Com mais de 5 bilhões de visualizações no Youtube, a música Gangnam Style se tornou um dos maiores sucessos da história da internet. Ela pertence ao cantor sul-coreano Psy. A música abriu um caminho para que mais produtos culturais da Coreia do Sul se tornassem sucessos no Ocidente, esse movimento é conhecido como Hallyu, que significa “onda coreana”.
Mais exemplos desses produtos são o filme Parasita, a primeira produção não gravada em inglês a ganhar o Oscar, e a série de sucesso, Round 6, que conta sobre um jogo macabro em que pessoas são colocadas em disputas mortais em busca de dinheiro.
O sucesso dessas produções não é uma coincidência. A Coreia do Sul financia um projeto de expandir a sua cultura pelo mundo. Na geopolítica, tal estratégia é conhecida como soft power, uma maneira de ter força sem depender de disputas militares. Junto ao Brasil, o país é um dos poucos a ter um ministério dedicado à cultura.
O K-Pop é um destaque da cultura sul-coreana. O grupo mais famoso do gênero, chamado BTS, conta com mais de 75 milhões de seguidores no instagram e é dono do recorde registrado no Guinnes de banda masculina mais ouvida no Spotify. Esses números mostram o tamanho do gênero em todo o planeta.
Com tanta audiência, vem junto uma quantidade enorme de dinheiro. Segundo o G1, o grupo rende cerca de 4,7 bilhões de dólares para a Coreia do Sul. Segundo a jornalista Euny Hong em seu livro “The Birth of Korean Cool”:
“Acontece que o governo coreano trata a indústria do K-Popda maneira como o governo americano trata a indústria automobilística e os bancos, o que significa que essas são indústrias que precisam ser protegidas”.
Empresas privadas também possuem interesse no movimento e ganham dinheiro com patrocínios e agências. Com estímulo do Estado e o interesse comercial, surgiu uma verdadeira fábrica de “idols” como são chamadas as celebridades do K-Pop.
Agências como SM, YG, JTP e a HTBE, construíram centros de treinamento dedicados a transformar adolescentes e pré-adolescentes em futuros astros. Nestes lugares, eles aprendem a desfilar, posar para fotos, dançar e cantar.
As agências criam padrões tão rigorosos que não faltam relatos de jovens que desenvolveram transtornos alimentares e mentais.
“Uma vez, no meu aniversário, o meu pai apareceu na agência para me ver.”, contou Way, ex-integrante do Crayon Pop, “Mas a agência mandou ele embora. É tão rigoroso que não podemos nem mesmo ver nossas famílias”.
Separados de suas famílias e sendo vigiados durante todo o dia, eles são levados ao limite da resistência física e psicológica. Ainda não satisfeitas, as agências forçam esses jovens a fazerem dietas agressivas para atingirem o padrão de beleza do K-Pop.
“Eu não comia nada de manhã, comia apenas salada à tarde e novamente não comia nada à noite. Eu acho que eu consumia cerca de 300 calorias por dia. Eu realmente não tinha forças. Eu também tive crises de anemia. Eu achava que eu ia morrer. Esse era o meu nível de determinação.”, contou uma das jovens em treinamento.
A cultura patológica da magreza no K-Pop não é um problema que afeta apenas os cantores. Ela transborda para uma legião de fãs ao redor do mundo.
Em reportagem de 2022 para o BuzzFeed, a jornalista Allison Jiang investigou comunidades em redes sociais dedicadas ao culto dos “idols” e da magreza. Nelas, meninas entre 15 e 19 anos são expostas a conteúdos relacionados a transtornos alimentares com a intenção de “fazer os membros se engajarem em comportamentos patológicos com o objetivo de ficarem mais magros”.
Além das agressivas dietas, as cirurgias plásticas são compreendidas como um caminho para atingir o padrão de beleza estipulado pela indústria do K-Pop. Comparações entre a aparência dos cantores antes e depois da fama revelam a perturbadora cultura de transformações faciais através de cirurgias plásticas.
Em 2023, Kyuhyun, integrante do grupo Super Junior, trouxe a público uma denúncia confirmando os rumores de que muitos “idols” são forçados pelas agências a se submeter aos procedimentos cirúrgicos sob pena de demissão.
Referindo-se à agência SM Entertainment, ele afirmou: “eu não tinha pálpebras duplas. Eu passei a ter após minha estreia porque a gravadora me obrigou”.
A cirurgia de pálpebras duplas, que consiste em criar uma dobra visível na pálpebra, dando aos olhos um contorno mais ocidentalizado, é uma das mais populares no meio no K-Pop. Também são muito procuradas as rinoplastias para redução do nariz e as cirurgias “V-Line” que remodelam o maxilar em um formato “V”.
Por influência de suas celebridades do cinema e, sobretudo, do K-Pop, a Coreia do Sul se transformou na capital mundial da cirurgia plástica, com a maior quantidade de procedimentos per capita do planeta.
Ainda há muito mais a ser revelado sobre o K-Pop. Casos chocantes foram registrados e denúncias perturbadoras feitas. Para ganhos de alguns, a vida de jovens têm sido severamente danificadas.
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