No dia 13 de agosto de 2014, um avião caiu em Santos, no meio da cidade. A população ficou chocada ao descobrir que dentre as vítimas estava Eduardo Campos. Eduardo havia sido governador de Pernambuco por duas vezes e, em 2014, era o candidato à presidência da República com a 3ª maior intenção de voto do país.
A morte de Eduardo Campos aconteceu em condições misteriosas, levantando muitas dúvidas. O irmão de Eduardo Campos, em um requerimento legal, afirmou que houve falhas nas investigações, não podendo ser descartada a possibilidade de ter havido uma sabotagem no avião. Afinal de contas, o que levou a morte de Eduardo Campos?
No dia 13 de agosto de 2014, um avião modelo Cessna Citation 560XLS+ saiu do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, por volta das 9h da manhã, com destino ao município de Guarujá, em São Paulo. Além do comandante e do copiloto, havia mais 5 passageiros.
Por volta das 10h, o avião caiu sobre uma área residencial do bairro do Boqueirão, no município de Santos. Não houve sobreviventes entre a tripulação, e 3 pessoas que se encontravam próximas ao local do acidente ficaram feridas.
A companhia aérea disponibilizou a lista oficial de passageiros. Entre eles, figurava o então candidato à presidência da república, Eduardo Campos.
Eduardo Campos dizia representar uma nova via para a política nacional. Demonstrava insatisfação com o governo de Dilma e afirmava que o PSDB seria mais do mesmo. Em suas próprias palavras:
“Eu e Marina entendemos que para dar solução a isso é fundamental um novo caminho. Porque PSDB e PT governam o país há vinte anos. Se a gente quer chegar a um novo lugar, a gente não pode ir pelos mesmos caminhos”.
O discurso de alternativa ao oligopólio PT-PSDB atraía público. O candidato crescia nas pesquisas, tornando-se o 3º candidato com mais intenções de voto.
Porém, quando Campos estava começando a fazer campanha mais intensa no sudeste do país, o candidato sofreu o acidente fatal aos seus 49 anos de idade. O momento da sua morte gerou dúvidas, questionando muitos uma possível sabotagem de seu avião.
O relatório oficial disponibilizado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) e o relatório disponibilizado pela Polícia Federal, afirmam que a causa do acidente foi falha dos pilotos.
Os condutores não passaram por processo seletivo para operar o modelo CE 560 XLS+, mas tinham apenas habilitação para aeronaves do tipo C560. Ambos os pilotos iniciaram a operação sem possuir o treinamento adequado.
As condições meteorológicas do dia do acidente estavam muito ruins, pois a visibilidade estava prejudicada. O aeroporto no qual o avião iria pousar em Santos não possui sistemas avançados de comunicação com os aviões, mas apenas comunicação simples por rádio, que falhou no contato com o avião de Eduardo.
O aeroporto possuía procedimentos rudimentares de aproximação, sendo um deles o procedimento de NDB, que é um procedimento de aproximação de não-precisão. Esse sistema depende de boa qualidade do sinal de rádio, das condições atmosféricas, da visibilidade não-periférica e da execução hábil por parte do piloto.
O procedimento NDB foi um dos contribuintes para um dos maiores acidentes aéreos do Brasil, em 1980: a colisão do Transbrasil 303 contra um morro em Florianópolis.
Com ruins condições, falta de comunicação com o aeroporto e falta de treinamento dos pilotos, o avião caiu no meio da cidade de Santos, em uma área residencial, ferindo 3 habitantes do município.
Mesmo com os relatórios do CENIPA e da Polícia Federal, os parentes de Eduardo Campos continuaram desconfiados de uma possível sabotagem no avião.
O irmão de Eduardo Campos, em um requerimento legal, afirmou que houve falhas nas investigações, e que não pode ser descartada a possibilidade de ter havido uma sabotagem no avião. Segundo Antônio Campos, o laudo do CENIPA possui vícios e não corresponde aos fatos.
Além do irmão de Eduardo Campos, os familiares e advogados dos pilotos também ficaram inconformados com o relatório apresentado e fizeram novas acusações. Josmeyr Oliveira, o advogado do piloto, reclamou que o documento depositou toda a culpa da tragédia sobre a tripulação e não avançou sobre possíveis falhas da própria aeronave.
