O triunfo da Revolução Comunista, em 1917, é um dos fatores mais fortes a explicar por que a Rússia saiu da Primeira Guerra Mundial. Como se manter lutando contra inimigos fortes quando o comunismo se instala no próprio território?
O maior país do mundo escolheu não lutar duas guerras, uma externa e uma interna, além de enfrentar problemas monárquicos, sociais e agitações ideológicas, como será explicado a seguir.
A Rússia saiu da primeira guerra mundial em 1918, devido às grandes crises sociais e à revolução comunista que aconteciam no país. O cenário de caos interno impossibilitou o país de atuar no estrangeiro.
Para melhor entender como estava a Rússia e o porquê de retirar-se da Primeira Guerra Mundial, é necessário retornar ao reinado do czar Alexandre II, anos antes da Primeira Grande Guerra.
As circunstâncias da Rússia do século XIX estavam se modificando. As pessoas já frequentavam escolas e o fluxo de informações era facilitado pela atividade inovadora dos trens. Por meio das locomotivas, passageiros de diferentes lugares nacionais e do estrangeiro podiam circular informações.
Nesse período, a Rússia era um império, governado por reis absolutistas. Seus reis eram chamados de czares, baseados nos imperadores romanos, os césares.
Nesse período, a Europa passava pelas guerras napoleônicas. Napoleão estava atacando e dominando os países chefiados pelos parentes dos czares russos.
O envio de soldados e generais para o exterior proporcionou o contato com sociedades diferentes, nas quais os reis eram limitados pelas constituições e não gozavam de total poder para determinar o destino de seus súditos.
A classe intelectual da Rússia estava sendo influenciada pelos ideais iluministas europeus durante o século XIX. O povo assimilava essas ideias devido à miséria que viviam.
O desejo por um governo do povo crescia. Um desejo pela democracia, conforme as ideias de Rousseau.
As reformas para limitar o poder real eram ignoradas pela monarquia russa, cujo ordenamento jurídico resumia-se na seguinte lei:
“Sua majestade é o monarca absoluto, não obrigado a responder por suas ações a ninguém no mundo, e tem o poder e a autoridade para governar seus Estados e terras como soberano cristão, de acordo com seu desejo e boa vontade”.
Em outras palavras, o imperador era inquestionável. Esse fato suscitava indagações no povo. As pessoas se questionavam por que não tinham nada para comer enquanto o rei possuía vários palácios, e por que lutar a guerra dos parentes dele.
Instaurou-se um clima de instabilidade política. Embates começaram a acontecer nas ruas.
Era este o contexto quando Alexandre II ascendeu ao trono, em 1855. Ele reconheceu a necessidade de promover uma renovação. Por isso, decidiu reduzir significativamente a censura estatal e determinou a expansão das escolas públicas, inclusive para pobres, adotando um governo menos oligárquico.
Para viabilizar a disseminação de escolas, Alexandre II elegeu um secretário que, durante duas décadas e meia de serviço público, inaugurou mais de trezentas instituições de ensino.
A população estava contente. Embora houvesse uma minoria radical, inspirada nas ideias de Karl Marx, a parcela moderada dos comunistas estava esperançosa e acreditava que os problemas iriam se solucionar.
Não havia planos de algo semelhante à formação da União Soviética na mente de muitos comunistas moderados.
As reformas foram refreadas quando uma reviravolta abateu a Rússia: o principal movimento revolucionário, Vontade Popular, assassinou Alexandre II.
Reunidos em uma assembleia familiar para debater o futuro da Rússia, os Romanov concluíram que as modificações que estavam sendo implementadas haviam surtido efeitos negativos.
Essa impressão era compartilhada por Alexandre III, um homem que debitou o assassinato do monarca à frouxidão do seu governo. Foi justamente ele quem ocupou o poder. Alexandre III principiou seu reinado expondo que:
“Não é fundamental incentivar as massas e os cossacos para que eles possam se escolarizar e ter a expectativa de serem mais do que já são”.
A premissa de sua governança era retroceder às reformas de seu pai, Alexandre II. Com isso, a censura foi restabelecida, as escolas foram fechadas, os jornais foram encerrados, dentre os quais o principal jornal comunista da época. Atividades universitárias foram extintas.
Na contramão de seu antecessor, Alexandre III impôs uma restrição total.
A população não havia apoiado o assassinato de Alexandre II pelo movimento Vontade Popular, pois Alexandre era benquisto pelo povo.
Os integrantes do movimento revolucionário compreenderam que a brusca mudança política de Alexandre III, um membro da mesma família, ensejava uma oportunidade para justificar o assassinato de Alexandre II.
