Como um homem e alguns amigos conseguiram conquistar um país e quase iniciar uma guerra nuclear entre as maiores potências do mundo?
O legado do guerrilheiro ainda permanece em debate nos meios acadêmicos e até mesmo entre a sociedade. Para uns, ele foi um herói do povo contra a tirania americana; para outros, um ditador que matou e criou campos de concentração para manter seu poder. Quem realmente foi Fidel Castro?
Acompanhe este artigo para conhecer a vida, o pensamento e as políticas instauradas por Fidel Castro, o homem que transformou Cuba em um território comunista.
Fidel Castro nasceu em Birán, uma cidade rural na província de Holguín, em Cuba, em 13 de agosto de 1926. Era o terceiro filho de Angel Castro, um rico proprietário de terras, com sua amante e posteriormente segunda esposa, Lina Ruz González.
Seu pai foi um soldado espanhol na guerra Hispano-Americana que se fixou em Cuba após os conflitos, tornando-se latifundiário. A família era próspera, Fidel cresceu em uma grande casa com muitos empregados, aponta Robert E. Quirk, autor do livro Fidel Castro.
Durante sua infância, Fidel passava muito tempo ao ar livre, explorando a vasta propriedade da família, que incluía gado e plantações de cana-de-açúcar. Ele desenvolveu apreço pela natureza e pela vida no campo, o que o auxiliou durante os tempos de guerrilha.
Fidel estudou em escolas jesuítas particulares em Santiago e em Havana. Foi um aluno mediano, mais interessado em esportes do que nos estudos.
Fidel Castro iniciou seus estudos universitários em 1945, matriculando-se na Universidade de Havana para estudar Direito. Nesse momento, Castro ainda não tinha posição política, ele chegou a dizer que ele era "politicamente analfabeto" nessa época, aponta o historiador Leycester Coltman no livro The Real Fidel Castro.
Nos primeiros anos como estudante universitário, Castro se envolveu profundamente na política estudantil, especialmente devido ao gosto pelas disputas violentas das gangues universitárias de sua época, apontam seus biógrafos.
Esse foi um período marcado pela participação em greves e manifestações estudantis.
No livro de memórias de Fidel, escrito em conjunto com Ignácio Ramonet, chamado de Fidel Castro: My Life, ele diz:
"[Em uma manifestação dos tempos de Universidade] Juntei-me ao povo; agarrei-me a uma espingarda numa esquadra de polícia que caiu quando foi abalroada por uma multidão. Testemunhei o espetáculo de uma revolução totalmente espontânea... Essa experiência levou-me a identificar-me ainda mais com a causa do povo.
As minhas ainda incipientes ideias marxistas nada tiveram a ver com a nossa conduta - foi uma reação espontânea da nossa parte, como jovens com ideias Martíanas, anti-imperialistas, anticolonialistas e pró-democráticas".
Durante sua época de universitário, Fidel desenvolveu o pensamento que o levaria a fazer a revolução e que guiaria seu governo.
Uma das suas principais crenças era a condenação do imperialismo americano por influência do pensador cubano José Martí. Ao conhecer o pensamento de Karl Marx, Friedrich Engels e Vladimir Lênin na faculdade, Fidel tornou-se comunista:
"O marxismo ensinou-me o que era a sociedade. Eu era como um homem de olhos vendados numa floresta, que nem sabe onde fica o norte ou o sul" (Fidel Castro: My Life).
Seu pensamento ficou caracterizado pela união do marxismo com o nacionalismo desenvolvido pelo cubano José Martí.
Ao longo de sua vida, Fidel navegou pelas correntes do marxismo-leninismo enquanto mantinha firmes as raízes do nacionalismo cubano. Seu governo, marcado por uma ideologia política que combinava patriotismo, marxismo e leninismo, visando transformar a estrutura capitalista de Cuba, dominada pelo governo americano.
Após conquistar o poder em Cuba, Castro dizia não ser comunista. A influência de sua vida universitária e as ideias de Che Guevara radicalizariam Fidel a adotar o comunismo, proclamando essa posição em dezembro de 1961.
Influenciado por Ernesto "Che" Guevara, Castro acreditava na possibilidade de Cuba avançar rapidamente para além dos estágios tradicionais do socialismo, alcançando diretamente o comunismo, afirma o autor Robert Quirk. O governo de Castro adotou políticas que refletiam essa visão, buscando erradicar as influências do capitalismo e do imperialismo na ilha.
