Isaac Newton: vida, descobertas e o lado sombrio do gênio da gravidade

Um nascimento improvável

Isaac Newton veio ao mundo em Woolsthorpe, Inglaterra, durante a Guerra Civil Inglesa, em 1642.

Seu pai, também chamado Isaac, morreu antes do nascimento, deixando-o órfão desde o início. Aos três anos, sua mãe se casou novamente e o abandonou, entregando-o aos cuidados da avó.

John Conduitt, que conheceu Newton, relatou que ele era tão frágil ao nascer que cabia em uma pequena vasilha.

Duas criadas, enviadas para buscar ajuda, acharam que ele não sobreviveria até elas voltarem.

Apesar de tudo isso, Newton superou as expectativas. Sobreviveu e cresceu em um país mergulhado em conflitos.

Aos seis anos, viu a decapitação do Rei Carlos I, um marco das revoluções inglesas.

Segundo a revista Nature, aos 23, enfrentou a Grande Peste Bubônica, que matou milhares em Londres. Apesar de tudo, ele não apenas sobreviveu, mas prosperou – um caso raro para sua época.

O gênio que nasceu na crise

Diferente de gênios como Bach ou Vermeer, que só foram reconhecidos após a morte, Newton atingiu conquistas surpreendentes em vida. Durante o isolamento da peste, ele teve seus “anni mirabiles”,  os anos das maravilhas.

Foi nesse tempo que ele lançou as bases de grandes ideias científicas.

Segundo a Encyclopedia of Philosophy, ele desenvolveu cálculos que permitem quantificar mudanças, como a velocidade de um objeto ou a área sob uma curva. Isso abriu portas para a física moderna e até para a engenharia de hoje.

Nesse período, ele desenvolveu o cálculo diferencial e integral, uma ferramenta matemática que permite analisar taxas de mudança, como a velocidade de um objeto, e calcular áreas ou volumes, como a área sob uma curva. Esse avanço se tornou essencial para a física moderna.

Também nesse período, ele formulou a lei da gravitação universal. Essa lei diz que todos os corpos no universo se atraem com uma força. Essa força depende da massa deles e da distância entre eles.

É por ela que a Terra orbita o Sol e a maçã “cai” na cabeça, segundo a lenda. Newton ainda avançou na ótica, estudando a luz de forma revolucionária.

Ele mostrou que a luz branca é feita de várias cores, usando um prisma. Esse trabalho mudou como entendemos cores e visão.

Suas Três Leis do Movimento vieram depois e viraram pilares da física clássica.

1. A primeira lei determina que um objeto em repouso fica parado, e um em movimento continua, a menos que algo o pare.
2. A segunda explica que a força é igual à massa vezes a aceleração:  ou F = ma.
3. A terceira afirma que toda ação tem uma reação igual e oposta.

Essas leis são tão simples que até quem foge da física já ouviu falar. Ele acreditava que essas leis da natureza eram obra divina. Para Newton, o universo tinha uma harmonia perfeita criada por Deus.

Essa visão guiou tudo o que ele fez, da ciência ao misticismo.

Nomeado cavaleiro pela Rainha Ana, tornou-se Sir Isaac Newton, o único cientista a receber essa honra.

Legado para a humanidade

Morreu aos 84 anos, em 1727, sem filhos ou testamento, mas deixou um legado imenso para a humanidade. Satélites, energia elétrica, explorações espaciais – tudo isso deve algo a ele.

No entanto, nem tudo em Newton era luz. Ele tinha um lado sombrio.

Lado oculta de Newton

O abandono da mãe deixou cicatrizes profundas, alimentando um ressentimento que ele carregou por toda a vida.

Em sua “lista de pecados”, que consta no The Newton Project encontrada por historiadores, ele confessou desejos extremos.

Entre eles constavam “ameaçar meu pai e minha mãe de queimá-los, e a casa sobre eles”.

Ele também admitiu agredir sua irmã e outros, mostrando um temperamento difícil desde jovem.

Esse rancor não ficou só na família. Newton não tolerava críticas ou rivais.

Sua disputa com Robert Hooke é lendária. Hooke, que cunhou o termo “célula” e esboçou ideias sobre gravidade, ousou questioná-lo.

Newton respondeu com fúria, apagando referências a Hooke de suas obras após sua morte.

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Rivalidades e Vinganças

Outro rival foi Gottfried Leibniz, com quem disputou a invenção do cálculo.

Como presidente da Royal Society, Newton manipulou relatórios para se declarar o pioneiro A informação é de Steven Ross, da revista Forbes. 

“Muitos conhecem Newton e não Hooke ou Leibniz porque ele sobreviveu [mais que eles] e destruiu suas reputações”.

Até Edmond Halley, que financiou o Principia Mathematica, enfrentou sua ira em desentendimentos.

Movido por uma necessidade obsessiva de provar seu valor, ele cortava laços com quem o desafiasse. 

Na matéria da Nature, fica claro que sua rivalidade em relação Hooke pode ter levado ao “sumiço” de retratos do cientista em Oxford .

Essa vingança mesquinha contrastava com seu gênio científico.

Experimentos Perigosos

Newton também tinha ideias excêntricas e arriscadas.

Para estudar a luz, ele olhou diretamente para o sol, quase ficando cego (Westfall, Never at Rest).

Depois, inseriu uma agulha entre o olho e o osso orbital para testar como vemos cores.

De acordo com a revista Scientific American, esse experimento, registrado em seus escritos, ajudou na ótica, mas hoje seria visto como loucura .

Ele se isolava por dias, esquecendo de comer ou dormir, absorto em seus estudos.

Seus criados relatavam que o gato engordava com as refeições que ele deixava intocadas .

Alguns sugerem traços de Asperger ou bipolaridade, mas nada é certo.

É certo que a genialidade de sua mente não veio sem custo.

O lado místico de Newton

Além da ciência, Newton era obcecado por alquimia,  a busca pela pedra filosofal.

De acordo com o The Guardian, ele passou décadas estudando textos antigos, tentando transformar metais em ouro ou alcançar a imortalidade.

Como aa época, isso era visto como heresia ou charlatanismo, ele mantinha esses estudos em segredo.

Para Newton, a alquimia era uma ponte entre ciência e o divino, refletindo sua fé nas leis de Deus.

De acordo com a Stanford Encyclopedia of Philosophy, ele também mergulhou na Bíblia, buscando códigos escondidos.

John Locke elogiou seu conhecimento bíblico, mas Newton rejeitava  o conceito de Santíssima Trindade (The Newton Project).

Ele chegou a prever o fim do mundo para 2060.

Um legado de luz e sombras

Newton trouxe luz ao universo, mas viveu entre sombras pessoais.

Era brilhante, mas vingativo; racional e místico.

Morreu rico e admirado, porém solitário, sem família ou amigos próximos.

Alexander Pope escreveu: “A natureza e suas leis se escondiam na escuridão. Deus disse: ‘Faça-se Newton!’”.

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