Além disso, conceberam uma estratégia para criar na opinião pública a percepção de que o império era o culpado por todas as mazelas e dificuldades enfrentadas pelo povo.
Essa foi a preparação final para a revolução comunista.
Empenhado em gerar um ambiente favorável à revolução, o grupo não tardou a empreender uma tentativa de assassinato também a Alexandre III. As tentativas não funcionaram, incentivando ainda mais a política repressiva de Alexandre III.
Enquanto Alexandre III retirava benefícios do povo, ele dormia no luxuoso Palácio de Inverno e os russos passavam fome.
Após sua morte, seu filho Nicolau II assume o trono e continua as políticas do pai. Nicolau, diferente do pai, era fraco. Mesmo ambos sendo reacionários, o pai de Nicolau tinha pulso firme e tomava decisões de forma rápida, Nicolau agia de forma impulsiva e não era um bom estrategista. Este foi um dos principais porquês de a Rússia sair da Primeira Guerra Mundial.
Antes do início da Primeira Guerra Mundial, o Japão invadiu o território russo da Manchúria, em 1904, uma área distante do território central da Rússia. Nicolau II mandou o exército reagir imediatamente. Porém, muitos militares desertaram e se tornaram comunistas militantes.
O povo russo passava por muitas necessidades básicas, não havia condições para lutar por um território tão distante.
Dez anos depois, com a Rússia estando em profunda miséria, estoura a Primeira Guerra Mundial.
Nicolau II lançou a Rússia na Primeira Guerra Mundial para defender seus aliados.
O Império Austro-Húngaro ameaçou a Sérvia, cuja família monárquica era uma antiga aliada dos Romanov. Em apoio à Sérvia, o rei Nicolau II declarou guerra ao Império Austro-Húngaro.
O exército russo foi convocado; no entanto, ele já estava desmantelado. Seus integrantes fabricavam armas para matar o imperador. O povo já não aguentava o sistema imperial russo, que os havia abandonado.
De fato, o Imperador Nicolau II e toda sua família foram assassinados pelos revolucionários. Em 1917, um ano antes de a Primeira Guerra Mundial acabar, a revolução russa aboliu o império e instituiu o governo comunista da URSS, após um breve governo burguês.
Os novos governantes da Rússia fizeram com que o país saísse da I Grande Guerra. O tratado Brest-Litovsk foi assinado no início de 1918, trazendo muitos malefícios políticos para o país, mas retirando-os da guerra.
Os Estados Unidos substituíram a Rússia após a saída do país da Primeira Guerra Mundial. Mesmo tendo afirmado que não iria participar da guerra, o presidente Woodrow Wilson conseguiu inserir o país oficialmente nos conflitos europeus após um navio de civis estadunidenses ser derrubado pela marinha alemã.
Esse foi o início da hegemonia dos EUA na geopolítica mundial. O auxílio dos EUA foi fundamental para a vitória dos Aliados.
A Rússia tomou outros rumos após sair da Primeira Guerra Mundial. A antiga diplomacia foi rejeitada, o país tornou-se comunista e passou a espalhar sua ideologia nos outros países.
A nova atitude da Rússia transformou o mundo de tal maneira que ainda hoje os efeitos da revolução bolchevique atuam no mundo. Desde a formação de partidos comunistas até mesmo na cultura ocidental.
Muitas das músicas e dos projetos de lei do parlamento brasileiro estão diretamente ligadas com os porquês de a Rússia ter saído da Primeira Guerra Mundial.
A importância desse momento levou a Brasil Paralelo a desenvolver um documentário que explica detalhadamente a influência bolchevique no mundo.
No dia 24 de fevereiro de 2022, o início de uma nova guerra passou a tomar conta do noticiário.
A Rússia decide invadir a Ucrânia. Mas, o que se vê no noticiário não responde as questões principais deste acontecimento.
Analisar o presente sem entender o passado é como montar um quebra-cabeça sem todas as peças.
Diferentemente do que estão fazendo, a Brasil Paralelo decidiu dar um passo atrás para investigar o que não está sendo contado.
No dia 22 de março, foi ao ar Invasão Bolchevique, um original BP que se aprofunda no fato mais importante da história Russa: a revolução socialista de 1917, um passado que ainda pauta o presente.
O filme retrata a origem do movimento revolucionário na Rússia, a tensão política anterior à revolução de 1917 e também busca entender as ideias vigentes no maior país do mundo.
Invasão Bolchevique é o primeiro original exclusivo para assinantes da Brasil Paralelo.
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