O morador de Santa Catarina tinha 59 anos e morreu ontem, 13 de novembro, após um atentado terrorista na Praça dos Três Poderes em Brasília. Ele vestia um paletó verde adornado com símbolos de naipes de baralho e carregava uma mochila.
Segundo a Polícia Militar, ao chegar ao local, "policiais militares encontraram um indivíduo que aparentemente tirou a própria vida com um explosivo".
O corpo de Francisco Wanderley foi retirado do local às 9h desta quinta-feira (14) da Praça dos Três Poderes, em Brasília, informou a Agência Brasil.
Além dos explosivos que mataram Luiz, outra explosão assustou quem circulava pela Praça dos Três Poderes.
Um carro preto que supostamente pertenceria ao catarinense também pegou fogo.
Por causa do incidente, a segurança foi reforçada e as atividades na Câmara dos Deputados suspensas nesta quinta-feira, 14 de novembro.
A decisão foi anunciada no final da noite pelo presidente da Casa Arthur Lira através de ofício.
Luiz era chaveiro em Rio do Sul, cidade de 72 mil pessoas na região do Alto Vale do Itajaí, a 200 km de Florianópolis. De acordo com a Polícia Federal, Luiz se sustentava através de aluguéis de imóveis. No entanto, as informações ainda são preliminares.
Tinha ensino médio incompleto, havia se separado recentemente e concorreu a vereador de sua cidade em 2020 pelo PL. Usou o nome Tiü França, recebendo 98 votos e perdendo a disputa.
Luiz concorreu pela coligação “A Rio do Sul que você quer”, na qual estavam o Partido Liberal (PL) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT). O grupo apoiava Jean de Liz (PDT) para a prefeitura.
Na época, declarou ao TSE ter R$263mil em patrimônio, uma moto, três carros e um prédio de dois andares em Rio do Sul.
O filho de Wanderley deu entrevista ao portal Metrópoles e relatou não ter notícias do pai há meses.
“Ele tinha uns problemas pessoais com a minha mãe e estava muito abalado com a situação, e ele viajou. Foi só isso que ele falou. Ele só queria viajar. A intenção dele era ir para o Chile”.
Os perfis de Luiz no instagram e no Facebook foram apagados pouco depois das 22h de ontem. No X, sua página também não está mais disponível.
Prints de mensagens de Whatsapp mostram supostas ameaças a jornalistas e políticos. Em uma delas, estava escrito:
“Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda".
Outra publicação cita diretamente personalidades como William Bonner, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB).
“Vocês quatro são velhos sebosos nojentos. Cuidado ao abrir gavetas, armários, estantes, depósitos de materiais, etc. Início, 17h48 do dia 13/11/2024. O jogo acaba dia 16/11/2024. Boa sorte”.
Prints de WhatsApp também mostram Luiz dentro do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 24 de agosto de 2024. Ele escreveu:
“Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro) ou não sabem o tamanho das presas ou é burrice mesmo”.
A seguir, citou um trecho do livro de Provérbios que cita a soberba “precedendo a queda”.
Em uma declaração ao jornal Folha de S. Paulo, o deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC) confirmou que conhecia Luiz, que esteve em seu gabinete em diversas ocasiões no ano anterior.
A última visita ocorreu em agosto de 2024, embora não tenha se encontrado com ele nessa data.
O parlamentar destacou que Luiz aparentava estar emocionalmente abalado, frequentemente comentando sobre sua separação.
Goetten expressou sua preocupação na época, mencionando que Luiz parecia estar enfrentando dificuldades emocionais.
O deputado lamentou profundamente o ocorrido, refletindo sobre o estado emocional que Luiz demonstrava nas visitas passadas.
O incidente em Brasília gerou intenso debate político e midiático, com diferentes interpretações surgindo de vários setores da sociedade.
Grupos associados à direita comparam o caso ao de Adélio Bispo, responsável pelo atentado contra Jair Bolsonaro em 2018.
Na época, a esquerda e a direita se dividiram em posições opostas. Muitos influenciadores do campo da direita entendiam uma articulação maior e um incentivo do suposto discurso de ódio contra Bolsonaro.
Posteriormente, não foram encontrados indícios de articulação e Adélio Bispo foi confirmado pela polícia federal como uma atuação individual.
Por outro lado, grupos alinhados à esquerda argumentam que o ato de Francisco não foi isolado, mas resultado de um processo mais amplo de desafio às instituições.
Sugerem uma possível influência, ainda que indireta, de narrativas associadas a Bolsonaro e seus apoiadores.
A direita contesta essas alegações, apontando para publicações nas redes sociais de Francisco que criticavam a polarização política.
Também argumentam que o caso pode estar relacionado a problemas de saúde mental de Francisco. No entanto, relatos de sua ex-esposa, divulgados pela imprensa, indicam uma possível intenção de atacar o ministro Alexandre de Moraes.
O debate foi levantado em um momento em que a possibilidade de anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro em Brasília está em discussão.
Segundo fontes de diferentes espectros políticos, as chances de aprovação dessa medida parecem ter diminuído após as explosões.
Uma das últimas mensagens de Francisco Wanderley Luiz em suas redes sociais foi: “Tudo o que já foi feito para obtermos melhorias em nosso País e nada deu resultados!!! É hora de mudarmos os caminhos e ações!!! Onde está o grande problema? No judiciário(STF).”
A Polícia Federal segue investigando o caso. Na manhã de hoje está prevista uma entrevista coletiva para detalhar mais a situação. Este texto será atualizado assim que novas informações forem divulgadas.
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