Poucos atores e diretores em Hollywood têm uma trajetória tão aclamada e controversa quanto Mel Gibson. De ícone da ação em Mad Max e Máquina Mortífera a diretor de sucessos épicos como Coração Valente e A Paixão de Cristo, Gibson construiu uma carreira marcada por grandes conquistas e escândalos que quase o baniram da indústria.
Nascido nos Estados Unidos e criado na Austrália, ele não apenas se destacou como um dos atores mais bem pagos do cinema, mas também se tornou um dos poucos diretores capazes de desafiar as regras de Hollywood e ainda assim alcançar bilheterias astronômicas.
Seu filme A Paixão de Cristo arrecadou mais de 600 milhões de dólares, apesar da resistência inicial de grandes estúdios em produzi-lo. E mesmo após anos de afastamento devido a polêmicas, ele conseguiu um retorno triunfal com Até o Último Homem, indicado ao Oscar de Melhor Filme.
Além do cinema, sua vida pessoal chama atenção: ele é pai de nove filhos, possui uma ilha particular em Fiji e até financiou a construção de uma igreja católica sedevacantista (acusando os papas pós-Concílio Vaticano II de heresia).
Nem tudo foi fácil em sua jornada. Gibson enfrentou o alcoolismo, brigas com companheiras e fez declarações antissemitas que quase enterraram sua carreira.
Conheça as principais curiosidades sobre a vida e a carreira desse astro, desde seu auge como um dos maiores atores de ação até sua redenção como cineasta aclamado.
Mel Columcille Gerard Gibson nasceu em 3 de janeiro de 1956, em Peekskill, Nova York, EUA. Ele é o sexto de onze filhos de Hutton Gibson e Anne Reilly.
Seu nome reflete suas raízes irlandesas e católicas: "Mel" (líder), "Columcille" (pombo da igreja, em homenagem a São Columba), "Gerard" (guerreiro valente) e "Gibson" (brilhante promessa em tradições germânicas, também significando “filho de Gilbert”).
Durante sua infância, sua família se mudou para a Austrália, motivada, em parte, para evitar que os filhos fossem recrutados para a Guerra do Vietnã.
A família de Mel Gibson teve uma trajetória financeira marcada por um evento decisivo. Hutton Gibson, seu pai, trabalhava como ferroviário nos Estados Unidos e sustentava uma família de 11 filhos com uma vida de classe média.
Em 1964, um acidente de trabalho mudou tudo: ele ganhou uma indenização de cerca de US$ 145.000 em 1968 (equivalente a mais de US$ 1,2 milhão hoje), o que permitiu à família se mudar para Sydney, Austrália.
Esse dinheiro, somado a uma vitória modesta no game show Jeopardy! (US$ 5.000, US$ 40.000,00 em valores atuais), garantiu estabilidade para comprar uma casa e se estabelecer no novo país.
Em entrevista ao podcast de Joe Rogan, Mel Gibson disse que seu pai era muito inteligente, possuindo memória fotográfica.
Embora não fossem ricos, a indenização deu à família boas condições de vida.
Criado em Sydney, Mel estudou em colégios católicos caros antes de ingressar na National Institute of Dramatic Art (NIDA), onde desenvolveu suas habilidades de atuação. Durante sua formação, participou de várias peças de teatro e fez seu primeiro papel no cinema no filme Summer City (1977).
A família de Mel Gibson carregava uma religiosidade peculiar. Seu pai seguia o catolicismo sedevacantista que desafia as normas da Igreja. Hutton Gibson, pai de Mel, um rejeitava os Papas pós-1958 e via o Concílio Vaticano II como uma traição à fé.
Para Hutton, a cadeira de São Pedro estava vaga desde a morte de Pio XII, e ele expressou essa visão em livros como Is the Pope Catholic? (1978) e The Enemy is Here! (1994), além do boletim The War Is Now!.
Suas obras misturam teologia com teorias conspiratórias — ele chegou a afirmar que grande parte do que é dito sobre o Holocausto é uma mentira e a afirmar que maçons e judeus estavam por trás da mudança na Igreja.
Mel cresceu nesse ambiente, apegado à missa tridentina e a desconfiança com o Vaticano moderno. Décadas depois, ele construiu a Igreja da Sagrada Família, na Califórnia, nos EUA, uma capela privada que celebra a liturgia tridentina e opera fora da arquidiocese local, ecoando a rejeição de Hutton às mudanças pós-1965.
