“Esse julgamento é uma desgraça. Foi um julgamento manipulado por um juiz em conflito de interesses e corrupto, que nunca deveria ter presidido este caso. O povo sabe o que aconteceu aqui”, enfatizou o presidente Donald Trump, ao deixar o tribunal de Nova York, após ter sido condenado por fraude.
No final da tarde de quinta-feira (30/5), o ex-presidente dos EUA afirmou à imprensa e em suas redes sociais que é um “preso político”. No pronunciamento, Trump deixou claro que continua com a intenção de concorrer à eleição presidencial.
O republicano Donald Trump foi condenado por 34 acusações de fraude fiscal. A manobra contábil estaria relacionada a um depósito de US$130 mil feito para a atriz de filmes adultos Stormy Daniels, sua antiga amante.
Segundo a promotoria, Trump não revelou esse pagamento. O objetivo era esconder dos eleitores americanos seu relacionamento extraconjugal mantido com Daniels em 2006. Se essa informação viesse à tona antes do período eleitoral, poderia ter um impacto negativo no público conservador, comprometendo os planos de Trump de chegar à Casa Branca.
Além disso, o empresário teria falsificado registros empresariais para ocultar o pagamento.
Segundo a acusação, o advogado de Trump, Michael Cohen, repassou o valor do acordo feito com a atriz em 2016 e o declarou como pagamento por serviços advocatícios. O pagamento foi realizado em 2017, quando o republicano já era presidente dos Estados Unidos.
De acordo com o artigo 175 da Lei Penal do estado de Nova York, a falsificação de registros comerciais é crime quando há a intenção de fraudar, cometer ou ajudar a ocultar outro crime.
Por essa razão, Trump é acusado de manter registros comerciais falsos com a intenção de esconder o pagamento de US$130 mil (R$660 mil) a Stormy Daniels.
A defesa do ex-presidente alega que não há provas suficientes de que ele tenha falsificado documentos fiscais.
Em seu argumento final, o advogado do ex-presidente, Todd Blanche, pediu aos jurados “que deixassem de lado os detalhes obscenos do julgamento” e se concentrassem nas provas apresentadas.
Blanche e equipe alegam que a promotoria não conseguiu provar o crime de seu cliente:
“O presidente Trump é inocente. Ele não cometeu nenhum crime e o promotor não cumpriu o ônus da prova. Ponto final”.
A defesa tem 30 dias para apresentar recurso e já declarou que irá apelar.
Legalmente, a condenação de Trump não causa nenhum impacto na campanha do republicano à presidência dos EUA neste ano. A Constituição americana permite que uma pessoa concorra, mesmo que pese sobre ela uma condenação judicial.
Especialistas acreditam que a pena deva ser branda. Os crimes dos quais Trump é acusado são considerados classe E no estado de Nova York, ou seja, sem gravidade. O ex-presidente é réu primário, o que leva a crer que deve ser sentenciado de modo mais ameno, mantendo a liberdade condicional ou a prestação de serviço comunitário.
Em um cenário mais rigoroso, a sentença pode ser de reclusão por até quatro anos por cada acusação. Essas penas precisam ser cumpridas ao mesmo tempo e não podem ser somadas.
Existe também a possibilidade de que a Justiça obrigue o ex-Presidente a manter contato com agentes de condicional ou imponha regras a viagens.
Especialistas acreditam que a punição não seja tão dura. O promotor-chefe do caso, Alvin Bragg, não se manifestou sobre a eventual pena.
O ex-Presidente terá de arcar com o custo político da condenação. A definição da pena ocorrerá dias antes da Convenção Nacional Republicana, evento em que é provável que Trump seja confirmado como o candidato do partido à Casa Branca.
O partido Republicano parece não se intimidar. James Blair, diretor político da campanha de Trump e do Comitê Nacional Republicano, afirmou, em uma videoconferência logo após a divulgação do veredicto:
'É uma caça às bruxas injusta. Vamos recorrer, e vamos ganhar o recurso. Pessoal, acabamos de eleger o próximo presidente dos Estados Unidos."
