A Operação Penalidade Máxima dedica-se ao combate à manipulação de resultados e ao esquema de apostas no futebol brasileiro. A investigação se estende há meses e já levou a prisões preventivas, jogadores afastados, denunciados e a prisão preventiva de apostadores.
A operação foi deflagrada pelo Ministério Público de Goiás e as investigações já envolvem a Polícia Federal, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação Internacional de Futebol (FIFA).
Comandada pelo Ministério Público de Goiás, a Operação Penalidade Máxima está na sua segunda fase. Foi descoberto pelo MP-GO que um grupo criminoso aliciava jogadores com promessas financeiras para executar ações específicas em campo em troca de dinheiro.
Segundo a investigação, os aliciadores convenciam um jogador a cometer um pênalti no primeiro tempo de uma determinada partida, por exemplo. Os criminosos então prometiam uma quantia em dinheiro para o jogador a ser paga em duas parcelas.
A primeira, um valor de entrada, como uma promessa, antes do jogo. A segunda após o fechamento da partida.
Após convencer o jogador, os aliciadores apostam em sites de apostas o evento específico que compraram. Logo, apostaram no pênalti do jogador que convenceram a executar esta ação na partida.
Os retornos financeiros das apostas são bem altos, uma vez que são um evento bem específico dentro do jogo. Com o dinheiro obtido, os apostadores repassavam parte para os atletas.
A investigação inicialmente envolvia times da série B do campeonato brasileiro. À medida que o trabalho do MP-GO avançou, tem sido apontado que o esquema de apostas e manipulações também envolve times da série A e até times internacionais e outros campeonatos.
As investigações se iniciaram em Goiás, com apostas envolvendo o time do Vila Nova. Após apurações das autoridades, o número de envolvidos chega a 35.
Existem outros nomes citados na investigação do MP-GO, mas que ainda não constam como investigados.
Em novembro de 2022, o presidente do clube Vila Nova de Goiânia, Hugo Jorge Bravo, foi informado que o atleta Romário havia sido cooptado por um grupo de apostadores para cometer um pênalti no duelo contra o Sport.
Segundo apuração do jornal Exame, o volante do grupo seria pago para executar a ação no jogo.
O jornal Uol aponta que o presidente do Vila Nova colheu mais evidências do esquema de manipulação e entregou uma denúncia formal ao Ministério Público de Goiás.
Romário não foi escalado para a partida contra o Sport e o MP deflagrou a operação Penalidade Máxima.
Hugo Jorge Bravo apresentou evidências de que uma organização criminosa especializada em corromper atletas profissionais liderava o esquema de apostas.
Até o momento, na segunda fase da operação, nove apostadores e 15 jogadores estão entre os denunciados. A lista foi divulgada pelo Globo Esporte com base nas informações oferecidas pelo MP-GO, entre os jogadores constam:
Segundo apuração do Globo Esporte, alguns jogadores fizeram acordo com o MP: Kevin Lomónaco (zagueiro do Bragantino), Moraes (lateral-esquerdo do Atlético-GO), Nikolas Farias (volante do Novo Hamburgo-RS) e Jarro Pedroso (atacante do Inter de Santa Maria).
Os dois primeiros receberam dinheiro para receber cartão amarelo, enquanto os outros dois foram pagos para cometer um pênalti. Além deles, outras duas pessoas estão no “Rol de Testemunhas e Informantes”.
O Ministério Público de Goiás revelou também que o esquema se estendeu até jogos da Major League Soccer (MLS), liga de futebol dos Estados Unidos.
Os resultados manipulados envolveram partidas dos campeonatos estaduais brasileiros e das séries A e B do Brasileirão.
Já os apostadores são: Bruno Lopez de Moura, Ícaro Calixto, Luís Felipe Rodrigues, Pedro Gama dos Santos, Romário Hugo dos Santos, Thiago Chambó, Victor Yamasaki, Willian de Oliveira Souza e Zildo Peixoto.
Bruno Lopez de Moura é apontado como líder do grupo. Ele é dono da empresa BC Sport Management, que tem como sócia a esposa Camila da Silva Motta, também denunciada pelo MP-GO.
O empresário foi preso pela segunda vez na operação "Penalidade Máxima". Em fevereiro, da primeira, Bruno foi detido em São Paulo e ficou preso por cinco dias até conseguir habeas corpus.
De acordo com as investigações, Camila comanda as transferências realizadas para pagamento aos atletas aliciados.
Segundo consta nas investigações, a conta bancária de Camila “registrou, em apenas nove meses durante o ano de 2022, expressiva movimentação no importe de R$ 1.036.160,00 (um milhão, trinta e seis mil, cento e sessenta reais) a crédito e R$ 1.047.233,00 (um milhão, quarenta e sete mil, duzentos e trinta e três reais) a débito”.
A apuração é dos registros bancários é do jornal Globo Esporte.
O futebol já foi a grande paixão nacional, capaz de unir todos os brasileiros que vestiam a camisa amarela da seleção com orgulho. Hoje, o esporte parece cada vez menos despertar o interesse da população.
Em 2010, o DataFolha fez uma pesquisa medindo o interesse dos brasileiros em futebol. Quase 30% dos entrevistados relataram não se interessar pelo esporte.
A mesma pesquisa feita em 2018 apontou 41% de desinteresse entre os entrevistados.
Uma das maiores riquezas brasileiras, o país é o único a ostentar 5 estrelas em seu uniforme, mas nem por isso o esporte parece animar tanto a nação.
No ano de Copa do Mundo, a Brasil Paralelo lançou o documentário A Camisa Mais Pesada do Mundo. A produção promete restaurar quatro coisas:
Além disso, o documentário lança um olhar investigativo nos desafios que o futebol brasileiro precisa superar para se profissionalizar como o europeu e evitar casos de corrupção, como esses dos apostadores.
Nos sites de apostas, é possível apostar em diferentes eventos de uma partida:
E existem também os eventos secundários, os mais usados pelos apostadores e aliciadores, que englobam:
Dentro dessas opções, é possível fazer escolhas por time, por jogador ou até por tempo da partida em que o evento ocorre.
Os apostadores pagavam um jogador para ser expulso em um jogo, por exemplo. Ao convencer o futebolista, investem dinheiro na aposta do evento combinado.
As apostas esportivas funcionam com uma cota fixa, com o valor do lucro em potencial já previsto no momento da escolha, e não podem sofrer alterações.
O total é calculado com base na cotação da aposta (as chamadas "odds"), que são multiplicadas pelo montante investido.
Eventos prováveis de acontecer, contam com odds mais baixas e menor retorno. Eventos muito específicos ou improváveis, tem odds maiores e um retorno financeiro mais robusto.
De acordo com o MP-GO, as apostas eram feitas em sites como Bet365 e Betano — que são considerados vítimas no caso.
Os aliciadores abordavam os jogadores pelas redes sociais.
Um exemplo que consta na investigação é a aposta em cartões para cinco jogadores em que há a suspeita do esquema, na partida do Internacional contra o Atlético-GO.
(*Não há indícios de que houve manipulação no resultado neste jogo específico).
Nessa operação - que consta no relatório oficial do MP - o apostador colocava R$ 300 e teria um retorno de mais de R$ 110.000, ou seja, um retorno de mais de 36.667%.
Pelo artigo 41-C do Estatuto do Torcedor, a punição prevista é de prisão de dois a seis anos e multa. O texto do Estatuto do Torcedor, que será incorporado na nova Lei Geral do Esporte, diz o seguinte:
“solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado.”
Pelo atual Código Brasileiro de Justiça Desportiva, há dois artigos possíveis:
As punições previstas são as seguintes: no 243-A, há previsão de multa de R$ 100 a R$ 100 mil, seis a doze partidas de punição e suspensão de 180 a 360 dias.
No artigo 242, a punição prevista é mais pesada, com eliminação do esporte, além de multa estabelecida de R$ 100 a R$ 100 mil.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, informou em seu Twitter que determinou que a Polícia Federal instaure um inquérito para realizar “as investigações legalmente cabíveis”.
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, corrobora com a ação da PF para “centralizar as ações” e informa que está “trabalhando em conjunto com a Fifa e outras esferas internacionais para um modelo padrão de investigação”.
Ele afirmou ainda que “não há qualquer possibilidade de a competição atual ser suspensa”. As falas do presidente da CBF foram apuradas pelo jornal Exame.
Os árbitros não estão, até o momento, envolvidos em qualquer denúncia na Operação Penalidade Máxima. Segundo apuração do Uol.
As informações a seguir seguem a apuração do Uol.
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