O presidente Lula passou o último final de semana na Etiópia para participar das reuniões da União Africana, órgão de acordos sociais e econômicos dos países africanos. Antes de sua participação, Lula se encontrou com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh.
No domingo, em uma coletiva de imprensa, Lula realizou um discurso que trouxe uma rara sanção no cenário internacional.
No discurso de abertura da União Africana, Lula disse:
"Quando vejo países ricos parando de contribuir com ajuda humanitária para os palestinos, eu me pergunto sobre a consciência política e o coração solidário dessas pessoas. Não estamos falando de uma guerra comum na Faixa de Gaza, mas de um genocídio. Não é uma luta entre soldados, mas um ataque contra mulheres e crianças.
[...] Na ONU, o Brasil vai defender que o Estado palestino seja reconhecido definitivamente como um estado pleno e soberano. Lembro que, em 2010, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o estado palestino. Temos que ser grandes em momentos como este.
O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino é algo que só se viu na história quando Hitler decidiu exterminar os judeus. É inacreditável que, num tema tão grave, a ajuda humanitária possa ser cortada. Quem vai ajudar a reconstruir as casas destruídas? Quem vai cuidar das vidas das mais de 30 pessoas que morreram e das 7 que estão feridas? Precisamos devolver a vida a essas pessoas".
A fala ganhou repercussão internacional. No mesmo dia, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, publicou em suas redes sociais:
"As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender.
Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até à vitória completa e fá-lo ao mesmo tempo que defende o direito internacional.
Decidi com o chanceler Israel Katz convocar imediatamente o embaixador brasileiro em Israel para uma dura conversa de repreensão".
Após a publicação, o governo israelense formalizou a sanção contra Lula, considerando-o oficialmente como "persona non grata".
A sanção "persona non grata" faz com que a pessoa deixe de ser aceita pelo governo do Estado que fez a declaração.
Aqueles que sofrem a sanção não são reconhecidos como membros da missão diplomática, não recebendo o status diplomático ou consular, as imunidades e os privilégios garantidos internacionalmente para visitar aquele país.
Após formalizarem a sanção contra Lula, o Ministro das Relações Exteriores de Israel levou o embaixador brasileiro para o museu do Holocausto do país. Em fala à imprensa, o Ministro disse:
"[...] as coisas que o presidente do Brasil, Lula, disse, ao comparar a guerra justa do Estado de Israel contra o Hamas, que assassina e massacra judeus, com Hitler e os nazistas, são uma vergonha e uma desonra e constituem um grave ataque antissemita contra o povo judeu e o Estado de Israel.
E eu peço para transmitir ao presidente, em meu nome e em nome dos cidadãos do Estado de Israel, que nós não perdoaremos e ele é uma personalidade indesejada no Estado de Israel enquanto ele não se retratar e pedir desculpas pelas palavras."
Além do Estado de Israel, comunidades judaicas também criticaram Lula. Segundo a Confederação Israelita Brasil:
"O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A CONIB pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país".
Lula ainda não respondeu às declarações e sanções feitas por Israel. Hoje (19/02), o embaixador do Brasil em Israel foi chamado pelo governo para retornar ao Brasil "para consultas", segundo documento obtido pelo jornal Poder 360.
Na mesma coletiva de imprensa, Lula foi questionado sobre a expulsão de funcionários da ONU da Venezuela pela ditadura de Maduro. Em resposta, ele afirmou:
"Eu não tenho informações sobre o que está acontecendo na Venezuela. Eu posso responder essa pergunta com precisão quando eu chegar no Brasil e ter uma reunião com a política externa".
Ao ser questionado sobre a morte do principal opositor de Putin, Alexey Navalny, que já havia sofrido tentativas de assassinato, Lula respondeu:
“Se a morte está sob suspeita, temos que primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu. Senão você julga agora que foi não sei quem que mandou matar e não foi. Depois você vai pedir desculpas? Para que essa pressa de acusar alguém”.
Embora a relação Brasil-Israel esteja abalada, nem sempre foi assim. Oswald Aranha, diplomata brasileiro, teve um papel significativo no processo de fundação do Estado de Israel.
Como presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1947, Aranha conseguiu adiar a votação da resolução da formação de Israel. Sua intenção era permitir mais tempo para negociações para garantir o apoio necessário para a aprovação do plano.
Sua intervenção foi decisiva para a mobilização de votos favoráveis à partilha, especialmente entre os países latino-americanos.
A Resolução 181 foi finalmente aprovada em 29 de novembro de 1947, com 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções. A aprovação desta resolução marcou um momento histórico, tendo pavimentado o caminho para a declaração da independência de Israel em 14 de maio de 1948.
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