O Irã não tem bombas nucleares. A doutrina de defesa do país, elaborada em 2004 por meio de um decreto religioso, impede a produção ou aquisição de armas de destruição em massa, principalmente atômicas.
Apesar disso, líderes ocidentais temem há décadas que o país esteja trabalhando clandestinamente na construção de artefatos do tipo.
A Agência Internacional de Energia Atômica (IAAE) afirma que o país consegue enriquecer urânio com até 60% de pureza, apenas um passo técnico dos 90% necessários para armamentos.
Segundo o relatório divulgado pela agência em agosto, o Irã teria aumentado em 16% suas reservas de material enriquecido.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Anthony Blinken, afirmou em julho que a República xiita precisaria de apenas uma ou duas semanas para produzir o material radioativo necessário para fabricar armas nucleares.
Uma vez que o país atingisse a produção necessária de urânio enriquecido, o governo iraniano ainda enfrentaria uma série de dificuldades para efetivamente construir uma bomba.
A principal seria desenvolver um dispositivo para iniciar a reação em cadeia responsável pela explosão.
Segundo um relatório divulgado pelo Congresso dos Estados Unidos em março deste ano, o “Irã ainda não possui um projeto viável de arma nuclear ou um sistema de detonação explosiva adequado”.
O relatório também afirma, com base nos dados levantados pelos observadores internacionais, que o processo de confecção do detonador do explosivo poderia durar “vários meses”.
Em setembro, o governo dos Estados Unidos e do Reino Unido anunciaram que têm evidências de que o Irã está fortalecendo seus laços militares com o governo de Vladimir Putin.
Segundo os países ocidentais, o Irã estaria fornecendo mísseis balísticos para ajudar as tropas russas na guerra contra a Ucrânia e, em troca, receberia tecnologia.
Anthony Blinken chegou a comentar o caso durante uma visita na Inglaterra:
"Por sua vez, a Rússia está compartilhando a tecnologia que o Irã busca. É uma via de mão dupla, incluindo questões nucleares, bem como algumas informações espaciais."
Ainda não é claro o impacto da aliança; porém, a ajuda de especialistas russos e informações privilegiadas podem acelerar o processo de fabricação de armamentos nucleares.
No dia 5 de outubro, um terremoto de magnitude 4.4 atingiu a província de Semnan, no norte do Irã.
Logo após a notícia chegar ao público, internautas começaram a especular sobre a possibilidade de se tratar de um teste nuclear subterrâneo.
As teorias pareciam ganhar força com a localização do epicentro do terremoto.
A Foundation for Defense of Democracies acusa o regime iraniano de ter construído locais para testes nucleares subterrâneos na província de Semnan no início dos anos 2000, antes da doutrina de segurança atual.
Segundo o instituto, as construções teriam sido descobertas após a inteligência israelense encontrar documentos confidenciais.
O Ministério das Relações Exteriores iraniano, por outro lado, nega que as estruturas existam e afirma que o objetivo da Fundação é:
"produzir e disseminar mentiras, encorajar, consultar, fazer lobby e realizar campanhas de propaganda negativa contra a República Islâmica com o objetivo de desempenhar um papel efetivo na imposição e intensificação de sanções econômicas."
Ainda assim, o governo iraniano admite ter um centro de lançamentos espaciais e um quartel-general de mísseis na região.
A profundidade rasa do tremor, inferior ao necessário para a realização de um teste subterrâneo, no entanto, parece enfraquecer as teorias.
A província em questão também tem uma atividade sísmica elevada, fazendo com que a possibilidade de se tratar de um terremoto natural seja muito forte.
O governo iraniano tem fortes laços com grupos terroristas e milícias espalhadas pelo Oriente Médio.
Ao financiar essas organizações, o país consegue aumentar sua influência na região e atacar seus inimigos sem a necessidade de um conflito direto. O nome dessa estratégia é guerra por procuração.
Dentre os grupos financiados pelo regime dos Aiatolás estão o Hamas e o Hezbollah. Ambos travam uma guerra contra Israel desde outubro do ano passado.
Em reação à morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, o Irã disparou mísseis diretamente contra o território israelense no dia 1 de outubro.
A reação ao ataque ainda não aconteceu; porém, militares do país chegaram a discutir a possibilidade de atacar refinarias de petróleo ou usinas nucleares iranianas.
O presidente americano, Joe Biden, chegou a afirmar em entrevista ao Boletim de Cientistas Atômicos que temia um ataque israelense à planta nuclear iraniana:
"Um ataque, acredito, simultaneamente fortaleceria a determinação iraniana de adquirir armas nucleares, sem destruir permanentemente sua capacidade de atingir esse objetivo. E eu acho que o Irã provavelmente expulsará os inspetores e tentará fabricar urânio altamente enriquecido para armas nas usinas de centrífugas."
A fala de Biden parece encontrar respaldo nas afirmações feitas em maio por Kamal Kharrazi, ex-chanceler e conselheiro pessoal do líder supremo do país:
"Não tomamos a decisão de construir uma bomba nuclear, mas se a existência do Irã for ameaçada, não haverá escolha a não ser mudar nossa doutrina militar. No caso de um ataque às nossas instalações nucleares pelo regime sionista, nossa dissuasão mudará."
Na ocasião, o conselheiro estava falando sobre uma possível mudança na doutrina nuclear iraniana.
A expectativa de que um ataque israelense a usinas nucleares iranianas poderia levar o país a mudar sua doutrina nuclear chegou ao fim na manhã de hoje (15), quando o governo Netanyahu anunciou que a reação atingiria apenas alvos militares.
O anúncio parece afastar a possibilidade do Irã mudar sua doutrina nuclear e acelerar a produção de material para bombas nucleares.
Mesmo assim, a tensão na região segue extremamente elevada à medida que Israel continua enfrentando os grupos terroristas apoiados pelo Irã.
Para entender uma questão complexa e importante como a guerra em Israel, a Brasil Paralelo foi ao Oriente Médio, onde entrevistou intelectuais, militares e sobreviventes da guerra.
Mais de 2,8 milhões de pessoas já assistiram ao filme até hoje, 14 de outubro, e mais de 100 mil assistiram ao vivo a estreia do documentário original no dia 7 de outubro.
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