Em 2025, no podcast The Joe Rogan Experience, ele sugeriu que o conclave de 1958 foi manipulado, citando a teoria de que o Cardeal Siri seria o verdadeiro papa, uma ideia alinhada às crenças de Hutton.
A religiosidade peculiar da família não é apenas um traço do passado: ela continua a influenciar Mel, equilibrando sua devoção pessoal com uma postura que o mantém à margem do catolicismo convencional.
Mel Gibson já havia decidido ser ator desde a adolescência, quando ingressou no National Institute of Dramatic Art (NIDA) na Austrália.
O grande marco em sua carreira veio em 1979, aos 23 anos, quando estrelou o filme Mad Max, que se tornou um fenômeno global e transformou Mel Gibson em um dos principais astros do cinema australiano.
Com o sucesso, ele estrelou as sequências Mad Max 2 (1981) e Mad Max Além da Cúpula do Trovão (1985), consolidando sua imagem como um herói de ação.
Logo Hollywood abriu suas portas para ele. Em 1987, protagonizou Máquina Mortífera, ao lado de Danny Glover. O filme se tornou um dos maiores sucessos da época e gerou três sequências, tornando Gibson um dos atores mais bem pagos da indústria.
Durante os anos 1990, ele diversificou sua carreira, atuando em filmes como O Preço de um Resgate (1996) e O Patriota (2000), além de investir na direção.
Seu maior triunfo como diretor veio com Coração Valente (1995), filme épico sobre William Wallace, que lhe rendeu dois Oscars: Melhor Diretor e Melhor Filme. O longa se tornou um clássico e reafirmou Gibson como um talento não apenas na atuação, mas também por trás das câmeras.
Em 2004, ele dirigiu A Paixão de Cristo, um filme de sucesso sobre as últimas horas de Jesus Cristo, falado em aramaico e latim. Nenhum estúdio de Hollywood quis produzir o filme, então Mel fez tudo do próprio bolso.
Não foi fácil, muitos produtores cancelaram Mel e o ator protagonista, Jim Caviezel.
Em entrevista a Joe Rogan, Gibson disse que os executivos que pensavam em divulgar Paixão de Cristo nos cinemas eram aconselhados a não fazer, pois em poucos anos perderiam todos seus cargos em Hollywood.
Ele afirmou que Rupert Murdoch foi um dos que receberam esse conselho, mesmo sendo um dos homens mais poderosos da indústria, chegando a ser CEO da Fox Corporation.
O custo de produção de A Paixão de Cristo (2004), dirigido por Mel Gibson, foi de aproximadamente US$ 30 milhões, segundo a Revista Monet. Estima-se ainda que outros US$ 15 milhões tenham sido investidos em marketing, totalizando cerca de US$ 45 milhões de despesa direta.
Apesar da resistência de Hollywood, o longa foi um fenômeno de bilheteria, arrecadando mais de $600 milhões mundialmente.
Após esse sucesso, em 2006, lançou Apocalypto, um épico sobre a civilização maia, que também recebeu elogios pela direção.
Desses filmes o que obteve mais destaque foi Até o Último Homem.
Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, no original) é um filme de guerra dirigido por Mel Gibson, lançado em 2016.
A obra é baseada na história real de Desmond Doss, um soldado socorrista do Exército americano que serviu durante a Segunda Guerra Mundial — especificamente na Batalha de Okinawa — e se destacou por recusar o uso de armas, por convicções religiosas, e ainda assim salvar a vida de 75 soldados, sozinho, sob fogo inimigo.
O filme foi impactante especialmente por trazer:
Mas, apesar de tantos sucessos, Mel Gibson não viveu apenas bons momentos em Hollywood.
Mel Gibson passou por mais de uma fase turbulenta. Seus principais problemas foram:
Em entrevista ao "The Joe Rogan Experience" (2025), Mel Gibson compartilhou sua jornada de superação do alcoolismo. Ele revelou que o primeiro passo foi reconhecer sua condição e buscar ajuda:
“Por natureza, nasci alcoólatra. Eu usei drogas, bebi álcool, e não havia nada que pudesse me impedir de fazer isso. Então, eu estava realmente em uma espiral descendente.
Portanto, considero o fato de que fui capaz de apelar para algo maior do que eu mesmo para me ajudar e realmente me impedir de fazer isso, eu acho que isso é um milagre."
