Recentemente, a Brasil Paralelo chocou seus seguidores ao arquivar mais de 4 mil posts em sua rede social, no Instagram. O motivo vem se revelando aos poucos, com o desenrolar de uma nova história que começou a ser contada ontem.
Segundo o relato de viagem, algumas histórias não podem mais ficar escondidas do restante do país. Carmem, professora de crianças carentes em Natal (RN), representa uma delas. Confira a entrevista com a fundadora do instituto RECEBS:
Quem é Carmem?
"Sou Carmem Helane, nasci em Parintins, no Amazonas. Sou filha de Dona Cecília, a mais nova de 10 filhos. Nós vivíamos de plantação e de algumas vendas que minha mãe fazia.
Eu lembro que certos Padres da região iam almoçar em casa porque falavam que minha mãe cozinhava muito bem, mas na verdade eles iam lá para poder nos dar carne e outros alimentos que não tínhamos.
Aprendi a ler e escrever com livros da Igreja que minha mãe trazia, antes de entrar na escola. Minha mãe se importava muito com a nossa educação e a transmissão de bons valores, tendo nos matriculado na escola pública desde cedo".
Por que você quis ser professora?
"Desde quando eu entrei na escola eu gostava de ensinar os colegas que ainda não sabiam as matérias. As professoras eram um exemplo para mim, eu queria muito ser igual a elas".
Como surgiu o Instituto RECEBS?
"O instituto existe no meu pensamento há tempos, mas ele só nasceu de fato em 2018. Trabalhei de 1993 a 2004 como concursada no ensino público em Manaus; e em Natal, de 2015 a 2017. Também trabalhei com aulas de reforço e em outras áreas da educação. Em 2018, eu percebi que muitos dos meus alunos não sabiam ler e escrever e tinham muita dificuldade para aprender. Até mesmo alunos que estavam para defender monografias.
Era difícil ensiná-los a colocar suas ideias no papel. Nesse contexto, eu conversei com meu esposo, o Claiton, que é minha base abaixo de Deus e junto com minha mãe. Nessa conversa, meu esposo e eu decidimos utilizar a garagem da nossa casa para ensinar alunos com dificuldade.
Eu comecei a alfabetizar crianças e meu esposo ensinava matérias de exatas. Depois que o projeto começou, eu observava que eu precisava de mais tempo com as crianças para que elas pudessem aprender a matéria de fato, se não eu acabava fazendo os exercícios para elas. E foi assim que o Instituto RECEBS foi nascendo".
Por que você começou a ensinar essas crianças?
"Porque foi tudo o que eu tive", disse Carmem emocionada.
"Faltou muita coisa na minha infância: comida na mesa, roupa, brinquedo, mas não faltou conhecimento. Minha mãe nos ensinou valores, nos ensinou a sermos virtuosos. Ela pegava livros que recebia de doação e nos ensinava a ler. Ela nos ajudou no aprendizado da leitura e nos incentivava a querer aprender cada vez mais".
Durante esses anos de educação de diversas crianças, houve algum caso difícil? As crianças com vidas complicadas conseguem se recuperar?
"Nós já tivemos diversos casos difíceis, desde problemas com o aluno ou com as famílias. Um dos alunos chegou aqui sem conseguir falar. A mãe não conseguia entendê-lo ou ajudá-lo. Ele fazia suas necessidades no chão da casa.
A mãe chegou pedindo ajuda. Após o acolhimento e muito trabalho, o garoto passou a falar. Hoje ele canta até mesmo em inglês, consegue fazer contas, brinca com os amigos.
Alguns dos outros principais resgates que fizemos, como eu gosto de falar, são:
resgate de alunos do 5º ano da escola pública que não sabiam ler;
auxílio a alunos que tinham problemas no relacionamento com os pais, tendo tido sucesso em fortalecer seus laços familiares;
auxílio aos alunos a fortalecer a oração e o contato com Deus;
ajudamos alunos que assistiam entretenimento e escutavam músicas impróprias para crianças, levando-os a adequar seus gostos para conteúdos próprios para suas idades. Alguns alunos passaram a gostar de música clássica;
e muitos casos semelhantes.