Apesar de sua adesão ao marxismo-leninismo, Castro nunca abandonou o nacionalismo, elemento central de sua política. Ele próprio declarou:
"Não somos apenas marxistas-leninistas, mas também nacionalistas e patriotas" (citação retirada das obras do historiador Robert Quirk).
Essa dualidade foi fundamental para o sucesso de sua liderança, permitindo-lhe manter um equilíbrio entre os ideais socialistas e as aspirações nacionais do povo cubano. Castro via em Karl Marx e no nacionalista cubano José Martí suas principais influências, embora desse a Martí um lugar de destaque, considerando suas ideias uma "filosofia da independência e uma filosofia humanista excepcional".
Castrismo: Uma Síntese Ideológica
O governo de Castro foi descrito como um "sistema socialista-nacionalista fidelista, altamente individualista", afirmou o biógrafo Volka Skierka. Segundo o autor, as ideias de Castro refletem uma mescla única do socialismo europeu com a tradição revolucionária latino-americana, conhecida como "castrismo".
Essa abordagem reflete um utopismo totalitário, onde a liderança de Castro se alinha ao fenômeno latino-americano do caudilhismo, enfatizando o trabalho árduo, os valores familiares, a integridade e a autodisciplina, em oposição a males morais como drogas, jogos de azar e prostituição, afirmou o historiador Peter G. Bourne.
Os contatos que Fidel fez durante e após a Universidade foram fundamentais para seu pensamento e sua revolução.
Em 1947, Fidel se juntou ao Partido do Povo Cubano, um partido político que se opunha ao governo de Fulgêncio Batista, aliado dos Estados Unidos da América. Ele rapidamente se tornou uma figura proeminente no partido e na Universidade.
Foi eleito Presidente do Comité Universitário para a Democracia na República Dominicana, um grupo opositor ao governo de Rafael Trujillo, aliado dos EUA. Nesse momento, Fidel e mais 1200 homens tentaram invadir a República Dominicana para derrubar Trujillo, mas os EUA impediram a ação antes de iniciar.
Continuando a militância em Cuba, em 1948, Fidel recebeu financiamento do presidente da Argentina, Juan Domingo Perón, para realizar manifestações na Colômbia após o assassinato de uma liderança política da esquerda.
Sua atividade principal foi a realização de protestos políticos e o roubo de armas da polícia para entregá-las a grupos de esquerda, aponta o historiador Robert E. Quirk.
Regressando a Cuba, continuou suas atividades políticas enquanto ainda era universitário. Em 1948, casou-se com Mirta Diaz-Balar, recebendo de presente de seus pais e sogros uma lua de mel em Nova York, nos Estados Unidos. Em 1950, formou-se em Direito.
Os primeiros anos de casamento foram difíceis, já que Fidel não conseguia sustentar sua família, entristecendo sua esposa, afirma Leycester Coltman na obra já citada. A eletricidade do casal foi cortada e eles foram despejados do imóvel em que moravam.
Mesmo com as dificuldades, Fidel continuava militando em prol dos comunistas cubanos.
Em 1952, o general e ex-presidente de Cuba, Fulgêncio Batista, realizou um golpe militar, tornando-se presidente novamente. Seu governo era pró-Estados Unidos e anti-comunista.
Fulgêncio cortou as relações diplomáticas com a União Soviética, perseguiu sindicatos e grupos e personalidades socialistas de Cuba. Fidel Castro e outros membros de seu partido tentaram impedir as medidas de Fulgêncio por meio de processos jurídicos, mas não obtiveram resultado.
Não encontrando meios legais de fazer valer sua ideologia, Castro começaria as atividades de guerrilha.
"O regime de Batista é um regime de terror, e a única maneira de derrubá-lo é por meio da força", disse Fidel Castro, em uma entrevista em 1953 para Lee Lockwood, publicada no livro Castro's Cuba, Cuba's Fidel.
A revolução guerrilheira liderada por Fidel Castro teve início em 26 de julho de 1953, quando liderou um grupo de cerca de 130 de seus colegas dos movimentos socialistas para atacar o quartel-general de Moncada, em Santiago, Cuba.
O ataque tinha por objetivo começar uma ação armada contra o governo de Batista, eles queriam diminuir o efetivo inimigo e aproveitar o quartel para garantir munição e suprimentos militares.
O ataque foi um fracasso, levando à prisão de Fidel e mortes de ambos os lados, principalmente dos guerrilheiros. 61 revolucionários morreram no ataque.
