A segunda fase do modernismo consolidou a revolução iniciada anos atrás, sendo impulsionada pelo exemplo dos artistas da semana de arte moderna de 1922. Embora seja realmente uma continuação do movimento modernista, a segunda fase possui muitas características próprias.
Foi nesse contexto que surgiram grande parte dos maiores poetas brasileiros, como Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles e muitos outros.
A segunda fase do modernismo foi a continuação do movimento popularizado na semana da arte moderna, em 1922. A segunda fase começa em 1930 e se encerra em 1945. Os principais artistas desse período eram alunos e admiradores dos artistas da primeira fase.
Carlos Drummond de Andrade, um dos artistas mais importantes da segunda fase, criou uma revista chamada A Revista, em 1925, para divulgar as ideias modernistas.
Como explicado no artigo sobre a primeira fase do modernismo, os artistas da “fase heróica” assumiram posições de poder nas faculdades, jornais e instituições artísticas brasileiras.
Essa influência foi determinante para o início da segunda fase do modernismo.
Porém, mesmo com a inspiração dos predecessores, a segunda fase do modernismo possui fortes diferenças para com a primeira.
A primeira e a segunda fase do modernismo compartilham os mesmos princípios. São eles:
Contudo, existem fortes diferenças entre as duas fases. Algumas características principais da segunda fase, não presentes na primeira, são:
Para compreender os objetivos da segunda fase do modernismo, primeiro é preciso compreender o contexto histórico da década de 30.
Após a Primeira Guerra Mundial, muitas tradições importantes do mundo ocidental foram abaladas.
As últimas monarquias fortes da Europa foram destruídas. O mundo todo passou a ser muito influenciado pela ideologia liberal, tanto política quanto moral.
O Brasil, por sua vez, vivenciava o coronelismo da República Velha. A estrutura política era quase ditatorial.
Muitos artistas buscavam lutar contra o regime rígido brasileiro servindo um outro regime totalitário, mas de matrizes diferentes: o comunismo.
Muitos artistas da primeira e segunda fase modernistas eram ou filiados ao partido comunista ou defensores de seus ideais.
Alguns deles são: Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Vinicius de Moraes, Graciliano Ramos e muitos outros.
A crise da Bolsa de Nova York em 1929 gerou grandes repercussões econômicas no mundo inteiro. Muitos ficaram pobres do dia para a noite.
Além disso, ainda havia a questão das influências soviéticas nos movimentos sociais, as crises da política econômica do café brasileiro e o início dos regimes de Hitler e Mussolini.
Esse contexto foi o que motivou artistas como Carlos Drummond e Cecília Meireles a escreverem sobre política e liberdade.
Esse foi o mesmo período da revolução de Getúlio Vargas e da posterior revolução constitucionalista.
A instabilidade social causada por todos esses conflitos gerou em muitos um sentimento de medo perante a morte, de reflexão sobre a natureza do sofrimento e assuntos semelhantes.
É nesse período que Carlos Drummond escreve o famoso poema das sete faces, publicado em 1930:
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
A primeira fase do modernismo brasileiro teve início em um período mais estável do mundo.
O fim da Primeira Guerra Mundial trouxe consigo uma impressão de que a paz reinaria por muito tempo, principalmente devido aos acordos políticos pós-guerra.
O Brasil também possuía estabilidade social, até o início da segunda fase do modernismo.
Em síntese, os principais eventos que deram origem a segunda fase do modernismo foram:
Os principais autores e obras da segunda fase do modernismo são:
Graciliano Ramos: Vidas Secas (1938), Memórias de Cárcere (1953);
Rachel de Queiroz: O Quinze (1930);
Érico Veríssimo: O tempo e o Vento (1949 - 1961);
Carlos Drummond de Andrade: Sentimento do Mundo (1940), A Rosa do Povo (1945);
Vinicius de Moraes: Novos Poemas (1938);
Cecília Meireles: Romanceiro da Inconfidência (1953).
As principais críticas à segunda fase do modernismo são feitas justamente por aqueles que foram combatidos pelo movimento: autores de linha de pensamento da tradição ocidental.
Alguns deles são Monteiro Lobato, Rodrigo Gurgel, Roger Scruton, Russel Kirk, Olavo de Carvalho e muitos outros.
As críticas podem ser divididas em 2 partes:
Seguindo seus mestres da primeira fase do modernismo, os artistas da segunda fase buscavam criar uma forma de literatura que fosse a representante da arte brasileira.
Contudo, os artistas que forneceram a base para o movimento da segunda fase foram em sua maioria formados pelas culturas liberais francesas e suíças, raízes diferentes das da cultura brasileira.
Segundo o professor Rodrigo Gurgel:
“Aquele grupo de jovens estava lá em Paris decidindo porque o Brasil precisava de uma nova literatura brasileira. Os caras estavam lá estudando nas melhores universidades, comendo do bom e do melhor, servindo-se com talheres de prata, estabelecendo altas discussões filosóficas e literárias com a elite cultural francesa, mas achavam que eles tinham a solução para a literatura brasileira. É a mesma arrogância, é o mesmo tipo de comportamento, algo eminentemente populista, demagógico”.
Na opinião do professor, o movimento da Semana de 22 é extremamente elitista, posto que um pequeno grupo de artistas se reúnem e creem ter legitimidade para estabelecer como deve ser a arte nacional.
Assim, a burguesia paulista, que dominava o cenário político e econômico nacional, busca tomar a frente da cultura nacional.
Apesar do caráter burguês e paulista do movimento, as novas regras modernistas tomaram todo o cenário artístico nacional.
A segunda fase modernista defendia o comunismo na política e o liberalismo moral — o que é possível, uma vez que a teoria de Marx defende uma moral relativista.
A Brasil Paralelo possui artigos que destrincham os erros inerentes a essas estruturas de pensamento. Eles são:
Naturalmente muitos artistas perceberam as consequências negativas que as ideias modernistas podem trazer, iniciando no Brasil a fase da ruptura, a terceira fase do movimento modernista.
Comente e compartilhe. Quem você acha que vai gostar de ler sobre a segunda fase do modernismo?
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