Joe Biden desiste da disputa eleitoral nos Estados Unidos e anuncia apoio a Kamala Harris

O anúncio ocorre há quatro meses das eleições e altera completamente a dinâmica da disputa à Casa Branca. ‍

O anúncio ‍

O anúncio ocorreu após semanas de tensão dentro do Partido Democrata e surpreendeu até mesmo sua equipe. 

A decisão anunciada no domingo à tarde foi repentina. O jornal Washington Post reportou que o presidente informou à sua equipe sênior que pretendia desistir apenas na tarde de domingo. De acordo com a publicação, funcionários teriam confirmado no domingo de manhã que Biden permaneceria na disputa. 

O motivo para desistir

A decisão foi tomada após intensa pressão do Partido Democrata. Desde o primeiro debate presidencial contra Donald Trump, no dia 27 de julho, Biden tem sido constantemente questionado sobre suas condições de saúde física e mental para liderar o país por mais quatro anos.  

Uma pesquisa revelada pelo Washington Post/ABCNews Ipsos revelava que 56% dos americanos acreditavam que o democrata “deveria se afastar e permitir que seu partido encontrasse outra pessoa para concorrer”. Outra pesquisa, divulgada pela Associated Press e pela NORC no dia 17 de julho afirma que dois terços dos democratas gostariam que o presidente desistisse da disputa. 

A idade avançada do candidato era uma preocupação desde o início do eleitorado. O presidente tem atualmente 81 anos. No entanto, foi o desempenho de Biden no debate que fez com que a preocupação do eleitorado de Biden sobre suas condições de saúde aumentasse. 

No debate realizado pela CNN, em que ele se confundiu ao responder sobre o sistema de saúde norte-americano e deixou respostas incompletas, que causaram preocupação no eleitorado.

Outra ocasião que corroborou a impressão de que ele enfrenta problemas cognitivos foi a cúpula da Otan. No evento, Biden confundiu o presidente Vladimir Putin com Zelenski:  

“Quero passar a palavra ao presidente da Ucrânia, que tem tanta coragem quanto determinação. Por favor, deem as boas-vindas ao presidente Putin”, afirmou. 

Em uma terceira ocasião, em uma coletiva de imprensa realizada no dia 11 de julho, ele trocou o nome de Kamala Harris pelo de Donald Trump. 

O apoio a Kamala Harris

Joe Biden também anunciou que irá apoiar a vice-presidente, Kamala Harris, como candidata do Partido Democrata à eleição. 

Em sua rede social realizou uma publicação em que aparece ao lado da vice:

“Meus colegas democratas, 

decidi não aceitar a nomeação e concentrar todas as minhas energias nas minhas funções como Presidente pelo restante do meu mandato. Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha Vice-Presidente. E essa foi a melhor decisão que tomei. Hoje, quero oferecer meu total apoio e endosso para que Kamala seja a candidata do nosso partido este ano. Democratas — é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso”.

O presidente também afirmou que na próxima semana irá falar mais sobre a decisão. 

Reação de Donald Trump

O ex-presidente Donald Trump reagiu. Ele afirmou à CNN que será mais fácil derrotar Kamala Harris do que Joe Biden.

Em sua rede social Truth Social, ele afirmou que Biden “certamente não está apto a servir nem nunca esteve”. 

Também chamou o atual presidente dos Estados Unidos de desonesto e corrupto. 

‍“Todos ao seu redor, incluindo seu médico e a mídia, sabiam que ele não era capaz de ser presidente, e ele não era”, afirma o republicano. 

‍“Sofremos muito por causa de sua presidência, mas vamos corrigir rapidamente o dano que ele causou”, afirmou. FAÇA A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!”, afirmou.

O republicano ainda sugeriu que Biden deve renunciar:

‍“Se ele não pode concorrer, não pode ser presidente dos Estados Unidos”.

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Leia a íntegra da carta de desistência de Joe Biden à Casa Branca

Leia a tradução da carta de desitência de Joe Biden:

Meus queridos americanos,

Nos últimos três anos e meio, fizemos grandes progressos como nação.

Hoje, a América tem a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução de nossa nação, na redução dos custos de medicamentos prescritos para idosos e na expansão do atendimento de saúde acessível para um número recorde de americanos. Prestamos cuidados extremamente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovamos a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeamos a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. E aprovamos a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve melhor posicionada para liderar do que estamos hoje.

Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, superamos uma pandemia de uma vez por século e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças ao redor do mundo.

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Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre apenas em cumprir meus deveres como presidente pelo resto do meu mandato.

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Falarei à nação mais detalhadamente sobre minha decisão ainda esta semana.

Por enquanto, permitam-me expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tão duro para me ver reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo esse trabalho. E permitam-me expressar minha sincera gratidão ao povo americano pela fé e confiança que vocês depositaram em mim.

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Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer quando fazemos juntos. Só temos que lembrar que somos os Estados Unidos da América.

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