Fidel foi sentenciado a 15 anos de prisão. Decidiu defender a si mesmo, redigindo a peça que ficou conhecida como A História me Absolverá. Segundo ele, o ataque foi legítimo pois a intenção era livrar Cuba de uma tirania.
Após 2 anos de prisão de Fidel, Cuba foi tomada por agitações populares contra medidas extremistas de Batista. Não vendo outra opção, o ditador da ilha forneceu anistia para diversos presos políticos, dentre eles, Fidel Castro.
Logo após sair da prisão, começou a realizar ativismo político por meio de jornais e revistas e a organizar seu grupo de guerrilheiros. Contudo, o regime de Fulgêncio censurava suas publicações. Não vendo opções de ação em Cuba, Fidel partiu para o México para organizar o movimento paramilitar.
Em seu exílio, Fidel trouxe diversos cubanos e latinos para a guerrilha chamada Movimento 26 de Julho. Dentre eles, estava Che Guevara, argentino comunista que tinha se mudado para o México em busca de participar dos principais grupos socialistas da América Latina.
Após organizar os guerrilheiros, Fidel, seu irmão Raul Castro e mais 80 guerrilheiros viajaram para Sierra Madre, Cuba.
Os membros do Movimento 26 de Julho desembarcaram sob tiros dos soldados de Fulgêncio que já sabiam de suas movimentações. Muitos morreram, apenas 22 se reagruparam para continuar a revolução.
Fidel Castro e seu grupo se uniram com outros guerrilheiros cubanos que já estavam na ilha. O grupo também conseguiu convencer muitos camponeses a participar da revolução.
A tática da guerrilha consistia em atacar com precisão e fugir antes de os inimigos conseguirem revidar. Com essas e outras estratégias, Fidel Castro e seus seguidores foram tomando Cuba aos poucos.
Observando as grandes vitórias dos cubanos e o apoio popular que estavam ganhando, Fulgêncio Batista fugiu de Cuba, deixando a oposição desorganizada e sem motivos para lutar, diz Richard Gott, autor de Cuba: A New History.
Em 1959, os guerrilheiros de Fidel Castro dominaram Cuba.
Fidel Castro não assumiu o poder central logo após a vitória. Mesmo tendo liderado a revolução, escolheu Manuel Urrutia Lleó para assumir a presidência, ocupando o cargo de primeiro-ministro.
O governo cubano logo realizou uma reforma agrária e a criação do instituto de indústria e arte. Nesse momento, Castro falava para o mundo que a revolução cubana não era comunista:
"Eu sei que o mundo pensa de nós, somos comunistas, e, claro, eu tenho dito muito claramente que não somos comunistas, muito claramente", disse Fidel ao visitar os EUA após tomar o poder em seu país.
Em julho de 1959, Fidel foi demitido por discordâncias políticas com Manuel. O presidente e parte de seu governo não tinham interesse em implantar agendas socialistas radicais, diferente de Fidel, Che Guevara e outros membros do governo, narra Hugh Thomas no livro Cuba: The Pursuit of Freedom.
A população protestou contra a demissão, gerando tanta comoção social que Manuel Lleó se demitiu do cargo. No mesmo mês, Fidel voltou ao poder e retomou a sua agenda de reformas socialistas.
Ficou no cargo de primeiro-ministro até 1976, quando foi eleito presidente, cargo que ocupou até 2008.
Segundo o jornalista Tad Szulc, correspondente de Cuba para o The New York Times, as principais medidas de Fidel Castro no poder foram:
Para a jornalista Monica Valente, em artigo publicado no site do Partido dos Trabalhadores (PT), Fidel Castro foi um dos grandes políticos do século XX. Segundo ela:
São inegáveis as conquistas do povo cubano sob a liderança de Fidel. Na educação, Cuba ocupa o primeiro lugar em investimento nas políticas educacionais com relação ao PIB, de 12,9%; a taxa de alfabetização de adultos é de 99,8%; 95% das crianças concluem o ensino fundamental e 86% dos adolescentes cursam o ensino médio.
Na saúde, os dados são ainda mais expressivos: a mortalidade infantil é 4,2% por cada 1.000 nascidos vivos, 93,8% da população tem agua potável , 99% da população foi imunizada contra as 13 principais enfermidades , menos de 0,1% de população padece de HIV/AIDS, e há um médico para cada 133 habitantes.
