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Morre Delfim Netto aos 96 anos

De signatário do AI-5 a amigo de Lula, Delfim Netto foi um dos homens mais influentes nos bastidores da política.

Economia
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Redação Brasil Paralelo
Comunicação Brasil Paralelo

O ex-ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, faleceu nesta segunda-feira (12/08) no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 5 de agosto de 2024

O motivo da morte não foi revelado. Os familiares divulgaram apenas uma “piora no quadro de saúde”.

O ex-ministro da Fazenda deixa sua esposa, Gervásia Diório, sua filha, Fabiana Delfim e um neto.

Repercussão

O presidente Lula lamentou a morte do economista em uma nota oficial na qual destacou a aproximação que houve entre os dois depois de seu primeiro mandato presidencial:

Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes

O governador Tarcísio de Freitas também lamentou a morte do economista em sua conta na X, destacando o papel de Delfim em sua candidatura: 

Com muita tristeza, mas muita gratidão, nos despedimos hoje do professor Delfim. Tenho profunda admiração pela genialidade e sensatez das suas contribuições para o Brasil. Poucos sabem, mas Delfim Netto foi um dos incentivadores da minha candidatura ao governo de São Paulo. Serei eternamente grato pelos seus conselhos. Meus sentimentos à sua família, com a certeza de que descansa em paz.

O ex-presidente Michel Temer também afirmou sentir a perda do homem que classificou como seu “amigo” e “orientador”:

Vai fazer falta a muitos amigos e àqueles que dele se serviram para saber quais rumos o país deve tomar. Ele prestigiava e ajudava o Brasil ao ajudar os ex-presidentes".

Conheça a história do economista:

Biografia

Delfim era neto de imigrantes italianos e nasceu em 1928, no bairro do Cambuci, na capital paulista. Sua mãe era dona de casa e costureira, enquanto seu pai trabalhava na Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC).

Netto perdeu seu pai quando ainda era criança, começando a trabalhar aos 14 anos em um escritório da indústria Gessy, atualmente parte da Unilever. 

Ainda jovem, estudou na Escola Técnica de Comércio, no período começou a escrever para o jornal O Tempo e na Folha da Tarde

Início da vida acadêmica

Em 1948, ingressou na terceira turma da Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA). Enquanto estudava na instituição passou a trabalhar no Departamento de Estradas de Rodagem (DER), onde redigiu diversos trabalhos sobre economia.

Após finalizar o curso de economia, Delfim virou assistente do professor Luís Freitas Bueno, em econometria. 

Em 1958 defendeu a tese intitulada “O problema do café no Brasil”, que lhe garantiu uma cadeira na USP. 

No mesmo ano se tornou vice-presidente da Ordem dos Economistas de São Paulo e membro do conselho editor da Revista de Ciências Econômicas.

Além das atividades acadêmicas, Delfim passou a atuar como assessor econômico da Associação Comercial de São Paulo, sendo convidado para a equipe de planejamento econômico durante o governo de Carlos Alberto de Carvalho Pinto.

Atuação no governo militar

A primeira atuação de Netto na esfera federal se deu em 1965, quando integrou o Comitê Consultivo de Planejamento, órgão que assessorava o primeiro presidente-general pós 1964, Humberto de Alencar Castelo Branco.

Por indicação do então Ministro Roberto Campos, Delfim foi integrante do Conselho Nacional de Economia.

Após o primeiro presidente “linha-dura” da ditadura militar, Arthur da Costa e Silva, ter assumido a presidência em 1967, Delfim Netto assumiu a pasta da Fazenda.

A gestão de Delfim foi marcada por medidas que resultaram em um crescimento econômico acelerado que ficou conhecido como “milagre”. 

No comando do ministério, Netto:

  • tabelou e reduziu as taxas de juros;
  • congelou os salários;
  • estabeleceu um controle de preços, que posteriormente deu origem ao Conselho Interministerial de Preços (CIP);
  • criou a Secretaria da Receita Federal;
  • desvalorizou o câmbio;
  • incentivou o consumo e exportação;
  • fortaleceu a presença de estatais na economia e
  • incentivou a construção de grandes obras.

As políticas de Netto resultaram em uma sequência de grandes aumento do PIB, puxados pelo rápido crescimento da indústria.

O país passava por um momento político de tensão, com manifestações estudantis e grupos opositores ganhando espaço no Congresso.

Para conter a oposição ao regime, o presidente Costa e Silva decretou o Ato Institucional de número cinco (AI 5), que abriu caminho para o aumento da repressão por permitir ao poder executivo:

  • decretar recesso parlamentar e restabelecer as atividades do legislativo
  • decretar intervenção nos estados
  • cassar mandatos e suspender direitos políticos
  • suspender garantias constitucionais
  • decretar e prorrogar estado de Sítio
  • decretar confisco de bens adquiridos por meios ilícitos
  • suspender habeas corpus
  • acaba com o direito a recorrer ao judiciário.

Delfim Netto foi um dos signatários do documento. Até o fim da vida, ele afirmou que, na época, o instrumento era necessário. 

Delfim se manteve como uma das figuras mais importantes do regime militar até o final do mandato de Emílio Garrastazu Médici, em 1973.

Saída do governo

Após o início do governo Geisel e do programa de “abertura lenta, gradual e segura”, Delfim deixou a pasta, sendo substituído por Mário Henrique Simonsen. 

