Durante uma reunião discreta realizada no México, paralela à posse de Cláudia Sheinbaum como nova presidente do país, o Partido dos Trabalhadores (PT) assinou um documento do Foro de São Paulo que gerou grande repercussão nos bastidores políticos.
O texto circulou entre lideranças de esquerda da América Latina, expressando apoio à reeleição do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Deste modo, o PT reconhece sua vitória nas controversas eleições de julho, apesar das críticas internacionais sobre a legitimidade do pleito. O encontro reuniu partidos de esquerda de vários países da região, incluindo representantes de Cuba, Nicarágua e Bolívia, e resultou em uma resolução de sete páginas.
Entre elogios ao que chamaram de "iniciativas do Sul Global", liderado por China e Rússia, o documento trouxe ataques diretos a presidentes de centro e centro-direita como Daniel Noboa (Equador), Javier Milei (Argentina) e Luis Lacalle Pou (Uruguai), além de críticas incisivas ao "imperialismo" norte-americano.
No entanto, o ponto que mais chamou a atenção foi a defesa intransigente do regime de Maduro. O texto apelava ao "respeito pelas instituições democráticas da Venezuela", afirmando que as eleições refletiram a vontade do povo venezuelano. Os resultados são contestadas por diversos observadores internacionais e governos democráticos.
A resolução ainda enfatizava eventos realizados em Caracas em setembro, como o "Congresso Mundial contra o Fascismo", colocando a Venezuela como palco central da luta contra o que descrevem como uma ofensiva internacional da extrema direita.
As eleições de julho na Venezuela, marcadas pela exclusão de candidatos de oposição e pela ausência de transparência na divulgação dos resultados, foram amplamente criticadas.
O principal candidato oposicionista, Edmundo González, reivindicou vitória, sustentando que houve manipulação nos dados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão controlado por aliados de Maduro. Além disso, a exclusão de María Corina Machado, uma das principais lideranças opositoras, por alegada inelegibilidade, minou ainda mais a credibilidade do processo.
Apesar dessas controvérsias, o PT optou por uma posição de apoio ao regime venezuelano, ainda que de forma discreta no cenário doméstico. Fontes próximas à cúpula do partido sugerem que essa cautela visa evitar impactos negativos nas eleições municipais brasileiras, dado o crescente desconforto com o regime de Maduro entre eleitores da própria sigla e setores mais amplos da esquerda brasileira.
No Brasil, o posicionamento do partido sobre a Venezuela gera divergências internas. Enquanto o documento do Foro de São Paulo foi assinado em nome da legenda, membros influentes, como o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), expressaram incômodo. “Somos um partido comprometido com a democracia, e a situação na Venezuela gera constrangimento para a América Latina”, disse Lopes.
A posição petista também foi criticada por parlamentares de outros partidos. O deputado federal Messias Donato (Republicanos-ES), por exemplo, destacou a contradição do apoio ao regime de Maduro, afirmando que "o PT enxerga ‘democracia’ em um regime que destrói a liberdade e a dignidade de seu povo".
Embora o governo brasileiro, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tenha pedido a divulgação das atas eleitorais para validar o pleito, o PT segue alinhado ao Foro de São Paulo, reforçando o apoio a Maduro em um contexto de isolamento internacional.
Enquanto governos de centro-direita criticam as ações de Maduro e sua gestão das eleições, grupos de esquerda, unida por plataformas como o Foro de São Paulo, revelam sinais de coesão em defesa do líder venezuelano, o que pode ter consequências nas eleições municipais.
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