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Che Guevara matava homossexuais? Debate envolve possível adesão ao que seria um modelo ideal de homem e às ideias do partido

A “teoria do homem novo” estabeleceria padrões de comportamento para que alguém fosse considerado amigo da revolução.

Che Guevara
Che Guevara matava gays?
Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
Redação Brasil Paralelo
Comunicação Brasil Paralelo

Ter traços afeminados poderia levar um homem à morte durante a Revolução Cubana? A teoria do “homem novo”, teria sido idealizada por Che Guevara, baseada nas ideias do escritor e político José Martí. 

  • José Martí viveu em Cuba no século XIV e foi um dos que inspiraram as ideias do líder revolucionário. A obra afirmava que era preciso que os que quisessem ser grandes heróis da pátria cubana construíssem  “um modelo de herói” associado a um estereótipo viril de ideal masculino. 

Em 1965, o governo do cubano criou Unidades Militares de Ajuda à Produção (UMAPs).

Aqueles que não eram classificados como aptos a ser úteis para o regime, poderiam ser levados para esses centros de reeducação para serem “recuperados”. Se os objetivos desejados pelo governo não fossem atingidos, os prisioneiros eram assassinados. 

O objetivo era reeducar pessoas que tinham algum “desvio” em relação ao pensamento do regime, fosse ele moral ou ideológico. Um deles era não se encaixar no ideal de “homem novo”, teoria idealizada por Che Guevara. 

Guevara teria chegado a afirmar que era preciso tirar das pessoas o que chamava de “taras do passado”.

  • “Taras do passado” seriam quaisquer resquícios de hábitos baseados em pensamentos burgueses, ou seja, que não ajudavam a revolução. 

 A situação é narrada no documentário “Conduta Imprópria”, veja abaixo: 

Depoimento de um prisioneiro homossexual em Cuba

José Mário, um homossexual que teria sido preso pelo regime, afirmou em depoimento que na entrada do campo para onde foi enviado existia uma placa com os dizeres: 

“O trabalho os fará homens”. 

Na opinião dele, a frase se assemelha à escrita na entrada do campo nazista de Auschwitz, que era: 

“O trabalho liberta”. 

O tempo de internação variaria conforme a vontade dos governantes. Essas pessoas não podiam sair ou mesmo receber visitas. Para ser preso bastava apresentar “comportamentos suspeitos”, isto é, ter atitudes contrárias ao novo ideal.

Cura gay nos campos de trabalho

A testemunha conta que os classificados como homossexuais passavam por sessões de “cura gay”

  • Ao serem expostos à fotos de mulheres, os homens eram alimentados. 
  • Quando as fotos eram de homens, os militares os faziam provocar vômito e expressões de aversão, além de choques elétricos e injeção de insulina. 

O outro lado

Fidel negava as acusações. Em uma entrevista disponível no Youtube, afirma:

Veja o vídeo:

Tradução do vídeo:

Devo explicar de onde isso nasce: na defesa do país, em um dado momento, tal era o volume da força que precisavam de centenas de milhares de homens, onde o saldo era nada mais nada menos que os Estados Unidos. Isso já foi mencionado antes, o fato da campanha contra o analfabetismo. Se continuarmos com os planos de seguimento, havia escolas e tudo, e em um dado momento havia 40.000 soldados soviéticos. Quando eu tinha cerca de 40.000 soldados, sobretudo tínhamos 300.000 homens sob as armas. Naqueles tempos, sem pensar em números, foi criada uma unidade de mulheres na serra, demonstrando que as mulheres podem ser tanto soldados quanto homens. Para citar um exemplo, lutar contra o machismo e o triunfo da revolução nesta etapa de que estamos falando era um elemento muito presente. E a ideia generalizada praticamente relacionada com o apreço pelos homossexuais na unidade é uma loucura. O que acontecerá com as mulheres? Porque o machismo foi herdado e sabemos muito bem como tudo isso foi cultivado na sociedade capitalista. É uma herança que nós, mais ignorantes, levamos adiante, e defendo não sair da parte de responsabilidade que me corresponde. A soma não tinha certamente compreendido, eu tinha outros conceitos graciosos problema com o decorrer de dois anos. Uma população muito mais culta, mais preparada, ia superando essa questão.”