Gibson começou a beber ainda na juventude, quando estudava atuação na Austrália. Frequentemente usando a bebida como válvula de escape para lidar com o estresse, ansiedade e pressão da fama.
Nos anos 80 e 90, apesar de já ser conhecido por suas bebedeiras nos bastidores, ele manteve a imagem de galã e ator respeitado. Porém, o comportamento autodestrutivo foi se intensificando.
Nos anos 90, ele foi acusado pela ONG Glaad de ter feito declarações homofóbicas em entrevista ao El País. Ele não negou, tendo afirmado que tinha bebido vodka antes da entrevista e acabou falando bobagens.
Em 2006, foi preso por dirigir embriagado e fez declarações antissemitas para o policial que o deteve, o que gerou grande repercussão negativa e levou ao seu afastamento de Hollywood.
Ele perguntou ao policial se ele era judeu e disse:
"Os judeus são responsáveis por todas as guerras do mundo".
O afastamento de Mel Gibson de Hollywood não foi uma suspensão formal, mas sim uma combinação de boicote, cancelamento informal e desgaste de imagem que, na prática, o deixou fora dos grandes estúdios por quase uma década.
Por volta de 2010–2015, Mel Gibson estava “radioativo” em Hollywood:
Pouco tempo depois do episódio, ele ainda passaria por um dos momentos mais difíceis de sua vida: o divórcio com a mãe de seus filhos.
Gibson foi casado por 31 anos com Robyn Moore, uma enfermeira australiana com quem teve sete filhos. Eles se conheceram antes da fama dele explodir, nos anos 1970, e se casaram em 1980.
Pouco tempo depois da prisão e das falas que geraram o cancelamento, Robyn pediu o divórcio em 2006, mas o processo foi finalizado em 2009. No pedido judicial, ela justificou o fim do casamento por “divergências irreconciliáveis”.
Robyn recebeu cerca de US$ 425 milhões — metade da fortuna de Mel Gibson na época, pois não havia acordo pré-nupcial. Isso o colocou na lista dos divórcios mais caros da história.
Em 2007, Mel Gibson e Oksana Grigorieva iniciaram um relacionamento em 2007, resultando no nascimento de sua filha, Lucia, em 30 de outubro de 2009.
A relação terminou em abril de 2010, seguida por uma disputa legal altamente divulgada. Grigorieva acusou Gibson de agressão física durante um incidente em janeiro de 2010, alegando que ele a agrediu com um soco no rosto enquanto ela segurava sua filha, quebrando seus dentes, noticiou o jornal ABC News.
Além disso, gravações de áudio vazadas revelaram Gibson proferindo ameaças e comentários racistas contra Grigorieva.
Em uma dessas gravações, Gibson teria dito:
"Você se veste de forma promíscua. Se você for estuprada por um bando de negros, será culpa sua."
Em resposta, Gibson alegou que Grigorieva estava tentando extorqui-lo. Em agosto de 2011, eles chegaram a um acordo no qual Gibson concordou em pagar a Grigorieva $750.000, além de conceder a ela a custódia conjunta de sua filha e uma casa em Sherman Oaks, Califórnia, para viver até que Lucia completasse 18 anos.
Esses eventos tiveram um impacto significativo na reputação de Gibson, levando a um período de afastamento de Hollywood e afetando sua carreira profissional.
A indústria começou a se distanciar dele, e por quase uma década, ele teve dificuldades para conseguir papéis ou dirigir novos filmes.
As tragédias o afetavam profundamente. Gibson se internou em clínicas de reabilitação diversas vezes. Ele afirmou que o problema também era espiritual, afirmando que caia no álcool quando se afastava da Fé.
Após muita terapia, oração e ajuda de colegas da indústria cinematográfica, ele foi se erguendo. Pessoalmente, abandonou o vício em álcool e conseguiu voltar a trabalhar com o cinema, sua vocação.
Em entrevista a The Grand Hart Show, afirmou estar surpreso por ter conseguido retornar a Hollywood:
“Estou surpreso, pois estive cavando uma vala nos últimos 10 anos. Francamente, foi muito trabalho pessoal e profissional, e o trabalho continua como acho que acontece com a maioria de nós”.