Há 22 faculdades de medicina que formaram mais de 78 mil médicos, mais de 100 países do mundo receberam médicos cubanos para auxiliar nos seus serviços de saúde e a Escola Latino Americana de Medicina , a ELAM , formou mais de 2000 profissionais procedentes de 80 países de vários continentes.
A jornalista afirma que as conquistas de Fidel ainda foram realizadas apesar de um suposto sabotamento dos Estados Unidos:
Tudo isso sob um bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos há mais de 50 anos, desenhado para provocar fome, doenças e desespero para a população cubana para desestabilizar a revolução cubana.
Fidel foi elogiado por diversos líderes políticos da América Latina que participavam do Foro de São Paulo, união dos grupos socialistas da América Latina e Caribe. Após a morte de Fidel, 140 países prestaram condolências a Cuba, incluindo o ex-presidente dos EUA, Barack Obama. Parte da população também se mobilizou para homenagear Fidel. Dilma e Lula estiveram presentes nas homenagens em Cuba:
Após reaproximar os EUA de Cuba, Obama disse em nota pelo falecimento de Fidel Castro:
“Com a morte de Fidel Castro, estendemos a mão da amizade ao povo cubano. Sabemos que esse momento enche cubanos – em Cuba e nos Estados Unidos – de emoções poderosas que lembram as inúmeras maneiras que Fidel Castro alterou o curso da história de indivíduos, famílias e da nação cubana”, diz o texto.
Na nota, Obama oferece condolências à família de Fidel e orações ao povo cubano.
Foi no final de 1960 que a relação de Cuba com os Estados Unidos seria deteriorada. Após a vitória das guerrilhas, Fidel chegou a visitar os EUA e conversar com o vice-presidente Richard Nixon, porém, as reuniões não deram frutos.
Devido a socialização dos bens de empresas americanas e acusações trocadas entre os dois governos, os EUA cortaram relações com Cuba, parando imediatamente de comprar commodities da ilha.
A União Soviética aproveitou a situação e se aproximou de Cuba, fazendo uma oferta por grande parte da produção de açúcar do país. Foi nesse momento que os dois países se tornaram grandes aliados.
A Rússia foi uma das maiores inspirações da revolução de Fidel.
Vivia um rígido sistema de divisão social, aponta Lucas Ferrugem no curso Uma Breve História da Rússia, disponível no streaming da Brasil Paralelo.
A URSS seria a principal financiadora de Cuba até sua queda, em 1991. Após esse momento, Fidel Castro fortaleceu a amizade com os países e grupos socialistas da América Latina, aponta a pesquisadora Julia Sweig, autora de Cuba: What Everyone Needs to Know.
Fidel Castro cometeu diversos crimes contra a humanidade, afirma Carlos Eire, professor na Universidade de Yale, em um texto publicado no Washington Post.
Alguns dos principais crimes foram:
Christopher Sabatini, especialista em Cuba pela Universidade de Columbia, disse em entrevista ao jornal The Guardian após a morte de Fidel:
“Infelizmente, seu histórico de direitos humanos não terá o peso que merece. Você vê isso em muitas das declarações de presidentes chamando-o de ícone revolucionário. Sejamos honestos: este foi um regime que quando chegou ao poder alinhou seus oponentes e os fuzilou”.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciou a realização de diversos fuzilamentos sem julgamento em Cuba durante a revolução de Fidel e após a conquista do poder. O número é desconhecido, já que o regime ocultava os assassinatos.
O Projeto Verdade e Memória, da organização Arquivo Cuba, acusa Che Guevara, Ministro de Fidel Castro, de ter realizado 144 execuções pessoalmente.
Em 1964, Che Guevara representou Cuba na Conferência das Nações Unidas, em Nova York. Nesse período, seu cargo oficial era de embaixador do país de Castro.
As informações sobre os fuzilamentos já eram de ciência de muitos chefes de Estado, que indagaram o guerrilheiro sobre as medidas descabidas que tomava.
Em resposta, Che disse:
“Sim, temos fuzilado. Fuzilamos e seguiremos fazendo isso enquanto for necessário. Nossa luta é uma luta à morte”.
O áudio oficial pode ser escutado abaixo:
O biógrafo de Ernesto Guevara, John Lee Anderson, conseguiu o diário de Che com sua viúva. Nos escritos do guerrilheiro, ele escreveu com detalhes uma de suas primeiras execuções pela guerrilha de Fidel Castro:
“Era uma situação incômoda para as pessoas e para [Eutímio], de modo que acabei com o problema dando-lhe um tiro com uma pistola calibre 32 no lado direito do crânio, com o orifício de saída no temporal direito. Ele arquejou um pouco e estava morto.