As falas de Fidel são corroboradas por um artigo do jornalista Samir Oliveira, do jornal Sul 21. Ele afirma que Che Guevara era médico em uma época em que a medicina classificava a homossexualidade como doença. Explica que  provavelmente o revolucionário era sim homofóblico, mas isso não significa que ele matava homossexuais

Outro a rechaçar que o líder guerrilheiro matava gays é Bruno Mattos, militante da setorial LGBT do Psol. Citado por um artigo do jornal O Brasil de Fato, Mattos afirma que as UMAPs eram campos de punição àqueles que se opunham em colaborar com o regime. Contudo, alega que a maior parte dos que ali trabalhavam de forma compulsória eram homens héteros.

Supostas provas da perseguição

Ex-internos e parentes dos detidos registraram em depoimento a situação. José Mário conta como teria sido sua prisão e seu interrogatório. O último teria sido baseado em entender se aquela pessoa se encaixava no “ideal do homem novo” de Che Guevara. 

“Então, o militar me disse que caminhasse, que desse uma volta no salão e que caminhasse. Eu, com certo assombro, obedeci, caminhei por todo o salão, dei a volta inteira. Ordenou-me, então, que caminhasse de costas para ele e com muita ironia falou: Vês? De agora em diante nós vamos fazer de você um homem [...] Na entrada havia um cartaz enorme onde se lia: Unidade Militar 2.269 e um letreiro com o lema “O trabalho os tornará homens”.

“Tornar um homem” se tratava de fazer com que aqueles considerados inaptos ao serviço militar se tornassem viris, machos. O ato era visto como uma forma de salvar a juventude revolucionária. Esses valores eram reafirmados em todos os quesitos da vida da pessoa. Se o homem apresentasse qualquer “traço feminino”, ela seria levada a uma UMAP. 

Fidel Castro teria declarado:  

No tratamento do aspecto do homossexualismo a Comissão chegou à conclusão de que não é tolerável que por meio da ‘qualidade artística’ reconhecidos homossexuais ganhem influência que incida na formação de nossa juventude. Que, como consequência do anterior, precisa-se de uma análise para determinar como deve abordar-se a presença de homossexuais em distintos organismos da frente cultural [...] Que se deve evitar que pessoas cuja moral não responda ao prestígio de nossa revolução ostentem uma representação artística de nosso país no estrangeiro.

Os depoimentos dos presos junto a José Mário afirmam que, ao serem transportados, eram tratados de forma desumana. Os ônibus que os levavam para os campos de trabalho não tinham janelas nem banheiro. 

Como a viagem durava cerca de 8 horas, as necessidades eram feitas na parte de trás do veículo. As janelas ficavam obrigatoriamente fechadas. Era a forma de o regime “reeducar” aqueles que não se encaixavam na teoria do “homem novo”

Ao chegar, as pessoas passariam por uma triagem e eram divididas em três grupos. 

“O primeiro era o dos ‘hippies’, que eram os jovens que gostavam da música pop, dos Beatles, etc. que usavam o cabelo comprido e usavam camisas coloridas. O segundo grupo eram os que foram catalogados como homossexuais. E para os que não podiam ser classificados nesses dois grupos anteriores, inventaram o termo denominado ‘conduta imprópria’. Ou seja, algo indefinido e aí podia cair qualquer um”.

Quem definia a conduta de cada preso eram os militares. As testemunhas contam que tais condutas fizeram com que os homossexuais passasse a ter uma visão deturpada de si próprios. Aos 30:03 min do documentário “Mauvaise conduite: memória e direitos humanos em Cuba”, uma vítima relata que os presos chegaram a se considerar “homens com defeito”, por não se encaixarem no ideal criado por Che Guevara. 

Aos olhos do regime autoritário, a homossexualidade seria incompatível com a nova sociedade socialista. Sobre o tema, Fidel Castro teria afirmado, em uma entrevista concedida em 1965, que “um desvio dessa natureza rompe com a ideia que temos sobre o que um militante comunista deve ser”.

Para analisar mais sobre Che Guevara, a Brasil Paralelo produziu um episódio de Face Oculta sobre o líder revolucionário. Veja abaixo o episódio. 

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