O Instituto RECEBS já sofreu algum tipo de acusação?
"Já sofremos acusações de educarmos os alunos de forma alternativa. Criticaram o fato da nossa educação não ser idêntica a das escolas tradicionais. As piores acusações foram quando nos criticaram porque alguns pais são dependentes químicos", disse Carmem chorando.
"Alguns pais retiraram as crianças do instituto, e em muitos desses casos as crianças pediam para voltar depois de saírem. Infelizmente sofremos acusações, críticas infundadas, nós nos dedicamos muito a essas crianças. Mas isso não nos tira o gosto de ensinar e a vontade de crescer cada vez mais".
Qual foi o momento mais difícil do instituto RECEBS?
"Quando muitas pessoas vieram até nós e falaram que devíamos fechar. Era muito difícil, porque muitas pessoas apareciam, faziam mídia com a instituição e depois sumiam. Ela não nos ajudavam e depois de ir embora agiam como se não nos conhecessem.
Além de algumas ajudas financeiras externas, meu marido utiliza grande parte dos ganhos com seu salário para financiar o instituto e eu sou voluntária. Em determinado momento, algumas das principais pessoas que nos ajudavam financeiramente pararam de doar, nos deixando em uma situação muito complicada.
Fui conversar com o Claiton, porque sempre damos um jeito. Decidimos que se não conseguíssemos pagar pelo atual local do instituto nós iríamos para um menor, e se não conseguíssemos sustentar o menor voltaríamos para a garagem da nossa casa".
Se eu te falasse agora: "Desista", o que você responderia?
"Jamais, essa palavra não existe no meu dicionário", diz Carmem em meio à lágrimas.
"Se eu tiver que voltar para a garagem da minha casa, eu volto. O importante não é o local de ensino, é fazer o que eu posso para essas crianças".
Como você conheceu a Brasil Paralelo?
"Meu esposo conheceu a Brasil Paralelo em 2018 quando buscava filmes de qualidade na internet para passar para as crianças. Ele me mostrou a BP dizendo: 'conheci essa plataforma agora, ainda não sei bem o que é, mas o que eu vi é muito bom'.
Nós fomos conhecer mais o conteúdo da empresa até encontrarmos o documentário Pátria Educadora. Eu chorei quando assisti. Na hora eu pensei em levar tudo isso para os pais das crianças. Poderia fazer muito bem para a educação delas e para ajudar na vida das famílias, já que, infelizmente, muitas famílias daqui são desestruturadas.
Na nossa região, é comum que os pais deixem de estudar para focar apenas no trabalho, e muitas crianças aprendem a viver assim. A Brasil Paralelo se tornou a plataforma ideal para trazer o gosto pelo estudo.
Ao entrar em contato com a Brasil Paralelo, meu marido ganhou uma bolsa para acessar o conteúdo da plataforma de assinantes. Ele ficou muito emocionado. Eu resolvi mandar um email para a BP para falar sobre a nossa instituição e para minha surpresa fomos atendidos.
O colaborador da BP elogiou o trabalho e disse que iria passar o contato da colaboradora responsável pelo projeto Mecenas", disse Carmem emocionada.
Ela me atendeu em pouco tempo, foi uma grande alegria. Passei a divulgar para todos os pais, a consumir o conteúdo, a adequar nossos trabalhos com o que eu aprendia com a BP, foi emocionante".
Esse foi apenas um trecho da entrevista feita com Carmem quando a equipe da BP estava em Natal (RN). Continue acompanhando o Portal da Brasil Paralelo e as demais redes sociais da empresa para conhecer mais sobre essa história. Muita coisa está vindo por aí.
Confira o primeiro vídeo de apresentação do trabalho da BP com o instituto RECEBS:
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