Segundo o tenente-coronel Raul de Souza, da Força Aérea Brasileira:
“Não foi 100% falha humana. A gente não consegue mensurar qual é a participação de cada fator, qual é mais importante. Alguns contribuíram, outros ficaram como indeterminado”.
A família de Eduardo Campos chegou a contratar um perito particular para dar a sua contribuição nas investigações. O perito emitiu um relatório próprio.
No relatório particular, a principal acusação é a de que o sensor de velocidade estava desligado, o que impactaria diretamente no profundor do avião. Esse fato, por sua vez, acarretaria, necessariamente, em algum tipo de desastre.
As investigações foram concluídas e não houve condenados ou acusados legalmente. O caso permanece com algumas aparentes pontas soltas. Para melhor compreender os fatos estranhos do caso, a vida política de Eduardo Campos e o contexto da época podem dar alguma luz para a situação.
O partido de Eduardo Campos foi o Partido Socialista Brasileiro (PSB) desde 1990. Neste ano, Campos filiou-se ao partido e foi eleito deputado estadual. Foi eleito presidente do partido duas vezes, em 2005 e 2011, deixando a presidência do partido as duas vezes para se candidatar em cargos políticos.
Devido às suas críticas ao governo Dilma, muitos internautas pesquisam no Google se Campos era de direita.
Eduardo Campos não era de direita. Como já narrado, sua carreira política se deu toda no PSB, partido socialista. Quando era deputado federal, em 2002, Campos foi um importante articulador do governo Lula em muitos projetos petistas.
Segundo as investigações da Lava Jato, na época em que era governador do Pernambuco, Eduardo Campos teria recebido um repasse correspondente a 3% dos contratos que a Odebrecht tinha com seu estado, o que equivalia a uma quantia de 5 milhões de reais.
Antes disso, de acordo com delatores da operação, em 2012, Eduardo Campos teria solicitado auxílio para a construção do Centro Integrado de Ressocialização, em Itaquitinga. Campos aparece em delações da Odebrecht que citam políticos incluídos na lista enviada pela Procuradoria Geral da República ao STF.
Em sua delação, Marcelo Odebrecht revela que o então governador de Pernambuco teria autorizado o auxílio da construtora nas obras do Centro Integrado de Ressocialização, na época projetado para ser modelo de presídios brasileiros e uma vitrine para Campos.
O governador teria recebido recursos para sua campanha e distribuição de dividendos de financiamento do BNDES.
Marcelo conta ainda que houve promessa a Eduardo Campos para o pagamento de valores à campanha de Paulo Câmara, seu sucessor no governo de Pernambuco. O repasse, entretanto, não teria sido efetivado.
O presidenciável ainda é citado em outros dois inquéritos: segundo o Ministério Público Federal, os delatores João Antônio Pacífico Ferreira e Carlos Fernando do Vale Angeiras falam em irregularidades associadas a obras vinculadas ao Complexo Industrial Portuário de Suape, no litoral sul de Pernambuco.
O MPF ainda confirmou que o colaborador João Antônio Pacífico Júnior relata ainda a “formação de ajuste para fixação artificial de preços e controle de mercado” relativamente à obra da adutora de Pirapama, na região metropolitana do Recife, nos anos de 2007 e 2008.
Ainda segundo o Ministério Público Federal, o próprio avião utilizado na campanha de Eduardo Campos teria sido comprado com dinheiro de propina e foi originalmente adquirido pelo empresário João Lyra por quase 2 milhões de reais.
Lyra seria o operador financeiro e teria recebido propinas de Eduardo Campos. De acordo com delatores da OAS, a empresa dona do avião era pivô do caixa 2 da campanha do PSB.
Documentos revelam que o jatinho usado por Eduardo Campos e Marina Silva na campanha, pertencia oficialmente ao grupo paulista AF Andrade.
No papel, a AF Andrade Empreendimentos e Participações, uma holding de Ribeirão Preto que atuava nas áreas de usinas de açúcar e etanol, era dona do avião que caiu com Eduardo Campos. Hoje, a empresa não existe mais.
A explicação de Marina Silva sobre o uso do avião na campanha de Eduardo Campos revelou uma contradição nas versões apresentadas. Enquanto a candidata disse que haveria um pagamento pelo uso da aeronave, o PSB informou, em nota divulgada, que os empresários autorizaram o uso do avião e que as horas de voo seriam contabilizadas ao fim da campanha, com a emissão de um recibo eleitoral para ser apresentado ao TSE.
Se os documentos e as falas dos envolvidos forem comparados, uma possível conclusão é de que a campanha era feita em um avião fantasma. Ninguém admite ser o dono, ninguém admite ter bancado as despesas com o jatinho — e ninguém declarou qualquer informação sobre o uso do avião à Justiça Eleitoral.
Para a polícia, esse conjunto de evidências aponta para uma fraude eleitoral, além de crimes financeiros e tributários na operação de aluguel ou compra do avião.
Segundo os apresentadores do programa Investigação Paralela, da Brasil Paralelo:
“RAFA: A identificação dos donos do avião é imprescindível para que as famílias das vítimas possam entrar com pedidos de indenização na justiça. Então dá para dizer que, com medo das consequências, ninguém quer se assumir dono desse avião.
ZINGANO: Certo, mas... do latim, cui bono? Quem se beneficiaria da morte de Eduardo Campos? Temos essa questão da sabotagem do avião, mas ainda não discutimos aqui quem estaria interessado em eliminar um dos candidatos à presidência.
Lembre-se que a morte de Eduardo Campos se deu quando ele se encontrava na terceira colocação das pesquisas eleitorais, atrás de Dilma Rousseff e Aécio Neves. Entre os três candidatos, ele era o que tinha o menor índice de rejeição.
Na comitiva que embarcou no voo, uma das passageiras que era para estar presente acabou desistindo de última hora: Marina Silva, vice na chapa do PSB
Pessoas próximas de Marina Silva afirmaram que, apesar de ela ter sido convidada pelo próprio Eduardo Campos para fazer parte do voo, uma intuição a fez desistir de embarcar no avião".
ZINGANO: O fato de a Marina ter desistido de última hora, vocês acham suspeito?
As suspeitas não recaem apenas na Marina Silva. A líder da disputa nas pesquisas de 2014 também teve seu nome relacionado ao caso. No Twitter, a hashtag “foi a Dilma” acabou ganhando bastante destaque. Também nas redes sociais começaram a circular notícias que apontavam para uma lei aprovada em maio de 2014 que tornava sigilosa a investigação de acidentes aéreos.
Menos de 3 meses antes da queda do avião, a então presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei Federal nº 12.970, que tornava sigilosas as investigações de todos os acidentes aéreos ocorridos no Brasil.
O acesso à caixa-preta e às conversas da tripulação somente serão disponibilizadas para a polícia e o ministério público através de decisão judicial. E mesmo assim, as informações deverão ser protegidas por segredo de justiça.
A intenção é blindar detalhes da investigação para que não sejam usados em inquéritos ou ações criminais contra suspeitos de causar determinado acidente aéreo. Isso porque o interesse da investigação de um acidente aéreo conduzida pelo Cenipa, é achar falhas que previnam novos desastres, e não procurar culpados, segundo o órgão.
ZINGANO: Suspeita essa lei, não acham?”
Após a morte de Eduardo Campos, aos 49 anos de idade, muitos brasileiros passaram a observar de perto a vida dos filhos do candidato falecido. Frequentemente, em 2014, eles apareciam nos maiores veículos de mídia do país.
Alguns brasileiros acreditavam que eles seriam uma possível esperança para a política brasileira, sendo eles até hoje um dos temas mais pesquisados no Google quando se busca por Eduardo Campos.
Prova disso é a eleição de João, um de seus filhos, ter sido o deputado federal mais votado de Pernambuco anos após a morte do pai. Durante sua campanha, João utilizou o slogan “filho da esperança”, referindo-se diretamente ao pai e ao avô.
Eduardo teve 5 filhos com sua única esposa, Renata de Andrade Lima. Eles são:
Dos seus 5 filhos, apenas João seguiu a carreira política. Foi eleito em 2018 ao cargo de deputado federal, alcançando o posto de deputado mais votado da história de Pernambuco, com 400 mil votos. João Campos se denomina progressista de esquerda.
Os fatos da morte de Eduardo Campos possuem a versão oficial e a versão recheada de pontas soltas. O fato do avião de o acidente de Eduardo não ter registro, devido a possíveis corrupções, fez a família não seguir adiante nas investigações, apenas sobrando a versão oficial.
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