A vitória de Davi Alcolumbre na presidência do Senado e de Hugo Motta à frente da Câmara dos Deputados deixou clara a importância das alianças dentro do Congresso brasileiro.
Alcolumbre conseguiu uma vitória quase unânime, 73 dos 80 senadores apoiaram seu nome à frente da Casa. O mesmo aconteceu com Motta, que conseguiu o apoio de 444 dos 513 deputados.
Essas votações não seriam possíveis sem uma série de acordos feitos pelos candidatos com as lideranças do PT e do PL.
Durante o programa Magna Carta, o advogado e comentarista político Ricardo Gomes falou sobre as especulações em torno desses acordos.
“A vantagem para o governo é evidente. Os dois eleitos não deixarão de servir à pauta de Lula da Silva. O próprio Alcolumbre resumiu de forma bastante clara: ‘nenhum senador tem direito de atrapalhar a agenda do governo’”. Afirmou Gomes.
O comentarista destacou que o presidente tem uma base importante no Congresso e conseguiria eleger seus candidatos:
“Lula tem a maioria no Senado e na Câmara e conseguiria eleger seus presidentes. É verdade e verá a sua agenda avançar. A base do governo fez o óbvio, o que se esperava dela: fundiram-se esquerda e centrão para formar essa sopa que governa o Brasil. Até aqui, zero surpresa.”
O acordo feito entre o governo Lula e o centrão no Congresso teria deixado a direita sem muitas alternativas.
As possibilidades que restaram foram entrar para o acordo e barganhar posições políticas ou manter uma posição mais ideológica.
Ricardo Gomes acredita que essas opções levaram a uma disputa interna dentro desse campo ideológico.
Por um lado, Marcel Van Hattem (Novo) se candidatou com uma posição ideológica clara, promovendo pautas como a anistia para os presos dos protestos de 8 de janeiro e “combater o abuso de autoridade”.
Apesar da bancada do NOVO contar com apenas quatro parlamentares, a candidatura de Van Hattem conseguiu 31 votos.
Já o PL declarou apoio a Motta e Alcolumbre após selar um acordo que teria sido negociado em parceria com o próprio Bolsonaro.
O partido conseguiu garantir a vice-presidência do Senado e da Câmara. Além disso, tanto Bolsonaro quanto o líder do PL no Senado, Wellington Fagundes, afirmaram que eles não poderiam estar fora de comissões.
“Para o eleitor médio, a ocupação de espaço político não tem valor em si. Isso só importa para os políticos. O que o eleitor quer saber é qual é o conteúdo do acordo, ou seja, para que servirão essas posições nas comissões e nas vice-presidências. E é aí que tudo fica um pouco nebuloso.” Explica Ricardo Gomes.
Os acordos feitos por Bolsonaro com os presidentes das Casas estão cercados de rumores e expectativas.
Flávio Bolsonaro chegou a dizer para o jornal Estado de Minas que Motta e Alcolumbre teriam se comprometido com a anistia.
Alcolumbre, por outro lado, afirmou durante entrevista para a Globonews que não necessariamente apoia a pauta, mas teria se comprometido a discutir o assunto:
“Na minha conversa com Bolsonaro, tratamos de liberdade partidária. Nunca houve imposição de uma agenda. Nem do PL, nem do PT. O que houve é o desejo de parte do Senado e da Câmara de debater a anistia. E nós não podemos nos furtar de debater qualquer assunto. Discutir o assunto não quer dizer que está apoiando o tema.”
Outro tema que pode ter relação com o acordo é um projeto para mudar a lei da ficha limpa, o que tornaria Bolsonaro elegível novamente, segundo o portal G1.
Ricardo Gomes destaca parte importante desses acordos pode nunca vir a público, ou nem ao menos ser cumprida:
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