Ao tratar de retirar seus pertences, não consegui soltar o relógio, que estava preso ao cinto por uma corrente, e então ele [ainda Eutímio, antes de ser baleado] me disse, numa voz firme, destituída de medo: 'Arranque-a fora, garoto, que diferença faz...'. Assim fiz, e seus bens agora me pertenciam. Dormimos mal, molhados, e eu com um pouco de asma”.
Em 1960, surgiram os primeiros campos de concentração em Cuba, organizados pelo regime socialista de Fidel Castro. Aqueles que eram considerados inimigos do regime, eram mandados para as Unidades Militares de Ajuda à Produção (UMAP).
Esses campos foram denunciados pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos em 1967. Segundo o documento oficial da comissão:
"Os jovens são recrutados à força por simples disposição da política, sem que se faça nenhum julgamento, nem seja permitido direito de defesa [...].
Em muitas ocasiões, os familiares só são notificados semanas ou meses depois da detenção. São obrigados a trabalhar gratuitamente na granja estatal por mais de 8 horas diárias e recebem um tratamento igual ao que se dá em Cuba aos presos políticos.
[...] Esse sistema cumpre dois objetivos: a) facilitar a mão de obra gratuita do Estado e b) castigar os jovens que se negam a participar das organizações comunistas”.
Não se sabe ao certo quantas pessoas foram destinadas a esses campos devido ao sigilo promulgado pelo regime de Castro.
Segundo o livro Gender policing, homosexuality and the new patriarchy of the Cuban Revolution, de Lillian Guerra, diversas pessoas foram torturadas e assassinadas por serem católicos, testemunhas de Jeová ou homossexuais nos campos de concentração.
No livro Fidel e Religião, publicado em 1985, Castro falou com Frei Betto sobre as políticas ateístas de Cuba:
"O que nós estávamos exigindo era a adesão plena ao marxismo-leninismo. Acreditávamos que qualquer pessoa que se unisse ao partido aceitaria a política do partido e a doutrina em todos os aspectos.”
Em entrevista à BBC Mundo, Mercedes, uma senhora cubana católica de 72 anos, falou sobre as dificuldades de viver a fé após a revolução. Segundo ela:
"Tive muito trabalho para viver a fé. Fui chamada muitas vezes pelo governo por ser católica, a ponto de deixar a universidade. Era angustiante. Toda vez que algo acontecia, suspeitavam dos católicos".
De acordo com a reportagem, muitos idosos cubanos também reclamam das perseguições que passavam no país.
O apontamento do professor Carlos Eire sobre jornais e meios de comunicação é sustentado por centenas de investigações da ONG Human Rights Watch. As investigações mostram que Cuba persegue o jornalismo independente e apartidário até hoje.
Fidel Castro apoiou o regime soviético na tentativa de montar uma ofensiva nuclear contra os EUA. Ele permitiu que a URSS levasse 42 mísseis nucleares para serem disparados pelo comando central da Rússia, aponta o historiador Robert E. Quirk.
Fidel teve um filho de sua união com Mirta Balar, Fidel Castro Balart, que chegou a cuidar do programa atômico de Cuba mas foi retirado do cargo por Fidel. Seu primogênito se suicidou aos 69 anos.
Com a segunda mulher, Dalia Del Valle, Fidel teve 5 filhos. Durante essa união, uma das amantes de Fidel teve uma filha, Alina Fernández Revuelta, que em sua vida adulta fugiu para os Estados Unidos, onde Alina criticou seu pai e seu regime até morrer em 1993.
Outras amantes alegam ter tido filhos de Fidel, mas ele não os reconheceu. Parte da família de Fidel mora nos EUA: duas filhas, uma irmã e 3 netos moram em um bairro cubano de Miami.
Segundo o livro 638 Ways to Kill Castro, feito pelo guarda pessoal de Fidel e líder do órgão de contrainformação de Cuba, Fabián Escalante, Fidel sobreviveu a centenas de tentativas de assassinatos.
Muitos documentos desclassificados dos Estados Unidos comprovam que a CIA realizou diversos planos para assassiná-lo, tendo colocado apenas 6 em prática. Fidel sobreviveu a todas as tentativas, falecendo de causas naturais em 2016, com 90 anos.
Existem muitos historiadores e especialistas que estudaram e escreveram sobre a vida e a carreira de Fidel Castro. Aqui estão 12 dos mais conhecidos:
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