Javier Milei será investigado por ter divulgado uma criptomoeda usada em um suposto golpe.
A oposição já anunciou que vai abrir um pedido de impeachment contra o presidente por causa do caso.
Javier Milei usou sua conta no X, com 3,8 milhões de seguidores, para divulgar o projeto “Viva La Libertad”.
A iniciativa buscaria investir em pequenos negócios e startups argentinas para fortalecer a economia do país. O grupo responsável anunciou que usaria sua própria cripto moeda, a $LIBRA:
“Como símbolo deste movimento e em homenagem às ideias libertárias de Javier Milei, estamos lançando o token $LIBRA, criado para fortalecer a economia argentina desde a base, apoiando o empreendedorismo e a inovação.” Está escrito no site oficial do projeto.
O presidente deixou uma mensagem de apoio fixada em sua conta oficial por cerca de 5 horas, onde descrevia a ação como "um projeto privado" dedicado a "incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos".
A postagem terminava com a mensagem "o mundo quer investir na Argentina” e um link que levava diretamente para investir na $LIBRA.
Após o anúncio, milhares de pessoas começaram a investir no ativo, fazendo o valor da moeda digital subir de US$0,000001 para US$5,20 em pouco tempo. Horas depois, a $LIBRA se desvalorizou de forma meteórica.
Isso aconteceu porque quase 80% do ativo estava sob controle de poucos investidores, que venderam tudo quando a moeda ganhou valor.
Toda a operação teria durado aproximadamente duas horas e mobilizou cerca de US$4,4 bilhões.
Em entrevista para a Associated France Press, o especialista em esquemas de pirâmide, Javier Smaldone, disse que pode ter se tratado de um esquema chamado “tapete puxado”.
O especialista conta que o golpe se baseia em criar um ativo com um valor inicial baixo e usar campanhas publicitárias para fazer as pessoas comprarem, aumentando o valor.
Quando o ativo alcança uma valor máximo, os criadores vendem suas partes e deixam o esquema colapsar:
"As pessoas vão comprando, o valor daquele ativo vai subindo [...] até que chega um momento em que aqueles que administram a liquidez retiram o dinheiro e a coisa entra em colapso". Explica Smaldone.
Segundo o especialista, os responsáveis pela operação divulgada por Milei teriam conseguido roubar algo em torno de US$107 milhões.
O presidente apagou a postagem em que divulgava a iniciativa e buscou se justificar na madrugada de sábado para domingo:
"Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, depois que tomei conhecimento, decidi não continuar difundindo-o"
Pouco tempo depois, a conta oficial do escritório do presidente fez uma publicação onde disse que Milei participou de algumas reuniões com representantes da iniciativa:
“O Presidente Javier Milei se reuniu com os representantes do KIP Protocol na Argentina, onde a empresa expressou sua intenção de desenvolver um projeto chamado ‘Viva la Libertad’ para financiar empreendimentos privados na República Argentina utilizando tecnologia blockchain.”
A publicação segue afirmando que o presidente “não participou de nenhuma fase do desenvolvimento da criptomoeda” e afirma que ele acionou o Escritório anticorrupção para investigar o caso.
“O Presidente Javier Milei decidiu dar intervenção imediata à Oficina Anticorrupção (OA) para determinar se existiu alguma conduta imprópria por parte de qualquer membro do Governo Nacional, incluindo o próprio Presidente”.
O bloco de partidos da oposição, liderado pelos peronistas, no Congresso anunciou que vai apresentar um pedido de impeachment ainda nesta segunda-feira (17).
A ex-presidente Cristina Kirchner, uma das principais líderes do peronismo, chamou o Milei de “golpista de criptomoedas”, acusando o presidente de operar “como um gancho para um golpe digital".
Milei não é o primeiro político que se envolve em polêmicas ligadas ao mundo das criptomoedas.
Donald Trump e sua esposa criaram moedas digitais próprias no mês passado. Críticos acusam o presidente de conflito de interesses, já que falou em defender esse tipo de ativo durante a campanha.
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais gente tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos vocês.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo. Clique aqui.
A Brasil Paralelo traz as principais notícias do dia e os melhores conteúdos com análises culturais para todos os inscritos na newsletter Resumo BP.
Tenha acesso as principais notícias de maneira precisa, com:
Quanto melhor a informação, mais clareza para decidir.
Inscreva-se no link a seguir para receber o Resumo BP todos os dias da semana em seu email - RESUMO BP
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP