“Sou físico por estudo, mas músico por vocação”. Alvaro Siviero encontrou na Música o coração que não encontrou na Física. Escolheu tocar as pessoas por meio da beleza, fazendo dançar seus dedos sobre as teclas do piano. Seu modo de viver inteiro é inspirador e será resumido neste artigo. Como ele mesmo diz: avante!
Atualmente, Alvaro Siviero é professor do Clube da Música da Brasil Paralelo. Trata-se do primeiro curso de música voltado para não-músicos. O intuito das aulas é ajudar as pessoas a entender a música, apreciá-la da melhor forma e se aperfeiçoar enquanto ser humano.
Alvaro Siviero é um famoso pianista brasileiro de reputação artística reconhecida nacional e internacionalmente. Também é apresentador, consultor artístico, colunista e professor. Nasceu em 23 de abril de 1965 em São Paulo, onde ainda reside.
Seu pai não tocava piano, mas era apaixonado por esse instrumento. Alvaro tinha apenas 3 anos e meio quando foi incentivado a ingressar no mundo da música. Começou com o violão, mas teve paixão à primeira vista quando viu o piano, instrumento que sua irmã começou a tocar antes dele.
Toda a família gostava de cantar, principalmente sua mãe. Em um ambiente tão propício e com o dom que recebeu, somado à sua paixão, aos 7 anos já se apresentava em público.
Aos 9, recebeu seu primeiro prêmio: a Medalha de Ouro do Governo do Estado de São Paulo para jovens talentos. Aos 15, já tinha completado todo o curso de piano.
Apesar do desenvolvimento brilhante, não enxergava claramente seu futuro como artista e optou por uma ciência da natureza.
Alvaro Siviero é graduado em Física pela Universidade de São Paulo (USP) e especializado em multiculturalidade pelo Lesley College, Cambridge.
Ele nunca abandonou o piano, mas esperou sua paixão tornar-se verdadeiro amor. Siviero diz ter se casado e que sua relação com a arte é para sempre.
Alvaro se descreve calmo, ainda que também inquieto. Inquietação essa gerada por sua vocação: causar uma verdadeira transformação nas pessoas, ajudando-as a serem melhores pela música.
Diariamente, devota de 5 a 6 horas de estudo ao piano. Não se desgasta além disso para manter uma curiosa saudade da obra, a fim de que seja melhor executada diante do público.
Ele ressalta que estudar música não é apenas executar a parte técnica, mas exercer o espírito na contemplação de outras artes, de outros estudos, de outras atividades…
O contato estético com a beleza é importantíssimo, afirma. Como gosta muito de viajar, relata que todos os anos multidões visitam Milão, Berlim, Florença e outras cidades para vislumbrar o que lá de belo fora feito.
Ele próprio teve a oportunidade de estudar piano no quarto do brilhante compositor alemão Wilhelm Kempff. Diante da cama onde o artista havia morrido, não resistiu e nela se deitou.
Siviero afirma ter buscado um contato pessoal que vai além da relação mecânica dos dedos. É preciso colocar o coração na obra.
Para ele, mesmo que esteja tecnicamente preparado, o artista precisa estar conectado em um nível mais profundo.
Ao tocar, não pensa em nada. Não sabe dizer o que pensa durante a execução da obra. Relata já ter acontecido de ele terminar um concerto e apenas perceber o fim porque as pessoas começaram a aplaudi-lo.
“Você domina a música quando a música te domina”.
Outra história interessante aconteceu em Paris. Alvaro Siviero estava lá para um recital de Chopin, mas não se sentia preparado. Ele sabia executar a obra, mas precisava de mais do que isso.
Sua decisão? Foi ao cemitério visitar o túmulo de Chopin em busca de uma conexão que o ajudasse a estar de coração no que faria. E não foi a primeira vez que fez isso. Esse é um hábito seu.
Já visitou também os túmulos de Schubert, Beethoven e Strauss, entre outros, para ter vínculo pessoal com o artista que seria representado. Obviamente, ele não busca conversar com os mortos, mas apenas se sentir próximo aos grandes nomes do passado.
Com técnica e coração, a música de verdade pode emocionar as pessoas. Mas muitos ainda se questionam se esse tipo de arte é realmente para todos.
Alvaro explica que a música erudita vem do latim ex-rude. Sua finalidade é enriquecer o ser humano, interiorizando-o e resgatando-o da brutalidade, da rudeza.
A música clássica refere-se a um período histórico e está compreendida na música erudita. Mais do que isso, clássico é o perene, o que não passa. Há músicas que vencem a barreira do tempo.
A música eterna vai direto no que é a alma humana e sua função é enriquecê-la.
Alvaro diz que o ser humano se apoia nos pilares da unidade, bondade, verdade e beleza para buscar sua realização. Nesse caso, a música é uma necessidade.
Nada disso se opõe à música popular. Afinal, na Áustria, Mozart é a música do povo. O nível cultural está vinculado ao gosto popular por música.
Comentando o jazz, repleto de grandes músicos clássicos, diz que é uma vertente, mas não o rio principal. Alvaro Siviero escuta jazz e se diz aberto a qualquer variação que seja música, música de verdade, boa e que eleve a alma pela beleza.
Comentando o cenário brasileiro, Alvaro se vê otimista, porque as salas de concerto têm ficado muito cheias. Mas ressalta que as cidades estão repletas de estresse sonoro, tirando a sensibilidade das pessoas.
Diz também que o Brasil precisa melhorar o seu nível cultural. Felizmente, Siviero vê isso acontecendo aos poucos. Na maioria das vezes, a música clássica não atinge as pessoas por uma política, por uma escolha educacional.
Para ele, falha quem pensa que a música erudita é elitista. Defende que a arte e a sensibilidade não dependem de classe social. Quando alguém ressalta a inacessibilidade desse tipo de arte, ele relembra os inúmeros concertos gratuitos oferecidos em tantas cidades.
Ouvir esse tipo de arte envolve silêncio e concentração. Quando as pessoas são ensinadas a ouvir, sentem-se tocadas e se emocionam.
Alvaro já tocou no Centro Educacional e Assistencial de Pedreira, Zona Sul de São Paulo. Naquela região, essa escola promoveu um resgate social. Havia de 800 a 1000 pessoas para ouvi-lo.
No meio do pátio principal, colocaram um piano de cauda e tudo estava perfeitamente organizado. Segundo Alvaro, foi um recital tão assustadoramente silencioso que se poderia ouvir uma agulha cair no chão.
As pessoas queriam absorver aquilo que estava acontecendo.
Estavam diante de algo que achavam que seria inacessível, mas que conseguiam entender. A música não precisa de nada para ser experimentada. Basta ouvir e é essa audição que transforma.
Com toda sua experiência, ressalta que há obras maravilhosas tendo vez no Brasil e que nem sempre o internacional é melhor que o nacional. Como exemplo, cita os nomes dos pianistas brasileiros Arnaldo Cohen e Nelson Freire.
Outra de suas atividades é escrever sobre música clássica nos conteúdos digitais do jornal O Estado de São Paulo.
Alvaro Siviero especializou-se na Áustria, mas também passou por outros países como: Alemanha, Portugal, Itália, Estados Unidos, República Tcheca, Polônia, França, Inglaterra e Suíça.
Em turnês pelo Brasil, Argentina, Chile, Holanda, Espanha, Uruguai e Peru, apresentou-se como solista ao lado das orquestras:
Álvaro Siviero possui uma intensa carreira como recitalista e camerista, além de atuar como solista diante de numerosas orquestras brasileiras:
Nas palavras do jornal chileno El Mercurio, Alvaro Siviero é:
“detentor de depurada técnica e rigoroso estilo, unido a uma esplêndida elegância e finesse. Em alguns momentos sua digitação causa vertigem, enquanto que nos contrastes dinâmicos seus pianíssimos chegam a comover. Um pianista para aplaudir”.
Por falar em aplausos, sua tocante interpretação do Concerto n. 3 para piano de Rachmaninov está entre as mais ovacionadas pelo grande público e por críticos musicais durante a turnê nacional que realizou nas principais salas de concerto do Brasil.
Rachmaninov n. 3 possui uma extrema densidade musical. Faz parte do período pós-depressão do compositor. Nessa composição, ele conta musicalmente toda a dificuldade que enfrentou.
Por exemplo, representou no piano como eram suas alucinações em que se via perseguido por cavalos.
Os pianistas ficam esgotados após a execução dessa obra. A plateia assiste algo semelhante a um sacrifício, tamanha a doação do artista para executar o concerto.
Abaixo, o próprio Alvaro descreve sua experiência:
Além disso, ele possui muitos outros destaques.
Siviero foi o primeiro brasileiro a participar do curso de imersão na obra de Beethoven na Casa Orfeo-Fondazione Wilhelm Kempff, em Positano.
Em maio de 2007, realizou um recital particular ao Papa Bento XVI, em Aparecida, São Paulo. Considera que foi o concerto onde esteve mais tranquilo. Ao terminar, viu o papa sendo o primeiro a aplaudir e ganhou dele um terço que guarda consigo para sempre.
“O verdadeiro músico é como uma boa vidraça, quanto mais limpo e menos se vê, mais luz passa.”
