O ex-líder da Coluna Prestes, Luís Carlos Prestes, optou por um caminho mais radical. Crítico da união dos jovens políticos com a dissidência oligárquica, Prestes decidiu assim não participar da revolução e lançou seu próprio Manifesto Revolucionário.
Declarou seu apoio ao socialismo e sustentou a tese de que a mera troca de homens no poder não atenderia às reais necessidades da população brasileira.
Antes da derrubada do presidente Washington Luís, o governo vigente tentou negociar com os revoltosos e retardar o levante. Mas, em 26 de julho, um evento inesperado mudou os rumos do país.
O inesperado assassinato de João Pessoa, presidente da Paraíba e candidato derrotado à vice-presidência na chapa da Aliança Liberal, estimulou as adesões e acelerou os preparativos para a deflagração da revolução.
João Pessoa era governador da Paraíba e candidato a vice na chapa de Getúlio, quando foi morto a tiros numa confeitaria em Recife.
Ainda hoje, se discute se o caso estava ligado a questões políticas nacionais ou se foi o resultado de uma desavença de João Pessoa com um adversário na política de seu estado, envolvendo até mesmo questões passionais.
Getúlio Vargas e a Aliança Liberal aproveitaram o incidente para justificar uma ação mais enérgica, apressando a mobilização armada de seus partidários.
A culpa da morte era sempre atribuída ao governo de Washington Luís, por meio de discursos inflamados e cheios de comoção.
Alçado à condição de mártir da revolução, João Pessoa foi enterrado no Rio de Janeiro e seu funeral provocou grande comoção popular, levando setores do Exército antes reticentes a apoiar a causa revolucionária.
Por fim, a 3 de outubro, sob a liderança civil do gaúcho Getúlio Vargas e sob a chefia militar do tenente-coronel Góes Monteiro, começaram as diversas ações militares.
Tudo começou em Porto Alegre com a tomada do quartel-general da Terceira Região Militar. No ataque, ocorreram as primeiras mortes da revolução, que logo se alastrou por todo o país.
Apesar de oferecer notável resistência, os governos estaduais foram depostos sem grandes dificuldades pelos militares revolucionários. Em meados de outubro, a revolução dominava metade dos estados brasileiros.
Tropas mineiras e gaúchas marchavam para o Rio de Janeiro, enquanto Vargas aguardava em Curitiba por notícias dos fronts de batalha.
Simultaneamente deu-se início à revolução no Rio Grande do Sul, à revolução em Minas Gerais e à revolução no Nordeste, os três pilares do movimento.
Porto Alegre, Belo Horizonte, e diversas cidades do nordeste foram ocupadas. Após tomar essas cidades, as tropas marcharam rumo a São Paulo.
O presidente Washington Luís recebe um ultimato de um grupo de oficiais exigindo sua renúncia. Augusto Tasso Fragoso comandou este pedido.
O grupo exigiu a renúncia do presidente. Como ele não cedeu, os militares determinaram sua prisão e o cerco do palácio Guanabara, no dia 24 de outubro.
A seguir, formou-se a Junta Provisória de governo, composta pelos generais Tasso Fragoso e João de Deus Mena Barreto e o almirante Isaías de Noronha. A Junta Provisória entregou o poder a Getúlio no início de novembro daquele ano.
Na tarde de 1 de novembro de 1930, no Palácio do Catete, Getúlio Vargas assumiu a presidência. Era o fim da República Velha e das oligarquias estaduais.
Ao mesmo tempo, soldados gaúchos cumpriam a promessa de amarrar seus cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco, marcando simbolicamente o triunfo da revolução.
Com o fim da Revolução de 1930, deu-se início à Era Vargas. Período em que o Brasil foi comandado por Getúlio Vargas de 1930 a 1945. Vargas comandou um governo provisório, depois foi eleito em eleições indiretas e, por fim, comandou o Brasil como ditador.
Seu governo deu um fim definitivo à República Oligárquica e marcou uma forte centralização do poder e das instituições políticas.
A Era Vargas deixou marcas profundas na vida do povo brasileiro. Até hoje, as expectativas da população brasileira diante de seus políticos carregam marcas de como Vargas conduziu seu regime.
É por isso que esse período precisa ser estudado e analisado. É um tema tão importante para entender nossa realidade atual que a Brasil Paralelo produziu um filme sobre a Era Vargas.
Assista agora Era Vargas — O Crepúsculo de um ídolo. Entenda todos os impactos da Era Vargas que continuam influenciando nossa política atual.
Vários historiadores e jornalistas renomados foram reunidos para explicar um dos momentos mais importantes da história brasileira.
Todo esse conteúdo é gratuito, mas, com apenas 10 reais mensais, você pode ter acesso a muito mais:
Assine agora e torne-se membro da Brasil Paralelo. Além de desbloquear parte do nosso conteúdo, você garante que mais brasileiros tenham acesso às nossas produções.
Temos muito mais conteúdo disponível. Com apenas uma assinatura, você pode desbloquear todo o conteúdo da Brasil Paralelo!
Conheça nosso melhor plano, o Premium:
Mas, se, por qualquer motivo, você preferir não continuar conosco, efetuaremos o reembolso imediato do seu investimento.
Basta enviar um simples e-mail, sem nenhuma burocracia. São 7 dias de garantia para você experimentar o Premium. Assine agora.
Comente e compartilhe. Quem você acha que vai gostar de ler sobre o que foi a Revolução de 1930?
A Brasil Paralelo é uma empresa independente. Conheça nossas produções gratuitas. Todas foram feitas para resgatar os bons valores, ideias e sentimentos no coração de todos os brasileiros.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP