Atrasos, tumultos, voos cancelados e malas extraviadas fizeram do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o mais estressante do Brasil. O levantamento é do site HawaiiIslands, que mapeou os dez aeroportos da América do Sul que mais desagradam os usuários. Galeão, no Rio de Janeiro, e Guararapes, no Recife, também estão nesse ranking.
Dentro das aeronaves, o usuário enfrenta poltronas desconfortáveis e pouco espaço entre as cadeiras; além disso, normalmente são distribuídos lanches industrializados, como bisnaga, batata frita e suco artificial.
Voos comerciais brasileiros já ofertaram luxos para os tripulantes. Serviços de bordo no país ofereciam, na década de 1950, caviar, menu gourmet servido em porcelana japonesa e vinhos finos em taças de cristal. Voar era uma experiência de glamour.
A "era de ouro" da aviação do Brasil foi construída com a história da Varig, que por 50 anos foi a maior empresa do país. A companhia aérea chegou a receber o prêmio de melhor serviço de bordo do mundo, em 1979, pela revista norte-americana "Air Transport World''.
Passageiros viajavam com suas melhores roupas, sapatos e jóias enquanto eram mimados por comissários cuidadosamente treinados. Os clientes desembarcavam com caixas de chocolate suíço e vidrinhos de perfume francês.
“Para além do glamour, a Viação Aérea Rio Grandense, ou Varig, era sinônimo de rigor técnico, eficiência dos pilotos e excelência operacional. Sua frota estava entre as mais modernas e ágeis do mercado”, relatou, em uma live no Youtube, o consultor aeronáutico internacional Gianfranco (Panda) Beting, autor do livro "Varig, Eterna Pioneira" (Editora PUC-RS e Beting Books).
Em 1997, a Varig fez a maior encomenda de aeronaves da sua história, investindo 2,7 bilhões de dólares em uma frota ultramoderna.
Foi nessa época que atingiu o seu recorde: 41,05 em milhões de assentos/quilômetros foram oferecidos em um ano.
A empresa nasceu em 1927 com uma ambição: tornar-se uma potência internacional. Representava a força empreendedora e o sonho brasileiro de alçar voos maiores.
Primeira multinacional do Brasil, manteve-se no mercado por quase 80 anos e enfrentou sete trocas de moedas e mais de 20 planos econômicos. Resistiu a quase todos eles.
Ao longo da década de 2000, o cenário começou a mudar: “concorrência, falhas administrativas e decisões equivocadas surgiram na rota”, recorda Beting.
“A concorrência começou a surgir em março de 2001. Pela primeira vez, em 40 anos, a TAM ultrapassou a Varig, virando a maior companhia aérea do Brasil. A empresa teve um prejuízo de R$ 315 milhões e o patrimônio passou a ser negativo”, pontuou o consultor.
Em 2006, a Varig estava reduzida a uma frota de dez aeronaves e sete destinos; foi dividida em duas empresas e depois leiloada. Em 2007, o que seria seu último suspiro, não vingou.
A Gol anunciou a compra da Varig, iniciou uma expansão na frota e na malha, mas logo desistiu de investir na marca. As aeronaves foram lentamente sumindo dos céus do Brasil, até desaparecerem completamente.
A Varig chegou a ter 25 mil colaboradores. O consultor Panda acredita que um dos feitos memoráveis da companhia foi permitir que “pessoas com pouca instrução progredissem, estudassem, trabalhassem e dessem a volta ao mundo nas aeronaves mais modernas do mercado da época”.
"Precisamos lembrar às futuras gerações que o Brasil é perfeitamente capaz de fazer bonito. Houve, sim, um heroísmo, pioneirismo e visão empresarial da Viação Aérea Rio Grandense, e precisamos reconhecer o trabalho de milhares de brasileiros que fizeram parte desse sonho. Temos que lembrar da Varig com muito orgulho. Ela foi uma companhia magnífica e exemplar", declarou Gianfranco Beting.
Conhecer a história da primeira multinacional brasileira é conhecer a história do Brasil e entender os rumos do nosso país.
A trajetória da Varig é a bússola que aponta para um problema nacional. Tal como a companhia, por anos o Brasil tem sido tratado como a grande aposta do futuro.
Por que sempre ouvimos que o Brasil tem tudo para dar certo, mas não prosperamos?
O novo documentário da Brasil Paralelo, “Varig: A Caixa Preta do Brasil”, estreia no dia 12 de dezembro, às 20h, e mostra em primeira mão os bastidores dessa jornada.
Clique no link e entenda por que, ano após ano, nos dizem que somos o país do futuro. Um futuro que ficou no passado.
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