O Ministério Público da Bahia realizou uma audiência pública sobre o caso de Claudia Leitte. A instituição reunirá cerca de 10 entidades de direitos humanos e cultura sobre a intolerância religiosa e racismo. Também irá discutir modos de “reparação social” pelo que consideram os danos causados pela cantora.
Entre os pedidos levados ao MP constam o pagamento de R$10 milhões para indenizar os alegados danos coletivos causados.
Desde dezembro de 2025, Claudia Leitte vem sendo acusada de racismo e intolerância religiosa. O motivo é ela ter passado a cantar os versos de uma de suas antigas canções de modo diferente. Ao interpretar “Caranguejo”, tem substituído os versos "Joga flores no mar/Saudando a rainha Iemanjá" por "Joga flores no mar/Só louvo meu rei Yeshua", que é a tradução de Jesus em hebraico.
Atualmente, a cantora enfrenta um processo civil que investiga sua "responsabilidade civil por possível ato de racismo religioso", conforme aponta a promotora Lívia Sant´anna Vaz, responsável pela ação.
Caso a promotoria avalie como pertinente, poderá mover a ação para um processo criminal.
Entre os pedidos feitos ao MP constam o valor que seria usado para realizar campanhas contra o racismo religioso. Além disso, os reclamantes solicitam que Cláudia deixe de cantar “Caranguejo” e, se o fizer, que mantenha a letra original. A canção é de autoria de Alan Moraes, Durval Luz e Luciano Pinto, que trabalham com a artista há muitos anos. Eles não se opuseram à alteração feita pela cantora na letra.
A música foi composta em 2004, antes de a cantora se converter ao cristianismo.
A denúncia partiu do Instituto de Defesa das Religiões Afro-Brasileiras (Afro) e da iyalorixá Jaciara Ribeiro.
No dia 30 de dezembro de 2025, quase um mês depois da acusação, a cantora se pronunciou sobre o caso. Durante uma coletiva de imprensa antes do Festival Virada de Salvador, afirmou:
“Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial”.
E continuou:
“Prezo muito pelo respeito, pela solidariedade e pela integridade. Não podemos negociar esses valores de jeito nenhum, nem jogá-los ao tribunal da internet. É isso”.
Claudia Leitte recentemente deixou de seguir Ivete Sangalo nas redes sociais. Embora tenha se recusado a comentar o motivo, “a rainha do Axé” foi uma das primeiras a apoiar a publicação que deu origem à polêmica. Ao ler a publicação de Pedro Tourinho sobre a mudança em “Caranguejo”, Ivete curtiu e escreveu “sim” nos comentários.
No dia 16 de dezembro, sem mencionar Claudia diretamente, o secretário de cultura de Salvador afirmou que a retirada de nomes de orixás das músicas é um ato de racismo. Ele destacou a importância da cultura negra no axé music e o
protagonismo dos cantores brancos, enquanto artistas negros ficam nos bastidores.
A partir de então, a polêmica ganhou grande repercussão nas redes sociais, a ponto de ir parar na Justiça.
Claudia foi vítima de grande perseguição, mas por outro lado recebeu muito apoio de seus fãs.
Entre os artistas que se posicionaram a favor dela estão Paula Lima e Érika Januzza.
O advogado Hédio Silva Júnior, coordenador do Instituto que entrou com a ação classifica como “histórica” a movimentação das entidades junto ao MP da Bahia. Ele afirmou que o inquérito em curso está “investigando aqui crime de dano ao sentimento dos afro-religiosos”.
Em entrevista ao jornal A TARDE, o advogado disse que a investigação pretende “quantificar a extensão e profundidade do dano moral coletivo aos afro-descendentes que, obviamente, sentiram-se ofendidos com essa mudança, até porque ela confessa, obviamente, que mudou [a letra da música] por conta da mudança de religião dela”.
O advogado André Marsiglia afirma que não há racismo na troca feita pela cantora, André explica que racismo religioso é o ato de rebaixar deliberadamente alguém ou grupo em razão de sua fé:
“Claudia não fez isso, apenas reforçou a dela ao cantar “Jesus”. Quem acredita que trocar a letra de uma música em favor de sua fé humilha a do outro entende que sua crença é melhor, mais adequada ou correta.”
Marsiglia destaca que quem está vendo racismo no episódio, ainda que não perceba, é o verdadeiro preconceituoso da história.
A assessoria de imprensa de Claudia Leitte tem se recusado a se manifestar sobre o caso. A cantora tem direito ao devido processo legal.
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