As grandes chuvas que inundaram o estado do Rio Grande do Sul trouxeram imagens de terror e destruição que chocaram o mundo. Cidades inteiras debaixo d'água, pessoas ilhadas e equipes de resgate navegando entre telhados e postes.
A sociedade civil se mobilizou ao redor do país, com uma grande quantidade de pessoas tentando ajudar à distância, por meio de doações e campanhas de arrecadação. Algumas pessoas, porém, não conseguiram apenas assistir distantes a tudo o que se passava, sentiam uma necessidade avassaladora de ir para a linha de frente e se arriscar para salvar vidas.
Um exemplo é o do surfista e influenciador digital Noa Danucalov, de 19 anos.
Noa estava trabalhando em sua casa quando recebeu o chamado para deixar o seu conforto e iniciar sua caminhada. Um amigo o telefonou e perguntou se o surfista estaria interessado em ajudar as vítimas da tragédia:
"Era um dia normal, eu estava trabalhando na minha casa e o meu amigo Théo Camargo me ligou: 'Noa, vamos pro Rio Grande do Sul', eu falei 'vamos' na hora”, conta o jovem.
A partir disso, Noa se juntou a uma equipe de mais de 15 pessoas que não se conheciam e foram unidas apenas pela vontade de ajudar.
Segundo o surfista, a situação do Rio Grande do Sul era um verdadeiro cenário de guerra, com cenas de morte em todos os lugares:
"A gente mergulhava do lado de animais mortos, animais inchados. Quando o animal morre, ele vai inchando, até o ponto do corpo explodir e liberar toda aquela toxina que é péssima quando entra em contato com alguma ferida. Alguma coisa desse tipo, não só animais, né, porque era esgoto junto a cadáveres e tudo ali. Cidades ficavam com cemitérios submersos, então já dava para entender para onde ia a água do cemitério, era tudo para onde nós íamos."
Além da destruição e morte causadas pelas enchentes, o jovem relatou que a violência era um grande fator de medo e risco para os voluntários que buscavam ajudar:
"A gente ficava com medo quando via um caiaque, ficava com medo quando via um bote. Isso mexia ainda mais com o nosso psicológico, assim, de você *estar* ajudando e do nada você ainda ter que se preocupar com isso."
O jovem afirmou que em muitos momentos a questão da segurança dividia voluntários e policiais, além de causar brigas dentro da equipe de resgate.
"A gente ia para diversos pontos para resgatar os animais, só que estava ficando de noite e faltava um, e daí rolou meio que uma briga. 'Cara, a gente vai ser assaltado por conta de você' e o voluntário queria salvar. Eu não estava em cima do telhado, porque eu tinha acabado de resgatar um, a gente tinha chegado depois, mas eu vi os olhos do voluntário e ele falando 'Eu não vou deixar ele aqui, vocês vão e eu vou nadando,' ", afirma o influenciador.
Durante a entrevista, o jovem abordou outro ponto sobre a tragédia: muitas pessoas não queriam deixar as suas residências para morar em abrigos provisórios e usavam a ajuda dos voluntários apenas para receber mantimentos:
"Essas pessoas queriam fazer os voluntários de 'iFood', pediam ovo e água enquanto nós imploravamos para as pessoas saírem, porque a água ia subir. Elas queriam ficar em casa e daí chegou uma hora que todo mundo se reuniu e falou que não levaríamos mais nada por dois dias, para forçar o povo a sair, para forçar o povo a sair. Teve até um caso nesse dia de uma senhora que falou que só sairia se os voluntários pagassem um hotel por 15 dias. Daí ficamos num dilema sobre pagar ou não pagar, se a gente faz ou omite, se a gente fala que tem ou não tem, se a gente paga e como a gente vai tirar ela daí."
A experiência de Noa em meio às equipes de resgate ajuda a ilustrar a história dos bravos homens e mulheres da sociedade civil que viajaram para ajudar desconhecidos, mesmo que isso pudesse colocar suas vidas em risco.
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