A população na faixa de Gaza vive uma situação de pobreza. Segundo dados da ONU, a taxa de desemprego na região atingia 45%, chegando a 60% entre jovens, antes do início da guerra entre Israel e Hamas.
Na mesma época, aproximadamente 80% da população na região dependia de ajuda humanitária para sobreviver.
Mesmo assim, o Hamas, grupo que administra a região, acumula armas, drones e recursos financeiros para o braço armado da organização, as Brigadas Al-Qassam.
Estimativas divulgadas pelo NBC News apontam que apenas o orçamento militar anual do Hamas pode atingir a quantia de US$350 milhões.
Em 2014, as Forças de Defesa de Israel avaliaram em US$90 milhões o custo da rede de túneis militares que o grupo construiu em Gaza.
Para juntar esses valores estratosféricos, o grupo utiliza diversas fontes de renda. A seguir, saiba quais são:
Desde a Revolução Islâmica de 1979, o Irã se apresenta como um inimigo do Estado de Israel.
O principal líder da revolução, Aiatolá Khomeini, se referia ao país como “pequeno satã”, enquanto os Estados Unidos seriam o “grande satã”.
Há décadas, a República xiita tem enfrentado Israel de forma indireta, financiando e armando grupos que se proponham a atacar o país.
O nome dessa estratégia é guerra por procuração, quando um conflito entre duas nações poderia ser arriscado demais e, para evitar o choque direto, são utilizados terceiros.
Nesse cenário, o Hamas seria um “proxy” do Irã, ou seja, um grupo ou instituição que recebe o apoio de um país para enfrentar um inimigo em comum.
Segundo um relatório elaborado pelo Departamento de Estado dos EUA, o país repassou aproximadamente US$100 milhões para grupos radicais islâmicos na região da Palestina em 2021.
O relatório afirma que o valor foi dividido entre três organizações, sendo elas a Jihad Islâmica Palestina, a Frente Popular pela Libertação da Palestina e a principal delas, o Hamas.
O governo do Catar é outro Estado que envia grandes remessas de dinheiro para o grupo terrorista.
Segundo reportagem da CNN, desde 2018 o governo do Catar tem enviado remessas mensais de US$15 milhões para a Faixa de Gaza, a região é controlada pelo grupo terrorista.
O governo de Israel nunca se opôs aos envios. Pelo contrário, o chefe do serviço de inteligência israelense, Yossi Cohen, chegou a enviar uma carta ao emir do Catar, em que agradece pela ajuda humanitária:
"Esta ajuda sem dúvida desempenhou um papel fundamental na obtenção da melhoria contínua da situação humanitária na Faixa de Gaza e na garantia da estabilidade e segurança na região"
Os envios eram realizados inicialmente através de malas de dinheiro, entregues por funcionários do governo do Catar nas mãos de membros do grupo terrorista.
Posteriormente, em 2021, a ONU assumiu a responsabilidade pelas transferências, após Israel e o Egito se negarem a autorizar a entrega de remessas dessa forma.
Segundo os dois países, o envio de recursos diretamente através de malas de dinheiro não permitiam o rastreio dos recursos e ajudavam o grupo a utilizar o dinheiro para operações militares.
Uma das principais fontes de renda do grupo terrorista são as doações que recebe de simpatizantes, tanto na Palestina como ao redor do mundo.
Muitos dos recursos enviados chegam sob a premissa de cumprir com o zakat, uma prática religiosa que consiste em um repasse anual de recursos para caridade.
O grupo costuma informar que os recursos não serão utilizados para seu braço militar, mas sim como forma de apoiar causas sociais e humanitárias.
O pesquisador Matthew Levitt, autor de “Hamas: Pensamento e Prática Política”, explicou à BBC como o grupo manipula as boas intenções de doadores “não dizem que os fundos vão financiar o Hamas, mas em vez disso, colocam a fotografia de uma criança ensanguentada”.
O Hamas administra a Faixa de Gaza desde 2007, quando expulsou as forças da Autoridade Nacional Palestina, comandada pelo partido Fatah, do estreito de terra.
Uma vez com o domínio sobre a região, o grupo tem tributado os negócios estabelecidos.
Segundo reportagem da NBC News, além de taxar os negócios legais de Gaza, o grupo impõe tributos extraoficiais para contrabandistas, que renderiam até US$450 milhões por ano.
O Hamas também conta com uma ampla carteira de investimentos ao redor do mundo. Segundo o Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), o Hamas tem um Gabinete de Investimento Internacional que controla uma soma de US$500 milhões.
As operações variam entre investimentos no ramo imobiliário e participações em empresas de países muçulmanos, como:
Boa parte dos recursos que o grupo recebe de doadores internacionais e de investimentos são repassados através de contas de criptomoedas. Isso possibilita que sejam recebidas de forma mais rápida e dificilmente rastreável.
Ari Redboard, chefe de uma empresa especializada em tecnologias de blockchain chamada TRM Labs, afirmou à BBC que “o Hamas foi um dos primeiros grupos a usá-las ou pelo menos a pedir que as doações fossem feitas em criptomoedas”.
A empresa também afirma que o Departamento de Justiça do Governo Americano derrubou mais de 150 contas associadas ao grupo em 2020.
Esses recursos têm alimentado o Hamas em seu conflito contra o Estado de Israel. Há um ano a guerra entre o país e o grupo terrorista tem chocado o mundo pelas cenas de brutalidade.
Além dos bombardeios e atentados, a guerra tem acontecido no campo da narrativa, com ambos os lados disputando os corações e mentes do mundo.
A Brasil Paralelo foi além das disputas retóricas e levou suas câmeras para o Oriente Médio para entender as raízes do conflito entre Israel e Palestina.
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