Matéria e forma são conceitos facilmente verificáveis. Para entendê-los, basta olhar para a realidade e perceber como as coisas são feitas e entendidas. Aristóteles foi pioneiro encontrando uma explicação que permanece viva em nosso tempo — e também necessária para entender filosofia.
Expandindo esse tema, assuntos como a imortalidade da alma e a existência de Deus, por exemplo, tornam-se menos complicados.
Para Aristóteles, a matéria é o que constitui os corpos dos seres físicos. Tudo o que possui corpo, possui matéria. Ela dá forma e peso aos entes (seres) naturais. Em uma analogia simples, a matéria de uma cadeira pode ser madeira, ferro ou plástico.
A principal característica da matéria é que ela pode ser moldada. O plástico é derretido e se torna uma cadeira, a madeira é serrada, o ferro é fundido…
Filosoficamente, diz-se que a matéria é o fundamento físico de pura potencialidade. A matéria pode ser algo, pode ser transformada, mudada.
O filósofo grego não buscava compreender as partes da matéria, como a ciência moderna faz, mas sim sua essência.
Observando a matéria, Aristóteles percebeu que ela tem a possibilidade de se transformar em qualquer outra forma e está em constante movimento.
Aristóteles observou que a matéria é o que os 5 sentidos externos apreendem.
Se uma matéria entra em contato com outra matéria, pode alterá-la. O cinzel de ferro pode alterar a estátua de pedra, por exemplo.
Mesmo as substâncias gasosas e líquidas são materiais. Elas possuem peso, movimento e forma (que se adequa a forma das substâncias sólidas).
Segundo Aristóteles, a essência de todos corpos físicos é a mesma.
A ciência moderna não nega a teoria de Aristóteles. Hoje em dia, aceita-se que a matéria é composta de átomos. Eles, por sua vez, são compostos de prótons, elétrons e nêutrons.
Mesmo esses pequeníssimos elementos são materiais.
A matéria de uma estátua pode ser o mármore. Mas o próprio mármore é um ente que possui sua matéria; afinal, o mármore é também formado de algo.
Para Aristóteles, forma é aquilo que faz o ente ser o que ele é. As pessoas identificam que uma árvore é uma árvore pelo seu formato. É porque identificam o tronco, os galhos e as folhas é que se sabe que aquele ente é uma árvore e não um leão.
Quando uma pessoa desenha qualquer coisa, é a sua forma que é levada para o papel, e é por isso que os outros identificam o que está desenhado.
A forma geral do ser humano envolve um ser com dois membros inferiores, dois membros superiores, um tronco e uma cabeça.
A forma geral da árvore envolve tronco, galhos e folhas.
A forma geral do cão envolve quatro patas, um rabo e focinho.
Mesmo que existam cães sem rabo, é de se esperar que tivesse um ali. Ainda que faltem elementos, a mente humana sabe que falta algo, justamente porque presume uma forma geral.
Analogamente, é como se a forma fosse o contorno. É pela forma que diferenciamos uma mesa de uma cadeira, um gato de um cão, um homem de uma mulher, uma casa de um prédio.
Naturalmente, toda forma envolve a matéria que informa. Todos os seres materiais possuem forma.
A árvore tem forma e matéria. O toco tem forma e matéria. A ripa tem forma e matéria. A cadeira tem forma e matéria.
Não é possível separar os seres materiais de sua forma, já que ela é exatamente a delimitação da matéria.
Platão acreditava que as formas existem sozinhas (sem matéria) no mundo das idéias. Por participarem delas, os seres materiais adquiriam seus formatos.
Aristóteles rechaçou essa ideia de seu mestre. Para ele, a forma estava nos próprios seres materiais conforme exposto.
Essa disputa entre os filósofos e as consequências dessas idéias é um dos principais motivos do famoso afresco Escola de Atenas, de Rafael Sanzio, retratar Platão apontando para cima e Aristóteles para baixo.
Dentro do contexto da matéria e da forma, surge uma questão essencial: o que delimita a forma?
Se a forma delimita a matéria e faz ela ser o ser que ela é, o que delimita a forma, já que ela vem antes dos seres humanos se tornarem conscientes?
A questão da consciência é fundamental já que é a inteligência e a vontade que faz um ser delimitar a forma, como quando uma pessoa faz um desenho, por exemplo.
Apenas seres humanos conseguem desenhar, porque apenas seres humanos possuem consciência. Para que haja forma, é necessário que um ser consciente a delimite, e o hilemorfismo explica essa questão.
O hilemorfismo de Aristóteles contrapõe tanto o idealismo platônico, quanto o materialismo de alguns filósofos pré-socráticos.
Para Aristóteles, é justamente porque o ente possui determinada forma (ou essência), que ele é constituído por certos elementos materiais dispostos de determinado modo.
Em sua filosofia, a forma é imaterial e é o que determina a matéria. É o que se chama essência. Pode-se chamar também de substância.
Ao se pensar em um triângulo, ele pode ser grande ou pequeno; equilátero, isósceles ou escaleno; vermelho, azul ou verde; grosso ou fino; falhado ou íntegro.
Mas e a ideia de triângulo? Ela não é material, é um conceito universal: polígono de três lados.
Os cães de todo o mundo são chamados cães por qual motivo? Há uma essência comum a todos os cães diferentes que fazem os seres humanos os reconhecerem.
A essência assegura a unidade do ser, sua forma.
A essência faz que o ser seja o que é, seja o mesmo. Uma pessoa é a mesma quando bebê, quando criança, quando adulta e quando velha, ainda que a aparência se transforme.
Esses exemplos podem facilitar o entendimento do hilemorfismo. Matéria e forma são unidas, já que a essência (forma) é sempre o que propicia o reconhecimento da matéria.
Quando a matéria é percebida, já possui forma. Uma matéria sem forma não é percebida pelos sentidos, porque ainda não é algo.
Se existe, tem forma.
Matéria pura, sozinha, ainda é um ser informe. Ela precisa da forma para se tornar algo compreensível, pois os homens descobrem o ser das coisas segundo a forma que a matéria possui.
Madeira. Pensando nesse item, imagina-se uma forma. Não se parece com ferro ou com algodão.
E do que é feita a madeira? Tecidos de plantas lenhosas. Apenas para dar essa explicação precisa-se saber o que é tecido (o que se reconhece pela sua matéria e forma), plantas (são reconhecidas pela sua matéria e forma) e “ser lenhoso” (reconhecido por sua matéria e forma).
Assim se vai até não se conseguir mais saber o que formou o quê.
A matéria é o elemento material (um elemento que tem potência de se tornar algo diferente). A forma é o elemento essencial (atual), apreendido pela inteligência. Ela é responsável por fazer com que a matéria seja reconhecida como alguma coisa.
Ainda que matéria e a forma sejam explicadas separadamente, os seres percebidos pelos 5 sentidos humanos são todos compostos de matéria e forma. Possuem uma essência que os define (forma) e um material que os preenche.
A matéria do ser humano é o corpo. A forma é a alma, aquilo que anima o corpo.
O corpo humano sem alma é, na verdade, outra coisa — a saber, um cadáver. Não é mais animado. Por isso diferenciam-se os seres animados dos inanimados.
Nesse caso, animais e plantas são animados. Mas falta-lhes o que o ser humano possui essencialmente: intelecto, uma parte da alma que não depende da matéria, não depende dos sentidos para existir.
Aristóteles também filosofou sobre a imortalidade da alma. Aprender o que é matéria e forma e quais são as 4 causas, é fundamental para compreender esse assunto.
Se você quiser aprender mais sobre isso, responda nos comentários.
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