Com a frase acima, definiu o que viu no papa.
Em novembro de 2009, representou o Brasil no histórico Encontro Mundial de Artistas na Capela Sistina, em Roma. Refletindo sobre as palavras do pontífice aos presentes ficou profundamente tocado.
“As palavras que o Papa nos disse a nós artistas, hoje, são as que necessitávamos ouvir, uma, duas, três vezes, sempre. Nós necessitamos comunicar a Beleza que criamos, em meu caso a música, como sendo reflexo, muito pequeno, de uma Beleza que é muito maior”.
Em 2011, na Cartuxa de Valldemossa, Siviero foi o pianista que realizou o recital oficial de reabertura da verdadeira cela em que viveu o compositor Frederic Chopin, em Maiorca, após histórica sentença judicial.
Em 2013, algo inédito também aconteceu. Pela primeira vez um piano de cauda foi levado ao corcovado para uma apresentação aos pés do Redentor.
O instrumento tinha aproximadamente 450 kg. A apresentação foi de responsabilidade de Alvaro Siviero. Tratava-se do Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
O evento lembrou a importância da música como aliada no tratamento deste problema, pois traz maior capacidade de comunicação, organização e expressão.
Isso impacta a vida do autista fundamentalmente, já que ele tem na música um canal para se conectar ao mundo ao qual julga não pertencer.
Por todo seu destaque, Alvaro Siviero já concedeu muitas entrevistas na televisão, rádio e internet.
Em 2006, esteve no Jô Soares e, em 2012, palestrou sobre liderança e transformação no TEDxTombo.
Outros exemplos foram de entrevistas concedidas à Rede Globo, à TV Senado, Rede Vida de Televisão, TV Guarulhos, Brasil Paralelo e até mesmo já realizou uma live com o famoso ator Juliano Cazarré.
“Siviero nos deu uma interpretação brilhante do Concerto para piano de Schumann, que mostra por que é um dos maiores pianistas brasileiros: som cheio, romantismo intenso e ótima comunicação com o público (Gazeta do Povo — Curitiba)”.
“Apurada técnica e profundo entendimento de cada uma das Polonaises: essa foi a receita que fez o pianista brasileiro Alvaro Siviero levar a plateia que lotava o Teatro Del Libertador a momentos de profunda emoção! (La Voz del Interior — Córdoba)”.
“O ponto alto da apresentação deu-se no Concerto n.3 para piano e orquestra de Rachmaninov, em que Siviero mostrou não somente as raízes de sua forte escola europeia, mas toda a calidez e notável virtuosismo de que é capaz. (O Globo — Rio de Janeiro)”.
“O pianista brasileiro demonstrou eloquente lirismo unido a uma técnica impecável em sua apresentação… (La Mañana — Córdoba)”.
O primeiro foi a Medalha de Ouro do Governo do Estado de São Paulo quando ainda jovem.
Entre 2004 e 2006, na Argentina, Siviero atuou como pianista convidado nos projetos de integração cultural do Cone Sul. Ainda em 2004, foi o artista responsável pela abertura da edição inaugural do Prêmio Jorge Amado — Prêmio Nacional às Artes, ao qual também foi um dos indicados.
E não só se apresentando como músico e diretor artístico, Alvaro Siviero também foi responsável por trazer ao Brasil diversos grupos sinfônicos internacionais, além de promover artisticamente muitas orquestras sinfônicas nacionais.
Em fevereiro de 2016, recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Cultural Carlos Gomes, no grau Comendador, como reconhecimento pelos serviços culturais que prestou ao país.
O currículo de Alvaro Siviero é extenso. Abaixo, a lista de algumas das obras do repertório concertístico que Alvaro Siviero já apresentou:
Siviero é uma presença constante na Brasil Paralelo.
Uma de suas participações mais importantes aconteceu no Especial de Natal de 2020. Não poucas pessoas se emocionaram muito ao ouvi-lo tocar Sonata ao Luar, opus 27, n. 2, de Beethoven. Isso aconteceu enquanto se declamava o testamento do compositor:
Ele também foi um dos principais entrevistados no filme A Primeira Arte, que investigou a história da música, seus efeitos no ser humano e também sua decadência nos tempos atuais.
A Primeira Arte foi dividida em três partes:
Essa tem sido uma das produções mais elogiadas da Brasil Paralelo. Para muitos, a mais bela e emocionante até o momento.
Por fim, Alvaro Siviero também se tornou o professor do Clube da Música, um projeto que visa ensinar a todos como apreciar a boa música e se aprimorar por meio dessa arte. Alvaro semanalmente coloca seu conhecimento à disposição dos alunos. Conheça essa iniciativa.
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