No planalto de Gizé, no Egito, as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos erguem-se como testemunhas silenciosas de 4.500 anos de história.
Agora, uma possível descoberta pode transformar o que sabemos sobre esse marco da humanidade: arqueólogos afirmam ter encontrado sinais de uma cidade subterrânea sob o solo onde fica a pirâmide de Quéops.
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Iniciado em 2023, o estudo usou radar de penetração no solo (GPR) para mapear o subsolo, revelando o que parecem ser ruas, casas e até templos a cerca de 10 metros de profundidade. A tecnologia utilizada nas pesquisas se baseais em técnica de radar de alta frequência, similar àquela utilizada para cartografar o leito do oceano.
As imagens obtidas teriam revelado a presença de oito pilares enterrados sob a Pirâmide de Quéfren. Além disso, foram identificados poços cilíndricos com uma profundidade de 640 metros, interligados a câmaras cubiculares com 80 metros cada. Este complexo seria aproximadamente dez vezes maior que as pirâmides em si, composto por vários níveis e túneis conectados por passagens em espiral. Os autores destas descobertas sugerem que o local poderia estar ligado às lendárias "Salas de Amenti", mencionadas na tradição egípcia como um reino mitológico situado abaixo da superfície terrestre.
A equipe que descobriu a cidade foi liderada pelo arqueólogo egípcio Zahi Hawass. De acordo com a pesquisa, o local, data da IV Dinastia (2600 a.C.) e não era apenas um cemitério monumental, mas um espaço vivo, talvez até lar dos trabalhadores que ergueram as pirâmides ou um centro cerimonial dos faraós.
Tudo começou com uma pesquisa de rotina.
O GPR, tecnologia que “enxerga” através da terra, detectou estruturas incomuns no local. Após meses de análise, os pesquisadores concluíram que os sinais formam uma rede organizada de construções, sugerindo uma comunidade esquecida:
“Se isso se confirmar, será uma das maiores descobertas do século”, declarou Hawass em entrevista.
O cientista imagina um cenário interessante: uma cidade que abrigava milhares de pessoas, com ruas movimentadas e templos dedicados aos reis divinos do Egito Antigo.
Para os entusiastas, o radar é uma ferramenta confiável — já revelou tumbas em Saqqara —, e os padrões detectados em Gizé reforçam a tese de algo grandioso escondido sob a areia.
As supostas “descobertas” derivam de um estudo iniciado em 2022, mas até agora não apareceram em publicações acadêmicas renomadas nem foram submetidas à revisão dos principais especialistas no tema.
Essa ausência de provas sólidas levou um grupo de especialistas em Egito Antigo a duvidarem da existência da tal cidade subterrânea.
O professor Lawrence Conyers, em entrevista ao DailyMail, questionaram a capacidade do radar de penetração no solo.
Embora reconheça que possa existir algo sob a pirâmide de Quéfren, Conyers sugere que seriam estruturas bem menores do que o Projeto Khafre afirma, segundo ele, talvez apenas poços ou pequenas câmaras. Para ele, escavações focadas seriam o caminho para obter informações mais confiáveis.
Mark Lehner, egiptólogo americano e especialista em Gizé é outro cético. Ele questiona a interpretação dos dados:
“E se forem apenas cavernas naturais ou depósitos de sedimentos?”
Em artigo na revista Nature, Lehner argumenta que o GPR, embora útil, pode gerar falsos positivos.
Ele lembra que a história já viu promessas arqueológicas desmoronarem por falta de provas físicas e cobra escavações para validar as alegações.
Lehner afirma que: “sem investigar o solo especificamente, é especulação.”
Outros cientistas adotam uma posição intermediária: reconhecem o potencial da descoberta, mas pedem paciência até que evidências concretas cheguem à luz.
O governo egípcio já deu o primeiro passo e autorizou uma escavação preliminar para 2025. A tarefa, porém, é cheia de desafios.
O planalto de Gizé é Patrimônio Mundial da Unesco, o que faz com que as pirâmides sejam extremamente cuidadas para evitar danos às pirâmides.
Além disso, os custos são altos, e os riscos logísticos — como desestabilizar o sítio — preocupam autoridades e pesquisadores.
Enquanto o plano avança lentamente, o público acompanha com fascínio.
Teorias pipocam nas redes: seria uma cidade perdida dos faraós? Um segredo guardado por milênios? A imaginação corre solta, mas a ciência busca respostas firmes.
O embate entre os dois lados só começou. Hawass e sua equipe defendem que o radar oferece pistas sólidas de uma civilização oculta.
“Estamos prestes a reescrever a história do Egito”, diz o arqueólogo, com otimismo contagiante. Já os críticos, como Lehner, mantêm o pé no chão: “Precisamos de pás, não de promessas”.
As escavações de 2025 serão o teste final. Se confirmada, a cidade subterrânea pode revelar quem vivia à sombra das pirâmides — trabalhadores exaustos, sacerdotes misteriosos ou até uma sociedade inteira esquecida pelo tempo. Por ora, Gizé segue envolto em mistério, desafiando o mundo a descobrir o que jaz sob suas areias douradas.
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