Na entrevista, Gibson também agradece aos atores Jodie Foster, Danny Glover e Whoopi Goldberg por terem permanecido amigos “fiéis” ao longo dos anos. Mesmo diante dos cancelamentos, eles o elogiavam e diziam que merecia perdão.
Um outro ator famoso de Hollywood a ajudar na redenção de Mel e na sua volta aos filmes foi Robert Downey Jr., o Homem de Ferro. Veja a declaração pública do ator para Mel Gibson:
Tradução do discurso:
“Eu pedi para o Mel apresentar esse prêmio pra mim por um motivo. Quando eu não conseguia ficar sóbrio, ele me disse para não perder a esperança. Ele me incentivou a encontrar minha fé — que não precisava ser a dele ou de qualquer outra pessoa — desde que estivesse enraizada no perdão.
Eu não conseguia emprego, então ele me deu o papel principal de um filme que, na verdade, tinha sido desenvolvido para ele.
Ele manteve um teto sobre minha cabeça, colocou comida na minha mesa e, o mais importante, disse que, se eu aceitasse a responsabilidade pelos meus erros e abraçasse aquela parte feia da minha alma — o que ele chama de “abraçar o cacto” —, se eu abraçasse o cacto o suficiente, eu me tornaria um homem com alguma humildade e minha vida ganharia um novo significado. E eu fiz isso. E funcionou.
Tudo o que ele me pediu em troca foi que, algum dia, eu ajudasse o próximo cara, de alguma forma, por menor que fosse.
É razoável assumir que, na época, ele não imaginava que o próximo cara seria ele…
…nem que esse "algum dia" seria hoje à noite.
Então, nesta ocasião especial, e à luz dos feriados recentes — incluindo o Dia de Colombo —, humildemente peço que vocês se juntem a mim, a menos que estejam completamente livres de pecado — nesse caso, escolheram a indústria errada —, em perdoar meu amigo por suas falhas, dar a ele a mesma nova chance que vocês me deram e permitir que ele continue sua grande e contínua contribuição à nossa arte coletiva, sem vergonha.
Ele já abraçou o cacto por tempo suficiente".
Em entrevista a BBC, Gibson disse que nunca cogitou deixar a vida pública, apesar de alguns incidentes que poderiam ter acabado com sua carreira:
“Você escolhe uma carreira porque tem uma vocação, especialmente em relação à direção, e você simplesmente tem que se levantar e se expressar por meio das histórias que conta. Isso nunca desapareceu. Durante esses anos, escrevi e concebi histórias”.
Em 2015, Mel Gibson conseguiu financiamento de estúdios menores para produzir o filme Até o Último Homem. A qualidade do filme fez ele ganhar 2 Oscars e voltar à indústria cinematográfica mais alta de Hollywood.
Mel Gibson também se tornou doador da instituição Projeto Mitzvah que ajuda sobreviventes do Holocausto e seus familiares, buscando se redimir pelo seu ato antissemita.
Mel Gibson é pai de nove filhos de relacionamentos com três mulheres diferentes. Com sua primeira esposa, Robyn Moore, uma enfermeira dentária australiana com quem foi casado por 31 anos, teve sete filhos (informações do site infobae):
Após o divórcio em 2009, Gibson teve um relacionamento com a pianista russa Oksana Grigorieva, com quem teve uma filha:
Atualmente, Mel Gibson mantém um relacionamento com a roteirista Rosalind Ross, com quem teve sua nona filha:
No âmbito religioso, Mel Gibson é um católico tradicionalista sedevacantista. Ele construiu sua própria igreja, a Holy Family Chapel, em Malibu, onde são realizadas missas em latim seguindo o rito tridentino.
Ele mantém contato e elogia o Bispo sedevacantista Carlo Maria Viganò, que foi excomungado da Igreja Católica, além de falar sobre erros na Igreja contemporânea.
Mel Gibson também é conhecido pelas suas posições políticas:
Mel Gibson mantém uma relação próxima com Donald Trump, tendo discursado na residência em que o presidente americano recebe seus amigos e aliados políticos:
Mel Gibson namora a roteirista Rosalinda Ross e continua sua vida de diretor e produtor de cinema. Recentemente dirigiu o filme Ameaça no Ar, com Mark Wahlberg, e está iniciando as produções de “A Paixão de Cristo 2”, filme que está sendo escrito por ele e outros roteiristas há anos.
Ele também declarou que está trabalhando em uma minissérie sobre o cerco de Malta.
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