O economista buscou ser o candidato da ARENA, partido governista, para o governo estadual de São Paulo. Como não conseguiu apoio aceitou servir como embaixador na França.

Críticas e denúncias

Com o fim da censura prévia em 1973, a gestão de Netto passou a sofrer duras críticas, principalmente por conta dos baixos salários mínimos e pelo aumento da acumulação de renda no país.

As acusações chegaram a  gerar uma CPI em 1978, que chegou a acusar o ex-ministro de ter manipulado dados econômicos

O economista também foi acusado durante um comício do deputado baiano Francisco Pinto de cobrar comissões sobre transações comerciais entre os dois países

A acusação veio de um suposto relatório que teria sido escrito pelo adido militar, coronel Raimundo Saraiva Martins. Delfim negou todas as acusações e abriu um processo contra o político.

De volta ao governo

Mesmo com as críticas e acusações, Delfim conseguiu preservar sua influência política no governo federal, sendo nomeado para o Ministério da Agricultura pelo presidente João Batista Figueiredo.

Ele foi substituído na pasta pelo ministro Ângelo Amaury Stábile, o economista passou a tocar o ministério do planejamento.

Na nova pasta, Delfim trabalhou como um ministro da Fazenda, traçando as principais diretrizes econômicas do país.

Em meio à crise da dívida, a insatisfação popular mirou em Delfim Netto, com slogans como “Estamos a fim da cabeça do Delfim” sendo proferidos em manifestações e protestos.

Com o fim do regime militar, o economista seguiu na vida pública se elegendo como constituinte em 1987 e conseguindo se eleger ao Congresso mais quatro vezes, em:

  • 1990;
  • 1994;
  • 1998;
  • 2002.

Como deputado votou pelo impeachment de Collor, apesar de ser um defensor de suas propostas econômicas mais liberais.

Delfim foi um crítico do plano real, afirmando se tratar de uma medida eleitoreira. O economista defende que apenas grandes privatizações poderiam acabar de vez com a hiperinflação.

Também foi um crítico do governo de FHC, afirmando que o presidente não buscou o desenvolvimento ao longo de seus mandatos, se preocupando mais com a reeleição:

O tempo que ele poderia ter aproveitado para fazer o desenvolvimento, ele aproveitou para se reeleger. E o que é pior: pra nada. Porque o segundo mandato foi mais lamentável que o primeiro.”

Delfim e o PT

Em 2002, Delfim declarou seu voto em Lula no segundo turno, apontando para uma aproximação entre o ex-ministro do regime militar e a esquerda que ascendia na redemocratização.

Lula indicou Delfim para compor o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão destinado a aconselhar o presidente na área econômica. O economista seguiu no órgão até o governo de Michel Temer.

Em 2006, Lula recebeu apoio de Delfim para a reeleição. O presidente chegou a pedir publicamente desculpas pelos anos de críticas ao economista.

A aproximação entre o presidente e o conselheiro era tão forte, que Delfim não poupava elogios sobre Lula:

Imagine se alguém precisa soprar alguma coisa para o Lula! O Lula, na verdade, é uma inteligência absolutamente privilegiada. Ele é um diamante bruto – e eu acho ótimo que não tenha sido lapidado, caso contrário ele teria restrições que não tem.

Delfim recebeu o governo Dilma com otimismo, acreditando que Dilma teria uma postura mais próxima à de Lula, chegando a afirmar em uma entrevista concedida à revista OAB-CAASP que:

Também acho que a Dilma vai se sair muito bem. Ela é uma tecnocrata que leu os mesmos livros que a gente, trabalhadora, e está enfrentando problemas que ninguém ousava enfrentar.”
A partir de 2012, começou a se distanciar de Dilma, publicando artigos críticos à forma como a ex-presidente administrava a economia, como relatado pelo próprio economista:
O limite superior da minha tolerância foi quando ela transformou dívida pública em superávit primário. Aí eu parei porque era inútil falar”.

Apesar de seu apoio aos governos petistas, foi um grande apoiador de Michel Temer, algo relembrado pelo ex-presidente:

Ele foi uma espécie de conselheiro quando eu assumi. Ele nos dava os melhores conselhos e sempre teve uma atuação discreta. Me tornei muito amigo do Delfim. Nós almoçamos pelo menos uma vez por mês para trocarmos ideia.”

Com a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, Delfim se tornou um crítico, chegando a afirmar que “o governo está se derretendo”. 

O ex-ministro também chegou a afirmar que acreditava em uma eleição de Lula já no primeiro turno, declarando seu voto no presidente.

Lava Jato

Delfim Netto chegou a ser investigado pelo Ministério Público Federal pelo recebimento de propina da Odebrecht

O ex-ministro teria recebido R$15 milhões em troca da ajuda na formação do consórcio Norte Energia, que construiu a usina de Belo Monte, no Pará.

Segundo a investigação, o valor seria o equivalente a 10% dos valores totais distribuídos entre o PT e o MDB.

Na ocasião, o juiz Sérgio Moro chegou a determinar o bloqueio de R$4 milhões das contas de Delfim e de suas empresas.

Em sua defesa, o ex-ministro afirmou ter recebido “R$3 milhões como honorários, em parcelas e de várias fontes. Tudo declarado”.

A morte do economista encerra uma das trajetórias mais longevas e importantes da história política do Brasil

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