Trump culpa o atual presidente dos Estados Unidos pelo resultado desfavorável no julgamento. Ele defende que o motivo seria sua posição de protagonismo nas pesquisas eleitorais:
"Isso foi feito pela administração Biden para ferir, para machucar um oponente político", disse Trump no tribunal, conforme relato da NBC News.
O ex-Presidente reforça sua disposição de participar da disputa eleitoral de novembro de 2024. De acordo com as pesquisas de intenções de votos, até o momento, ele tem cerca de 1,1 ponto de vantagem em relação ao atual presidente Joe Biden, que deve se candidatar à reeleição.
Trump também criticou, de modo ferrenho, o juiz responsável pelo caso, Juan Merchan.
O republicano revelou que Merchand lhe impôs uma ordem de silêncio que o impede de criticar publicamente quaisquer pessoas envolvidas no caso. Ele também chamou o juiz de “diabo”.
Este não é o primeiro processo do juiz Merchand contra o ex-presidente. Há dois anos, o magistrado de Nova York conduziu o julgamento da empresa de Trump (Trump Organization) por fraude fiscal. O processo resultou na aplicação de uma multa de cerca de R$5,2 bilhões de reais e na condenação de Allan Weisselberg, responsável financeiro e braço direito de Trump.
Foi também Merchand o juiz investigador no caso contra Steve Bannon, que envolvia lavagem de dinheiro e fraude. Bannon foi estrategista-chefe e um dos mais fiéis aliados de Trump.
A defesa do ex-presidente tenta afastar o juiz do caso. Uma das razões alegadas foi a doação de US$15 (cerca de R$77) para a campanha do partido democrata, em 2020, e US$10 (cerca de R$51) para um movimento de sociedade civil denominado “Stop Republicans”.
A defesa não teve sucesso e Merchand segue à frente do caso.
Se for mantida, a condenação pode vir a impactar a popularidade do republicano.
Uma pesquisa realizada em abril pela consultoria Ipsos e pela ABC News revelou que 16% dos apoiadores de Trump poderiam reconsiderar seu voto caso o candidato respondesse a alguma condenação criminal.
O cientista político democrata Doug Schoen afirma que, no atual contexto, os eleitores americanos podem se manifestar de modo distinto.
"O que os eleitores estarão pensando em novembro é na inflação, na fronteira ao sul, na concorrência com a China e a Rússia e no dinheiro que está sendo gasto em Israel e na Ucrânia", afirmou em entrevista à BBC Brasil.
Ele ainda pontua que, pelo fato de a condenação se referir a fatos ocorridos há oito anos, não terá impacto político semelhante a algo recente.
É inegável que Donald Trump tenha uma base de apoio forte, que segue com ele mesmo diante da condenação.
"Condenaram um homem inocente hoje," disse John McGuigan, um fã de Trump na cidade de Nova York, à agência de notícias AFP.
O podcaster Jeremy Scott Gibbs afirmou à BBC americana que o que aconteceu foi "absolutamente uma paródia da justiça".
"Isso é algo que mostrou a todas as pessoas americanas como nosso governo e nossos sistemas judiciais se tornaram corruptos," disse ele, falando à agência de notícias Associated Press.
Entre os eleitores também quem discorde.
"Eu acho que a justiça foi feita, Donald Trump trouxe tudo isso para si mesmo”, declarou um cidadão americano à BBC Brasil.
A brasileira Luciana Kehl, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, afirmou ao jornal Folha de São Paulo:
“Pena que segue candidato, o que é um pesar”.
A história de Trump continua a ser escrita, influenciando política e cultura mundial. A influência dos Estados Unidos faz com que o desenrolar do processo de Trump tenha efeitos que vão além de sua carreira política, propondo uma visão moderna de como a sociedade norte-americana entende temas como costumes, justiça e política.
Nos próximos meses, o ex-presidente enfrentará novos desafios, buscando manter sua base de apoio e conquistar novos eleitores. O mundo estará atento a cada movimento, enquanto Trump navega por sua complexa e interessante trajetória política e legal.
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